Mundo de ficçãoIniciar sessãoNão era pra ser um escândalo. Eva Monteiro só queria dizer "sim", usar um vestido caríssimo (que ela parcelou em 12 vezes) e comer bem na recepção. Mas o universo — esse roteirista sádico — tinha outros planos. No dia do casamento, ela flagra o noivo e a melhor amiga ensaiando posições do Kama Sutra no camarim da igreja. Isso mesmo. Com a roupa da cerimônia já no cabide e a trilha sonora gospel ao fundo. O que ela fez? Cancelou o casamento, soltou o vídeo na festa e usou o dote pra sumir da cidade. Classe? Temos. Vingança? Em construção. Agora ela está em Avermoor — uma cidade fria, rica e cheia de segredos. De dia, é só mais uma brasileira tentando um emprego de verdade. À noite, vira DJ PlasticDoll, colocando a pista abaixo sem que ninguém desconfie que aquela de salto e delineado afiado quase casou com um energúmeno. Mas o destino (esse fofoqueiro incansável) resolve brincar de novo. Eva consegue um emprego numa das empresas mais poderosas da cidade… e cai direto na mira de Dominic Castellan: o CEO com cara de vilão de dorama, voz de cafajeste culto e humor de porta trancada. O detalhe? Dominic é o dono da balada onde Eva toca — só que nenhum dos dois sabe da identidade dupla do outro. Ainda. Entre planilhas, olhares perigosos, ameaças veladas, encontros improváveis e um passado que se recusa a morrer, Eva percebe que a vida tem muito mais plot twist que qualquer novela das nove. E que talvez… só talvez… o CEO rabugento esteja mais envolvido nessa história do que parece. Entre noites eletrizantes, reuniões tensas, inimigos poderosos e verdades perigosas, Eva se vê no centro de um jogo onde amor, vingança e ambição se confundem. Autora origina: Nenny Santos
Ler maisPOV Eva Monteiro
Naquele dia, eu deveria estar me casando. Mas estava prestes a descobrir que eu era só parte do enredo de uma traição bem ensaiada. O vestido era tudo o que eu imaginei e mais um pouco. O pincel de iluminador deslizava pela minha bochecha como se eu fosse uma artista pintando a última obra de uma vida inteira. Vestido branco, com renda delicada no corpete e brilhos bordados como pequenas estrelas guardando segredos. Um decote em V ousado na medida certa, a cauda leve. Na frente do espelho, ajeitei uma mecha dos meus cachos marsala, e pela primeira vez me vi bonita de verdade. Não "bonitinha", não "pra alguém como você", mas bonita. Inteira. Hoje eu ia casar com Gustavo. O cara por quem eu abri mão de muito mais do que deveria. Respirei fundo. O quarto da pousada cheirava a flores, spray fixador e promessas frágeis. Sorri. E falei comigo mesma como quem segura a própria mão: "Você tá fazendo a coisa certa, Eva." Era o que eu dizia pra mim mesma desde o dia em que aceitei o pedido de casamento. O dote que os pais dele ofereceram ia ajudar os meus. Ia tirar minha mãe da dívida com o hospital, dar um teto novo pro meu pai reformar o mercadinho. Eu podia abrir mão dos meus sonhos… Eu poderia parar de tocar nas madrugadas como DJ. Poderia finalmente largar o turno duplo na lanchonete. Eu tinha um diploma que mal saiu da moldura. Uma proposta de estágio recusada, um projeto de pesquisa que deixei de lado. Eu era boa com números, com dados, mas deixei os gráficos de lado pra aprender a fazer feijão com o tempero da sogra. E por quê? Porque acreditava que era isso que se fazia quando se ama. Porque achei que dava tempo pra correr atrás de mim depois. Mas a verdade? A verdade é que eu me apaguei devagar. Apaguei meus planos, um a um, como quem risca a lista de mercado. E talvez… eu fosse feliz. Uma nova versão de mim mesma: a esposa dedicada, delicada, recatada, como uma família tradicional brasileira. Parecia até piada, a mulher que finalmente encontrou paz. Mesmo sem querer isso, eu precisava. Por eles. Meus pais estavam