A Protegida do meu Pai

A Protegida do meu PaiPT

Romance
Última atualização: 2025-05-29
Taize Dantas  Em andamento
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Índice

Ela era apenas a afilhada da secretária. Ele, o filho rebelde do homem mais poderoso da cidade. Clara nunca imaginou que, ao entrar na mansão Ferraz como funcionária, também entraria no radar do herdeiro mais imprudente e irresistível de Ferranópolis. Theo Ferraz tem tudo o que quer, mas Clara não está disposta a ser apenas mais um capricho. Entre provocações, encontros proibidos e uma paixão que ameaça sair do controle, os dois vão descobrir que certos desejos têm um preço alto... e que nem mesmo um segredo bem guardado é capaz de impedir o destino de cobrar seu preço.

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Capítulo 1

O Primeiro Encontro

Clara 

A mansão Ferraz brilhava sob luzes douradas que pareciam saídas de um sonho caro demais pra mim. Do jardim, chegavam risos, brindes e o tilintar afinado de taças. Era uma daquelas festas que a gente só vê em revistas ou novelas, mas lá estava eu, tentando parecer à vontade entre políticos, empresários e mulheres que sabiam andar com salto como quem flutua.

Apertei o colar de prata que herdei da minha mãe. Sempre faço isso quando estou nervosa. O salto emprestado da madrinha parecia conspirar contra mim, e o vestido preto, embora elegante, parecia gritar que eu não pertencia àquele mundo.

— Respira, menina — sussurrou Teresa, ajeitando com carinho a gola do meu vestido. O olhar dela era um misto de orgulho e apreensão. — Você já conquistou o Roberto. Agora é só não derrubar vinho em ninguém.

Conquistar o Roberto... exagero dela. Ele havia sido gentil comigo, sim, e disse que “Teresa sempre indicava as melhores”. Mas era só isso. Já a esposa dele… Viviane Ferraz parecia saída de um conto de fadas ao contrário. Linda, sim. Elegante, também. Mas com um olhar que fura, corta e analisa tudo como se o mundo estivesse sempre abaixo dela.

Quando me cumprimentou, os dedos frios dela envolveram os meus com um sorriso venenoso.

— Que doce — disse, lançando um olhar para o marido. — Espero que seja tão eficiente quanto a… sua antecessora.

Engoli seco. Tentei sorrir, mas senti uma tensão se instalar nos meus ombros e que não me abandonou desde então.

A verdade é que aquela noite era importante. Eu estava celebrando minha contratação como secretária de Roberto Ferraz, o homem mais poderoso de Ferranópolis, e havia conseguido o cargo graças à mulher que mais admiro no mundo: minha madrinha, Teresa.

— Um brinde ao futuro brilhante — disse ela, erguendo a taça.

Aceitei a primeira taça de espumante com um sorriso. A segunda, já mais animada. Mas logo tudo ao meu redor começou a ficar mais... dourado. O som aumentou, o riso das pessoas parecia mais intenso, e minhas bochechas ficaram quentes.

— Vá tomar um ar, menina. Está corada demais — Teresa disse com um sorriso. — Use a varanda dos fundos. A do lado oposto ao jardim.

Concordei prontamente com a sugestão e fui. O som dos meus saltos soava alto demais contra o mármore da casa. Quando abri a porta de vidro da varanda, fui recebida por uma brisa leve. Encostei no parapeito e fechei os olhos por um instante, tentando recuperar o equilíbrio.

— Esperando o príncipe encantado ou tentando escapar da sua própria história?

Abri os olhos de repente. O susto fez meu estômago revirar. Virei-me devagar, reconhecendo aquela voz antes mesmo de ver quem era.

Theo Ferraz.

Encostado em uma coluna, com um copo de uísque na mão e um sorriso torto nos lábios, ele me observava como quem se diverte com a queda de alguém.

— Desculpe, não vi que tinha alguém aqui — disse, tentando parecer firme, mesmo com o calor subindo pelo meu rosto.

— Estranho. As pessoas sempre percebem quando há um Ferraz por perto.

