Cristal vive em uma mansão luxuosa, cercada de tudo o que o dinheiro pode comprar — menos atenção, carinho e prazer. Seu marido é frio, ausente, e parece amar mais a melhor amiga de infância do que a própria esposa. Mas Cristal nunca foi invisível aos olhos de Christopher, o irmão mais novo dele. Misterioso, intenso e perigosamente irresistível, Christopher sempre a desejou em silêncio… até agora. Quando os toques acidentais se tornam carícias proibidas e os olhares carregados de tensão se transformam em noites quentes e incontroláveis, Cristal se vê dividida entre a vida que construiu e o prazer que sempre lhe foi negado. Um desejo proibido pode ser doce — até se tornar viciante.
Ler maisO olhar de Christopher queimava. Ela podia sentir a respiração dele tão próxima que seu corpo reagia antes mesmo da mente permitir. Havia calor ali. Tensão. Desejo. Mas mais do que isso... havia algo que ela não lembrava como era: ser o centro do mundo de alguém, nem que fosse só por alguns minutos. — "Você merece mais do que migalhas, Cristal." — ele sussurrou, os olhos alternando entre os dela e seus lábios. Cristal não respondeu. Sua voz parecia ter desaparecido, afogada na atmosfera carregada entre eles. Em vez disso, ela apenas se inclinou, centímetros que pareciam quilômetros. Os lábios quase se tocaram, e o tempo pareceu suspenso. Ele levou a mão ao rosto dela, com um toque leve, reverente, como se não quisesse assustá-la. — "Se me disser que não quer isso... eu vou embora agora." Cristal fechou os olhos por um segundo, inspirando profundamente. E quando abriu... ela não disse “não”. Christopher se aproximou ainda mais, roçando os lábios nos dela, devagar, como se estive
POV: Cristal A porta se fechou. E com ela, o resto da noite que Raphael havia prometido. A promessa quebrada ainda nem tinha esfriado no ar, e Cristal já estava sozinha outra vez, diante da janela, observando a cidade se iluminar lentamente. Ela ficou ali por longos minutos. Nem sabia ao certo quanto tempo passou. A cidade era linda à noite. Mas ser linda não significava que era acolhedora. Muito menos justa. Cristal caminhou de volta para o quarto e sentou-se na beira da cama, onde ainda podia sentir o calor do corpo dele. A sensação era cruelmente irônica. Ele tinha dito que queria paz... mas sempre corria para a tempestade quando Emilly o chamava. "Ela precisa de mim." Sempre isso. E ela? Ela também precisava dele. Só que aprendera a não dizer mais nada. Dizia-se madura, compreensiva... mas estava apenas se afogando em silêncio. Levantou-se de novo. Caminhou até o espelho. A mulher que a encarava ali não era mais a mesma de quando se casou. Nem mesmo a de ontem. Havia algo
POV: Raphael Na manhã seguinte, após a noite que tiveram juntos o som sutil do relógio no criado-mudo marcava 6h32. Raphael já estava acordado há minutos, observando Cristal dormir em silêncio ao seu lado. A luz fraca da manhã entrava pelas cortinas fechadas, desenhando sombras suaves no rosto dela. Ela parecia em paz — irônico, considerando o caos que sentia por dentro desde o dia em que a desejou pela primeira vez. Ele se levantou com cuidado, tentando não acordá-la. Vestiu a calça social e a camisa branca ainda com os movimentos lentos, os olhos voltando a ela por um instante. Queria tocá-la. Mas não podia. A manhã em Nova York estava fria e cinza. O carro esperava na entrada do edifício, e o motorista o levou direto para o prédio da "Moreau Holdings", a empresa da família que ele comandava desde a morte do pai. Assim que entrou no saguão de mármore branco com detalhes dourados, sentiu a tensão no ar — como se algo estivesse fora do lugar. E estava. — "Raphael, sua mãe chegou
POV Raphael O dia no trabalho se passou tedioso, pensativo. Apenas revendo papeladas, resolvendo negócios. Quando finalmente chegou a noite e a hora de ir para casa. A casa estava em silêncio quando ele entrou. Passava das nove da noite. O terno impecável denunciava mais um dia longo no escritório, mas a mente... a mente estava presa nela desde o amanhecer. Cristal. Ele subiu as escadas em passos lentos, como se cada degrau fosse um teste. A discussão da noite anterior ainda martelava em sua cabeça. Não apenas pelas palavras duras, mas pela frieza no olhar dela — como se algo tivesse se quebrado de vez. Ao chegar ao corredor, a porta do quarto estava entreaberta. Luz baixa escapava pela fresta, lançando sombras suaves sobre o chão de madeira. Ele empurrou a porta com cuidado e sentiu o ar mudar. Cristal estava de costas, em frente à penteadeira, com os cabelos ainda úmidos e presos de forma descuidada. Usava uma camisola de seda cor champanhe, o tecido escorrendo pelo corp
