Dra. Estela Montez sempre levou uma vida regrada entre plantões e cirurgias, com o coração blindado para o amor e os perigos do mundo fora dos hospitais. Mas tudo muda em uma única noite, quando, envolvida pelo calor de uma festa, ela se entrega a um estranho tão sedutor quanto perigoso — sem imaginar que ele é Lorenzo Moretti, um dos homens mais temidos da máfia italiana. O que deveria ter sido apenas uma noite ardente se transforma em um pesadelo irresistível quando ela descobre sua verdadeira identidade. Forçada a assinar um contrato de casamento para proteger sua carreira e sua vida, Isabela é arrastada para um mundo obscuro e luxuoso, onde o desejo e o perigo andam lado a lado. Entre jogos de poder, promessas sussurradas no escuro e toques que incendiam sua pele, ela descobre que, às vezes, o que começa com medo pode se tornar uma paixão avassaladora — e talvez até amor.
Ler maisO chão frio do corredor do hospital parece sugar a última gota de energia dos meus pés. São quase sete da manhã, e o eco dos meus passos se mistura com o zumbido constante das máquinas. Catarina, minha amiga de plantão e parceira de caos, tenta desesperadamente me arrastar para fora desse labirinto branco.
-Estela, por favor! A gente merece. Uma noite na 'La casa del diavolo' vai apagar essa semana de horrores.- Os olhos dela brilham com uma intensidade que eu invejo; eu, por outro lado, só consigo pensar em como meus olhos ardem por trás das lentes de contato. -Catarina, você sabe que eu te amo, mas a ideia de encarar uma multidão suada e música alta depois de transplantar um fígado soa como... tortura." Ela revira os olhos, um gesto teatral que conheço bem. -Qual é, Estela? A 'La casa del diavolo' é a ' La casa del diavolo' Catarina insiste, alegando que uma noite de diversão é crucial para nossa sanidade. A "La casa del diavolo" soa como o meu próprio inferno particular, mas a persistência dela é quase tão implacável quanto a minha exaustão. Respiro fundo, cedendo à pressão. -Tudo bem, Catarina. Mas se eu virar abóbora à meia-noite, a culpa é toda sua. Ela grita em comemoração e me abraça forte, quase me derrubando. Enquanto ela tagarela sobre o que vamos vestir e como vamos arrasar na pista de dança, me pergunto se essa noite realmente vai valer a pena. Talvez, no meio da fumaça e das luzes estroboscópicas, eu encontre algo mais do que apenas uma ressaca monstruosa. Talvez eu encontre... problemas. ************** Os saltos de Estela ecoavam pelo chão como uma batida desacelerada de coração. Aquela não era sua zona de conforto. Muito brilho, muito perfume, muita fumaça,risos altos demais. sons altos demais quase ensurdecedor. Não era um hospital. Era uma balada. Ela havia sido praticamente arrastada até ali por sua melhor amiga, que jurava que ela precisava de "uma noite de libertação". Depois de meses de plantões seguidos, exames clínicos, cirurgias de emergência e noites solitárias com séries médicas na TV, talvez estivesse certa. O vestido vermelho colado ao corpo a deixava insegura. Decotado demais, justo demais, sexy demais para alguém que passava os dias escondida atrás de um jaleco branco. — Isso é uma péssima ideia, Catarina. — Estela segurava o vestido vermelho como se ele fosse um jaleco prestes a rasgar. — E ainda assim, aqui está você, maravilhosa e emburrada, exatamente como eu imaginei. — Catarina piscou, oferecendo uma bebida — Bebe. Ou você vai explodir de tensão antes da meia-noite. O salão estava lotado. Luzes douradas flutuavam pelas paredes, um DJ comandava a pista com batidas sensuais, e os corpos se moviam com liberdade intoxicante. A balada estava lotada, e todo mundo ali parecia estar em outro mundo, dançando, rindo, fumaças por toda a parte. um mundo desconhecido para mim. Depois de 36 horas em plantão, a última coisa que queria era se equilibrar em saltos e ser espremida entre os corpos suados e dançantes. — Eu não devia estar aqui. — Estela suspirou, aceitando o copo. — Eu devia estar dormindo ou assistindo Grey’s Anatomy pela centésima vez. — Você devia estar vivendo. Só hoje. Esquece bisturis, esquece hospital. Ninguém aqui quer ser salvo. — Catarina riu e deu um gole generoso na própria bebida. — Mas se quiser se redimir amanhã, pode me receitar um analgésico. Esse salto tá me matando. Estela não conseguiu conter a risada. — Você é um caso perdido. — Eu sou a melhor má influência que você poderia ter. Agora, vamos dançar. Vai ser indolor, eu juro. Antes que pudesse protestar, Catarina já a puxava para o meio da pista. A música carregado de batidas graves e vocais roucos. Era o tipo de som que fazia a pele formigar — ou talvez fosse o Drink. Enquanto Catarina se perdia com um flerte, Estela girou lentamente sobre os próprios pés, tentando entrar no clima. Os olhos dela estavam semi-cerrados quando um toque