Mundo ficciónIniciar sesiónNo dia do seu casamento, Vittoria De Angelis foi tirada do altar e forçada a se casar com o inimigo. Vincenzo Lucchese, o herdeiro afastado da máfia siciliana, retornou para vingar a morte do pai e do irmão. Tomou a noiva do rival diante de todos, selando com sangue a nova ordem de poder. Agora, Vittoria é sua esposa. Não por escolha. Mas por punição. Prisioneira de um homem que a ama, mas que agora não confia e não perdoa, ela descobre que fugir dele pode ser ainda mais perigoso do que amá-lo. Porque Vincenzo não quer obediência. Ele quer rendição. Quer vingança. E ela é sua garantia. E nessa guerra silenciosa entre eles, o amor pode ser a arma mais mortal de todas. ⚠️ Aviso de Conteúdo Este livro contém violência, tortura, assassinato, chantagem emocional, linguagem forte e cenas de teor sexual. Recomendado para maiores de 18 anos.
Leer másO fim de tarde mergulhava Savoca, uma pequena e charmosa comuna italiana localizada nas colinas da Sicília, na província de Messina, em um espetáculo de tons dourados e âmbar, enquanto o sol se despedia lentamente no horizonte.
A cidade respira a primavera em cada sopro de vento, o ar exala um perfume sutil de flor de laranjeira e alecrim selvagem, aromas que se entrelaçam como velhos segredos no coração das colinas sicilianas.
Na luxuosa mansão da família De Angelis, o movimento é constante. Empregados correm de um lado para o outro, apressados, atentos a cada capricho do Don e de seus familiares.
Em um dos quartos mais suntuosos da casa, cercada por cortinas de linho e móveis entalhados à mão, Vittoria observa seu reflexo no espelho com olhar sereno, mas atento.
O vestido branco cai com perfeição sobre seu corpo, moldando cada curva com sutileza e elegância.
Os longos cabelos, meticulosamente penteados, emolduram um rosto de traços nobres e postura imperturbável.
No reflexo, não há hesitação, somente um olhar firme, calculado. Mais do que beleza ou vaidade, Vittoria exala controle.
Dizem que o casamento deve ser o dia mais feliz na vida de uma mulher.
Então, por que, ao encarar a própria imagem no espelho, tudo que ela sente é um vazio que nem o luxo ao redor consegue preencher?
— Você está deslumbrante, ragazza mia. — A voz grave de Don Alfonso surge atrás dela com a imponência de quem comanda mais do que uma casa, comanda um império.
Ela pisca devagar, como se despertasse de um pensamento profundo, mas não se vira de imediato.
Por um instante, permanece ali, contemplando o reflexo de uma noiva que não se sente dona do próprio destino.
— Você não parece feliz. — Comenta, com a voz baixa, mas firme, enquanto se aproxima da filha e a observa através do espelho.
— Isso me parece precipitado. — Vittoria responde, por fim virando-se lentamente para encarar o pai.
Seu olhar encontra o dele com firmeza, sem desrespeito, mas sem submissão. Havia coragem ali, a de quem aprendeu a se calar por anos, mas não a se curvar.
— Ragazza, por que isso agora? — Pergunta, tocando levemente o rosto da filha, o gesto suave contrastando com o peso da cobrança em sua voz. — Vocês estão juntos há seis meses e você concordou com o noivado.
As palavras não soam como uma acusação, mas como uma lembrança fria, inegável, impossível de contestar.
Um lembrete de que, mesmo sob o peso das expectativas, foi ela quem disse “sim”.
Uma prisão feita de silêncio, aparência e obediência, construída por ele e aceita por ela.
— Mas quando disse sim, não imaginei que estaria casada três semanas depois. — Retruca, com calma, sem elevar a voz, mas deixando claro o desconforto.
Ela estende a mão e pega a coroa que sustenta o véu, com movimentos precisos, quase mecânicos, como quem cumpre um ritual do qual não sente parte.
— Mia principessa. — Murmura, a voz baixa e envolvente, carregada daquela doçura calculada que só os homens perigosos sabem usar bem.
Ele pega a coroa com reverência, a mesma que um dia repousou sobre a cabeça da mãe de Vittoria, como se segurasse uma relíquia sagrada, símbolo de um império e não de um casamento.
— Esta união. — Continua, enquanto a segura diante dela. — Não é somente um compromisso. É a consagração do teu legado.
Com cuidado, ele a conduz de volta ao espelho e posiciona-se atrás da filha, pousando a coroa sobre os cabelos meticulosamente penteados.
Suas mãos descansam firmes sobre os ombros dela, como um lembrete silencioso de quem a moldou até ali.
— A partir de hoje, você estará sob a proteção das duas famílias mais poderosas de Savoca. E quando falarem seu nome, não será com ternura, será com respeito.
— O senhor quis dizer medo. — Corrige, com a voz contida, mas cortante como lâmina polida.
Ela mantém os olhos fixos no próprio reflexo, sem desviar, sem vacilar. Não havia ingenuidade ali, apenas a lucidez amarga de quem conhece os bastidores da própria linhagem.
