O pecado de Angel

O pecado de Angel PT

Romance
Última actualización: 2025-10-30
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Resumen
Índice

Angel sempre fora a garota certa da mamãe — doce, obediente e incapaz de contrariar o que lhe ensinaram sobre o certo e o errado. Vivia dentro dos limites, e, de certo modo, gostava da paz que isso lhe trazia. Sua vida era previsível, limpa, sem riscos. Até aquele domingo. O sol atravessava os vitrais da igreja, tingindo o chão com cores que pareciam vivas, quando seus olhos encontraram os dele. Ethan Romano. Ela não soube explicar o que sentiu. O coração acelerou, as mãos suaram, e um calor estranho subiu-lhe pela espinha. O jeito despreocupado com que ele se encostava no banco — um tanto desajeitado, um tanto insolente — chamava atenção. Talvez fosse isso que fazia as pessoas o olharem com desdém. Talvez fosse isso que fez Angel não conseguir parar de olhar. A partir dali, algo dentro dela mudou — e ela sabia. Ethan seria o caos que bagunçaria a calma de sua vida. E ela, sem perceber, se tornaria parte dele. Entre uma mãe rígida e religiosa, ciúmes, brigas e segredos, Angel descobriria que o perigo podia ser viciante. Que quebrar regras podia ter gosto de liberdade. Mas... até onde ela estaria disposta a ir por alguém que a fazia esquecer quem sempre foi? Valeria mesmo a pena?

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Capítulo 1

O domingo

O padre fez mais uma oração antes que todos se sentassem.

O silêncio dominava a igreja, e a única voz que ecoava era a dele — firme, pausada, quase hipnótica.

Eu nunca gostei de estar ali.

Ia aos cultos porque minha mãe me obrigava. Simples assim.

— Angel, ajeite esse vestido. — sussurrou ela, inclinando-se para o meu ouvido. — Da próxima vez, use algo decente.

Olhei para o tecido azul-claro que ia um dedo acima do joelho e soltei um suspiro impaciente. Puxei um pouco a barra para baixo, só para evitar outra bronca, e voltei a encarar o altar.

Todos olhavam para o padre como se ele fosse um santo, um mensageiro direto de Deus.

Mas eu pensava diferente.

Acredito em Deus, mas não acho que é a igreja que nos aproxima d’Ele.

Mamãe, por outro lado, era devota ao extremo.

Não faltava a um culto, se confessava toda semana e dizia que só existiam duas coisas realmente importantes na vida: o trabalho e a fé.

Não que ela não se importasse comigo — mas, às vezes, eu me sentia invisível.

Ela me criou para ter medo.

Medo de errar.

Medo de desejar.

Medo de viver.

Desde pequena, ouvi que “o maior pecado é se entregar antes do casamento”.

E, segundo ela, os homens só serviam para usar as mulheres e depois jogá-las fora.

Era com essas ideias que eu tentava crescer — sem entender muito bem o que havia de tão errado em querer sentir.

Foi então que um som cortou o silêncio.

A pesada porta da igreja rangeu, ecoando pelo salão.

Todos se viraram, atentos, como se o próprio diabo tivesse acabado de entrar.

Mas não era o diabo.

Era um garoto.

Moreno, alto, o olhar firme e provocante. Devia ter uns dezenove, talvez vinte anos.

Usava uma calça jeans escura, uma camisa preta de mangas compridas e o cabelo — bagunçado no ponto certo — caía sobre a testa.

A barba rala dava a ele um ar de descuido bonito, perigoso.

Ele caminhou até um banco vazio no fundo e se sentou de qualquer jeito.

Aos poucos, os olhares se desviaram, mas o ar parecia diferente, como se ele tivesse trazido o caos junto.

Eu nunca o tinha visto antes. Nem ali, nem em lugar nenhum.

As garotas do banco da frente cochichavam, trocando risadinhas abafadas.

Arrumei a franja que caía no meu rosto e, sem pensar, me virei para olhar.

Foi aí que aconteceu.

Nossos olhares se cruzaram.

Por um instante, o tempo parou.

Os olhos dele eram escuros e intensos — cheios de algo que eu não sabia nomear.

Ele estava largado no banco, o braço apoiado na madeira e as pernas esticadas, como se aquele lugar não merecesse a postura dele.

Meu coração disparou.

Desviei o olhar depressa, sentindo o rosto esquentar.

Respirei fundo — uma, duas, três vezes — tentando me concentrar no sermão.

Mas seria mentira dizer que ouvi uma única palavra do resto daquele culto.

O padre deu a bênção final e, aos poucos, os irmãos começaram a deixar o templo. Procurei aquele garoto com os olhos, mas ele já não estava mais lá. Provavelmente tinha sido o primeiro a sair.

Do lado de fora, as pessoas se cumprimentavam e desejavam um bom fim de domingo. Rodeei o olhar pelo pátio da igreja e o encontrei, um pouco afastado da multidão.

Estava encostado em uma árvore, com uma das mãos no bolso da calça e a outra segurando um cigarro.