na casa de trás. O salão já está pronto. Tudo custeado pela família de Gustavo, mas... isso não me diminuía. Trabalhei, estudei, cuidei de tudo enquanto podia. Eu não tinha grana, mas tinha garra. E amor. Isso valia. — É cedo — murmurei, ainda encarando meu reflexo. — Mas talvez... seja a hora de construir minha própria família. Por eles também. Antes que seja tarde. Gustavo não era perfeito. Tinha um quê de arrogância quando bebia demais, às vezes me diminuía quando eu falava de carreira, mas... não era um cara ruim. Só… difícil de ler. Distraído. Dava a sensação de que queria estar em outro lugar, de vez em quando. Ainda assim, eu acreditava nele. No “nós” que construímos. Quatro anos. Eu não jogaria isso fora. Suspirei fundo, senti o perfume do buquê do meu lado e fechei os olhos por um segundo. Foi aí que ouvi. Uma risada. Passos. A voz de Gustavo, abafada seguindo pelo corredor. — “Você tá linda assim, mas eu vou bagunçar tudo isso.” Meu coração disparou. Ele estava vindo me ver? Quebrou a tradição? Sorrindo, me escondi no banheiro. — Seu bobo — sussurrei, achando que ia surpreendê-lo. Imaginando ele abrindo a porta. Mas aí… ele não estava sozinho. Eu ouvi outra voz. Feminina. Alta. Risonha. — "Gustavo, para... a Eva vai escutar..." Sabrina. Silêncio. Meu peito se fechou. Não pode ser. Meu corpo congelou. A maçaneta girou. Eles entraram. No meu quarto. Rindo. Sussurrando. — Relaxa. A Eva deve estar chorando com a mãe dela, sei lá... Você sabe que é você, né, Sab? Ela é só conveniência. — Para, Gustavo... a gente tem dez minutos, no máximo — a voz dela soava entre sorrisos abafados. — É tempo suficiente pra eu provar que você é mais gostosa que no meu sonho de ontem. — Gustavo! — Shh... Vai ficar gemendo alto igual ontem? Risos abafados. Um baque contra a parede. O som de beijos. Meus joelhos quase cederam. A voz dele. Rindo. Sedutor. Como se já tivesse feito aquilo mil vezes. Tive que tapar a boca com a mão pra não gritar. E foi ali, com meu vestido de noiva impecável e minha fé inteira no chão, que o mundo desabou.POV DominicA porta se fechou, mas o eco da presença dela ainda habitava a sala, um fantasma sensual que envenena o ar que eu respirava. O silêncio, outrora minha aliado, agora era opressivo. Fiquei de pé, minhas mãos apoiadas na fria superfície de mármore da escrivaninha, tentando encontrar um ponto de equilíbrio que parecia ter fugido de mim.Era um vazio estranho, uma sensação de ausência que se misturava com uma negação feroz. A moralidade básica de um homem que não deveria se apaixonar pela sua própria assistente. POV: Eva MonteiroOs próximos dias passaram como um borrão. Um misto de ansiedade com nervosismo e sonhos bizarros da mãe do Dominic me acertando com uma bolsa da Gucci. Cada hora que passava era um passo mais perto do sábado, e eu não sabia o que era pior: enfrentar a alta sociedade ao lado dele ou a possibilidade de que aquela noite pudesse mudar tudo entre a gente.Logo chegou terça, já era 19h e, como prometido, uma consultora chegou para me medir, preparar o vestido, o penteado e saber qual maquiagem eu iria usar no sábado.Ela estava vestida com um conjunto oversized de tweed bege, com ombreiras sutilmente acentuadas que gritavam poder, e calças wide-leg que arrastavam levemente no chão. Nos pés, sandálias de salto baixo em couro verde-limão, e os brincos – meu Deus, os brincos – eram enormes, formas abstratas de resina colorida que batiam em seus ombros quando ela virava a cabeça. Ela era a personificação do estilo e da autenticidade. Eu queria aquilo em mim quando ela me vestiCapitulo 41
