Não era pra ser um escândalo. Eva Monteiro só queria dizer "sim", usar um vestido caríssimo (que ela parcelou em 12 vezes) e comer bem na recepção. Mas o universo — esse roteirista sádico — tinha outros planos. No dia do casamento, ela flagra o noivo e a melhor amiga ensaiando posições do Kama Sutra no camarim da igreja. Isso mesmo. Com a roupa da cerimônia já no cabide e a trilha sonora gospel ao fundo. O que ela fez? Cancelou o casamento, soltou o vídeo na festa e usou o dote pra sumir da cidade. Classe? Temos. Vingança? Em construção. Agora ela está em Avermoor — uma cidade fria, rica e cheia de segredos. De dia, é só mais uma brasileira tentando um emprego de verdade. À noite, vira DJ PlasticDoll, colocando a pista abaixo sem que ninguém desconfie que aquela de salto e delineado afiado quase casou com um energúmeno. Mas o destino (esse fofoqueiro incansável) resolve brincar de novo. Eva consegue um emprego numa das empresas mais poderosas da cidade… e cai direto na mira de Dominic Castellan: o CEO com cara de vilão de dorama, voz de cafajeste culto e humor de porta trancada. O detalhe? Dominic é o dono da balada onde Eva toca — só que nenhum dos dois sabe da identidade dupla do outro. Ainda. Entre planilhas, olhares perigosos, ameaças veladas, encontros improváveis e um passado que se recusa a morrer, Eva percebe que a vida tem muito mais plot twist que qualquer novela das nove. E que talvez… só talvez… o CEO rabugento esteja mais envolvido nessa história do que parece. Entre noites eletrizantes, reuniões tensas, inimigos poderosos e verdades perigosas, Eva se vê no centro de um jogo onde amor, vingança e ambição se confundem. Autora origina: Nenny Santos
Leer másPOV: Eva MonteiroA chave girou na porta e eu respirei fundo, encenando o papel da minha vida.— E aí? — Camila surgiu do sofá com um pote de pipoca no colo e a cara de quem passou o dia inteiro em ansiedade pura. Joguei a bolsa no chão e suspirei de forma teatral, com uma expressão que parecia derrota. Joguei o corpo no sofá, mão na testa, ar de novela mexicana.— NÃO! — Camila se levantou num pulo tão rápido que o pote voou no chão. — NÃO ACREDITO, ESSA GENTE É MUITO INJUSTA!— Calma, Camila… — Comecei, mordendo o lábio para conter o sorriso.— Essa empresa não sabe o que tá perdendo, você é uma GÊNIA, você é A MULHER!Soltei a risada contida, com os olhos brilhando de malícia.— Camila…— Eu JURO por Deus, eu…— EU FUI CONTRATADA NA HORA! — Gritei, jogando uma almofada nela.— O QUÊ?!— Contratada! Contratada, minha filha! Eles me quiseram ali, ó, no ato! Assinatura imediata, sem test-drive!— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! — Camila gritou como se o Brasil tivesse ganhado a Co
POV DominicO fim de semana foi um desastre produtivo.Eu costumo usar os sábados para treinar, rever os relatórios do Grupo Castellan e revisar contratos com calma. Mas nesse final de semana, eu mal vi a luz do sol. Passei horas trancado no escritório de casa, a cara enfiada numa tela, rolando o Instagram feito um adolescente imbecil. Tudo por uma curiosidade estranha naquela DJ.DJ PlasticDoll. Era assim que aparecia no perfil, com fotos e edits de fãs tão bem pensados que pareciam parte de uma campanha internacional. As legendas eram afiadas. As expressões, indomáveis. A estética visual misturava sensualidade e irreverência de um jeito que parecia debochar de quem olha