— Lembre-se de uma coisa, ragazza. — Aconselha, virando-a abruptamente de frente para si, o olhar firme como pedra, perfurando o dela sem hesitação. — É melhor ser temido do que temer.
Ele deixa o silêncio se alongar por um instante, como se suas palavras devessem ecoar dentro dela como uma sentença sem argumentos, definitiva, indiscutível.
Então, sem pressa, inclina-se e beija sua testa com delicadeza, um gesto de carinho que mais parece uma marca.
— Então, levante a cabeça e agradeça a posição que ocupa. — Finaliza, com a tranquilidade de quem não sugere, mas ordena.
Vittoria somente assente com a cabeça, em silêncio, como se aceitasse mais uma peça colocada no tabuleiro.
Mas por dentro, algo se contrai, se tivesse a chance, desapareceria sem olhar para trás.
Ela permanece imóvel, o olhar fixo no espelho, observando seu reflexo em silêncio, até que a porta se fecha suavemente atrás de Don Alfonso.
Só então, o peso da solidão a invade por completo e, com ele, a certeza de que o nome que carrega é tanto uma coroa quanto uma prisão.
— Por que estou surtando? — Sussurra, encarando o próprio reflexo com um olhar perdido.
Mas as palavras mal deixam seus lábios antes que um sorriso amargo os substitua, torto, involuntário, quase cruel.
Uma risada incrédula escapa em seguida, seca e vazia, como se ela mesma não conseguisse sustentar a mentira que insiste em repetir.
Assim que o sino toca duas vezes nos jardins da mansão, Vittoria soube: era hora de partir.
Não para um conto de fadas, mas para selar um destino escrito por mãos que não são as suas.
Durante todo o trajeto até a residência dos Moretti, cada quilômetro é um golpe seco contra a pouca convicção que ainda tenta sustentar.
O vestido branco, impecável aos olhos do mundo, pesa como uma armadura feita de expectativas.
A ansiedade se acumula no peito, espessa, sufocante, e a vontade de abrir a porta do automóvel e desaparecer cresce a cada curva.
Ela aperta as mãos no colo, tentando conter o impulso de gritar. Está prestes a se tornar o símbolo de uma aliança poderosa, mas tudo que sente é que está sendo conduzida, lentamente, ao próprio cativeiro.
Vittoria vive cada instante como se não estivesse ali, como se fosse somente uma espectadora silenciosa, assistindo à própria vida de fora do corpo.
O mundo ao seu redor desfoca enquanto é conduzida pelo extenso tapete vermelho até o altar.
As flores, as luzes, os sorrisos, tudo parece parte de um cenário encenado para uma história que não lhe pertence mais.
Nem mesmo o sorriso largo de Enzo Moretti, seu noivo, consegue arrancar qualquer reação de seus lábios.
Ela o encara, vazia, enquanto os aplausos ecoam ao fundo como ruído distante.
Quando Don Alfonso entrega sua mão à de Enzo, o gesto é firme, solene. E naquele toque final, ela entende: ali termina o que restava de suas próprias escolhas.
A partir daquele instante, seu corpo pertence à aliança. Sua vida, ao pacto. E sua vontade ao silêncio.
A cerimônia segue com precisão impecável, elegante, comovente aos olhos dos convidados e fiel a cada tradição ancestral das famílias envolvidas.
Tudo acontece como deve acontecer: o sacerdote entoa suas palavras com reverência, os votos são trocados sob olhares atentos, e o silêncio respeitoso da multidão esconde os segredos enterrados sob aquele altar.
— Se alguém aqui presente tiver algo a dizer que impeça esta união, fale agora ou cale-se para sempre. — O sacerdote pergunta, sua entonação solene ecoando sob os arcos dourados do altar, elegantemente montado no centro do jardim.
— Tenho algo a dizer. — Diz uma voz firme, profunda e carregada de autoridade, fazendo o ar no jardim parecer parar por um instante.
E então, como se obedecessem a um comando invisível, todos se voltam na direção de quem ousou interromper.
