Era fim de tarde na padaria, e o clima entre Lorenzo e Isabela estava mais leve que o normal. Já fazia semanas desde a noite no terraço, e os dois viviam como um casal não declarado — se olhavam com desejo, riam juntos, trocavam toques discretos entre as fornadas de pães.
Naquela sexta-feira, o movimento tinha sido intenso. Um grupo de turistas brasileiros tinha descoberto o lugar, e Isabela, com seu carisma natural, logo puxou conversa com alguns deles. Um em especial, moreno, alto, com sorriso largo, elogiou seu sotaque e seu jeito simpático.
— Se todos os atendimentos em Londres fossem assim, eu nunca mais voltava pro Brasil — disse o rapaz, rindo.
— Você vai fazer a gente querer te contratar como garoto-propaganda, hein — ela respondeu, brincando, sem notar os olhos escuros de Lorenzo queimando ao fundo do balcão.
Quando o grupo saiu, Isabela voltou para o caixa, ainda sorrindo. Mas bastou olhar para Lorenzo para sentir o ar mudar.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não. Nada demais — ele disse, seco, cortando legumes com mais força do que o necessário.
— Lorenzo…
— Você estava se divertindo, né?
Ela franziu o cenho.
— O quê?
— Com o idiota do sorriso fácil. Todo cheio de piadinha. Ele te chama de linda, você quase convida pra sair.
— Tá brincando? Foi só um cliente simpático.
— Você estava rindo demais.
— Desculpa, mas agora você vai controlar até o quanto eu posso sorrir?
Ele largou a faca com força sobre a tábua.
— Eu só não gosto de ver homem nenhum te olhando como se pudesse ter você.
— Mas só você tem. Ou esqueceu da última noite?
Ela falou com firmeza. Lorenzo se calou por um segundo, respirando fundo.
— Eu só… não sei lidar com isso. Você é luz, Isabela. E eu tenho medo de perder essa luz.
Ela se aproximou, tocando o rosto dele com as duas mãos.
— Então aprende a confiar em mim. Eu não quero outro. É você. Só você.
O clima se suavizou, mas ainda havia eletricidade no ar. Quando fecharam a padaria, o silêncio entre eles era tenso, denso. No caminho até o apartamento de Lorenzo — que ela já frequentava às escondidas — a tensão se transformou em algo diferente: desejo.
Assim que entraram, ele a empurrou suavemente contra a porta, trancando-a com um estalo seco. Os olhos dele estavam mais escuros, famintos. Isabela o encarou com provocação.
— Vai me punir por sorrir?
— Vou te lembrar de quem você é — ele sussurrou, com voz rouca, antes de beijá-la com força.
O beijo foi agressivo, urgente. Suas mãos seguravam o rosto dela, depois a cintura, depois os quadris, como se quisesse colá-la ao corpo dele. Ela gemeu, puxando sua camisa para cima, e ele a ajudou a arrancá-la.
As roupas foram tiradas entre beijos e toques apressados. Ele a pegou no colo e a levou até o quarto, jogando-a com cuidado sobre a cama. Se posicionou entre suas pernas e começou a beijar suas coxas, devagar, depois mais perto da virilha. Isabela tremia sob seus toques, o corpo todo arrepiado.
Ele se abaixou e começou a beijá-la entre as pernas, com movimentos lentos e molhados da língua, arrancando dela gemidos baixos e contidos. Isabela agarrou os lençóis, os quadris se movimentando instintivamente sob a boca dele.
— Lorenzo… por favor…
— Gosta quando eu te lembro que é minha?
— Gosto quando você me faz esquecer o mundo.
Ele subiu por cima dela e a penetrou com um movimento firme, profundo. Ela gemeu alto, sentindo o prazer se espalhar por cada nervo do corpo. Os quadris dele se moviam num ritmo intenso, as mãos seguravam seus pulsos presos contra o colchão.
— Você é minha — ele repetia, como um mantra. — Só minha.
— Sua… — ela gemia, os olhos fechados, entregando-se completamente.
A cada investida, os corpos se chocavam com mais força. O som da pele contra pele se misturava aos gemidos, à respiração descompassada, ao som do quarto vibrando com paixão.
Ele virou ela de lado e a puxou contra o peito, mantendo-se dentro dela, agora mais devagar, mais profundo. Uma mão apertava sua cintura, a outra acariciava seus seios, enquanto ele mordiscava seu pescoço.
— Você me deixa louco — ele murmurava. — Eu te quero o tempo todo. Te penso até quando não devia.
Ela se apertou contra ele, sentindo-se protegida, desejada, viva.
Os dois chegaram juntos ao clímax, como se fossem um só corpo. O prazer os tomou em ondas, intensas, até que ambos colapsaram sobre o colchão, suados, ofegantes, satisfeitos.
Por longos minutos, ficaram em silêncio. Depois, ele virou o rosto dela devagar e beijou sua testa.
— Me desculpa por antes. Eu só não quero te perder.
— Então não me afasta. Me ama com esse fogo todo, mas não me prende. Eu sou sua, Lorenzo. Mas por escolha. Não por posse.
Ele sorriu com ternura e a puxou para mais perto.
— É você que vai me salvar desse mundo.
Ela se aninhou em seu peito, sentindo o coração dele batendo forte.
E ali, na penumbra do quarto, os corpos entrelaçados e os corações conectados, o amor deles se firmava mais uma vez. Intenso. Louco. Mas verdadeiro.