Renzo Altieri é o Don da Dita d'Acciaio - a máfia mais poderosa e temida do mundo. Um homem frio, cruel e sanguinário, que enterrou o último traço de humanidade quando perdeu sua irmã de forma brutal. Desde então, esconde seu rosto desfigurado atrás de uma máscara de caveira preta com detalhes dourados, tornando-se uma lenda viva, temido até pelos próprios aliados. Mas tudo muda no dia em que seus olhos pousam em Bianca Bianchini - a jovem prometida a ele por um pacto de sangue entre famílias. Bianca é a personificação da pureza: albina, de cabelos como neve, olhos de dois tons etéreos entre azul e lilás, pele delicada como porcelana. Um anjo lançado nas garras de um demônio. Renzo se vê rendido por sua presença suave, sua doçura e inocência - algo que jamais imaginou desejar ou merecer. Ela o assusta mais do que qualquer inimigo: porque onde todos veem uma fera por trás da máscara, ela vê algo que nem ele sabe se ainda existe... sua alma. Será que Bianca conseguirá ver além da máscara? Conseguirá amar um monstro moldado pela dor e pelo sangue? E será que Renzo permitirá que o amor o salve... ou o destrua por completo? Uma história intensa, sombria e apaixonante, onde o amor pode ser a mais perigosa de todas as armas.
Ler maisRENZO ALTIERI
Três anos antes Sicília, Itália O mármore frio sob meus pés refletia as luzes do lustre acima com uma perfeição que só um homem como eu poderia compreender. Cada passo que eu dava era como um trovão, reverberando pelas paredes antigas da mansão Bianchini, como se o próprio inferno anunciasse minha chegada. Eu sabia como me viam - uma lenda viva, uma sombra imortal, um homem cuja presença soava como sentença de morte para todos ao meu redor. Não havia espaço para dúvidas, nem para hesitações. Eu era a Dita d'Acciaio. O pavor de quem ousasse cruzar meu caminho. A bengala de prata que eu empunhava, com a caveira cravada na ponta, tocava o chão com firmeza e autoridade. O som era o único barulho audível, cortando o silêncio profundo enquanto meus homens me seguiam, cada um ciente do que aquele encontro significava. Marino e Lorenzo Coppolla - meus irmãos por lealdade, não por sangue. Eles estavam ali, mas sabiam que essa era uma viagem sem retorno. Não ousaram falar, porque o fardo que eu carregava era pesado demais até para eles. Não havia palavras que pudessem aliviar a carga de um destino tão traçado. Eu estava indo conhecer minha prometida. Uma criança. Uma menina de quinze anos, com um destino forjado antes mesmo de seu nascimento. Filha de Juan Bianchini, um dos assassinos mais letais que já serviram à Dita d'Acciaio. Ele havia desaparecido do radar, retirando-se da vida sanguinária que levou sua esposa, e ficou em um pequeno reduto, criando a filha, Bianca. Mas meu pai, Enrico, o permitiu viver essa ilusão de tranquilidade - com uma condição. A menina, quando chegasse à maioridade, seria minha. Dezoito anos. Essa era a minha parte no trato. Quando ela atingisse essa idade, Bianca Bianchini seria minha esposa. A porta do escritório de Juan se abriu com um rangido leve. O ambiente estava carregado de um luxo que pouco me impressionava. As paredes estavam decoradas com fotos de um homem que parecia viver para si mesmo, mas que mal sabia que sua filha não mais pertencia a ele. A escrivaninha estava repleta de papéis ordenados, livros que jamais tocaria, e, acima de tudo, a ausência da jovem que me fora prometida. Um descaso que era quase um insulto. Nenhuma foto dela adornava o espaço - como se Juan soubesse que o destino dela estava além de seu controle, já em minhas mãos. Sentei-me de forma imponente na poltrona de couro, a caveira de prata da bengala pressionando contra o meu aperto. Eu estava ali, mas minha mente se encontrava a quilômetros de distância. Se pudesse, eu a veria apenas no altar, cumpriria a promessa e seguiria para os meus próprios interesses - para a minha guerra. Nada mais importava. — Bom dia, Don Altieri. — A voz de Juan interrompeu meus pensamentos, carregada de um formalismo desnecessário. Levantei-me, movendo-me