RENZO ALTIERI
Fiquei ali, parado no escritório, apenas ouvindo. A quietude que antes era normal agora tinha camadas que eu jamais imaginei existir. Cada som se destacava, cada respiração, cada arrastar de cadeira, cada suspiro perdido dos seguranças espalhados pela mansão. Podia ouvir até o leve ranger do piso nos andares superiores. Era como se eu tivesse acordado para um mundo completamente novo, onde cada detalhe se tornava vivo, quase pulsante. Minha audição estava aguçada de uma forma que chegava a ser dolorosa no início, mas agora era fascinante. Tudo soava cristalino, absoluto, e mesmo assim eu precisava me controlar para não enlouquecer com cada ruído amplificado.
O sol ainda não havia surgido completamente, mas a luminosidade matinal já começava a tingir o céu de tons alaranjados e rosas. Observei cada movimento no gramado através das janelas imensas de vidro, que iam do chão ao teto, e notei uma borboleta azul pairando a alguns metros de distância. Ela se movia com delicade