Lorenzo Ricci – Funcionário da padaria, italiano, charmoso, misterioso, na verdade ligado à máfia. Isabela Ramos – Jovem brasileira simples, romântica, apaixonada por música country e forró, virgem no início da história. Valentina e Aurora – Filhas do casal. Vivian Stone – A amante, rica, manipuladora, que destrói o casamento deles.
Ler maisO tempo, com sua paciência silenciosa, transformou a intensidade dos primeiros anos em uma rotina cheia de significados. Dezesseis anos haviam se passado desde o dia em que Isabela e Lorenzo se encontraram pela primeira vez na padaria de Londres, e agora, seus caminhos estavam marcados por amor, erros, redenção e uma família que floresceu contra todas as probabilidades.Naquela manhã de outono, o sol tingia a casa com um dourado suave. A brisa entrava pelas janelas abertas e fazia as cortinas dançarem levemente. Lorenzo preparava o café da manhã, algo que se tornara um de seus rituais favoritos. Havia aprendido a valorizar os detalhes simples: o cheiro do pão quente, a risada das filhas, o toque das mãos de Isabela na sua nuca enquanto ela passava pela cozinha.Valentina, agora com 16 anos, se preparava para mais um dia de aula. Inteligente, perspicaz e cada vez mais parecida com Isabela, ela sonhava em estudar psicologia, assim como a mãe, para ajudar outras crianças como ela um dia
Três meses se passaram desde o nascimento de Samuel, e a casa estava em plena ebulição. O bebê havia trazido consigo não apenas noites mal dormidas, fraldas e mamadas a cada três horas, mas também uma energia doce que preenchia todos os espaços.Samuel era um bebê tranquilo, de olhar curioso e sorriso fácil. Adorava o som da voz de Aurora, dormia ao som das histórias de Valentina e parava de chorar sempre que ouvia o assobio desafinado de Lorenzo tentando ninar.Isabela, mesmo ainda em processo de recuperação física e emocional, se sentia mais inteira do que nunca. Apesar do cansaço, das olheiras e da rotina intensa, havia um brilho novo em seus olhos — o brilho de quem sabia que estava vivendo algo precioso.Lorenzo assumira com naturalidade o papel de pai presente. Tornou-se especialista em trocar fraldas em tempo recorde, preparar mamadeiras, dar banhos e cantar músicas de ninar — mesmo que suas versões improvisadas de clássicos infantis envolvessem trechos de forró e refrões inven
Os meses seguintes correram com a suavidade de um vento de primavera. A gestação de Isabela transcorria bem, e com cada nova semana, a casa se transformava um pouco mais para receber o novo membro da família.Aurora e Valentina competiam para ver quem sugeria o melhor nome do meio. Valentina defendia “Gabriel”, porque combinava com anjos. Aurora queria “Raul”, por causa de um personagem de desenho animado. Lorenzo ria das discussões e, mesmo tendo decidido que o nome seria apenas Samuel, adorava ver o envolvimento das filhas.Isabela, por sua vez, vivia entre exames, preparações e momentos de carinho. Cada vez que o bebê se mexia, ela chamava as meninas para sentirem os chutes. As mãos pequenas tocavam sua barriga com reverência, como se Samuel já estivesse entre elas, rindo e correndo pela casa.— Ele vai gostar de forró? — perguntou Aurora.— Vai amar — garantiu Isabela. — Vai dançar agarradinho com a mamãe e levar bronca do papai.— Eu ouvi isso! — Lorenzo disse do corredor.Guilhe
Os dias seguintes continuaram leves, cheios de risos infantis, brincadeiras no quintal e tardes tranquilas no consultório de Isabela. Lorenzo, agora mais presente do que nunca, parecia finalmente ter encontrado paz em cuidar da casa, buscar as meninas na escola, e até aprender a fazer arroz do jeito certo — o que Valentina fazia questão de avaliar com uma nota diferente a cada tentativa.Isabela, no entanto, começou a perceber algo diferente. Primeiro, foi o cansaço repentino. Depois, os enjoos matinais. Um mal-estar leve, mas insistente, que a fazia sair mais cedo do trabalho ou deitar-se ao meio-dia.— Você está bem? — Lorenzo perguntou certo dia, ao vê-la sair do banheiro com a expressão abatida.— Acho que é só estresse acumulado. Ou talvez um resfriado vindo aí — ela respondeu, tentando minimizar.Mas Lorenzo, que já conhecia os sinais da gravidez por experiência anterior, ficou atento. Isabela, mesmo relutante, decidiu comprar um teste de farmácia, só para garantir que estava tu
A notícia da prisão de Ludmila percorreu as manchetes por dias. As gravações entregues à Interpol e à Polícia Federal haviam causado um verdadeiro terremoto no setor financeiro e nos círculos políticos corruptos que ela frequentava. A rede foi desfeita, contas congeladas, cúmplices presos ou em fuga. Para Lorenzo, era como fechar o último ciclo de um passado que insistia em voltar.Mas agora, havia espaço para respirar.Na casa de Isabela, o clima era outro. Pela primeira vez em muito tempo, todos estavam juntos sem medo. Valentina e Aurora corriam pelo quintal com Guilherme, que as fazia rir ao se vestir de fada com asas feitas de cabides e tule.— Senhoras, o reino encantado está seguro novamente! — gritava, rodopiando com um espanador na mão como se fosse uma varinha.Isabela ria tanto que precisou sentar no sofá. Lorenzo, apoiado no batente da porta, observava a cena com um sorriso discreto. Pela primeira vez, seus ombros pareciam menos pesados.— Isso que é magia, hein? — ele com
A casa voltava a se encher de vigilância. Lorenzo instalou novos sistemas de segurança, agora mais modernos e discretos, com reconhecimento facial e sensores de movimento. Mas, mais do que proteger o perímetro, ele precisava agir. Ludmila havia declarado guerra. E ele não deixaria que o terror crescesse novamente dentro de seu lar.Fabiano trouxe um dossiê completo sobre ela na manhã seguinte. Nascida em Bucareste, vinda ao Brasil como estudante de relações internacionais, Ludmila tinha talento natural para finanças e manipulação. Envolveu-se com Cassio durante os anos em que Lorenzo se afastava do crime. Era ela quem lavava o dinheiro, desviava fundos, construía identidades falsas. Mas sempre na sombra.— Ela nunca quis o trono — disse Fabiano. — Quis ser a mão que movia tudo. Agora quer vingança por ter perdido o que considera dela.— Vamos dar a ela o que merece — respondeu Lorenzo.Ele sabia que, com Ludmila, não haveria confronto físico imediato. Ela usava os sistemas, as falhas
Último capítulo