Levou-o aos lábios e tragou lentamente. Quando soltou a fumaça, olhou direto para mim. Senti um arrepio percorrer o corpo.

Abracei a mim mesma, sem saber se era pelo vento frio ou pelo frio que ele me causava por dentro. Ele jogou o cigarro no chão, apagando-o com a ponta do sapato, e tirou algo do bolso — talvez uma chave.

Deu alguns passos até um carro preto estacionado na esquina, abriu a porta e entrou.

Fiquei observando até o veículo dobrar a rua e desaparecer da minha vista.

— Vamos, Angel? — a voz da minha mãe me trouxe de volta.

Ela ainda conversava com uma mulher da igreja, e eu apenas sorri, por educação, antes de segui-la até o carro.

O interior estava gelado. Entrei rápido, buscando o mínimo de calor.

Minha mãe colocou a bolsa no banco de trás, ajeitou o retrovisor e ligou o motor.

— Foi um ótimo culto, não foi? — perguntou, ainda com o tom satisfeito de quem cumpriu um dever.

— Foi sim — murmurei, encostando a cabeça no banco.

— Só fiquei com medo daquele garoto que entrou no final. — Ela disse, franzindo a testa. — Parecia um marginal... foi-se o tempo em que só entravam pessoas de bem na casa de Deus.

Revirei os olhos, em silêncio.

Eu odiava quando ela falava assim — como se fosse melhor do que todo mundo.

Mamãe tinha essa mania de julgar sem conhecer.

Voltei o olhar para a janela e me perdi nas luzes da rua.

E, sem querer, voltei a pensar nele.

No jeito que me olhou.

No cigarro, na calma, na forma como parecia não se importar com nada.

Será que ele voltaria à igreja?

Por que eu me importava com isso?

Chegamos em casa em poucos minutos.

Saí do carro e fui direto para o banho.

A água quente caiu sobre mim como um alívio. Fechei os olhos e deixei o vapor preencher o banheiro, tentando lavar também o turbilhão de pensamentos que ainda rodava na minha cabeça.

Quando saí, me enrolei na toalha e escolhi uma roupa confortável.

Vesti um moletom cinza e uma blusa preta, prendi o cabelo e me joguei na cama.

Fiquei olhando para o teto por um tempo.

Amanhã eu tinha um teste de matemática e precisava estudar, mas a vontade passou longe.

Tudo o que eu conseguia pensar era naquele olhar.

Foi quando ouvi três batidas leves na porta.

As batidas na porta se repetiram, mais suaves dessa vez.

— Angel? — reconheci a voz da minha mãe.

Me ajeitei na cama e puxei o cobertor até o peito.

— Entra, mãe.

Ela abriu a porta e apareceu com o mesmo ar sério de sempre, o cabelo preso num coque apertado e os óculos escorregando no nariz.

Carregava uma pasta nas mãos e parecia cansada.

— Preciso te avisar de uma coisa — começou, apoiando a pasta na escrivaninha. — Surgiu uma viagem de última hora. Vou ter que ir a Nova York domingo cedo pela amanhã, a empresa me chamou pra resolver uns assuntos urgentes.

Assenti devagar.

— E eu?

— Você vai ficar aqui, claro. — respondeu, já prevendo a pergunta. — Ainda faltam algumas semanas pra terminar o semestre, e não quero que perca aula por causa disso.

Ela falava com aquele tom prático, como se deixar a filha adolescente sozinha por alguns dias fosse algo normal.

— E vai ficar quanto tempo fora? — perguntei, tentando disfarçar o nervosismo.

— Uns quatro ou cinco dias, no máximo. — Ela olhou em volta, como se inspecionasse o quarto. — Eu confio em você, Angel. Sei que é responsável o bastante pra não fazer besteiras.

Sorri de leve.

“Besteiras”, na linguagem dela, significava qualquer coisa que fugisse do controle — amigos, música alta, e principalmente… garotos.

— Pode ficar tranquila, mãe. Eu só vou estudar e dormir. — falei, meio irônica.

Ela arqueou uma sobrancelha, mas ignorou o tom.

— Deixei comida no freezer e o número da tia Clara anotado na geladeira. Se precisar de algo, liga pra ela.

Assenti novamente, tentando parecer tranquila.

No fundo, a ideia de ficar sozinha me assustava um pouco, mas também havia algo excitante nisso — uma liberdade que eu nunca tinha experimentado de verdade.

Mamãe se aproximou, me deu um beijo rápido na testa e ajeitou o cobertor sobre mim.

— Boa noite, minha filha. E nada de virar a noite no celular.

Sorri, mesmo sem prometer nada.

— Boa noite, mãe.

Ela apagou a luz e saiu, fechando a porta atrás de si.

O quarto mergulhou na penumbra, e o som distante da chuva batendo na janela começou a preencher o silêncio.

Fiquei olhando para o teto, sentindo o coração bater rápido — talvez pela solidão que me esperava, talvez pela lembrança de um olhar escuro e intenso que eu ainda não conseguia esquecer.

O rosto daquele garoto veio na minha mente como uma prece proibida.

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