Kate Johnson sempre foi apaixonada por Daniel Stefano, o garoto disfuncional e cheio de cicatrizes que marcou sua juventude. Apesar das diferenças sociais, ela sonhava com um futuro ao lado dele, mesmo sabendo das lutas que Daniel enfrentava para sustentar sua mãe alcoólatra após abandonar os estudos aos dezesseis anos. Quando o amor finalmente os uniu, uma revelação inesperada mudou tudo: Kate descobriu que estava grávida. No entanto, junto com a notícia, veio a descoberta de que Daniel havia entrado para a máfia, buscando sobreviver e pagar suas dívidas. A decepção os separou, mas o amor jamais se apagou. Anos depois, seus caminhos se cruzam novamente. Daniel agora é um homem transformado, com carros luxuosos, relógios de ouro e o apelido de "Gladiador" nos ringues de luta. Mas sua nova vida, construída no perigoso submundo da máfia, ainda carrega os traumas do passado. Enquanto Kate luta para resgatar o homem que conheceu, Daniel se vê dividido entre os perigos do presente e a esperança de um futuro diferente. "Daniel" é uma história de amor, sacrifício e redenção. Em meio a dilemas morais, perigos constantes e a luta para escapar das sombras da máfia, Daniel e Kate precisam enfrentar o passado e decidir até onde estão dispostos a ir pelo amor que os une.
Leer másEu estive apaixonada por Daniel Stefano desde os meus quinze anos. Sentada na varanda da minha casa, eu observava ele cuidando do jardim. A primeira coisa que notei foi o quanto ele era alto. Eu sempre gostei de caras altos. E o cabelo... Negros, despenteados de uma forma que só aumentava o seu charme.
Ele trabalhava duro, e dava pra ver o esforço em cada movimento. O sol batia em seu rosto, e o suor escorria pela sua testa enquanto ele aparava a grama ou podava as plantas. Daniel era um garoto de dezenove anos que nunca, nem por um segundo, parecia notar a minha existência. Quando seus olhos, sempre desinteressados, se cruzavam com os meus, eu sentia um arrepio me percorrer dos pés à cabeça. Ao contrário dele, eu não conseguia esconder o quanto ele mexia comigo.
O tempo passou, mas lá estava eu, sempre atenta a ele, escondida atrás das cortinas, das árvores, do carro. Era um hábito, uma espécie de ritual, observá-lo de longe, enquanto ele se transformava de um garoto para um homem. Vinte, vinte e um, vinte e dois anos... E eu ainda suspirava ao vê-lo, meu coração dando saltos descompassados.
Às vezes, eu levava copos de água para ele. E, em todas essas ocasiões, eu tentava iniciar uma conversa, mas ele mal respondia, sempre distante. Parecia ter erguido um muro ao seu redor, um muro que eu nunca consegui atravessar. Havia algo de quebrado e solitário nele. Eu não conhecia sua história, mas uma vez meu pai comentou que Daniel sustentava a família. Ele não tinha pai, e sua mãe, segundo meu pai, se perdia na bebida.
Imaginar a vida dele me deixava inquieta. Talvez ele morasse num lugar marcado pela pobreza, onde a paz era um conceito distante. Talvez dormisse com fome, cercado por gritos e discussões. Eu queria tanto dizer a ele que ele não estava sozinho, que poderia encontrar em mim uma amiga. Mas a coragem nunca vinha, e eu permanecia invisível.
Com vinte anos, minha vida era feita de festas, faculdade e um certo conforto. Eu tentava seguir em frente, mas não conseguia esquecer o homem musculoso e bonito que ele havia se tornado. Não resistia em espiar pela janela sempre que lembrava dele.
Até que, de repente, ele sumiu. Parou de trabalhar no jardim da minha casa. Dias, semanas se passaram, e eu não o vi mais. Meu pai contratou um senhor de meia-idade para substituí-lo, mas nada preparou meu coração para a dura realidade de não ver mais Daniel.
Perguntas ecoam na minha mente: ele está bem? Como tem se virado? Tento afastar esses pensamentos, mas parece impossível. É como se eu tivesse perdido algo importante. Então, um dia, decido: preciso vê-lo. Talvez, se eu encarar sua realidade de perto, consiga esquecê-lo de uma vez por todas.
