Srta. Mendes e o CEO Coração de Gelo Isadora Mendes é uma mulher linda, competente e esforçada, mas vive no limite entre o caos e a sobrevivência. Sem família, sem privilégios, ela enfrenta a vida sozinha — equilibrando contas, sonhos engavetados e o peso de uma rotina exaustiva. Tudo o que quer é uma chance. Um emprego fixo. Um recomeço. Ao conseguir uma entrevista na poderosa Alcântara Corporation, Isadora não esperava ser julgada já na porta — e muito menos pelo próprio CEO. Lorenzo Alcântara, arrogante, enigmático e com um olhar capaz de congelar qualquer um, parece ter um prazer particular em testá-la. Conhecido como “Coração de Gelo”, ele comanda a empresa com punho de ferro e uma frieza que ninguém ousa desafiar. Mas Isadora não é qualquer uma. Desastrada, sim. Um pouco ousada? Talvez. Mas por trás do nervosismo está uma mulher que não abaixa a cabeça, mesmo tremendo por dentro. E é isso que chama a atenção do homem que jurou nunca mais se envolver. Entre alfinetadas, encontros intensos e uma tensão que ameaça explodir, o que era para ser apenas uma relação profissional que se transforma em algo perigoso. Ela desperta emoções que Lorenzo enterrou há anos. Ele provoca sentimentos que ela jamais imaginou sentir. Quando o gelo racha, o que nasce não é só desejo — é um abismo onde ambos podem se perder.
Leer másO despertador tocou às seis e vinte, como fazia todas as manhãs nos últimos meses. A luz suave da manhã atravessava a cortina rendada do pequeno apartamento no centro de São Paulo. O som da cidade — buzinas, sirenes, vozes apressadas — já pulsava lá fora como um lembrete cruel de que a vida não esperava ninguém, muito menos ela.
Isadora Mendes abriu os olhos lentamente. Por um instante, quis permanecer no calor dos cobertores, onde nada a lembrava da realidade dura que enfrentava diariamente. Mas não havia tempo para devaneios. A vida real era impiedosa. Levantou-se, prendeu os cabelos castanhos claros em um coque desalinhado e caminhou até a cozinha minúscula. Colocou água para ferver e encarou o reflexo no vidro do micro-ondas. Seus olhos cor de âmbar pareciam ainda mais intensos na penumbra da manhã. Lindos, sim — mas também cansados. Há dois anos, tudo desmoronou. O carro dos pais derrapou na estrada molhada numa volta comum do litoral. O telefonema no meio da noite. A sensação de desmoronamento. O silêncio ensurdecedor depois do enterro. Sua tia — a única parente viva — chegou atrasada à cerimônia. Era uma empresária importante que vivia fora do país e, mesmo abalada, não pôde ficar. Após um rápido abraço, pediu desculpas e partiu às pressas, alegando uma urgência inadiável. Isadora mal teve tempo de conversar com ela. Depois disso, ficou completamente sozinha. A faculdade de Administração foi deixada de lado. As contas chegaram antes. Conseguiu um emprego numa empresa promissora de inteligência artificial, onde a promessa de crescimento foi apagada por um ambiente tóxico e um chefe que confundia hierarquia com poder. A gota d’água veio quando, após semanas de insinuações e humilhações veladas, ele soltou uma frase nojenta durante uma reunião. Ela não respondeu. Apenas se levantou, recolheu suas coisas e saiu. Agora, com vinte e um anos, desempregada, sem diploma e com o aluguel vencendo em uma semana, Isadora ainda assim se recusava a se curvar. Era teimosa. Era fogo. Era bonita de um jeito que incomodava — e não fazia ideia do quanto. Tomou o café preto amargo como sempre, abriu a janela e deixou o vento da manhã lhe bagunçar o coque. Vestiu uma calça jeans surrada, camiseta branca, tênis limpo e pegou a bolsa. Ia sair para entregar currículos, bater de porta em porta como fazia nos últimos dias. Sabia que a maioria nem olharia seu nome, mas ela ia tentar. Sempre tentava. Antes de sair, parou diante do espelho da sala. Respirou fundo. — Vai dar certo — sussurrou para si mesma. Desceu as escadas do prédio — o elevador estava quebrado de novo — e caminhou até o ponto de ônibus. O celular vibrou. Era uma mensagem de Sofia. > Sofia: "Amiga, preciso MUITO falar com você. Urgente. Me espera no café da esquina? Tô chegando!" Isadora respondeu com um “Ok” simples. Conhecia aquele tom. Sofia não era do tipo que exagerava. Havia algo sério ali. Vinte minutos depois, as duas estavam sentadas numa mesa encostada na janela, com canecas fumegantes nas mãos. Sofia, como sempre, estava impecável: rabo de cavalo bem puxado, batom nude e blazer azul-marinho. — Tá me