POV: Eva MonteiroO silêncio no escritório era tão denso que eu conseguia ouvir o próprio ar vibrar entre nós. Dominic permanecia diante de mim, seus olhos escuros fixos nos meus, desafiadores e… vulneráveis. Aquela palavra – minha – ainda ecoava na sala, pesada como um véu de seda apertado em volta do meu peito.Dei um passo inconsciente em sua direção, meu corpo traindo a racionalidade que eu tanto tentava manter. Meu coração batia com tanta força que eu temia que ele pudesse ouvir.Não, pensei, firmando os pés no chão. Isso é loucura. Somos de mundos diferentes. Eu não pertenço a esse lugar, muito menos ao lado dele.Abanei a cabeça lentamente, negando não apenas a ele, mas a mim mesma.— O que você quer de mim, Dominic? — minha voz saiu mais suave do que eu pretendia, quase um sussurro. — Eu não estou à altura de estar ao seu lado. Não da forma que você quer. Eu nem tenho um vestido adequado para uma inauguração como essa. Imagina eu entrar naquele lugar…Ele não me deixou termina
POV: Dominic CastellanEstamos a centímetros de distância. O campo aberto, as luzes da cidade ao fundo, o ar carregado de segredos revelados e desejo contido. O mundo parece ter parado, e tudo o que existe é o espaço entre nossos lábios—até que o som estridente do meu telefone corta o silêncio como uma facada.Isa Love <3O nome pisca na tela, grotesco e inadequado, como um fantasma rindo do meu momento de vulnerabilidade. Eva recua imediatamente, seu rosto fechando como uma porta que eu mal consegui abrir.— Você devia atender — ela diz, a voz mais fria do que o vento da noite.— Não — respondo, rejeitando a chamada com mais força do que o necessário. — Não agora.Mas o estrago está feito. O momento se quebrou, e nós dois nos recompondo como dois soldados em uma trégua frágil.— Vamos voltar — sugiro, a voz mais áspera do que eu gostaria. — Ainda tenho trabalho para terminar.Ela apenas acena, subindo no carro em silêncio.---O escritório está escuro e silencioso quando chegamos, ma
POV: Eva Monteiro Uma semana. Sete dias desde que aceitei o emprego de assistente pessoal de Dominic Castellan. Sete dias de provocações, e cafés gelados de propósito. Estou na cozinha do apartamento, tentando me concentrar em fazer um sanduíche, mas minha mente não para de revirar os eventos dos últimos dias. — Então me conta… — Camila aparece na porta, segurando uma xícara de chá e com um sorriso maroto. — Como tem sido ser a sombra do CEO mais gato e insuportável de Avermoor? Viro os olhos, mas não consigo evitar um sorriso. — Ele é… intenso. — admito, pegando um tomate para fatiar. — Mas é estranho. Quanto mais ele me provoca, mais eu me sinto… viva. — Uou. — ela arregala os olhos. — Isso soou quase romântico, Monteiro. Cuidado, hein. — Não é romântico — retruco, rápido demais. — É desafiador. Ele me faz querer ser melhor. E pior, ao mesmo tempo. Camila ri, sacudindo a cabeça. — Mulher, você tá falando como se estivesse apaixonada. Só tomara que ele não te devore antes do
POV: Eva MonteiroO final de semana passou como um borrão de pura ansiedade. Entre xícaras de chá gelado, revisões de currículo e tentativas fracassadas de meditação, me vi revirando na cama, imaginando cada cenário possível para o meu primeiro dia como assistente pessoal de Dominic Castellan. Não era medo—era aquela tensão elétrica que precede uma tempestade. E eu estava bem no olho do furacão.Na segunda-feira, cheguei trinta minutos mais cedo, vestindo um vestido simples preto, mais impecável, mas com um brinco prateado em forma de estrela cravejado de strass minúsculos. Minha pequena rebeldia particular.O andar executivo estava silencioso, banhado pela luz suave do início da manhã. A mesa que seria minha, estava agora de fato, arrumada: computador novo, caderno de capa dura e uma caneta que provavelmente custava mais que todas as minhas meias de renda juntas e uma pequena plantinha que eu trouxe da minha antiga baía.Mal havia me sentado quando a voz dele ecoou pelo corredor, cor





Último capítulo