com a precisão e o peso de um predador cansado de esperar pela sua presa. O silêncio dos meus homens era profundo, mas eu sabia que seus olhos estavam fixos em mim. Estavam esperando pela minha reação. — Seja rápido, Bianchini. Tenho coisas mais importantes a fazer. — Estendi a mão com uma frieza calculada. Juan apertou a minha mão com força, tentando disfarçar o nervosismo que transparecia em seus olhos. — Bianca já está descendo. — Ele disse, em tom de aviso, enquanto cumprimentava meus homens. Senti o peso do inevitável se aproximando. Um encontro sem sentido. Uma menina que mal sabia o que era o mundo. O que eu faria com ela? O que faria com alguém tão pura, tão distante do abismo em que eu habitava? Como essa criança poderia lidar com a besta que sou? Minha mente estava uma tempestade. E então, ela falou. — Papà! Dio... A voz dela, doce e melodiosa, atravessou meu peito como uma lâmina quente, cortando tudo o que havia dentro de mim. Era suave, quase etérea, mas carregava algo incontrolável - algo que não conseguia compreender. O cheiro de morango invadiu o ambiente, imenso e doce, como um veneno suave. Eu vi Marino e Lorenzo se virarem para observar com uma intensidade quase reverente. E quando me virei para vê-la... eu entendi o que estava acontecendo. Eu já sabia o que eles estavam vendo. Ali estava ela. Bianca. Pequena, delicada. Como um anjo de carne e osso. Seus cabelos brancos caiam em ondas suaves sobre suas costas, como se fossem feitos da própria neve mais pura, derretendo lentamente sob a luz quente do ambiente. Sua pele era tão pálida que parecia brilhar, quase etérea. E seus olhos... Meu Deus, os olhos dela. Um azul profundo misturado com lilás, como o céu ao amanhecer, o crepúsculo e a aurora se fundindo em uma visão que me deixava sem ar. Cílios longos e brancos, como penas, e lábios cor-de-rosa que pareciam feitos para sussurrar segredos. Ela sorriu. Sorriu pra mim. Foi uma explosão dentro de mim. Minha mão apertou com força a bengala, como se ela fosse a única coisa que me mantinha em pé. E então, graças à maldita máscara, ninguém viu o que aconteceu em meu rosto. Ninguém viu o choque, a confusão. A sensação de ver algo puro demais, algo que jamais poderia ser meu. Ela se aproximou. Cada passo dela era como um batimento cardíaco no silêncio absoluto. Seus olhos nunca se afastaram dos meus. Não hesitou. Não temeu. Ela simplesmente caminhou em minha direção com uma confiança que só uma criança inconsciente poderia ter. Uma confiança que me fazia sentir raiva e desejo ao mesmo tempo. — Oi. — Ela disse com uma suavidade que parecia arrancar pedaços de mim a cada sílaba. Seu sorriso tímido me destruiu por dentro. Eu não sabia o que fazer. Meu instinto era tocá-la. Saber se sua pele era tão macia quanto parecia. Se seus lábios tinham o gosto da fruta mais doce. Se seus cabelos cheiravam ao ar fresco da manhã. Mas eu não podia. Ela era luz demais. Eu era só escuridão. Não podíamos nos misturar. — Oi, anjinho. — Minha voz soou rouca, mais do que eu gostaria. O timbre pesado, quase possessivo, como se minha própria alma estivesse tentando se libertar de suas correntes. Eu observei cada detalhe da expressão dela, como seus olhos suavizaram ao ouvir minha voz, como seu sorriso se ampliou ainda mais. Dio... aquele sorriso... — Você sabe quem eu sou, anjinho? — Perguntei, ainda hipnotizado, sem conseguir desviar o olhar de seus olhos. Ela mordeu o lábio, embaraçada, mas respondeu com um brilho no olhar que me incendiou por dentro: — Sei sim. Você é o Don da Dita d'Acciaio. Renzo Altieri... meu futuro marido. Meu nome na boca dela. Como uma canção proibida. Como uma maldição. Como a redenção que eu jamais pedi. Porra, aquilo era música. Era veneno. Era uma promessa amarga de algo que não poderia ser. E ainda assim, uma promessa que eu sabia que não poderia quebrar. Ela sorriu de novo. E, nesse momento, soube. Soube que aquele sorriso jamais seria de outro homem. Jamais. Bianca Bianchini seria minha. Ela iria atravessar as muralhas que eu construí com tanta dor e