Sinopse: Rafaella Souza, uma jovem sonhadora e determinada, viu sua vida mudar completamente aos 17 anos, quando foi obrigada a se casar com Bruno Santos, herdeiro de uma das famílias mais poderosas e temidas de Ribeirão Preto. O que deveria ser uma união de amor, transformou-se em um relacionamento marcado por humilhações, dor e controle. Por quatro anos, Rafaella tentou ser a esposa perfeita, mas nunca foi vista além de um contrato da família. Cansada de viver sob opressão, fugiu — grávida e sem rumo. Foi quando, no momento mais difícil, em trabalho de parto e sozinha, encontrou Santiago Herrera, um produtor de café argentino, bem-sucedido, sensível e generoso. Santiago não apenas salvou sua vida, como segurou Matheus em seus braços no momento do nascimento, prometendo protegê-los para sempre. Por dois anos, Rafaella reconstruiu sua vida na Argentina, ao lado de Santiago e da fiel amiga Rebeca. Porém, o destino os leva de volta ao Brasil, e o reencontro com o passado se torna inevitável. Bruno, tomado pelo ciúmes e pelo orgulho ferido, não aceita ter perdido aquilo que um dia considerou sua posse. Agora, inicia-se uma verdadeira batalha entre poder, amor e redenção. De um lado, Bruno disposto a tudo para retomar o controle. Do outro, Santiago, que se tornou não só o amor da vida de Rafaella, mas também o verdadeiro pai de Matheus. Entre revelações, embates, paixões e reviravoltas, Rafaella descobrirá que ser amada de verdade é a sua maior conquista — e que ninguém mais irá decidir seu destino além dela mesma.
Ler maisRafaella Souza cresceu como uma princesa moderna em meio aos vales exuberantes do sul do país. Caçula de três irmãs, era o xodó de todos: dos pais, dos avós, das irmãs mais velhas e até dos funcionários da casa. Desde pequena aprendera a viver sob a luz de uma família influente, acostumada a jantares formais, decisões empresariais e viagens que começavam em jatinhos particulares e terminavam em paraísos luxuosos. Ainda assim, havia nela uma leveza, um olhar curioso e uma doçura que destoava da frieza do mundo ao seu redor.
Seu pai, Mário Souza, era advogado executivo, reconhecido nacionalmente por sua atuação estratégica à frente dos negócios da família. Discreto, sempre soube separar o mundo corporativo da vida doméstica, e em casa era apenas o “papai”, carinhoso e protetor. Sua mãe, Estela, era a imagem da ternura. De voz calma, sorriso acolhedor e coração sereno, fazia da mansão dos Souza um verdadeiro lar.
Rebeca, a irmã do meio, seguira os passos do pai. Fria, controladora e extremamente competente, trabalhava lado a lado com Mário, decidindo o rumo de empresas que influenciavam diretamente a política e a economia da região. Já Renata, a mais velha, morava em outro estado desde que se casara com Bernardo Santos — um nome poderoso e perigoso por si só.
Aos dezessete anos, Rafaella havia acabado de entrar para a faculdade de Direito. Era o sonho desde criança: tornar-se delegada, combater a injustiça com inteligência e empatia. Muitos achavam que era apenas mais uma fantasia juvenil de uma garota mimada. Mas quem a conhecia de verdade sabia da sua determinação.
Naquela manhã de outono, o céu de tons dourados pintava o horizonte da cidade. Sentada na varanda de casa, tomando chá com a avó paterna, Rafaella contemplava os planos que a esperavam.
— Já decidiu se vai fazer estágio este semestre? — perguntou a avó, observando-a com olhos orgulhosos.
— Quero primeiro entender bem o ritmo da faculdade. Depois vejo se consigo algo na delegacia da cidade — respondeu, sorrindo. — Sei que papai quer que eu vá para o escritório, mas não quero ficar apenas na sombra dele.
A avó riu, com ternura.
— Você tem a força da sua mãe e a mente do seu pai. Vai traçar o próprio caminho, minha menina.
