Mundo de ficçãoIniciar sessãoAos 20 anos, Lia Ramos só queria sobreviver. Após terminar um relacionamento abusivo e perder o emprego, ela aceita de última hora o trabalho de babá da filha de um homem que todos temem: Dominic Hale, CEO bilionário, frio, impecável, incapaz de sorrir até mesmo nas fotos corporativas. A mansão dele é silenciosa. Luxuosa. Impessoal. E a pequena Aria, de três anos, não fala com ninguém — exceto com Lia. O que começa como um trabalho temporário se torna um laço irresistível. Dominic tenta ignorar. Tenta manter distância. Tenta fingir que a maneira como Lia canta para sua filha, como organiza a casa, como sorri… não mexe com ele. Mas mexe. Mexeu desde o primeiro dia. Lia é a única fagulha de vida naquela casa. Doce. Forte. E completamente proibida. Dominic não pode querer a babá. Mas ele quer. E quando um CEO acostumado a controlar o mundo inteiro se apaixona, a obsessão é inevitável. Entre madrugadas na mansão, segredos do passado, bilhetes deixados na porta e uma tensão que ameaça explodir, Lia e Dominic se veem presos em um desejo que nenhum dos dois consegue deter. Mas amar um homem como Dominic Hale tem consequências. E quando o passado de Lia retorna para destruí-la, Dominic vai descobrir até onde um bilionário pode ir… para proteger a mulher que nunca deveria ter amado. Um romance quente, intenso e viciante sobre amor proibido, cura, obsessão e o tipo de devoção que nasce quando duas almas feridas finalmente se encontram.
Ler maisLia Ramos segurava o currículo dobrado dentro da bolsa, ele era tudo o que ela tinha. O ônibus sacolejava pela avenida e, a cada freada, o estômago dela lembrava que estava vazio desde cedo. Sobreviver tinha virado rotina, mas naquele dia pesava diferente.
Ela havia acordado com a conta de luz atrasada, a geladeira quase vazia e a última recusa de emprego ainda martelando na cabeça. Desde o fim do relacionamento, a vida parecia um corredor estreito demais para respirar. Ela andava, mas sentia que tudo apertava em volta.
O ponto final chegava e, com ele, a fila de gente apressada indo atrás dos próprios destinos. Lia desceu devagar, tentando não pensar em como a cidade inteira parecia ter um lugar para ir. Menos ela.
Entrou no pequeno café da esquina. Era quente, cheirava a pão fresco e tinha mesas apertadas que pareciam cochichar histórias umas às outras. Lia pediu apenas um café preto, mais por necessidade do que por gosto, e se sentou perto da janela. O sol batia no vidro, deixando tudo dourado por alguns segundos.
Dois garçons conversavam perto do balcão. Ela não estava prestando atenção, até que ouviu uma frase que travou o mundo ao redor:
— A casa do senhor Hale está procurando uma babá nova. Salário absurdo. A última saiu fugida, coitada.
Dominic Hale.
O nome parecia pesado, como se tivesse sido moldado em mármore. Lia já tinha ouvido falar dele. O bilionário. O CEO. O homem que estampava revistas com a mesma expressão congelada. Aquele que todos respeitavam e evitavam ao mesmo tempo. Diziam que ele comandava empresas como quem segura uma tempestade com as próprias mãos. E perdia a paciência tão rápido quanto ganhava dinheiro.
Lia inclinou-se discretamente, o coração batendo daquele jeito ansioso que ela conhecia bem.
— Dizem que a filha dele não fala com ninguém — continuou o garçom. — Tem três anos. A menina é um anjo, mas vive no próprio mundo.
— E a casa deve ser um silêncio de cortar alma — respondeu a outra garçonete. — Quem aguenta trabalhar lá? Ele nem olha na cara de ninguém.
Lia apertou a caneca quente entre os dedos. Babá. Ela tinha experiência. Passara a adolescência cuidando dos primos, dos filhos da vizinha, de quem precisasse. Crianças nunca a assustaram. Adultos sim. Especialmente homens como Dominic Hale: frios, inalcançáveis, com poder demais nas mãos.
