Clara
O jantar naquela noite, após o turbilhão provocado pela visita de Viviane, foi envolvido em um silêncio opressor. O som dos talheres contra a porcelana fina parecia ecoar na sala de jantar como martelos de um julgamento, sublinhando a tensão não resolvida. Eu respirei fundo, sentindo o peso da decisão que tinha tomado, e soube que não podia adiar mais o anúncio.
— Preciso contar uma decisão que tomei — comecei, minhas mãos tremendo levemente sob a mesa de carvalho, mas minha voz soando surpreendentemente firme.
Roberto ergueu os olhos do prato, seu semblante ainda carregado da raiva da visita inesperada. A luz do lustre refletia em seus olhos tensos. Teresa parou de comer imediatamente, atenta.
— Decidi que vou voltar para casa. Para a casa da Teresa — esclareci, antes que ele pudesse supor algo mais drástico.
O garfo de Roberto bateu contra o prato com um clique metálico. Foi o único som na sala por um segundo.
— Absolutamente não. Está fora de questão — ele decretou, sem espaç