O celular vibrou. Era uma mensagem de Renata: “Bruno e Bernardo devem aparecer na cidade essa semana. Fique atenta.” Rafaella franziu o cenho. Apesar de cunhada de Bernardo, mal conhecia os irmãos Santos. Apenas cruzara com eles em casamentos e festas formais. Sabia que Bruno era o primogênito e carregava nas costas a expectativa de toda a família Santos — uma das mais temidas do país.
Diziam que os Santos não apenas possuíam poder, mas o definiam. Onde eles tocavam, havia lucro, medo e silêncio. Joana Santos, a matriarca, era conhecida nos bastidores como “a bruxa de São Paulo”, uma mulher inflexível, manipuladora e cruel com quem ousava atravessar seu caminho. Rafaella ouvira os comentários com natural desconfiança, mas preferia manter distância daquela linhagem.
Bruno, o filho mais velho, parecia feito de ferro. Era advogado, sim, mas sua postura ultrapassava os tribunais. Jovem, bonito e impassível, tinha olhos de gelo e uma aura que misturava charme e perigo. A mídia adorava especular sobre seus casos, conquistas e sobre o rompimento polêmico com sua ex-noiva, Isadora Medeiros, que fora estudar fora do país e o deixara sem explicações públicas.
Rafaella nunca o tinha visto de perto. Mas seu nome vinha cercado de histórias demais.
Naquela mesma tarde, enquanto caminhava pela faculdade, Rafaella ouviu os murmúrios.
— Você viu quem chegou? — Sussurrou uma colega.
— Bruno Santos. Ele vai palestrar aqui. Disseram que o reitor o convidou para a abertura do congresso jurídico da próxima semana.
O nome ecoou como uma sirene. Rafaella fingiu indiferença, mas sentiu algo dentro de si estremecer. Não sabia o que esperar. Mas sabia que aquela presença marcaria um novo capítulo em sua vida — para o bem… ou para a dor.
Depois de deixar Matheus na escola, Santiago segurou firme a mão de Rafaella enquanto entravam no consultório médico. Estava visivelmente inquieto. Seu olhar percorria a sala de espera com impaciência, os dedos tamborilavam na coxa, e sua respiração era ligeiramente acelerada. O homem forte e imponente, conhecido como Dom Andrade, ali parecia apenas um pai ansioso — e um marido apaixonado.— Santiago... — disse Rafaella, sorrindo com doçura enquanto o observava. — Você está mais nervoso que eu. Calma, amor. A gente só vai confirmar o que já sabe.— Eu sei, eu sei... — respondeu ele, tentando conter o nervosismo. — Mas não consigo controlar. Pensar que tem uma nova vida crescendo aí dentro... é como se tudo recomeçasse.Ela apertou levemente sua mão e recostou a cabeça no ombro dele. Nesse instante, a enfermeira apareceu na porta.— Senhora Rafaella Andrade?Eles se levantaram de imediato, e Santiago segurou novamente sua mão, agora com ainda mais força.Dentro da sala, após responder
O quarto estava mergulhado numa penumbra suave, iluminado apenas pela luz âmida que escapava pelas frestas das cortinas. Santiago tinha preparado o banho com cuidado, e agora, debruçado sobre a banheira, passava com delicadeza uma toalha morna pelos ombros molhados de Rafaella.Ela estava de costas, com os olhos fechados, sentindo o carinho das mãos do homem que ela amava. Santiago então deslizou as mãos pelo ventre dela, parando ali com reverência. Encostou os lábios suavemente na pele quente e úmida.— Aqui… — sussurrou com voz rouca e emocionada. — Aqui está crescendo uma sementinha Andrade. A nossa sementinha...Ele beijou o ventre com um carinho tão profundo que fez Rafaella suspirar. Um sorriso doce e ao mesmo tempo carregado de desejo nasceu em seus lábios quando ela virou-se de frente para ele, puxando-o suavemente para mais perto.— Amor… — murmurou, encarando os olhos castanhos dele — não vamos contar a ninguém ainda. Quero ter certeza. Amanhã vou ao médico… só depois disso,