Mas o aluguel não se pagava com medo.
Inspirou fundo, sentindo o café quente subir como coragem.
— Desculpa… — ela chamou os dois atendentes, quase sussurrando. — Essa vaga… vocês sabem onde posso pegar informação?
Os dois se olharam com aquele ar de “boa sorte, mas Deus te acompanhe”.
— A agência aqui da rua está cuidando da seleção — disse a garçonete. — Mas tem que correr. Ele quer alguém hoje ainda.
Hoje.
O desespero bateu com força. Lia se viu em pé antes mesmo de pensar.
Agradeceu, guardou o resto do café no corpo como se fosse energia líquida, e saiu pela rua com um passo que não sabia que tinha. A agência ficava a duas quadras dali, e ela quase correu. A cada esquina, o nome dele ecoava por dentro, firme e definitivo.
Dominic Hale.
A porta de vidro da agência se abriu com um bip suave. A recepção estava cheia, mas ninguém parecia ir para a mesma sala que Lia buscava. Ela informou seu nome, entregou o currículo e esperou. A moça da recepção leu rápido, ergueu uma sobrancelha e disse:
— O senhor Hale é muito exigente. Já avisando. — Depois fez um gesto para a porta. — Entre. A entrevista começa agora.
Agora.
Lia respirou fundo, sentindo o ar inflar o peito como se preparasse território para a coragem. Não era só necessidade. Era instinto dizendo: vai. A vida não te jogaria isso à toa.
Ela entrou na sala de vidro.
Depois da ligação, nada voltou ao normal.Mas também não virou caos.Ficou naquele meio-termo perigoso, onde tudo parece controlado por fora e completamente instável por dentro.Dominic passou a ligar para Lia duas vezes por semana. Nunca para ela. Sempre para Aria. Sempre em horários combinados. Sempre curtas. Ele cumpria cada limite com uma precisão quase obsessiva, como se soubesse que qualquer deslize a faria desaparecer outra vez.E ainda assim… pensava nela o tempo todo.Não era desejo físico. Não daquele jeito imediato. Era a necessidade constante de saber se Lia estava bem, se tinha comido, se tinha dormido, se alguém a tinha feito rir naquele dia. Dominic passou a observar o mundo a partir do impacto que teria sobre ela.Uma obsessão silenciosa.Mental.Contida.Ele não invadia.Mas orbitava.Lia percebia.Sentia quando o telefone tocava sempre nos mesmos dias. Quando Aria se animava horas antes da chamada. Quando o nome de Dominic surgia na tela e o coração dela reagia antes
Dominic não foi embora no dia seguinte.Ele disse a si mesmo que precisava de mais vinte e quatro horas. Apenas isso. Resolver algumas pendências. Encerrar as doações. Agradecer às pessoas que tinham ajudado. Fechar o ciclo de forma correta.Mas a verdade era mais simples e mais perigosa:ele não conseguia ir embora sabendo que Lia existia ali, a poucos quarteirões, vivendo uma vida que já não o incluía.Isso não era raiva.Nem desejo bruto.Era fixação silenciosa.Dominic passou a observar mais do que agir.Sentava-se na cafeteria da praça no fim da tarde. Não para ser visto. Para ver. Via Lia atravessar a rua depois do trabalho, conversando com colegas, rindo baixo. Via Miguel buscá-la algumas vezes, outras não. Anotava mentalmente horários, caminhos, rotinas.Não para invadir.Para entender.Era o tipo de obsessão que não ultrapassa limites físicos, mas ocupa todos os espaços da mente.E havia Aria.Ela surgia nos pensamentos de Dominic como uma ferida aberta que nunca cicatrizou d
