Mundo ficciónIniciar sesiónMauren não queria um príncipe. Só um teto. Despejada, desempregada e com o seguro desemprego acabando, ela aceita qualquer chance de sobrevivência, mesmo que isso signifique virar babá de uma herdeira mimada cuja última profissional desapareceu depois de um ataque de birra. O problema? O patrão é aquele homem. O grosso de terno que ela esbarrou no shopping, caiu de bunda no chão e chamou, sem saber, de “homem mais lindo e grosseiro que já conheci”. Agora, Mauren está morando na mansão dele, enfrentando uma criança que joga travesseiros como armas de guerra, um gato chamado Mingau que negocia sanduíches, e um CEO que parece feito de gelo… mas olha para a filha com os olhos de um homem que perdeu tudo e não sabe como reconstruir. Ela prometeu à menina que não vai sumir. Mas manter essa promessa pode custar mais do que seu emprego — pode exigir que ela fique com o coração. "A Babá Quase Perfeita da Herdeira do CEO" é uma história sobre segundas chances, birras de criança e um amor que nasceu do improvável relacionamento entre duas pessoas completamente diferentes.
Leer másO telefone tocou só para me lembrar que eu tinha poucas horas para conseguir algum lugar para morar. O aviso de despejo foi curto e grosso: 5 dias para você me devolver o apartamento.
Seu Barcelos não era o campeão no quesito solidariedade, mas nos últimos 5 anos, foi muito bom pra mim, aceitando alguns pagamentos atrasados, quando eu ficava sem emprego, ou permitindo que amigas e familiares distantes viessem passar um tempo aqui comigo quando necessário.
Até que ele foi bem paciente, nesses últimos meses, em que eu não paguei ou paguei o aluguel pela metade.
Agora chegou a hora de eu sair daqui, não tem jeito. Não consigo arrumar um trabalho decente e muito menos sobreviver com esse pouco tempo de seguro desemprego que me resta. Tenho tantas contas a pagar, fora o aluguel e a comida, que já me tiram muito do curto salário que eu ganho mensalmente.
Saí do meu transe quando Mirielen entrou no meu pequeno apartamento gritando com um agudo que quase destruiu meus tímpanos.
— Mauren, acho que acabo de encontrar a solução para os teus problemas. Se arruma, nós vamos sair. — bateu a porta e veio em minha direção.
— Que ânimo é esse? O que aconteceu? — perguntei sem um pingo de motivação, bem sentada no sofá.
— Levanta! — Pegou-me pela mão. — Hoje haverá um desfile de moda super importante no Shopping e o CEO da marca vai estar lá. A Saionara me contou que ele tem uma filha, deve ter uns 5 anos, e ele está precisando de uma babá. É a sua chance. — respondeu ela.
— Eu não tenho currículo como babá, só trabalhei em restaurante a vida inteira. — retruquei sem disposição — isso não vai dar certo.
— Anime-se! Se não der certo, pelo menos estaremos em um evento badaladíssimo que será gratuito para todos os transeuntes do shopping somente hoje. Parece que o CEO fechou o estabelecimento para esse evento.
— Tudo bem, então. Vamos lá e seja o que Deus quiser. — respondi.
— Vista a sua melhor roupa, nós precisamos arrasar hoje. — Me convenceu, meio a contragosto.
Vesti minha melhor roupa social, peguei meu currículo e coloquei em uma pasta, dentro de minha melhor bolsa. Eu não tinha lá muita roupa ou acessórios realmente apresentáveis para o evento, nem sabia ao certo como iria interpelar o CEO, ou sua secretária, na verdade, eu nem sei para quem eu deveria entregar o currículo ou com quem eu deveria falar, mas não tinha tempo para pensar nisso, meu prazo estava acabando e eu precisava de uma casa para morar.
Esse pensamento foi o impulso necessário para que eu simplesmente saísse de casa e me encaminhasse para aquela loucura, ou melhor, para o tal desfile com minha amiga.
— Como você soube que o tal CEO precisava de uma babá? — Questionei enquanto fechava a porta do apartamento, já saindo.
— A Saionara tem uma amiga que trabalha lá como faxineira. Diz que ela ganha super bem, mas diz que passa sufoco. — Respondeu Mirielen.
