O Senhor do Caos: Um Casamento Forçado

O Senhor do Caos: Um Casamento Forçado PT

Máfia
Última atualização: 2025-09-13
Tamires Coelho   Atualizado agora
goodnovel18goodnovel
10
19 Avaliações
122Capítulos
1.6Kleituras
Ler
Adicionado
Resumo
Índice

No dia do seu casamento, Vittoria De Angelis foi tirada do altar e forçada a se casar com o inimigo. Vincenzo Lucchese, o herdeiro afastado da máfia siciliana, retornou para vingar a morte do pai e do irmão. Tomou a noiva do rival diante de todos, selando com sangue a nova ordem de poder. Agora, Vittoria é sua esposa. Não por escolha. Mas por punição. Prisioneira de um homem que a ama, mas que agora não confia e não perdoa, ela descobre que fugir dele pode ser ainda mais perigoso do que amá-lo. Porque Vincenzo não quer obediência. Ele quer rendição. Quer vingança. E ela é sua garantia. E nessa guerra silenciosa entre eles, o amor pode ser a arma mais mortal de todas.

Ler mais

Capítulo 1

1 - Uma aliança poderosa

O fim de tarde mergulhava Savoca, uma pequena e charmosa comuna italiana localizada nas colinas da Sicília, na província de Messina, em um espetáculo de tons dourados e âmbar, enquanto o sol se despedia lentamente no horizonte.

A cidade respira a primavera em cada sopro de vento, o ar exala um perfume sutil de flor de laranjeira e alecrim selvagem, aromas que se entrelaçam como velhos segredos no coração das colinas sicilianas.

Na luxuosa mansão da família De Angelis, o movimento é constante. Empregados correm de um lado para o outro, apressados, atentos a cada capricho do Don e de seus familiares.

Em um dos quartos mais suntuosos da casa, cercada por cortinas de linho e móveis entalhados à mão, Vittoria observa seu reflexo no espelho com olhar sereno, mas atento.

O vestido branco cai com perfeição sobre seu corpo, moldando cada curva com sutileza e elegância.

Os longos cabelos, meticulosamente penteados, emolduram um rosto de traços nobres e postura imperturbável.

No reflexo, não há hesitação, somente um olhar firme, calculado. Mais do que beleza ou vaidade, Vittoria exala controle.

Dizem que o casamento deve ser o dia mais feliz na vida de uma mulher.

Então, por que, ao encarar a própria imagem no espelho, tudo que ela sente é um vazio que nem o luxo ao redor consegue preencher?

— Você está deslumbrante, ragazza mia. — A voz grave de Don Alfonso surge atrás dela com a imponência de quem comanda mais do que uma casa, comanda um império.

Ela pisca devagar, como se despertasse de um pensamento profundo, mas não se vira de imediato.

Por um instante, permanece ali, contemplando o reflexo de uma noiva que não se sente dona do próprio destino.

— Você não parece feliz. — Comenta, com a voz baixa, mas firme, enquanto se aproxima da filha e a observa através do espelho.

— Isso me parece precipitado. — Vittoria responde, por fim virando-se lentamente para encarar o pai.

Seu olhar encontra o dele com firmeza, sem desrespeito, mas sem submissão. Havia coragem ali, a de quem aprendeu a se calar por anos, mas não a se curvar.

— Ragazza, por que isso agora? — Pergunta, tocando levemente o rosto da filha, o gesto suave contrastando com o peso da cobrança em sua voz. — Vocês estão juntos há seis meses e você concordou com o noivado.

As palavras não soam como uma acusação, mas como uma lembrança fria, inegável, impossível de contestar.

Um lembrete de que, mesmo sob o peso das expectativas, foi ela quem disse “sim”.

Uma prisão feita de silêncio, aparência e obediência, construída por ele e aceita por ela.

— Mas quando disse sim, não imaginei que estaria casada três semanas depois. — Retruca, com calma, sem elevar a voz, mas deixando claro o desconforto.

Ela estende a mão e pega a coroa que sustenta o véu, com movimentos precisos, quase mecânicos, como quem cumpre um ritual do qual não sente parte.

— Mia principessa. — Murmura, a voz baixa e envolvente, carregada daquela doçura calculada que só os homens perigosos sabem usar bem.

Ele pega a coroa com reverência, a mesma que um dia repousou sobre a cabeça da mãe de Vittoria, como se segurasse uma relíquia sagrada, símbolo de um império e não de um casamento.