Os gestos de Dominic continuaram por alguns dias. Sempre grandes. Sempre visíveis. Sempre comentados. A cidade passou a vê-lo como benfeitor, salvador, aquele homem poderoso que chegara para mudar tudo. As pessoas sorriam para ele. Agradeciam. Ofereciam café.Mas Lia… se fechava.Ela continuava indo ao trabalho, cumprindo horários, ajudando as crianças, rindo quando era natural rir. E, quando saía da escola, evitava a praça, mudava o caminho, entrava em casa mais cedo. Não queria confronto. Queria paz.Miguel percebeu.— Esse cara está te incomodando — ele disse certa noite, sentado no degrau da varanda, olhando para a rua vazia.Lia não negou.— Ele faz parte de um passado que eu deixei para trás — respondeu.Miguel assentiu, simples.— Se você quiser que eu fique mais perto… eu fico.Ela sorriu de leve.— Não precisa me proteger — disse. — Só… fica.E Miguel ficou. Sem perguntas. Sem exigências. Como sempre.No fim de semana, a cidade organizou uma pequena festa na praça para celebr
Dominic não avisou que estava indo.Pegou o carro no início da manhã, antes do trânsito, antes das reuniões, antes de qualquer coisa que pudesse fazê-lo desistir. A estrada para o interior parecia longa demais para alguém que passou a vida inteira acreditando que tudo podia ser resolvido rápido.Mas havia coisas que não obedeciam à pressa.Ele chegou à cidade pouco depois do meio-dia. Pequena. Simples. O tipo de lugar onde as pessoas se cumprimentam pelo nome e estranham rostos novos. Dominic estacionou longe do centro, tirou o óculos escuros e respirou fundo.Não era ali que ele pertencia.Mas era ali que Lia estava.A escola ficava a duas quadras da praça. Um prédio baixo, paredes claras, crianças correndo no pátio. Dominic parou do outro lado da rua, observando.E então ele a viu.Lia estava agachada ao lado de uma menina pequena, falando algo baixo, sorrindo de um jeito que ele não via há meses. Um sorriso leve. Solto. Sem vigilância.Ela parecia… bem.O peito de Dominic apertou.
Seis meses.Dominic tinha parado de contar os dias. Contar doía mais. Preferiu medir o tempo em reuniões, contratos fechados, viagens rápidas e noites longas demais para uma casa silenciosa. A vida seguia. Funcionava. Rendia.Mas não preenchia.Aria tinha voltado a falar pouco. Não como antes, mas o suficiente para denunciar a ausência. Não perguntava por Lia. Isso era o que mais assustava. Crianças só param de perguntar quando aprendem a desistir.Naquela tarde, Dominic estava no escritório, encarando um relatório que já tinha lido três vezes sem absorver nada. O celular vibrou sobre a mesa. Ele não olhou de imediato. Aprendera a não esperar mais nada que não fosse trabalho.Até ver o nome na tela.Charles.— Fala — Dominic atendeu, a voz neutra.Do outro lado, houve um pequeno silêncio. Um desses que antecedem notícias que mudam o eixo de um dia inteiro.— Senhor… eu acho que encontrei algo.Dominic se endireitou na cadeira.— O quê? — perguntou, já sentindo o coração acelerar contr
A casa de Helena ficava no fim de uma rua de terra, cercada por árvores antigas e um cheiro constante de café passado na hora. Não era grande. Não era bonita no sentido das revistas. Mas tinha algo que Lia reconheceu no instante em que atravessou o portão de madeira: acolhimento.Helena abriu a porta antes mesmo que Lia batesse.— Você é a Lia — disse, com a certeza de quem já esperava por ela havia anos. — Entra, minha filha.Não houve perguntas naquele primeiro momento. Nenhuma curiosidade invasiva. Nenhum “o que aconteceu”. Helena apenas puxou Lia para um abraço firme, daqueles que sustentam o corpo quando as pernas não sabem mais como ficar de pé.Foi ali que Lia chorou pela primeira vez desde que tinha ido embora.Não chorou por Dominic.Nem pela mansão.Nem pela vida deixada para trás.Chorou por si.Os primeiros dias foram silenciosos. Lia dormia demais, acordava cansada, ajudava Helena na cozinha, varria o quintal, lavava roupas. Pequenas tarefas que pareciam simples demais pa










Último capítulo