Eu sei onde ele mora, porque Rose, nossa empregada, vive no mesmo bairro que ele. Ela já comentou comigo que Daniel é seu vizinho. Mas como simplesmente aparecer lá? Só de pensar nisso, meu estômago revira. Desisto da ideia várias vezes, arranjando mil desculpas para não ir atrás dele.
Os dias passam, e eu tento, sem sucesso, seguir com minha vida sem Daniel. Mas o destino parece ter outros planos para mim. Rose está limpando meu quarto enquanto eu leio um livro, quando ela para de repente e me olha.
— Kate, você não teria algum vestido velho para doar?
Sorri, um tanto surpresa. Eu não tenho vestidos velhos; apesar de não sermos ricos, meu pai sempre fez questão de me dar o melhor. Mas eu minto:
— Sim, claro! Para quem seria?
— Para minha filha. Vai ter uma festinha no bairro, e ela está louca para ir.
Meu coração dispara. Festa no bairro dela? Daniel pode estar lá!
— Claro! Me conta como será a festa, assim eu escolho algo adequado — digo, tentando não parecer ansiosa.
Rose para de espanar os móveis e explica:
— É uma festa de rua. Vai ter música e dança, então nada muito chamativo.
Levanto animada, abro meu guarda-roupa e percorro os olhos pelos meus vestidos. Pego um azul-marinho com detalhes em branco, simples, mas elegante.
— Que tal esse?
Os olhos de Rose brilham.
— Kate, é lindo! Tem certeza?
— Absoluta. Leve para sua filha.
— Obrigada, querida — diz ela, emocionada.
— E quando é a festa?
— Amanhã à noite.
Meu coração quase salta do peito. Amanhã? Sexta-feira à noite é perfeito! Meu pai sempre sai com os amigos e só volta de madrugada.
— Que horas começa? — pergunto, tentando disfarçar o meu entusiasmo.
— Não será tarde. Mas, se quiser dar um casaquinho, sempre esfria à noite.
Dou um sorriso largo e vou buscar o casaco perfeito para acompanhar o vestido.
— Tenho um lindo aqui, vai combinar.
Eu mal consigo conter a ansiedade. Amanhã à noite, terei uma chance de ver Daniel novamente. E dessa vez, não ficarei escondida.
No dia seguinte, eu passo o dia inteiro ansiosa, incapaz de me concentrar em qualquer outra coisa. O tempo parece se arrastar. Pela manhã, tento me distrair na faculdade, mas não consigo prestar atenção nas aulas. Minha mente está longe, imaginando como será essa festa, se eu realmente vou encontrar Daniel, e, se encontrar, o que direi a ele.
Quando chego em casa, jogo a mochila no canto do quarto e vou direto para o espelho. Abro o guarda-roupa e escolho um vestido para mim. Nada muito extravagante, apenas um vestido preto simples, que cai bem no corpo e me dá confiança. Arrumo o cabelo, faço uma maquiagem leve, mas o suficiente para me sentir bonita. O coração b**e acelerado, minhas mãos tremem um pouco. Não sei o que esperar dessa noite, mas sei que estou prestes a cruzar uma linha que adiei por anos.
Meu pai sai às sete, como de costume nas noites de sexta-feira. Ele beija minha testa, se despede e diz para eu não ficar acordada até tarde. Assim que ele fecha a porta, sinto uma onda de alívio. Meu momento chegou.