A tarde caía suave sobre os cafezais, tingindo o céu de dourado e azul-rosado. Santiago segurava a mão de Rafaella com firmeza e calma enquanto caminhavam lado a lado por uma das trilhas da fazenda. O som dos pássaros ecoava entre as árvores e o cheiro de terra úmida misturado ao aroma sutil dos grãos de café criava um cenário acolhedor e nostálgico.— Parece outro mundo aqui… — Rafaella murmurou, olhando em volta.— É um mundo nosso, agora — respondeu Santiago, apertando levemente sua mão.Ela sorriu, mas o olhar se perdeu por um instante, fixo na curva da estrada, onde o caminho se alargava e se encontrava com o horizonte. Santiago percebeu o silêncio dela e parou de andar, voltando o rosto para a mulher que tanto amava.— Você está pensando naquele dia, não está? — ele perguntou, com a voz baixa.Rafaella assentiu devagar, os olhos marejados.— Eu nunca esqueci, Santiago... A única vez que estive aqui antes foi quando fugi grávida, desesperada, sozinha... E ali, naquela curva... vo
Rafaella acordou cedo, como de costume, com o som suave dos pássaros e o sol filtrando pelas cortinas claras. Levantou-se com leveza, vestiu-se rapidamente e foi até o quarto de Matheus. Ajudou o pequeno a colocar o uniforme da escola e penteou seus cabelos com carinho.— Hoje é mais um grande dia, campeão. — disse ela sorrindo enquanto arrumava a mochila.Matheus a abraçou com força, e logo em seguida o motorista chegou para levá-lo à escola. Rafaella desceu até a varanda para se despedir.— Se comporta, hein!— Sim, mamãe! — gritou Matheus da janela do carro, sorrindo.Ela ficou alguns segundos ali, observando o carro desaparecer pela estrada de terra, sentindo o coração cheio e ao mesmo tempo apertado com tantas mudanças.Pouco depois, Santiago apareceu, acompanhado do administrador da fazenda, o senhor Mário.— Amor, vou até o cafezal com Mário dar uma olhada em como estão os talhões. Volto antes do almoço. — disse ele, dando um beijo leve na testa de Rafaella.— Tudo bem. Vou ter
A noite caiu sobre a fazenda do café, cobrindo os campos com um véu prateado e silencioso. A varanda ampla da casa principal estava iluminada por pequenas lanternas rústicas penduradas entre as colunas de madeira. Uma mesa para dois foi posta ali com requinte, flores frescas no centro e pratos delicadamente arrumados.Santiago estava de camisa branca dobrada nos cotovelos, sentado, observando as chamas tremulantes de uma vela quando Rafaella surgiu, envolta em um vestido leve e elegante, os cabelos soltos caindo sobre os ombros.— Você está linda, — ele disse ao se levantar, puxando a cadeira para ela.— E você está… tentando me conquistar de novo, Dom Andrade? — ela provocou, sentando-se com um sorriso.— Se eu estiver, está funcionando?Ela apenas riu em resposta, desviando o olhar brevemente.A empregada trouxe os pratos — comida simples, mas deliciosa: risoto de cogumelos, carne assada ao vinho e legumes frescos da fazenda.— Eu senti falta disso. Da calma… do barulho do campo à n
Rafaella ainda estava pálida. A leve tontura havia passado, mas um desconforto no estômago a incomodava. O chá que a empregada lhe trouxe — à pedido de Antonella — tinha um cheiro adocicado demais, e ao dar o primeiro gole, sentiu um embrulho forte.— Não... melhor não — murmurou, deixando a xícara na bandeja.Levantou-se devagar, ajeitando a camisola e o robe, e desceu as escadas com passos suaves. Ao se aproximar da sala, ouviu risos baixos e a voz de Antonella mais uma vez com um tom forçado de doçura.— Preciso que os quartos sejam limpos com mais cuidado. Ah, e quero flores frescas na mesa do jantar. Santiago gosta de rosas brancas, sabiam? — dizia ela, sentada à cabeceira da sala, com um caderninho em mãos, como se coordenasse tudo.Rafaella parou na escada, apoiando-se discretamente no corrimão. Observou a cena por instantes.Antonella dava ordens às empregadas, caminhava pela sala, apontava onde deveriam mudar os vasos e cortinas. Usava uma blusa justa, quase provocante, e agi
Último capítulo