A vontade de revirar os olhos foi imensa, mas me contive.

— Só precisava de um pouco de ar — murmurei.

Ele inclinou a cabeça, como quem me estudava. Usava uma camisa branca, parcialmente desabotoada no peito, e os punhos arregaçados deixavam à mostra os antebraços bronzeados. Me senti ainda mais tonta e dessa vez não foi só pelo vinho.

— Ar? Normalmente as pessoas fogem dessa festa por motivos mais... interessantes.

— Como o quê?

Não sei por que perguntei. Talvez porque meu filtro já estivesse meio frouxo.

— Tédio. Desespero existencial. Ou pra transar nos banheiros — ele respondeu, com naturalidade. 

De maneira inesperada, ele se aproximou e, de repente, o perfume dele me envolveu: madeira, tabaco e algo doce. Ri, sem querer, levando a mão à boca.

— Você é tão cínico quanto...

— Quanto? — Ele estava perto agora, perigosamente perto.

— Quanto alguém que nasceu com tudo na vida pode ser.

Ele soltou um riso baixo. Quase um ronronar.

— Você me julga rápido demais, princesa.

— Não sou princesa.

— Mas combina com você — ele encostou no parapeito ao meu lado, os ombros quase tocando os meus. — Então, qual é sua desculpa pra estar aqui? Parente perdida? Amiga da filha de alguém?

Hesitei. Teresa havia pedido para eu não comentar sobre o trabalho até o anúncio oficial no dia seguinte.

— Minha madrinha me trouxe.

— Ah... a famosa madrinha. Deve ser alguém importante, então.

— Ela é — respondi com orgulho. — Teresa é excepcional.

Ele arqueou uma sobrancelha. 

— Imagino que você seja a substituta de Teresa, então? A nova vítima do velho? Aposto que ele adorou seu... currículo.

A raiva me subiu pelas veias.

— Ele contratou minha competência, não minha personalidade.

Tentei recuperar minha postura, mas ele já estava soltando as suas ironias mais uma vez.

— Então você está comemorando a grande ascensão no império como secretária júnior?

Doía. Porque ele sabia quem eu era desde o começo. Estava me testando.

— É só trabalho, Theo. E diferente de você, eu levo isso a sério.

Ele riu curto.

— Tão séria que já está bêbada na primeira semana. Brilhante.

Abri a boca pra responder, mas me segurei. Não valia a pena. Tentei sair dali, mas o mundo girou um pouco, me fazendo apoiar novamente no parapeito.

Ele me observou por um segundo. Depois se aproximou.

— Você está bem?

— Estou. Não preciso da sua ajuda.

— Ótimo — disse, se afastando para a sombra. — Porque eu não vim aqui pra bancar o cavalheiro. Só estou esperando minha deixa para sumir dessa festa ridícula.

Ele saiu, me deixando sozinha com o coração acelerado e uma mistura de vergonha, raiva e... algo que eu não queria nomear.

Quando recuperei a compostura e voltei à festa, passei por um grupo de rapazes que riam com um copo na mão. E ouvi a voz dele, com aquele tom debochado que parecia carregar o mundo nas costas:

— O velho quer que eu faça um discurso hoje. Aposto que ele chora se eu falar em “responsabilidade”.

Theo Ferraz sempre foi e pelo visto, sempre seria um problema. Dos grandes. O fato de eu pensar nele desde os quinze anos não amenizava o sentimento que parecia querer transbordar do meu coração naquele momento.

Anos amando a distância alguém inatingível e agora, tudo está prestes a mudar. Porque agora, Theo Ferraz não vai estar tão longe quanto sempre esteve. Ele parece até mesmo acessível a uma garota simples e sem origem aristocrática. E aquele pensamento traiçoeiro era extremamente perigoso.

O alarme tocou alto em meu cérebro quando naquele momento, Theo se voltou em minha direção e ao me reconhecer, ergueu a taça de whisky que não estava segurando em uma saudação irônica, e  jurei ter visto um brilho de promessa naqueles olhos castanho-dourados.  

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