— Eu imagino! Esse povo rico gosta de humilhar a gente. — revirei os olhos. — Mas nem posso me dar ao luxo de achar ruim, preciso manter minha dignidade e ter uma casa para morar.
— É disso que eu estou falando. Força, garota! — Mirielen me incentivou.
Saímos do prédio com um sorriso no rosto, confiantes de que de alguma forma a tal vaga poderia ser minha.
Na rua o céu estava levemente nublado, parecia que cairia uma chuva, mas não podíamos perder tempo com isso, precisávamos ir até a parada e pegar o ônibus para o tal shopping.
Depois de todo o trajeto, o tempo estava se ajeitando para um temporal, os raios seguidos de trovões e o céu cheio de nuvens carregadas, davam medo. Pouco antes de chegarmos dentro do shopping, a chuva começou e nossos sapatos ficaram muito molhados.
— Isso não vai dar coisa boa. — Falei com pessimismo. — Nós vamos acabar caindo, do jeito que eu sou atrapalhada, não duvido de nada.
— Para com isso. Você vê só o lado ruim, te segura em mim, que vamos nos firmando uma na outra. — Mirielen falou, já engatando o braço dela no meu.
O chão estava liso e minha sandália parecia que estava dançando sob uma pista de gelo, eu sabia que alguma coisa iria acontecer. O shopping estava cheio, mas todos estavam concentrados em um só lugar, o local onde seria o desfile.
Olhei para tudo aquilo deslumbrada, esqueci das sandálias e fui caminhando vislumbrando todo aquele espetáculo, não percebi nada e nem ninguém na minha frente, só aquele ambiente chique e envolvente que tomou todos os meus sentidos. Virei para fazer um comentário com minha amiga, mas não a vi. Quando voltei para minha posição, acabei esbarrando em um homem absolutamente lindo, rico, terno e gravata e aquele perfume inebriante que tomou conta dos meus sentidos. Mas minhas sandálias me traíram e em contraste com o liso do chão e a umidade que elas carregavam juntamente com o impacto daquele corpo alto e másculo, acabei caindo de bunda no chão. Me desfazendo em um show de horrores.
— Hey, garota! Não olha por onde anda? — aquele homem me chamou atenção.
— Desculpe, eu estava procurando minha…
— Não interessa, criatura insolente, olha por onde anda! — Passou as mãos pelo paletó, como para desamassar e saiu dali cheio de pompa.
Enquanto eu fazia força para me levantar sozinha com aquela sandália escorregadia que só sabia me fazer passar raiva, minha amiga chegou perto de mim, com rapidez.
— Levanta, amiga. — Me deu a mão me ajudando a levantar — Saionara está aqui e me ajudou a descobrir onde está o CEO. Precisamos dar um jeito de chegar até ele.
Ajustei minha roupa, me recompus e continuei andando enganchada em minha amiga. Era melhor assim, tinha menos chances de eu cair.
— Estou roxa de vergonha, me perdi de ti e estava procurando você quando me deparei com o homem mais lindo e grosseiro que conheci na minha vida. — resmunguei.
— Ixi, só o que faltava tu ter se esbarrado com o CEO. Já pensou? — Disse Mirielen gargalhando.
— Já pensei que se isso acontecer se foram as chances de um emprego. — Falei, pessimista e desmotivada.
— Olha, ali está a Saionara, vamos ali falar com ela! — Mirielen falou, otimista.
— Oi, garotas! Então, a secretária do CEO vai aparecer em alguns minutos, ela entrou naquela sala. — Apontou para o local.Fiquei observando a porta, sem ligar muito para quem entrava ou saía. Só queria entregar meu currículo e sumir dali com alguma dignidade intacta.
Perdi as estribeiras quando vi a secretária saindo da sala ao lado de um homem alto, de terno, com aquele mesmo ar de superioridade que eu tinha visto minutos antes. Meu coração deu um pulo — será que...? — mas neguei na mesma hora. Não podia ser. Era só coincidência. Homens arrogantes de terno não são todos iguais?
— É ela! — sussurrou Saionara. — Aquela é Regina, a secretária do CEO.
