O silêncio entre eles se manteve durante alguns dias. Na padaria, tudo seguia com uma aparência de normalidade, mas a tensão era palpável. Bastava um toque acidental de mãos, um olhar mais demorado, ou um passo mais próximo para que os corações acelerassem — e ambos fingissem que nada acontecia.
Lorenzo evitava a todo custo qualquer aproximação mais íntima. Mas Isabela sentia: ele estava travando uma guerra interna. E essa guerra, cedo ou tarde, teria um desfecho.
Foi numa quarta-feira cinzenta que ele quebrou o padrão.
Depois do expediente, quando ela já guardava seus pertences no armário dos funcionários, ele apareceu encostado no batente da porta, as mãos nos bolsos e a expressão indecifrável.
— Vai fazer algo hoje à noite?
Ela o encarou, surpresa.
— Por quê?
— Porque tem uma coisa que eu queria te mostrar. Um lugar.
— Um lugar?
— Confia em mim?
Ela não respondeu. Apenas assentiu com um sorriso leve.
Às oito em ponto, ele a esperava do lado de fora da padaria, em um carro preto discreto. Estava vestido de forma simples, mas elegante: camisa escura, mangas dobradas e o cabelo ligeiramente penteado. Era a primeira vez que ela o via fora do avental e da farinha. E ele… estava lindo.
O trajeto foi silencioso, mas confortável. Ele a levou até um terraço escondido no topo de um edifício antigo, onde se via parte do horizonte de Londres — os telhados molhados, as luzes tremeluzentes, o céu carregado de nuvens. Havia uma pequena mesa montada ali. Vinho tinto, uma torta feita por ele, dois copos.
— Você… preparou isso?
— Eu precisava de um lugar onde o mundo não estivesse olhando. Só nós.
Ela sorriu, com os olhos brilhando. Jantaram rindo de coisas pequenas, partilhando histórias do passado. Ela falou sobre sua infância no interior do Brasil, sobre sua paixão por música sertaneja, sobre os bailes de forró aos sábados. Ele, mais contido, revelou fragmentos de sua vida na Itália, da infância difícil e das sombras da máfia.
— Você não é obrigado a continuar nisso, Lorenzo.
— Não é tão simples sair.
— Mas é possível.
Ele a encarou, como se a presença dela fizesse tudo parecer mais leve. Menos sujo.
Depois de alguns goles de vinho, o clima mudou. O silêncio se tornou denso. Ela o observou com desejo nos olhos, e ele finalmente deixou cair as defesas.
Lorenzo se aproximou devagar, passando os dedos pela bochecha dela, depois pela nuca. O beijo foi suave no início, explorando territórios conhecidos, mas logo se tornou mais profundo, mais intenso.
Ela se apertou contra o peito dele, sentindo seu perfume, seu calor. As mãos de Lorenzo seguraram seu rosto com carinho e respeito, mas seus lábios ardiam de desejo.
— Tem certeza? — ele murmurou contra sua pele.
— Sim… eu quero isso com você.
Ele a pegou no colo e a levou até uma parte mais reservada do terraço, onde havia um colchão improvisado com cobertores grossos e almofadas, protegido por uma tenda transparente de plástico — improvisada, mas romântica.
Lorenzo a deitou com cuidado, como se ela fosse algo sagrado. Tirou devagar cada peça de roupa dela, com olhos atentos, admirando cada detalhe do corpo nu que se revelava. Isabela tremia, mas não de medo — era nervosismo, excitação, entrega.
Ele beijou seu pescoço, os seios, a barriga. As mãos exploravam cada curva, cada centímetro de pele como se memorizasse o caminho.
Quando ele a penetrou, fez devagar, com delicadeza. Ela ofegou, sentindo uma leve dor, mas que logo foi substituída por uma sensação nova, quente, intensa.
— Você é linda… — ele sussurrou ao ouvido dela. — Eu vou cuidar de você.
Os movimentos começaram lentos, ritmados, e ela se arqueava a cada investida. Seus corpos se encaixavam com perfeição. As mãos se entrelaçavam. As respirações se misturavam.
Ela sentiu o prazer crescendo dentro de si, um calor que se espalhava do ventre para o resto do corpo. Gemeu seu nome entre os lábios, e ele respondeu com mais intensidade, mais entrega.
O clímax veio como uma onda — forte, arrebatadora. Os dois estremeceram juntos, abraçados, ofegantes, como se tivessem atravessado uma tempestade para enfim encontrarem abrigo um no outro.
Depois, ficaram ali deitados, ele acariciando seus cabelos, ela com a cabeça sobre seu peito nu, ouvindo o coração dele bater forte.
— Eu nunca senti isso antes — ela sussurrou.
— Nem eu.
Naquela noite, sob o céu cinzento de Londres, Lorenzo deixou de lado suas sombras. E Isabela, pela primeira vez, entregou não só seu corpo… mas sua alma.
E embora não soubessem ainda, ali, naquela tenda improvisada, entre lençóis aquecidos e promessas mudas, uma nova vida começava a crescer dentro dela.