firme segurou sua cintura. — Posso? — A voz era grave, aveludada, carregada de confiança, com um sotaque sexy. Estela olhou para cima e seus olhos encontraram os dele — escuros, intensos, perigosos. Um leve arrepio subiu por sua espinha. A pele sob o tecido fino do vestido parecia queimar sob o toque dele. Hesitei por uma fração de segundo, afinal nao estava acustumada com esse tipo de aproximação, afinal tem muito tempo que nao sei o que é um toque masculino. Mais logo depois assenti. — Só se prometer que não vai tentar me convencer a sorrir. — Prometo tentar o contrário. — Ele sorriu, aquele tipo de sorriso que fazia promessas silenciosas demais. As mãos dele se encaixaram em minha cintura como se soubessem exatamente onde pertencer. Os corpos se moveram em perfeita sintonia, como se estivessem dançando há anos. Cada passo era uma provocação, cada deslizar, um convite. O calor entre nós era palpável. — Não parece do tipo que se deixa arrastar por festas. — ele comentou, olhos cravados nos meus lábios. — E você parece alguém que observa demais. — Rebati, tentando manter a pose, apesar do coração acelerado. Aquela mão quente, firme e forte me deixava de pernas bambas e respiração acelerada. — Só quando algo realmente chama minha atenção. O silêncio entre eles disse mais do que qualquer outra palavra. As batidas da musica mudavam conforme o tempo, mas continuamos ali, dançando. A distância entre nossos rostos diminuía a cada passo. Até que a respiração dele tocou sua bochecha e eu soube que, a partir daquele instante, nada mais seria o mesmo. Ele não me disse o nome. E talvez fosse melhor assim. Nomes criam laços. Palavras, explicações. Mas ali, naquela pista de dança onde tudo desaparecia ao redor, tudo que eu precisava era do toque dele. Do cheiro dele. Daquela energia bruta e silenciosa que fazia minha pele vibrar. — Mais uma taça? — ele perguntou, a mão roçando de leve na curva do meu quadril. — Mais duas. — respondi, sentindo o álcool esquentar a coragem que faltava. O tempo perdeu qualquer lógica. A batida da música, as luzes vermelhas e douradas dançando ao nosso redor, os dedos dele que encontravam sempre os lugares certos — como se meu corpo já fosse conhecido, mapeado, dele. Eu não bebo tanto. Mas naquela noite, eu não era eu. Era alguém livre. Desejada. Viva. Minhas mãos estavam no peito dele. Em seu pescoço. Seus dedos se entrelaçavam nos fios soltos do meu cabelo, enquanto ele dizia algo em meu ouvido que eu não consegui entender, mas senti na pele. E então, tudo aconteceu rápido. Um carro. O silêncio no banco de trás, preenchido apenas pela tensão entre nossos olhares. Meu corpo colado ao dele. As mãos dele deslizando pela minha coxa enquanto eu segurava a respiração. O hotel era de luxo, mas eu mal vi o saguão. O elevador parecia apertado demais para conter o que queríamos. O quarto. Luzes baixas. Lençóis brancos. Perfume amadeirado e desejo queimando nas veias. Ele me beijou como se o mundo fosse acabar naquela noite. Com fome, com fúria, com precisão. E eu deixei. Me entreguei. Deixei que as roupas caíssem no chão como armaduras vencidas. Deixei que suas mãos me explorassem como se eu fosse território desconhecido e precioso. E eu era. O calor. O toque. Os gemidos abafados. A respiração pesada. Cada movimento era tão intenso, tão certo, que por um segundo me perguntei se aquilo era real ou delírio alcoólico. O tempo se dissolveu em prazer. Em suor. Em pele contra pele. Eu já não lembrava da festa, do hospital, do meu nome. Só existia ele. E então, o silêncio. O tipo bom. O tipo que só vem depois de algo que te tira do corpo. Adormeci entre lençóis bagunçados e braços fortes. Ou achei que sim.POV: EstelaO fim do plantão se aproximava, mas algo não me deixava relaxar. Havia uma movimentação incomum no hospital: setores trocando de andares, computadores sendo substituídos, arquivos apagados.Eu notei primeiro no sistema: prontuários de alguns pacientes de instituições parceiras — fundações beneficentes, clínicas assistenciais — haviam desaparecido. Todos ligados à mesma sigla: ASF.Curiosa, fui até a recepção da ala administrativa. A secretária digitava freneticamente.— Você viu que os dados da ONG ASF sumiram do sistema? — perguntei, casual.Ela hesitou, o olhar desviando.— Teve um problema no servidor, acho.Mentira. Eu sabia reconhecer evasivas. Algo estava sendo varrido. E Helena... Helena tinha acabado de sair de uma reunião com os representantes dessa ONG.Mais tarde, enquanto guardava meus instrumentos na sala de cirurgia, encontrei um envelope sobre a minha bancada.Sem remetente. Sem nome. Só uma frase:> “Nem tudo que parece ajuda, de fato cura.”Dentro, uma fot