Nós nos aproximamos discretamente, ouvindo a conversa ao longe:
— Precisamos rápido conseguir alguém que aceite cuidar da Sophia em turno integral para podermos dar continuidade aos assuntos da empresa. — disse o homem, com voz firme.
— Senhor, estamos fazendo de tudo, mas as últimas três babás não aguentaram as birras da menina e saíram sem olhar pra trás. — A secretária informou.— Então, encontre quem fique, Regina. Isso é um problema seu e não temos tempo para perder com isso. — respondeu o homem, irritado.— Está certo, senhor. Considere feito. — Regina respondeu resignada.Nós estávamos ali atentas a tudo e pela primeira vez vi um vislumbre de chance.
— A vaga é sua, Mauren. — Mirielen era sempre otimista.
— Como vou fazer para chegar na Regina? — perguntei.— Essa mulher deve estar desesperada. Assim que ele sair de perto, você entrega o currículo. — Saionara falou como quem é dona da situação.E foi exatamente isso que eu fiz. Vendo o desespero nos olhos de Regina, na primeira oportunidade que tive, fui até ela, na maior cara de pau, afinal estávamos as duas em uma situação difícil: enquanto eu precisava de um emprego, ela precisava de alguém disposto a trabalhar, a união perfeita da fome com a vontade de comer.
Cheguei nela sem pensar:
— Perdão, senhora, me chamo Mauren e estou procurando um emprego. Peço desculpas mas ouvi a senhora conversando sobre precisar de uma babá, sei que não é correto ouvir a conversa dos outros, mas não pude deixar de escutar e quero me candidatar a vaga. — Falei, de uma só vez.— Claro! — o sorriso dela se alargou, parecia que eu tinha entregado a ela a maior boa nova de todos os tempos. — Temos essa vaga em turno integral, aliás, precisamos inclusive que a babá durma no emprego eventualmente, pois o Sr. Arthur é muito ocupado e precisa de alguém que cuide da menina Sophia 24 horas por dia. — comentou com um sorriso satisfeito. — A senhorita teria interesse nesse tipo de trabalho? — perguntou.— Sim, aqui está o meu currículo, não tenho muita experiência na área, mas estou disposta a aprender. — entreguei o currículo para Regina que sorriu satisfeita.
— Perfeito, você teria disponibilidade de começar hoje? — perguntou.— Estou à disposição. — respondi.— Então venha, vou te mostrar o local onde nossa garotinha está. Ela não tem mãe, se criou sem essa figura, o pai é tudo para ela. Então, ela pode ser um pouco mimada e birrenta. — advertiu.— Normal de criança. — comentei sem muita convicção.Regina conversou com alguém e saímos dali em um carro de luxo, dirigido por um motorista particular. Regina falava ao telefone algumas vezes e, quando podia, fazia perguntas como se fosse uma entrevista.
Chegamos ao local, mas meus olhos não estavam preparados para o que veriam a seguir.