Cristal entrou pela porta lateral, fechando-a devagar para não fazer barulho. Tirou os sapatos na entrada e começou a subir as escadas de mansinho, o coração batendo forte. Mas antes que pudesse alcançar o topo, a voz dele ecoou da sala de estar: — Chegando agora? Ela parou, os dedos ainda no corrimão. Engoliu em seco antes de descer os degraus novamente. Raphael estava ali, sentado no sofá com uma taça de uísque na mão, vestindo apenas uma calça de moletom e a expressão fria que ela já conhecia bem demais. — O que você tá fazendo acordado a essa hora? — ela perguntou, tentando manter a voz firme. — A pergunta é: onde você estava? Cristal cruzou os braços, mantendo o tom calmo. — Precisava respirar. Andar. Ficar longe um pouco. E como você estava ocupado com sua “melhor amiga”, achei que não faria falta. Ele bufou, levando a taça aos lábios antes de encará-la com os olhos estreitados. — Isso é sobre a Emilly? De novo? — De novo? — ela deu uma risada amarga. — Você tá
Eles se beijavam como se o tempo tivesse deixado de existir. Cada toque, cada suspiro trocado era uma confissão silenciosa do quanto haviam se contido até ali. As mãos de Christopher percorriam a cintura de Cristal com reverência e fome, como se memorizasse o corpo dela em cada curva, em cada arrepio que despertava. Cristal sentia-se leve, quase fora de si — como se o mundo real tivesse ficado do lado de fora daquele instante. Christopher a fazia esquecer das máscaras, das regras, dos limites. Ao lado dele, não existia certo ou errado, apenas o calor dos corpos, os sorrisos entre beijos lentos e a vontade quase desesperada de se manterem colados. A respiração dela se acelerava toda vez que ele roçava os lábios em seu pescoço, e os olhos fechados revelavam o quanto se entregava sem medo, como se tivesse esperado por isso a vida inteira. O desejo que sentia por Christopher ia além da pele. Era profundo, avassalador, quase doloroso. Ela queria aquela noite inteira, queria se perder
O jantar já havia terminado. As taças estavam vazias, mas Raphael e Emilly ainda conversavam animadamente, rindo baixo entre goles de vinho tinto. Cristal, ao lado, observava a cumplicidade entre os dois como quem assiste a um filme antigo que já não quer mais rever. Ela olhou para o relógio. 22h47. — Eu vou embora — disse, levantando-se com calma e pegando a clutch sobre a mesa. Raphael franziu o cenho. — Espera, a noite ainda está começando. Eu chamo o motorista. — Não precisa. Eu quero ir sozinha — rebateu, com um sorriso polido e um olhar firme. — Você pode ficar… Aproveita a companhia da sua amiga. Emilly soltou uma risadinha. — Ah, Cristal, não seja dramática. Cristal virou-se para ela, os olhos como lâminas sob a luz baixa do restaurante. — Não é drama. É exaustão. E eu prefiro caminhar com meu silêncio do que me sentar para mais uma taça entre as suas lembranças com meu marido. Ela se virou antes que Raphael ou Emilly pudessem responder. O salto dos sapatos
Os dias após o casamento passaram como uma sucessão de jantares luxuosos, brindes silenciosos e aparências impecáveis. Cristal usava os vestidos justos que Raphael escolhia para ela, sorria para as fotos, posava ao lado dele em eventos sociais, como uma boneca perfeitamente encaixada no cenário que ele sempre sonhou exibir. Mas por dentro, ela murchava um pouco mais a cada dia. Na manhã seguinte à lua de mel, Raphael já estava no telefone, sentado à beira da cama, discutindo números e fusões antes mesmo de desejar-lhe bom dia. Cristal ainda acordava com o cheiro do perfume dele em seus lençóis, mas era como se ele já tivesse ido embora — mesmo presente, estava ausente. — Tenho uma reunião com o conselho às nove — ele disse sem olhar para ela, ajustando a gravata diante do espelho. — Te deixei o cartão da Amarante. Compre o que quiser. Ela sorriu de leve, mas seus olhos estavam apagados. — Claro, obrigada. Ele achava que presentes substituíam presença. Que luxo cobria a ausên
A família Moreau era uma das mais poderosas e influentes de Nova York. Com um império que abrangia desde imóveis de luxo até uma rede de investimentos bilionária, eles eram conhecidos não apenas pela riqueza, mas também pela postura imponente e respeitável que mantinham em todos os círculos sociais. A mansão da família, localizada no alto de uma colina em um dos bairros mais exclusivos da cidade, refletia sua posição. O enorme jardim, as colunas de mármore e os grandes candelabros dourados eram apenas uma pequena parte do que tornava os Moreau uma dinastia. Cristal conheceu Raphael Moreau durante um evento de caridade, um jantar requintado onde os rostos mais conhecidos da cidade se reuniam para discutir grandes causas. Ela, vindo de uma família humilde, estava ali apenas por influência de um amigo em comum, um executivo de uma das empresas que apoiava a fundação. Seus olhos se cruzaram na sala lotada, e naquele momento, algo inusitado aconteceu. Raphael, com sua presença de tirar o