Vincenzo e Vittoria aproveitam cada momento do nascimento do filho, felizes por poderem viver esse instante juntos, com o coração transbordando por finalmente compartilharem a chegada do pequeno Lorenzo, como sempre sonharam.Alguns dias depois, quando retornam para casa com o filho, a adaptação de Luce ao irmãozinho é tranquila, e Vittoria e Vincenzo fazem questão de incluí-la em todos os momentos, para que ela nunca sinta ciúmes ou a impressão de que está sendo deixada de lado.E assim, com a felicidade irradiando na vida deles e com a família que sempre sonharam, Vincenzo e Vittoria aproveitam cada momento ao lado dos filhos, certos de que nada no mundo é maior do que o amor que os une.Dois anos depois, a vida segue tranquila em Bath, com os casais aproveitando cada momento com a serenidade de quem finalmente encontrou paz.Cada amanhecer começa com risadas infantis ecoando pelo jardim, encontros entre amigos que se tornaram família e pequenos instantes que, juntos, constroem a fe
Os amigos aplaudem com sorrisos emocionados, celebrando com carinho esse momento tão especial e inesquecível na vida de Vincenzo e Vittoria.A pequena comemoração acontece ali mesmo, na praia de areias brancas, onde o azul cristalino da água reflete as luzes douradas do entardecer.Lanternas de bambu penduradas entre as palmeiras espalham um brilho quente, criando um cenário que parece saído de um sonho.O vento leve carrega o perfume doce das flores tropicais, enquanto pétalas de hibisco enfeitam as mesas baixas dispostas sobre tapetes de fibras naturais.Pratos típicos da ilha são servidos, peixes frescos preparados na hora, frutas cortadas em cores vivas, pequenas porções de pratos polinésios e sobremesas delicadas feitas com coco e baunilha de Taiti.As bebidas variam entre coquetéis tropicais decorados com flores, vinhos leves e sucos naturais, cada gole combinando perfeitamente com o clima acolhedor da noite.Uma música suave de ukulele toca ao fundo, misturando-se ao som calmo
A cerimônia segue emocionante, com palavras que definem o caos que um dia os cercou, mas, principalmente, o amor profundo que une Vittoria e Vincenzo de um jeito que nada jamais conseguiu quebrar.— E agora. — Anuncia o celebrante, com a voz firme e carregada de solenidade. — Peço que Vittoria e Vincenzo troquem seus votos, para que diante de todos aqui presentes vocês declarem, com as próprias palavras, aquilo que os trouxe até este momento.Vittoria e Vincenzo se viram de frente um para o outro, e ele segura a mão dela com firmeza, como se aquele toque sustentasse todo o significado do momento.Vittoria, com a outra mão livre, segura a mãozinha de Luce, unindo os três em um gesto simples que revela a essência da família que construíram.— Vittoria. — Vincenzo começa, com a voz suave, embargada pelas lágrimas que novamente escorrem, como se cada palavra carregasse todo o amor e a gratidão que ele sente. — Caminhei por lugares escuros, enfrentei guerras que eu não pedi e perdi partes
No interior da caixa, repousa um teste de gravidez, e as duas linhas brilham fortes, nítidas, impossíveis de serem questionadas, como se o próprio destino tivesse desenhado cada traço para que ele soubesse, naquele exato instante, que em breve a família deles estará ainda maior.— Você está surpreso? — Vittoria pergunta, a voz suave e cheia de expectativa, enquanto observa cada expressão de Vincenzo, esperando ver a reação que ela imaginou. — Não, eu disse lá em Tamarin que faríamos um irmãozinho para Luce. — Vincenzo responde, tocando a barriga dela com uma ternura imensa, como se estivesse cuidando do amor mais precioso. — O que estou sentindo é pura emoção, um amor tão profundo que parece transbordar e rasgar meu peito de tanta felicidade. — Completa, beijando os lábios dela com todo o carinho e paixão que ele tem, como se aquele beijo fosse a forma mais doce de agradecer a vida que estão criando juntos.Vittoria desliza a mão pelo rosto dele, acariciando a barba com um carinho t
O mundo inteiro de Vittoria desmorona e renasce ao mesmo tempo, como se cada emoção colidisse dentro dela em um único segundo impossível de compreender.Lágrimas involuntárias deslizam pelo rosto dela, enquanto a mente se recusa a aceitar o que os olhos insistem em mostrar, como se a realidade tivesse mudado em um único piscar.Vincenzo está ajoelhado na neve que cobre a madeira, com os flocos caindo devagar sobre os cabelos dele, enquanto segura Luce sentada sobre seu joelho esquerdo, protegida entre os braços fortes que simbolizam somente amor.A luz suave que vem das lanternas presas nas colunas da sacada ilumina o rosto dele, e o Matterhorn ao fundo parece assistir à cena como um guardião silencioso de promessas sagradas.Luce estende a mãozinha para a mãe, segurando uma pequena caixa de veludo azul que brilha sob a lua.Vittoria sente o ar falhar antes de conseguir respirar novamente, porque nem em sonho conseguiu imaginar algo tão profundamente perfeito.— Vittoria. — Vincenzo c
Quatro meses depois, as sentenças dos julgamentos de Rocco, Giuliano, Enzo, Luciano e Giovanni já haviam sido divulgadas, e todos receberam prisão perpétua, sem benefícios e sem direito a condicional, devido à gravidade dos crimes que cometeram.Os outros Dons presos durante a operação receberam penas menores, entre vinte e trinta anos, com possibilidade de redução conforme o bom comportamento e a colaboração prestada.A imunidade por quaisquer crimes cometidos por Vincenzo e Tommaso foi concedida, mas, para Fabrizio, ainda não, por ser o braço direito de Rocco, o Estado italiano mantém a investigação aberta antes de decidir se ele também receberá a imunidade.Mas ele segue livre, com a condição de informar todos os seus passos às autoridades italianas, mesmo agora residindo em Bath.Tommaso e Seraphina estão vivendo um conto de fadas, especialmente após o nascimento de Matteo, que está prestes a completar um mês, trazendo ainda mais felicidade e amor para a vida deles.Após sua colab
Último capítulo