— Esta união. — Continua, enquanto a segura diante dela. — Não é somente um compromisso. É a consagração do teu legado.

Com cuidado, ele a conduz de volta ao espelho e posiciona-se atrás da filha, pousando a coroa sobre os cabelos meticulosamente penteados.

Suas mãos descansam firmes sobre os ombros dela, como um lembrete silencioso de quem a moldou até ali.

— A partir de hoje, você estará sob a proteção das duas famílias mais poderosas de Savoca. E quando falarem seu nome, não será com ternura, será com respeito.

— O senhor quis dizer medo. — Corrige, com a voz contida, mas cortante como lâmina polida.

Ela mantém os olhos fixos no próprio reflexo, sem desviar, sem vacilar. Não havia ingenuidade ali, apenas a lucidez amarga de quem conhece os bastidores da própria linhagem.

— Lembre-se de uma coisa, ragazza. — Aconselha, virando-a abruptamente de frente para si, o olhar firme como pedra, perfurando o dela sem hesitação. — É melhor ser temido do que temer.

Ele deixa o silêncio se alongar por um instante, como se suas palavras devessem ecoar dentro dela como uma sentença sem argumentos, definitiva, indiscutível.

Então, sem pressa, inclina-se e beija sua testa com delicadeza, um gesto de carinho que mais parece uma marca.

— Então, levante a cabeça e agradeça a posição que ocupa. — Finaliza, com a tranquilidade de quem não sugere, mas ordena.

Vittoria somente assente com a cabeça, em silêncio, como se aceitasse mais uma peça colocada no tabuleiro.

Mas por dentro, algo se contrai, se tivesse a chance, desapareceria sem olhar para trás.

Ela permanece imóvel, o olhar fixo no espelho, observando seu reflexo em silêncio, até que a porta se fecha suavemente atrás de Don Alfonso.

Só então, o peso da solidão a invade por completo e, com ele, a certeza de que o nome que carrega é tanto uma coroa quanto uma prisão.

— Por que estou surtando? — Sussurra, encarando o próprio reflexo com um olhar perdido.

Mas as palavras mal deixam seus lábios antes que um sorriso amargo os substitua, torto, involuntário, quase cruel.

Uma risada incrédula escapa em seguida, seca e vazia, como se ela mesma não conseguisse sustentar a mentira que insiste em repetir.

Assim que o sino toca duas vezes nos jardins da mansão, Vittoria soube: era hora de partir.

Não para um conto de fadas, mas para selar um destino escrito por mãos que não são as suas.

Durante todo o trajeto até a residência dos Moretti, cada quilômetro é um golpe seco contra a pouca convicção que ainda tenta sustentar.

O vestido branco, impecável aos olhos do mundo, pesa como uma armadura feita de expectativas.

A ansiedade se acumula no peito, espessa, sufocante, e a vontade de abrir a porta do automóvel e desaparecer cresce a cada curva.

Ela aperta as mãos no colo, tentando conter o impulso de gritar. Está prestes a se tornar o símbolo de uma aliança poderosa, mas tudo que sente é que está sendo conduzida, lentamente, ao próprio cativeiro.

Vittoria vive cada instante como se não estivesse ali, como se fosse somente uma espectadora silenciosa, assistindo à própria vida de fora do corpo.

O mundo ao seu redor desfoca enquanto é conduzida pelo extenso tapete vermelho até o altar.

As flores, as luzes, os sorrisos, tudo parece parte de um cenário encenado para uma história que não lhe pertence mais.

Nem mesmo o sorriso largo de Enzo Moretti, seu noivo, consegue arrancar qualquer reação de seus lábios.

Ela o encara, vazia, enquanto os aplausos ecoam ao fundo como ruído distante.

Quando Don Alfonso entrega sua mão à de Enzo, o gesto é firme, solene. E naquele toque final, ela entende: ali termina o que restava de suas próprias escolhas.

A partir daquele instante, seu corpo pertence à aliança. Sua vida, ao pacto. E sua vontade ao silêncio.

A cerimônia segue com precisão impecável, elegante, comovente aos olhos dos convidados e fiel a cada tradição ancestral das famílias envolvidas.

Tudo acontece como deve acontecer: o sacerdote entoa suas palavras com reverência, os votos são trocados sob olhares atentos, e o silêncio respeitoso da multidão esconde os segredos enterrados sob aquele altar.