POV Eva MonteiroEra terça. Daquelas terças em que o universo decide testar sua paciência antes mesmo do primeiro gole de café. E eu já estava ali, com o avental amarrado, batendo ponto e organizando copo descartável como quem tenta organizar a própria vida. Spoiler: nenhuma das duas coisas estava indo muito bem.A cafeteria estava cheia, a fila só aumentando e eu já tinha perdido a conta de quantos "bom dia" falsos tinha distribuído. Quando finalmente consegui uma brechinha atrás do balcãoEnquanto batia mais um latte, escutei o tilintar da porta. Olhei de canto de olho e vi duas mulheres entrarem — blazer, bolsa de grife, salto grosso. Funcionárias do Castellan. Certeza. O crachá pendurado na cintura gritava mais do que elas.Paguei pra ver e fiquei ali, organizando as xícaras, fingindo que não tava ouvindo absolutamente tudo.— Você viu o jeito que a Nathalia tratou o estagiário ontem? Mandou o menino refazer um relatório às 22h só porque queria mostrar serviço pro CEO.Disse uma
POV Eva MonteiroNão importa o quanto você arrase na sexta à noite… na segunda de manhã, a realidade bate. E bate com força, como se tivesse saído direto do camarote VIP.Coloquei a roupa mais neutra do armário e me enfiei na primeira entrevista do dia. Uma startup de app de entrega.Ambiente jovem, informal, café de cápsula ruim. Falaram de metas absurdas com salário abaixo da média, RH confuso e a tal “cultura ágil” parecia mais desculpa pra não ter estrutura nenhuma.Saí de lá com a sensação de que seria explorada com sorrisos e post-its coloridos.Obrigada, Próxima…A empresa de benefícios era outra história. Estrutura linda, recepcionista de blazer, banheiros com sabonete cheiroso e um painel dizendo: “Pessoas felizes rendem mais.”A entrevista foi com duas mulheres — técnicas, diretas e, surpreendentemente, bem-humoradas.Fui honesta. Falei dos cursos, do INTI, do projeto que ajudei na época da faculdade. Elas anotaram tudo. Até elogiaram meu inglês. A sensação era boa.Era iss
POV: Eva MonteiroSábado. 9h47. Me sentia como se tivesse sido atropelada por um caminhão... de luzes, graves e olhares.Acordei com o corpo moído, os pés latejando e o cérebro ainda batendo no BPM do set. Nem bebi, mas juro que a ressaca emocional tava de arrancar os cílios postiços da alma.— Bom dia, diva internacional. — Camila apareceu na porta do meu quarto com uma caneca de café e uma cara de quem ficou até 5 da manhã revisando código ou vendo teoria da conspiração.— Que horas você dormiu?— Dormir? — ela deu uma risada debochada. — Eu só deitei depois de descobrir quem era o gostoso misterioso do camarote que estava te en-ca-ran-do!Arregalei os olhos, sentando na cama. — Você fuçou?— Claro que fucei, né, minha filha. Você achou que ia tocar pra meia dúzia de bêbados e acabou sendo a trilha sonora do Illuminati de Avermoor.Soltei uma risada abafada. — Ele tava muito colado no Gael. Camila... e se for coisa de máfia?Ela pôs a mão no peito e olhou pro teto. — Que seja.
POV: Dominic CastellanAcordei com o celular tocando como se estivesse pegando fogo.— Que merda... — resmunguei, tateando a mesa de cabeceira até encontrar o aparelho. Era o Gael. Às seis da manhã. De novo.Rejeitei.Na sequência, dez mensagens de Danilo. Planilhas, gráficos, três PDFs e um áudio com quase três minutos. Suspirei. Um ótimo jeito de começar a merda do dia.Levantei.Não era como se eu tivesse o luxo de enrolar na cama. Os acionistas não param, os números não mentem e o relógio sempre me cobra primeiro.Vesti meu terno preto impecável. Colete ajustado. Gravata milimetricamente centralizada. Camisa branca engomada. Calça alinhada. Sapatos tão engraxados que dava pra ver meu reflexo.Passei o perfume de sempre. O espelho me devolveu o olhar frio. Confiante. Implacável.O carro me esperava na garagem. O caminho até o escritório foi silencioso. Como eu gosto.A entrada da sede da Castellan Holdings era uma passarela de olhares famintos alguns de admiração, outros de p
Último capítulo