Lorenzo Ricci – Funcionário da padaria, italiano, charmoso, misterioso, na verdade ligado à máfia. Isabela Ramos – Jovem brasileira simples, romântica, apaixonada por música country e forró, virgem no início da história. Valentina e Aurora – Filhas do casal. Vivian Stone – A amante, rica, manipuladora, que destrói o casamento deles.
Ler maisLorenzo nunca foi de desistir fácil. Nos negócios, nas guerras da máfia, nos confrontos da vida... sempre soube usar a força, a estratégia e, se necessário, o medo. Mas diante de Isabela, nenhuma dessas armas funcionava.Ela não era um território a ser dominado. Era um coração machucado que ele mesmo havia partido.Desde o reencontro no parque, Lorenzo decidiu insistir. Começou a mandar mensagens curtas, respeitosas, perguntando pelas filhas. Às vezes, recebia resposta. Às vezes, silêncio. E quando vinha um “podemos conversar depois”, ele sentia como se ganhasse uma batalha.Ele chegou a mandar flores. Isabela agradeceu com um emoji. Escreveu cartas, tentou se abrir. Até mesmo um jantar, cuidadosamente planejado em um restaurante que ela adorava, foi recusado com um educado “não é o momento”.Mas o pior não era o desprezo. Era a gentileza fria. Isabela era cordial, tranquila, mas distante. E isso o matava.---Certa tarde, Lorenzo apareceu de surpresa na escola onde Valentina ensaiava
Depois do reencontro no parque, Lorenzo passou a frequentar discretamente os lugares onde sabia que Isabela levava as filhas. Não era perseguição — ao menos, não no início. Era apenas um desejo desesperado de se reaproximar, de fazer parte do mundo delas novamente. Mas quanto mais ele tentava, mais esbarrava em uma figura que lhe despertava um sentimento difícil de controlar: Guilherme.Sempre presente. Sempre sorridente. Sempre à vontade.E sempre com Isabela.— Você apareceu de novo? — disse Guilherme, cruzando os braços em frente à casa de Isabela quando Lorenzo chegou para "uma visita rápida".— Não estou aqui por você. Quero ver minhas filhas.— Claro. Claro. Sempre muito paternal depois de... o quê? Dez anos? — respondeu Guilherme, sarcástico. — Vai entrar ou vai ficar olhando feito segurança de boate?Lorenzo trincou os dentes. Ele sabia que Guilherme estava provocando. Mas o pior era o sorriso de canto, o olhar debochado, os comentários sutis ao pé do ouvido de Isabela que a f
Depois de tanto tempo distante, Lorenzo sentia o peso da ausência em cada respiração. As lembranças das risadas das filhas, das mãos pequenas agarrando seus dedos e dos olhares inocentes que o chamavam de herói, agora pareciam lembranças distantes. A máfia, a traição, a dor... nada disso doía tanto quanto o vazio que aquelas meninas deixaram nele.Era sábado, e ele sabia — por um perfil discreto que ainda seguia Isabela nas redes sociais — que as meninas estariam no parque. Era a chance. Tinha ensaiado cada palavra, cada gesto. Mas nada o preparou para o que viu.Isabela estava sentada no gramado, parecendo mais linda do que nunca. Ao seu lado, Valentina ria alto de algo que Guilherme — o amigo fiel, divorciado, espirituoso e abertamente gay — dizia enquanto brincava com Aurora, que corria com um balão na mão.Lorenzo sentiu o estômago revirar. O sangue ferveu. Aquele homem, tão à vontade com suas filhas... rindo com Isabela como se fossem uma família. Seu maxilar travou.Tomando cora
O reencontro no parque havia sido um passo importante para Lorenzo. Ele finalmente sentia que poderia se reconectar com as filhas. Mas o que ele não esperava era o incômodo crescente que sentia cada vez que Guilherme aparecia no mesmo ambiente que Isabela.Na semana seguinte, ele começou a visitar as meninas com frequência. Levava brinquedos, ajudava nas tarefas da escola de Valentina e contava histórias para Aurora dormir. Isabela permitia, com reservas, mas não podia negar que as meninas estavam felizes.Num sábado à tarde, ele apareceu sem avisar e deu de cara com Guilherme já na casa, usando avental rosa e cozinhando algo que cheirava divinamente. A cozinha estava cheia de aromas de chocolate, baunilha e especiarias. Aurora, sentada no balcão, mexia um pote de brigadeiro com o rosto lambuzado. Valentina desenhava no chão com canetinhas coloridas.— Ué, você aqui? — disse Lorenzo, entrando pela porta com uma sacola de livros infantis.— Sempre, querido. Essa casa tem um sistema de
Era uma tarde de domingo, com o céu limpo e o parque cheio de famílias espalhadas sobre a grama. Isabela, Valentina, Aurora e Guilherme estavam em um piquenique sob uma árvore. Toalha colorida, suco de uva, biscoitos e muito riso.Valentina fazia malabarismo com bolachas recheadas, enquanto Aurora enchia Guilherme de pulseiras de miçanga que ela mesma havia feito.— Agora você é uma fada da floresta, tio Gui! — ela disse, com um sorriso de orelha a orelha.— A fada mais fashion que esse parque já viu! — respondeu ele, cruzando as pernas como uma modelo e mandando beijinhos para o ar.Isabela riu alto, sentindo um calor bom no peito. Aqueles momentos eram os que ela mais prezava: simples, amorosos, e sem a sombra do passado.Mas o passado, como sempre, escolheu aquele instante perfeito para reaparecer.Lorenzo surgiu entre as árvores, hesitante. Estava com um buquê pequeno de margaridas nas mãos e uma expressão de nervosismo mal disfarçada. Vestia jeans escuros, camiseta branca e tênis
Os dias no hospital se transformaram em semanas. Cada curativo trocado, cada fisioterapia dolorosa, foi uma lição de humildade. Lorenzo estava recomeçando do nada. Sem poder, sem dinheiro, sem ninguém para segurar sua mão. Mas, pela primeira vez, ele estava disposto a escutar o silêncio.A recuperação física foi lenta, mas constante. Já a emocional, essa exigia mais do que repouso. Exigia enfrentamento. A cada dia que se olhava no espelho, Lorenzo via um homem diferente — não mais o mafioso impiedoso, nem o amante inconsequente, mas alguém tentando, de verdade, se reconstruir.Ao sair do hospital, evitou os antigos caminhos. Não voltou ao submundo. Cortou os laços que ainda restavam. Arrumou um emprego simples, como auxiliar de armazém, algo impensável para o homem que um dia controlou metade dos negócios ilícitos da cidade. E mesmo assim, era grato.Passava suas noites em um apartamento modesto, com paredes sem decoração e janelas estreitas. Mas era limpo, silencioso. Pela primeira v
Último capítulo