— Se alguém aqui presente tiver algo a dizer que impeça esta união, fale agora ou cale-se para sempre. — O sacerdote pergunta, sua entonação solene ecoando sob os arcos dourados do altar, elegantemente montado no centro do jardim.

— Tenho algo a dizer. — Diz uma voz firme, profunda e carregada de autoridade, fazendo o ar no jardim parecer parar por um instante.

E então, como se obedecessem a um comando invisível, todos se voltam na direção de quem ousou interromper.

Mais
Próximo Capítulo
Baixar

Último capítulo

Mais Capítulos

Você também vai gostar de

Novos lançamentos de romances

Último capítulo

user avatar
Tatiane B Simões
Cada capítulo dessa história me deixa com o coração disparado. Os detalhes, a química do casal, Vincenzo, tudo é perfeito demais. 🤍...
2025-08-26 12:03:08
2
user avatar
Carla Fernanda Mat
Ah, eu adoro o jeito que tu escreve com todo caos que existe mas com momentos perfeitos e fofos entre o casal!Quando crescer quero ser igual à você querida Tamires! Você é iluminada, te desejo muito sucesso em tudo!! E, que toda tempestade vire calmaria e paz! Bjs (sem conseguir dormir por aqui)
2025-08-25 12:54:16
4
user avatar
sabrina konig oliveira
eu sempre pesquiso a respeito das cidades mencionadas nos livros, estou apaixonada por Savoca, não tinha conhecimento e hoje vendo as fotos me fez ficar sem fôlego de linda. Adoro a Itália ......
2025-08-22 21:41:45
3
user avatar
sabrina konig oliveira
Vicenzo...hummmm.. se tiver uma pitada do Dom com o total do Hunter junto.... é perfeito.... Caos na medida certa... mais um sonho de consumo ...
2025-08-15 03:44:46
3
user avatar
Carla Fernanda Mat
É este o livro que está concorrendo no concurso?
2025-08-13 08:09:22
4
user avatar
Carla Fernanda Mat
Depois de ler uns capítulos entendi porquê o Don Vincenzo é tão amargurado e vingativo, mas tenho certeza que ao longo da trama Vitória vai deixar ele mais zen kkk ou não é este o caminho e ela vai deixar ele mais doidinho kkk
2025-08-11 12:13:33
3
user avatar
Carla Fernanda Mat
Vicenzo já chegou chegando, será ele o senhor do caos? Hehe ... Vitória está perdida! Já adorei, cenário italiano, máfia, um bom drama com suspense que me lembra as séries policiais! Muito bom!!
2025-08-06 13:15:59
5
user avatar
sabrina konig oliveira
É mais um para dar alguns infartos, forte como sempre... minha leitura prioritária da tarde......
2025-08-04 08:22:00
4
user avatar
Carla Fernanda Mat
Que maravilha!! Vou amar ler este livro! Com certeza vai ser um sucesso!!
2025-08-02 00:25:36
7
user avatar
Débora Oliveira
Aaaaa... não acredito que vou ler mais um sucesso teu amiga!!! Já te disse que depois da Jane você é a melhor...
2025-08-01 12:11:15
5
user avatar
Célia Oliveira
Sucesso amiga !!!
2025-07-30 18:50:31
9
user avatar
Ju Andrade
O senhor do caos chegou *-* Bora suspirar por esse mafioso caótico
2025-07-30 18:47:34
8
default avatar
castilhom445
Tamires, estava ansiosa esperando este livro, vamos lá odiar e amar o prota e que o caos comece kkkkk
2025-07-30 18:20:31
8
user avatar
Tatiane B Simões
Como eu amo essa história. Vicenzo me fez duvidar algumas vezes do meu caráter (⁠^⁠^⁠) Amo cada história da Tami. Estava ansiosa por essa em particular 🤍
2025-07-30 14:55:49
3
user avatar
Bhia Pear
ahhh... mais uma história para nós deixar sem chão, acabar com as poucas unhas kkkkk Que os céus nos ajudem!!!
2025-07-30 08:28:25
3
  • 1
  • 2
122 chapters
1 - Uma aliança poderosa
2 - Um pedaço por dia
3 - Um pacto silencioso
4 - Um belo espetáculo
5 - O sangue derramado
6 - O medo e o desejo
7 - Uma carícia perigosa
8 - Uma provocação letal
9 - Uma rendição silenciosa
10 - A paz foi selada
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App