RENZO ALTIERI
Ficamos ali, os dois no sofá, o corpo dela aninhado no meu, o silêncio preenchido apenas pela respiração mansa da minha esposa e o som distante do vento batendo nas janelas do escritório. Meus dedos ainda faziam movimentos lentos no braço dela, e o calor suave de sua pele era o que me mantinha no eixo.
Fechei os olhos, respirando o cheiro de morango que vinha dos cabelos dela, e perguntei num tom baixo, quase num sussurro:
— Você está bem com tudo isso?
Ela ficou quieta por alguns segundos. Eu podia sentir o coração dela batendo contra o meu peito, ritmado, firme.
— Estou. — respondeu enfim, com uma calma que me surpreendeu. — Rapidinho eu vou me acostumar.
Abri um meio sorriso.
Aquela mulher… a mesma que há pouco estava desabando nos meus braços, agora falava com serenidade sobre o tipo de revelação que deixaria qualquer pessoa louca. E mesmo assim, ela parecia inteira. Era isso o que sempre me deixava fascinado nela — a força silenciosa, a leveza com que enfrentava