sangue. Ela caminharia entre os escombros da minha alma, e, um dia, a colocaria em meu trono. Mesmo que o mundo tivesse que sangrar por isso. Ela ainda estava parada à minha frente, olhando para mim com aqueles olhos que pareciam ver mais do que deviam. O silêncio estava começando a me irritar. Mas ela... não parecia incomodada. Parecia curiosa. Como se eu fosse um enigma que ela estivesse prestes a decifrar. Ela inclinou levemente a cabeça para o lado, franzindo a testa. — Por que você usa máscara? — perguntou, do nada, como se estivéssemos conversando sobre o tempo. Marino engasgou com a própria saliva. Lorenzo desviou o olhar, tentando segurar o riso. E Juan ficou branco como o papel. Eu encarei a menina. — Porque sem ela, as pessoas morrem de medo. — respondi, seco, esperando que ela se calasse. Ela piscou. Uma. Duas vezes. Depois, sorriu. — Mas... com ela, você parece um vilão de desenho animado. — Desenho animado? — minha voz saiu mais incrédula do que ameaçadora. — É. Tipo aquele lá... como é o nome, papà? O que tem uma caveira e fala grosso! — Esqueleto? — Juan murmurou, morrendo por dentro. — Esse mesmo! — ela apontou pra mim, rindo. — Só que você é mais alto. E menos magrelo. Eu devia estar assustando ela. Deixando claro que era perigoso, um homem frio e calculista. Mas ao invés disso... eu estava ali. Ouvindo comparações com vilões de desenho. E, ainda pior... minha vontade era de rir. — Já terminou, anjinho? — murmurei, tentando manter a seriedade. Ela cruzou os braços. — Ainda não. — E se aproximou mais. Agora perto o bastante para que eu sentisse novamente o cheiro de morango. — Você também tem nome de vilão. Renzo Altieri. Parece que você vai invadir Gotham City ou explodir alguma coisa. — Eu sou o Don da máfia, Bianca. Eu explodo coisas. Ela deu um passo pra trás, teatralmente chocada. — Ai meu Deus! Então é verdade! Você é o chefão! Lorenzo soltou uma risada abafada. Marino encarava o chão como se sua vida dependesse disso. Juan parecia pronto para pedir desculpas por ter tido uma filha. — Você vai me jogar num calabouço se eu te irritar? — ela perguntou, os olhos brilhando com diversão. — Vou. Com dragões. — respondi, mordendo o canto da boca sob a máscara para não sorrir. — E sem sobremesa. Ela arregalou os olhos. — Sem sobremesa?! Monstro! — disse com um falso drama. — Você não tem medo de mim, tem? Ela parou. Seu sorriso suavizou. — Não. Você tem olhos tristes demais pra me assustar. Silêncio. Maldita menina. Ela virou o rosto e voltou a andar, parando ao lado do pai. — Posso levar ele pra conhecer meu jardim? — Bianca... ele é o Don. Não é um convidado comum. — Juan argumentou, aflito. — Mas ele parece cansado. E lá tem um banco. Pode se sentar. Ficar de boas. — e ela olhou pra mim. — Você senta, né? Ou vilões só ficam de pé? — Eu sento. — Ótimo. Então vem. Tem flores que combinam com a sua vibe sombria. Antes que eu pudesse protestar, ela já estava saindo do escritório, com os cabelos brancos balançando, sem medo, sem hesitação. Olhei para Juan. — Sua filha é um problema. — Eu sei. — ele respondeu, resignado. — Mas agora é seu problema. E, Dio... que problema delicioso de se ter. Acompanhei a pequena criatura de cabelos brancos até o jardim. Cada passo meu parecia deslocado naquele lugar de flores, bancos de pedra e caminhos de paralelepípedos limpos demais. Flores. Pássaros. Borboletas. E eu - Renzo Altieri, com uma bengala em forma de caveira e uma máscara de caveira no rosto. Ridículo. Mas lá estava ela, saltitando à minha frente como se fosse a dona do mundo. Ou melhor... como se o mundo fosse um lugar onde nada de ruim jamais acontecesse. — Esse é meu cantinho favorito — disse, girando sobre os próprios pés e abrindo os braços como se me apresentasse o paraíso. — Quando fico triste, venho pra cá conversar com as flores. — As flores respondem? — perguntei, cruzando os braços, entediado. — Às vezes. - ela deu de ombros com um sorrisinho. — Mas só quando eu choro muito. A margarida é a mais fofoqueira, fala mal até da rosa. E a camélia... nossa, essa