Um casal. Um acidente. Dois culpados! O acidente fez com que Andrew esquecesse seu passado, e todo esforço para lembrar foi em vão. Quando resolveu começar uma nova vida sem qualquer ligação com o passado, uma misteriosa mulher o abordou em uma noite de segunda-feira. Ela apareceu repentinamente, dançando de forma estranha e extremamente sensual, como uma odalisca. Seus movimentos o hipnotizavam, e sem perceber ele já estava entrelaçado a ela de uma forma sobrenatural. Durante esses encontros ela conta histórias e, ao final da noite, ela sempre diz: “esse é o nosso segredo!”
Leer másDesviei de vários carros e virei em ruas aleatórias com um único objetivo: continuar vivo. Arrisquei olhar outra vez pelo retrovisor e sorri ao ver que eu tinha conseguido despistá-los. Meu carro rodou na pista e, mesmo que eu pisasse no freio várias vezes, o carro não parou. Ele rodou mais duas vezes antes de ficar na beira de um penhasco. O carro que antes nos perseguia bateu na traseira do meu, e isso fez com que eu caísse do penhasco. Depois de rolar e capotar algumas vezes, o carro caiu no lago.
Eu me sentei na cama em um pulo, meu coração estava acelerado assim como minha respiração, meu corpo estava suado e arrepiado, mesmo tendo me livrado das cobertas enquanto dormia. E mais uma vez um maldito pesadelo me deixou com uma forte dor de cabeça.
Perdi as contas de quantas vezes este sonho me assombrou, já fazia um mês que saí do hospital e as consequências daquela noite continuavam na minha mente. Por que estavam me perseguindo?
Se eu fosse uma daquelas pessoas paranoicas, diria que isso era um sinal, mas sabia que era apenas a minha distorcida memória querendo voltar.
Com muita preguiça, me levantei da cama e desci para a cozinha; podia ter passado por uma experiência traumática, mas ainda era um ser humano que precisava se alimentar.
Servi-me de uma xícara de café e fui para a varanda, estava cedo, e logo o sol ia nascer. Sentei-me na escada e fiquei olhando a paisagem.
— Aquele sonho de novo? — perguntou minha mãe ao se sentar ao meu lado.
Assenti.
— Talvez você precise conversar com um profissional — falou ela.
Suzan, minha mãe, sempre evitava conversar comigo sobre o dia do acidente porque, segundo ela, não me faria bem.
— Não gosto de ir ao psicólogo — falei.
— Sei disso, mas ao menos para ele te receitar um novo calmante — falou ela.
— Pensarei a respeito. — Tomei um gole do meu café.
Minha mãe não era uma mulher velha, mas também não era tão nova. Ela tinha 43 anos, mas, se lhe perguntassem, ela diria que tem menos, admitir a idade não era coisa que ela gostava de fazer. Era mais baixa que eu e diferente de mim, seus cabelos eram loiros, seus olhos não eram castanhos como os meus, e sim verdes, e eu sempre dizia que esse era o charme dela. Eu amava essa mulher.
— Preparado para reabrir sua biblioteca? — perguntou e tomou um gole do chá de camomila, seu favorito.
— Nem um pouco, estou com medo de aparecer alguma doida falando que eu sou pai do filho dela ou de alguém me bater por eu ter pegado a namorada dele. — Ela riu.
— Você não era esse tipo de garoto, Andrew — disse ela. — Aliás, você ainda pode contar com a Jessy e o Ryan.
— Não é como se eu me lembrasse deles, mãe. Eles estarem lá quando eu acordei não significa nada. — Terminei meu café.
No dia em que acordei no hospital, Jessy estava lá e minutos depois Ryan passou pela porta, ambos ficaram muito felizes em me ver acordado, e eu fiquei sem saber o que estava acontecendo. Jessy disse ser minha namorada desde a infância, Ryan se apresentou como meu melhor amigo, não era para me lembrar deles pelo menos? Mas eu não me lembrava deles, o pior de tudo foi quando Jessy me beijou e eu não senti nada por ela.
— Ocupar seu tempo vai ser bom para você, ficar muito tempo em casa vai te deixar maluquinho. — Ela me cutucou com o cotovelo e se levantou. — Agora sem enrolação, mocinho, você tem que trabalhar! — disse antes de voltar para dentro de casa.
— Sim, senhora.