assustando — disse Isadora, soprando o café. — O que aconteceu? Sofia apoiou as mãos sobre a mesa e soltou: — Tem uma vaga aberta na empresa onde eu trabalho. E eu te indiquei. Isadora piscou. — Vaga de quê? — Secretária do presidente. Ela soltou uma risada nervosa. — Tá brincando, né? Eu? Logo pra secretária de CEO? — Tô falando sério, Isa. O presidente do Grupo Alcântara. Lorenzo Alcântara. Frio, exigente, insuportável... mas respeitado. A antiga secretária pediu demissão ontem. E adivinha quem ele mandou caçar uma substituta com urgência? Isadora ficou em silêncio por um instante. O nome soava como algo saído de uma série de drama de escritório. Lorenzo Alcântara. Nem o nome era simpático. — Você surtou. Eu nem terminei a faculdade, nem tenho experiência com executivos de verdade... — começou ela, mas foi interrompida. — Você é inteligente, organizada, fluente em inglês, tem boa escrita e uma memória absurda. Você é perfeita pro cargo. E mais: você precisa dessa chance. Vai por mim. Se não der certo, tudo bem. Mas tenta. Isadora mordeu o lábio inferior, pensativa. A ideia era tão absurda que quase fazia sentido. — Tá. Eu tento — disse, pegando o celular. — Mas se esse Lorenzo for um babaca, eu vou jogar café quente nele. Sofia sorriu. — Não duvido nem um pouco. Naquela manhã, Isadora Mendes deu o primeiro passo rumo a uma vida que mudaria tudo. Ela só não sabia ainda. Mas o destino... ah, esse já estava bem à frente, esfregando as mãos."Acreditar na força do amor é entender que, mesmo quando tudo parece desabar, é ele quem nos reconstrói por dentro e nos ensina a recomeçar."Escrever meu primeiro livro foi como abrir uma janela em um cômodo escuro e empoeirado. Aos poucos, a luz entrou, o ar circulou e, com ele, vieram os personagens, as emoções e a história que antes só vivia dentro de mim. Srta. Mendes e o CEO Coração de Gelo nasceu do desejo ardente de contar um romance sincero, intenso, cheio de quedas, recomeços, olhares que falam mais que palavras e silêncios que dizem tudo.Foi uma jornada longa e cheia de descobertas. Houve dias em que me perguntei se conseguiria. Tive bloqueios criativos, dúvidas sobre o rumo da história, noites maldormidas, cafés gelados esquecidos ao lado do teclado. Mas também vivi momentos de verdadeira alegria — quando uma cena fluía tão bem que parecia já estar escrita dentro de mim, apenas esperando para ser revelada. E hoje, ao escrever estas palavras de encerramento, meu coração
O céu parecia abençoar aquela noite com sua luz serena, como um suspiro da natureza que confirmava: este era o momento. Nuvens brancas desfilavam no horizonte, o vento sussurrava segredos antigos pelas folhas, e o silêncio reverente abraçava o jardim onde Isadora caminhava em direção ao altar. Nada de exageros ou pompa desnecessária — só flores brancas como esperança, sorrisos sinceros e corações que batiam no mesmo ritmo. Lorenzo caminhava ao seu lado, nervosismo sutil que tremulava nos olhos e uma ternura profunda estampada no peito. Gabriel, com a responsabilidade de um rei, conduzia as alianças em suas mãos pequenas, tentando disfarçar o nervosismo com uma gravata torta que só o fazia parecer ainda mais adorável. Catarina, quase invisível no canto, sorriu entre lágrimas, seus olhos marejados guardando toda a história que eles viveram — uma história de batalhas, perdas e, finalmente, recomeços. Isadora estava linda em sua simplicidade, com um vestido fluido que parecia dançar c
O sol da Irlanda filtrava-se pelas cortinas brancas do quarto, pintando o ambiente com tons dourados e suaves. Isadora abriu os olhos lentamente, sentindo o calor do corpo de Lorenzo ao seu lado. Dois meses. Dois meses sem aquele cheiro, sem aquele toque, sem aquele abrigo silencioso que só ele sabia oferecer. Virou-se devagar e encontrou o rosto dele tão perto, os cílios longos descansando sobre a pele bronzeada, a respiração calma de quem, por fim, estava em paz. Isadora se permitiu um sorriso tranquilo e aconchegou-se mais, passando a perna por cima da dele, o rosto no pescoço do homem que amava. — Achei que era um sonho — sussurrou ela, deslizando os dedos pelo peito dele. Lorenzo abriu um dos olhos, preguiçoso e provocador. — Se for, espero não acordar. — respondeu com a voz ainda rouca de sono, puxando-a para mais perto e beijando-lhe a testa. Aquela manhã tinha gosto de recomeço, de alívio e de futuro. Mas Isadora logo notou algo diferente assim que desceu para a cozinha.