é pior que vizinha de vila. — Você precisa de amigos. De carne e osso. — falei com sarcasmo. Ela parou. Franziu o cenho e me olhou como se eu tivesse dito a coisa mais absurda do mundo. — Tenho você agora. — disse com naturalidade, como se fosse óbvio. — Eu não sou seu amigo, Bianca. Eu sou seu futuro marido. — Ué, e não posso ser amiga do meu marido? — Não. — Por quê? Suspirei, sentando no banco de pedra sob a sombra de uma árvore. — Porque maridos mandam. E esposas obedecem. Ela arregalou os olhos. A boca se abriu em um "O" ofendido. — Credo! Quem te ensinou isso? O diabo? — Meu pai. — Ah... então o diabo mesmo. Pela primeira vez, deixei escapar uma risada baixa. Curta. Mas verdadeira. Ela sorriu, vitoriosa, e se aproximou, parando na minha frente com as mãos na cintura. — Escuta aqui, Don Caveirinha... eu posso até ser sua prometida, mas tem umas coisas que você precisa saber desde já. — Estou ouvindo, anjinho. — murmurei, divertido. Ela levantou um dedo: — Um: eu não obedeço cegamente. Só se a ordem fizer sentido ou vier com chocolate. — Isso é chantagem. — Isso é inteligência feminina. Dois: você vai ter que visitar esse jardim uma vez por semana. Mesmo que esteja muito ocupado mandando explodir coisas. — Não costumo fazer piqueniques, Bianca. — Vai começar a gostar. Três: se você me der uma aliança feia no casamento, eu devolvo na hora do altar. — Você é uma ameaça, menina. Ela inclinou a cabeça com um sorriso doce. — Eu sou um doce de ameaça. Mas sou sua, né? Dio... O coração bateu mais forte. A voz dela, mesmo nas brincadeiras, tinha um tom de certeza que me deixava desequilibrado. Como se já tivesse me escolhido. Como se estivesse certa de que ninguém jamais a teria, além de mim. Levantei-me, encarando aqueles olhos encantadores. — Vai me dar trabalho, anjinho. Ela piscou, travessa. — É... mas prometo que vale a pena. E naquele momento, eu soube. Essa menina ia me enlouquecer antes mesmo de se tornar mulher. E eu... eu ia deixar. Porque pela primeira vez em anos, eu queria enlouquecer. Se fosse por ela.RENZO ALTIERI O holograma flutuava diante de mim, mostrando as manchetes do dia, as notícias quentes da tragédia que havia consumido a cidade apenas algumas horas antes. Cada página, cada jornal digital, cada canal de notícias online falava sobre o mesmo tema: a tragédia, o caos, o horror. E ali, no centro de cada manchete, estava o nome do meu filho.Eu observei, imóvel, enquanto as palavras passavam diante dos meus olhos. As manchetes eram dramáticas, exageradas, como sempre eram, mas havia algo que me deixava aliviado: não havia fotos do meu filho. Nenhuma imagem dele aparecia nas matérias, nem de minha esposa. Um leve sorriso se formou nos meus lábios, e eu agradeci mentalmente a Marvin. A minha IA havia sido eficiente, rápida e impecável.Suspirei, mas não de cansaço. Cansaço não existia mais para mim. Desde que Zael me deu a imortalidade, o que antes eram limitações humanas — fadiga, dor, fraqueza — haviam se tornado lembranças distantes, quase irreais. Estava com sono, sim, ma
RENZO ALTIERI Fiquei ali, parado no escritório, apenas ouvindo. A quietude que antes era normal agora tinha camadas que eu jamais imaginei existir. Cada som se destacava, cada respiração, cada arrastar de cadeira, cada suspiro perdido dos seguranças espalhados pela mansão. Podia ouvir até o leve ranger do piso nos andares superiores. Era como se eu tivesse acordado para um mundo completamente novo, onde cada detalhe se tornava vivo, quase pulsante. Minha audição estava aguçada de uma forma que chegava a ser dolorosa no início, mas agora era fascinante. Tudo soava cristalino, absoluto, e mesmo assim eu precisava me controlar para não enlouquecer com cada ruído amplificado.O sol ainda não havia surgido completamente, mas a luminosidade matinal já começava a tingir o céu de tons alaranjados e rosas. Observei cada movimento no gramado através das janelas imensas de vidro, que iam do chão ao teto, e notei uma borboleta azul pairando a alguns metros de distância. Ela se movia com delicade