Depois de tomar café, eu voltei para meu quarto, peguei no guarda-roupa o que eu pretendia usar, nada muito complicado, porque eu detestava isso. Optei por uma camiseta branca larga, um jeans surrado e um par de Vans. Havia sol, então eu peguei um moletom caso o tempo se revoltasse mais tarde. Rapidamente vesti o traje escolhido e fui para a frente do espelho arrumar meu cabelo; estava comprido, mas eu não queria cortá-lo, apenas me penteei com os dedos e deixei do jeito que estava.
Desci até a cozinha, e minha mãe ainda estava lá. Apesar de minha vontade ser ficar o dia inteiro em casa, eu precisava me distrair. Vendo pelo lado bom, já estávamos em outubro, e eu tinha muita esperança de que os dias passassem rapidamente.
— Vai ficar em casa hoje? — perguntei ao me sentar à mesa junto à minha mãe. Ela estava comendo enquanto via alguma coisa no celular, estava bem concentrada.
— Vou fazer meu cabelo, achei uns demônios brancos ontem e não gostei nada disso.
“Demônios brancos”, um nome legal para se dar aos fios de cabelo branco que se ganha quando envelhece.
Peguei uma maçã na fruteira e dei uma mordida, também roubei um pedaço da torrada que minha mãe deixou dando sopa no prato e bebi um gole de suco de abacaxi.
— Até mais tarde, mãe. — Limpei a boca e dei a volta na mesa para dar um beijo no rosto dela.
— Não se esqueça de levar o guarda-chuva, querido — falou.
Assenti, e ela me soprou um beijo e voltou a olhar para o celular.
A biblioteca era um pouco longe da minha casa, e. como a dona Suzan me proibiu de dirigir, peguei minha bicicleta e segui pelo caminho que Ryan me ensinou.
Desci da bicicleta e a deixei no lugar designado ao lado de fora da biblioteca, com vergonha ou medo de alguém me cumprimentar e eu não fazer ideia de quem fosse, abaixei a cabeça e segui meu caminho.
Assim que cheguei, eu comecei organizando os livros que estavam empilhados no balcão e depois cataloguei os novos que chegaram. Ainda estava cedo, mas as pessoas que realmente gostavam de ficar lá, assim que viram as portas abertas, se acomodaram nas almofadas em gota pelo chão. Minha biblioteca era bem moderna, tinha até local para leitura solitária, onde você podia ficar em um cantinho aconchegante coberto e fechado para que nada atrapalhasse. Tipo uma cabaninha, porém como uma casinha.
Subi para o quarto, tudo do jeito que eu deixei, com as fotos da minha garota ao lado da cama e uma foto nossa na cabeceira, minha escrivaninha bagunçada e algumas roupas pelo chão, fazia alguns meses que não vinha aqui por causa do coma e da recuperação e mesmo assim meu pai não entrou no meu quarto, era grato a ela por isso. Tomei um banho rápido, pois ao ver minha cama senti uma tremenda vontade dormir, deitei e me acomodei melhor entre as cobertas, não demorou muito para que eu pegasse no sono. Na manhã seguinte, eu estava renovado e decidido a fazer uma surpresa para minha garota quando ela acordasse, mas estava mais decidido ainda a fazer com que ela acordasse logo para ver essa surpresa. Vesti uma roupa confortável e desci para comer alguma coisa, meu pai estava sentado na mesa mexendo no celular e, quando me viu, sorriu.— Bom dia, filho. Descansou bem? — Bebericou seu café.— Descansei, eu acho — falei ao tomar meu lugar próximo a ele.— Sonho ruim? — perguntou.— Sonhei co
Tive alta no mês passado, mas me recusei a sair do hospital, só ia sair junto da minha mulher. Vê-la nessa cama estava acabando comigo, era como se enfiassem várias facas em meu peito e eu fosse obrigado a continuar vivendo com elas. O médico disse que ela estava se recuperando bem e que não tinha muitas esperanças de que ela iria acordar, isso fez com que eu me sentisse mais culpado. Se eu tivesse prestado mais atenção na estrada, nada disso teria acontecido, e agora eu poderia estar sentado na sala com minha mulher e meu irmão.Sentia tanta falta do Bryan, visitar seu túmulo não foi fácil e lidar com a dor da perda foi mais difícil do que imaginava. Quando perdi meus avós, uma parte de mim foi junto com eles e eu me tornei uma pessoa nem um pouco parecida com quem eles queriam que eu fosse, me envolvi com a Fruta e me envolvi com Jessy outra vez. Foi graças a ele que eu não desisti das coisas de que eu gostava, por exemplo, o basquete, ele me ajudou a reconquistar minha confiança e