POV: Lorenzo Já fazia dias que não a via. Desde o resgate em Carolina do Norte, desde que a abracei enquanto sua mãe tremia nos meus braços e Isa chorava em silêncio, olhando para mim com aqueles olhos que me lembravam tudo que estava em jogo. Estela dormia no banco do passageiro do carro quando a levei até o hotel seguro. Olhei para ela por minutos, como um idiota, só observando. A forma como a testa franzia até mesmo adormecida, como se nunca deixasse de estar em alerta. Toquei sua mão, muito de leve. Ela não acordou. No quarto, ela quis conversar. Falamos pouco. Muito ficou nas entrelinhas. Disse a ela que tudo estava sendo resolvido, que não permitiria que nada as machucasse de novo. Ela assentiu. Mas havia dúvidas em seus olhos. Medo. Exaustão. E... uma vontade imensa de confiar. Quis beijá-la. Não fiz. Só encostei minha testa na dela, respirei fundo e fui embora. Deixá-la era como arrancar um pedaço de mim. De volta à minha realidade, as coisas só pioravam. Silvano,
POV: Estela Quando Lorenzo me deixou na porta do prédio, ainda sentia seu toque quente no meu rosto. Fiquei parada por um instante, observando a porta se fechar atrás de nós, como se tentar prolongar aquele momento o mantivesse comigo por mais tempo. Havia algo diferente naquela noite. Não só pelo vinho, pelas risadas ou pelo toque dele em meu corpo. Mas pelo que ouvi. Pela primeira vez, Lorenzo se abriu. Me mostrou memórias da infância, me falou dos avós, das ruas da Sicília, das tardes roubadas em meio a uma vida sufocada por expectativas e violência. Eu não sabia o quanto precisava conhecer aquele lado dele… até vê-lo surgir diante de mim. Vulnerável. Humano. E tão distante do homem misterioso que conheci naquela noite de gala meses atrás. Entrei devagar, sentindo o coração leve. Um raro tipo de leveza. A que vem depois da tempestade. Quando cheguei na sala, vi minha mãe sentada no sofá, com um livro fechado no colo. Ela me olhou e sorriu, meio sonolenta. — Já ia dorm
POV: Lorenzo A tela do notebook diante de mim exibia uma rede complexa de nomes, locais e datas. Cada fio levava a um novo buraco de podridão. Galpões isolados, casas de leilões falsas, boates de fachada. Eventos como aquele não eram casos isolados – eram frequentes, meticulosamente organizados. Jovens sumiam e reapareciam semanas depois... ou não reapareciam. Meus punhos cerraram com tanta força que os nós dos dedos estalaram. — Isso aqui não é só tráfico. É uma indústria — murmurei. Ricco se aproximou, uma cerveja na mão, lendo por cima do meu ombro. — Eu disse que era coisa grande. Vários nomes aí têm proteção pesada. Tem político, magnata, até policial no meio. Assenti, os olhos cravados em um nome que reconheci vagamente. Um intermediário. Mas o cabeça... esse ainda era um fantasma. Um fantasma com sede de poder e dinheiro. Suspirei, afundando na cadeira, sentindo o cansaço pesar. Mas não era só cansaço. Era saudade. Era aquela ausência maldita que doía nos ossos.
POV: Estela Três dias de volta à rotina hospitalar e a adrenalina que costumava me mover parecia, agora, misturada com algo mais ácido. A sombra do que vivi na Carolina do Norte ainda me seguia. Cada passo meu era vigiado por memórias, cada respiração carregava o peso do que poderia ter sido — e o que ainda poderia voltar a ser. Foi no terceiro dia de plantão que a vi. Ela surgiu pelos corredores do hospital como um raio congelado, cada passo carregando uma elegância calculada. Dra. Helena Marlowe. A nova contratação da neurocirurgia. Alta, loira platinada, olhos azuis cortantes e um jaleco que parecia sob medida. O tipo de mulher que gosta de entrar em uma sala como se fosse dona dela. O olhar dela caiu sobre mim assim que nos cruzamos. Me analisou dos pés à cabeça como se estivesse avaliando uma peça de roupa fora de moda. — Dra. Moreira — ela disse, com um leve sorriso nos lábios. Não um sorriso verdadeiro. Era uma lâmina disfarçada. — Dra. Marlowe. Seja bem-vinda. Ouv
(Visão do Submundo) O cheiro metálico de sangue ainda impregnava as paredes do galpão abandonado, mesmo dias após o massacre. As lâmpadas penduradas por fios tortos balançavam, lançando sombras que se contorciam pelo chão como espectros do que havia acontecido ali. — Foi aqui... — disse um dos capangas, com a voz arrastada. — Quando chegamos, tava todo mundo morto. Menos ele. O homem de terno escuro parou diante do corpo estirado sobre a maca improvisada. O capanga se referia a ele como “sorte no azar”, mas o olhar do chefe dizia o contrário. A instalação era discreta. Um antigo laboratório químico reformado para fins escusos, longe dos olhos curiosos, até mesmo dentro da própria organização. Ali, só os escolhidos entravam. O homem estava entubado, o rosto quase irreconhecível — inchado, cortado, um olho coberto por gaze. O monitor cardíaco apitava devagar, marcando um ritmo fraco, mas persistente. Contra todas as probabilidades, ele estava vivo. O chefe do esquema, conhecido a
Último capítulo