RENZO ALTIERI A sala estava em silêncio, pesado, sufocante. Eu sentia cada detalhe do ambiente como nunca antes: o som da respiração de quem estava do lado de fora, o pulsar de vidas que nem sequer sabiam que eu as percebia, o ar condicionado zumbindo como se fosse um trovão próximo. Minha pele parecia mais sensível do que jamais fora, e ao mesmo tempo, eu me sentia inquebrável.Olhei para Zael, aquele desgraçado que havia decidido meu destino sem pedir minha permissão. Minhas mãos tremiam, não de medo, mas de raiva. A pergunta saiu da minha boca quase como um rugido:— Quem te criou, Zael?Ele ficou imóvel. Parecia uma estátua, rígido, como se estivesse contemplando todas as possibilidades antes de decidir qual verdade me dar. Era como se aquele silêncio tivesse o peso de séculos.Por fim, suspirou, pesado.— Fui criado pelo Primordial. — A voz dele soou como um trovão contido, e eu senti um arrepio me atravessar. — Eu sou o primeiro Deus. O primogênito dele.Meu coração, que agora
RENZO ALTIERI Caí em uma escuridão absoluta. A dor no peito onde a bala tinha atingido queimava como se alguém tivesse acendido brasas dentro de mim. Cada célula do meu corpo parecia gritar em agonia, cada fibra queimava, e eu uivei, um grito que parecia rasgar o próprio espaço ao meu redor. Mas não havia ninguém para me ouvir. Meu grito se perdeu na imensidão da dor, e mesmo assim, ele era real para mim, brutal, intenso, incessante. O ar voltou a encher meus pulmões aos poucos, mas não era alívio. Meu coração batia de forma irregular, acelerada, uma batida que não era minha, e o fogo que consumia meu peito não diminuía. Eu não podia mais sentir a ardência; era uma dor diferente agora, uma sensação que me confundia, que me tornava instável. Eu podia jurar que estava morrendo e renascendo ao mesmo tempo, como se meu corpo estivesse sendo reconstruído por dentro.— Não vai demorar muito, Renzo. — A voz de Zael veio distante, um eco atravessando aquela tortura.Queria arrancar a cabeça
RENZO ALTIERI Não fazia ideia de quanto tempo fiquei ali, parado no meu escritório, encarando o vazio. Meu corpo pedia descanso, minha cabeça latejava com uma dor pulsante, e ainda assim, a mente não parava. Eu já arquitetava, passo a passo, como iria destruir a Bratva. Mas antes disso… antes de tudo, precisava garantir que minha esposa acordasse em segurança do sono profundo que Zael a mergulhara. Depois, eu iria à Rússia. Destruir a Bratva de dentro para fora não seria fácil, mas nada em minha vida foi.Peguei o copo de whisky, senti o frio do líquido deslizando pela minha garganta, e por um instante, pensei que poderia esquecer, apenas por alguns segundos, tudo que estava prestes a acontecer. Foi quando senti. A presença dele. Zael. Eu não precisei olhar para saber que ele estava ali.— Viver entre nós, humanos, não lhe deu bons modos. — falei, com a voz mais firme do que me senti naquele momento.Ele caminhou até a imensa janela de vidro, encarando o gramado que parecia se perder
RENZO ALTIERI Caminhei até a mesa de bebidas, cada passo ecoando no silêncio pesado do escritório. Peguei um copo e me servi de whisky, o líquido escuro desceu queimando a garganta enquanto eu engolia sem pressa. Fechei os olhos por um instante e as imagens me assaltaram: mimha esposa, desesperada, segurando o corpo inerte de Dante nos braços, seu choro rasgando meu peito, minha impotência esmagando minha alma. Eu nunca havia sentido algo assim antes.— Eu nunca fiquei tão impotente em toda a minha vida como fiquei vendo meu filho sem vida e minha esposa sofrendo. — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro, mas carregada de toda a raiva e dor acumuladas. Peguei o copo novamente e tomei outro gole, sentindo o álcool aquecer minhas veias, me dando uma calma tensa, quase perigosa.— Sabe o que eu fiz com os dois últimos russos? — falei, em russo, cada palavra pesada, cada sílaba impregnada de ameaça e experiência.Me virei, o copo na mão, e caminhei até ele. Cada passo era firme, seguro,
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