Cuspindo um pouco de sangue, eu despertei, tudo estava turvo ao meu redor e Eve ainda discutia com Jessy, suas vozes não se passavam de um zunido irritante que fazia minha cabeça latejar. A bala em meu ombro parecia apenas um soco forte. Com muito esforço, eu me levantei, e a minha garota ainda estava do mesmo jeito na porta. Dando as costas para mim, ela sumiu pelo corredor. Os gritos de Eve estavam me dando mais dor de cabeça, então eu gritei:— Calem a boca as duas. — Do jeito que elas estavam, ficaram. Imóveis e caladas, elas simplesmente congelaram. — Meninas? — Cutuquei Eve, mas minha mão atravessou seu corpo, me assustando. Sussurros preencheram o cômodo e, mesmo que eu procurasse por todos os cantos, não encontrava de onde vinha. Decidido a procurar de onde vinham esses barulhos, eu saí do quarto e me deparei com o corredor todo branco e silencioso. Caminhei cambaleando por ele e fiz a curva para a direita, eu estava seguindo para o lado em que os sussurros pareciam mais alt
Dylan passou por mim enfurecido e correu em direção a ela, peguei a primeira coisa por perto e joguei em sua cabeça, o abajur fez com que ele ficasse desacordado no chão.— Como ele nos achou? — perguntou minha garota enquanto pegava nossa mochila e eu, as chaves do carro.— Não sei, mas não quero ficar para descobrir, tenho medo de que ele não tenha vindo sozinho. — Peguei sua mão e saímos correndo do hotel. Já dentro do carro escutamos disparos ricocheteando na traseira do veículo, era óbvio que ele estaria armado, por que raios eu não peguei minha arma na gaveta de casa? Pisei fundo no acelerador e corri o mais rápido que pude pela estrada, desviei de todos os carros que surgiram na minha frente, eu suava frio e nem conseguia olhar direito para minha garota ao meu lado, estava desesperado.— Ele está nos seguindo — ela disse e, logo em seguida, um carro bateu na traseira do nosso, olhei pelo retrovisor e vi Dylan apontando uma arma para minha cabeça.— Abaixa. — Assim que nos aba
Depois de deixá-la no estúdio e resolver minhas coisas na biblioteca, voltei para casa. Arrumei nossa bagunça e me sentei na varanda para relaxar um pouco, meu coração também estava apertado hoje, algo muito ruim estava prestes a acontecer. Ouvi meu celular apitar na sala.. eEu o pguei e fiquei contente ao ver a mensagem de Bryan, porém nem um pouco satisfeito com o conteúdo dela.“O Dylan sumiu, cara, Ryan e Jessy foram encontrados no galpão amarrados. Eles disseram que ele está indo atrás de vocês, pega sua garota e some daí amanhã mesmo. Reservei para vocês um quarto em um hotel em Washington, me encontro com vocês lá assim que cair a noite.”Droga! Não, não, agora não. Nossas vidas estavam perfeitas aqui, tudo como sempre sonhamos, e justo agora ele apareceu para estragar nossa alegria, puxar nosso tapete. — Cheguei. — Ouvi a porta da sala bater e a voz da minha garota, não podia contar isso a ela, não agora. Foi difícil para mim vê-la passar por todas aquelas sessões de terapia
A porta foi aberta, e eu achei que fosse a enfermeira, mas quem passou pela porta com certeza não tinha um diploma nessa área. Eve e eu ficamos alertas ao ver Jessy entrar no quarto, vestida com uma roupa de couro toda preta e com os cabelos presos em um rabo de cavalo alto, em seus dedos, um cigarro e na outra mão, uma arma. — O que veio fazer aqui? — perguntei.— Vim visitar meu cunhado quase namorado — falou Jessy.— Vá embora, você tem muitos parafusos soltos — disse Eve.A fumaça do cigarro ativou o sprinkler, e uma cachoeira de água caiu sobre nós.— Vá embora, Jessy — falei. Mas foi um erro, ela atirou para cima, não só me assustando como também a Eve. Para mim, aquela arma não estava carregada. Jessy e Eve começaram a discutir, mas eu parei de prestar atenção quando notei alguém atrás dela. Vestindo um vestido amarelo molhado e coberta de sangue, lá estava minha garota. Sua boca se movia dizendo algo, mas eu escutava apenas um zumbido que irritava meus ouvidos, vi quando Jes
Último capítulo