O escritório envidraçado no alto da Avenida Paulista exalava silêncio e encerramento. Era como se até os móveis soubessem que aquele dia marcava o fim de um ciclo.Lorenzo Alcântara estava sozinho, olhando a cidade lá embaixo, como um rei que se despedia do seu trono sem perder a imponência. A capital fervilhava com sua pressa habitual, mas ali dentro tudo era calma, maturidade e decisão.Sobre a mesa, a pasta com os últimos documentos assinados. O novo presidente do Grupo Alcântara estava prestes a assumir. Não era apenas um nome de confiança, era Leonardo, o amigo que o acompanhava desde o início, quando Lorenzo ainda era arrogante demais para ouvir conselhos e teimoso demais para aceitar que precisava de ajuda.— Está tudo pronto, Leo. Agora você é o responsável pelo Grupo Alcântara. — disse Lorenzo, estendendo a mão com a mesma firmeza de quem construiu um império do zero.Leonardo segurou a mão do amigo com respeito e orgulho.— Não vou decepcionar. Mas saiba que, mesmo de longe,
O céu da Irlanda amanhecia preguiçoso, tingido de cinza e dourado. Isadora observava as nuvens se moverem lentamente pela janela da cozinha, com as mãos envoltas em uma xícara de chá de camomila. Era sua terceira tentativa de se acalmar naquele dia, mas o desconforto persistia. Uma náusea leve, mas constante, que vinha lhe acompanhando havia dias.Ela culpava o clima, o estresse, a saudade. Mas no fundo, o corpo sussurrava o que o coração já sabia.Catarina andava agitada, e não era só por causa dos eventos beneficentes ou das visitas inesperadas. Havia uma energia diferente pairando sobre a casa — cochichos, olhares trocados com Gabriel, telefonemas encerrados às pressas.— Tudo bem, Catarina? — perguntou Isadora, casual, ao vê-la falando ao telefone mais uma vez e desligando bruscamente ao notá-la.— Claro que sim, querida! Era... era sobre flores. Do evento. — respondeu rápido demais, o sorriso escorregando pelos lábios antes de se fixar. — E você? Está com uma carinha... pálida.—
Lorenzo desceu do jatinho em solo brasileiro sob um céu cinza e abafado. O calor úmido não o incomodava — o que queimava mesmo era a saudade. Ao pisar no asfalto, sentiu o vazio apertar o peito. Já sentia falta de Isadora e de Gabriel. Era como se tivesse deixado uma parte de si na Irlanda. Mas não havia tempo para sentimentos. A vida o esperava com garras afiadas. Ainda na pista do aeroporto executivo, seu celular apitou inúmeras vezes. Mensagens, e-mails, reuniões emergenciais. A tranquilidade dos dias ao lado de Isadora parecia agora um sonho distante, quase irreal. Ao entrar no carro, o motorista o atualizou sobre a agenda. A empresa havia acumulado pendências. Decisões importantes estavam paradas, clientes aguardando posicionamentos, funcionários sem liderança direta. Lorenzo Alcântara estava de volta. Mas só o corpo. A alma ainda dançava no som do riso de Gabriel e na doçura dos olhos castanhos de Isadora. Nos dias seguintes, mergulhou no trabalho como se fosse o único j
Último capítulo