Theo
O telefone vibrou insistentemente no bolso da minha calça enquanto eu supervisionava a instalação de câmeras e sensores na casa de Teresa. O engenheiro de segurança explicava a blindagem das janelas.
O nome “Mãe” piscava na tela, e por um momento, senti uma repulsa física que me fez considerar ignorar a chamada. Mas algo, talvez o hábito de décadas, ou a culpa, aquela sombra eterna que ela cultivou em mim, me fez atender.
— Theo, querido — a voz dela era suave, aveludada, o mesmo tom que ela sempre usava para pedir um favor ou lançar uma armadilha. — Você não vem visitar a sua mãe? Estou com saudades do meu filho.
— Não é um bom momento — respondi secamente, afastando-me da equipe para ter privacidade. — E depois do seu espetáculo patético de ontem, mãe, acho que não temos nada a conversar. Você envergonhou meu pai, Clara e a si mesma.
— Eu posso explicar — ela insistiu, e pude ouvir o tremor calculado em sua voz, como uma atriz ensaiando. — Foi um momento de fraqueza. Fui pega