O sol daquela manhã parecia ter acordado de bom humor e, por milagre, Sophia também.— Hoje é dia de fazer bolo de nuvem! — anunciou, pulando na minha cama antes mesmo do despertador tocar.— Bolo de nuvem? Isso existe? — perguntei, esfregando os olhos.— Existe sim! É feito com açúcar de estrela, leite de unicórnio e um pouquinho de magia. A mamãe... — ela parou de repente, como se tivesse tocado em algo quente.Meu coração apertou.Mas não forcei. Só sorri e sentei na beirada.— Então vamos inventar a receita hoje. Mas aviso: se não der certo, a culpa é do unicórnio.Ela riu, jogando os braços no meu pescoço.Enquanto preparávamos a “massa mágica” na cozinha (leite normal, farinha, ovo e muito açúcar escondido por ela), Sophia falava sem parar, contando histórias de quando era “bebezinha” e “morava no céu com os anjos”.— A mamãe morava no céu comigo — disse, de repente, com a colher na mão. — Mas um dia ela sumiu.— Sumiu como? — perguntei, com cuidado.— Tipo... puff! — fez um ges
Na manhã seguinte, acordei com o sol batendo na janela e o silêncio mais pesado que eu já ouvi. Como se a casa inteira estivesse prendendo a respiração pra ver se eu realmente ia ficar.Sophia ainda dormia. Larissa já fazia sua ronda matinal pelo jardim. Dona Cida cantarolava na cozinha, e eu tinha uma promessa a cumprir comigo mesma:Voltar ao apartamento e pegar minhas coisas.Não podia continuar vivendo na mansão como um fantasma que trouxe só a roupa do corpo.Eu precisava de minhas fotos antigas. Do meu travesseiro surrado. Do caderno onde anotava receitas da vó.Coisas que não valem nada pra ninguém, mas que valem tudo pra quem não tem mais nada.Regina pediu ao motorista que me levasse até meu antigo apartamento. O carro era lindo, um sedã preto tão limpo que dava medo de respirar dentro.— Só não demore muito. — disse, séria. — O Sr. Arthur tem uma reunião importante à tarde, e a Sophia fica mais calma com você por perto.— Entendi — respondi, segurando as chaves de casa como
Fiquei parada no meio do quarto, olhando para a porta fechada, como se o simples fato de encarar a madeira polida fosse fazer o tempo voltar e me impedir de ter esbarrado naquele homem no shopping, mas não, o estrago já estava feito.E, pior, agora eu tinha que aguentar.Sophia, ainda no chão onde o pai a havia colocado com cuidado, me encarava com os olhos semicerrados, como se estivesse me avaliando com a mesma desconfiança que um gato usa para decidir se vai arranhar ou ronronar.— Você realmente vai me levar no parque? — perguntou, de repente, com a voz mais baixa, quase tímida.— Se seu pai deixar — respondi, honesta. — Mas antes, a gente precisa arrumar essa bagunça. Porque se ele voltar e ver esse caos, vai pensar que sou uma babá que só serve pra jogar travesseiro e comer iogurte no sofá caro.Ela bufou, mas se levantou.— Tá bom. Mas eu só ajudo se você prometer que vai me levar ao parque. — Combinado — sorri. — E se tiver escorregador em espiral, eu até te empurro da parte
Cheguei no local, mas meus olhos não estavam preparados para o que veriam a seguir.A sala parecia que tinha passado por um furacão — ou por uma guerra civil entre bonecas e almofadas. Tapetes enrolados no canto, livros rasgados, brinquedos espalhados como se tivessem sido jogados por uma catapulta, e uma cadeira virada de cabeça para baixo no meio do caminho. Havia até um pote de iogurte esvaziado no sofá, manchando o tecido caríssimo com aquela baba branca que já começava a secar.— É… — Regina pigarreou, com um sorriso tenso. — A Sophia andou um pouco agitada hoje.— Um pouco? — sussurrei, olhando para o teto, como se pedisse socorro divino.— Ela está lá no quarto — apontou com o queixo, como quem não quer se aproximar mais do que já está. — Tente falar com carinho, mas seja firme. Ela responde bem com firmeza. Só não grite, por favor. O Sr. Arthur odeia gritos dentro de casa.— Entendi — falei, engolindo seco.Respirei fundo, rezei um Pai Nosso mental e entrei no corredor que lev
O telefone tocou só para me lembrar que eu tinha poucas horas para conseguir algum lugar para morar. O aviso de despejo foi curto e grosso: 5 dias para você me devolver o apartamento. Seu Barcelos não era o campeão no quesito solidariedade, mas nos últimos 5 anos, foi muito bom pra mim, aceitando alguns pagamentos atrasados, quando eu ficava sem emprego, ou permitindo que amigas e familiares distantes viessem passar um tempo aqui comigo quando necessário. Até que ele foi bem paciente, nesses últimos meses, em que eu não paguei ou paguei o aluguel pela metade. Agora chegou a hora de eu sair daqui, não tem jeito. Não consigo arrumar um trabalho decente e muito menos sobreviver com esse pouco tempo de seguro desemprego que me resta. Tenho tantas contas a pagar, fora o aluguel e a comida, que já me tiram muito do curto salário que eu ganho mensalmente. Saí do meu transe quando Mirielen entrou no meu pequeno apartamento gritando com um agudo que quase destruiu meus tímpanos. — Mauren





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