DanielAndrew está visivelmente desconfortável, mas mantém a postura ereta, como se sua rigidez pudesse mascarar o incômodo. Aproveito o momento para iniciar a conversa que sei ser inevitável.— Senhor Andrew, hoje é um dos dias mais importantes da minha vida. Sempre amei sua filha, mas por muito tempo me senti indigno de estar ao lado dela. Quando o senhor me pediu para me afastar, respeitei sua decisão. Entendi que o senhor queria protegê-la, garantir o melhor para ela.Pauso, avaliando sua reação. Ele me observa, atento, mas não diz nada. Continuo, agora com mais emoção na voz.— Meses depois, quando Kate me procurou, confesso que até eu me perguntei o que ela viu em mim. Mas o que o senhor fez... vejo como um gesto de amor paterno. No fundo, admirei isso. Gostaria de ter tido alguém que me protegesse da mesma forma. Por isso, para mim, o que aconteceu entre nós já ficou para trás. Quero tê-lo como o pai que nunca tive. Isso só depende do senhor, porque o meu coração está aberto.A
Deus! Eu o amo tanto...estou tão feliz...E pensar que quase acabei com tudo...Daniel começa a me beijar vagarosamente, enquanto me traz mais para perto de si. Ele tem uma forma suave de beijar, saborear.Cheia de desejo, ergo minha cabeça para ele e as nossas bocas se unem. De repente tudo entre nós vai ficando mais selvagem, ansioso, o beijo e as nossas mãos. Num gesto rápido, Daniel me pega no colo e me deposita na cama. Eu estremeço com a colcha gelada no meu corpo quente. Ele logo vem sobre mim e me aquece. Seus lábios correm o meu corpo, deixando um rastro de fogo e isso me excita com a força de um vulcão.Ele então olha para mim e confessa:—Quero que saiba que não tive mulher nenhuma antes de você e nem depois de você...Eu abro bem meus olhos e o encaro surpresa, a emoção toma conta de mim e sinto as lágrimas anuviando os meus olhos. Daniel paira sobre mim e a enxuga com os lábios e eu o abraço, o aperto, como se nunca mais fosse soltá-lo. Deus, eu não o mereço...Ele toma
Pessoas que nunca vi antes se amontoam na entrada. Jovens rapazes, mulheres e garotas formam um pequeno grupo, ansiosos por vê-lo. Entre elas, meus olhos são atraídos por uma garota de feições exóticas, com algo em sua aparência que me faz pensar em raízes espanholas ou cubanas. E, claro, Rose também está lá.Daniel, com aquele sorriso carismático que parece abrir portas e corações, é rapidamente cercado. Abraços, risos e cumprimentos o envolvem, criando uma energia quase palpável na sala. Mas é impossível não notar Rose, cujo sorriso é o mais radiante entre todos. É claro que ela sabe nossa história.A sala fervilha de curiosidade. Cada pessoa parece ávida por entender a transformação repentina na vida de Daniel. Perguntas são disparadas de todos os lados, enquanto ele responde com paciência e aquele charme natural.No canto da sala, meu pai permanece em silêncio, segurando Michael nos braços. Seus olhos estão fixos em Daniel, mas seu rosto entrega um turbilhão de pensamentos que ele
— Cala a boca!Sua voz ressoa como um trovão pelo quarto, e um gemido débil escapa dos meus lábios, atingida pela força de suas palavras. Por um instante, sinto o impacto do seu tom cortante. Deveria estar chateada com a sua grosseria, mas não consigo. Em vez disso, reconheço a dor por trás da sua raiva, a mágoa de alguém que cresceu sem o amor de um pai e viveu toda a vida carregando esse vazio.— Fico me perguntando... Se eu não tivesse tomado uma atitude radical, tirado você do escritório e te levado à mansão à força, eu jamais saberia da existência do meu filho, não é mesmo?Seus olhos brilham com uma mistura de frustração e incredulidade, como se tentasse processar o peso da situação.Me aproximo dele, cada passo mais pesado, como se meu coração carregasse o peso de uma vida inteira de arrependimentos. Quando finalmente estou perto, envolvo-o em um abraço, tentando transmitir tudo o que não consigo dizer em palavras. Ele, porém, permanece imóvel. Os seus braços pendem ao lado do
Deus! Eu não pensei nisso. Ele nem sabe que esteve nas mãos da máfia. Eu o poupei dessa verdade.— Daniel, pega leve com ele. O coração dele não está bom. E eu não contei que trabalhei para a organização Bertizzollo.Daniel ofega, a tensão tomando conta do ambiente.— Pegue leve com ele? Quem sempre me escorraçou foi o seu pai, não ao contrário.Meu peito sobe e desce rapidamente. São apenas onze horas da manhã, mas sinto como se o dia inteiro já tivesse me drenado. Tento amenizar a situação:— Eu sei, amor, mas agora é diferente. Você o tem nas mãos.Daniel respira fundo, os ombros finalmente relaxando um pouco.— Deus, Kate! É tão bom ouvir você me chamar de "amor". Senti tanto sua falta.Meus olhos se enchem de lágrimas, e um sorriso emocionado escapa de meus lábios. O olhar de Daniel escurece, um misto de dor e desejo estampado em sua expressão, que só o torna ainda mais intensamente belo. Ele me puxa para mais perto, e o calor de sua proximidade faz meu coração disparar. Meu olha
—Eu...Don Vincent me interrompe.— Não é a mim que você deve dizer alguma coisa, mas sim a Daniel. É a ele que você deve expor a sua resolução. Sei que é muito nova, mas você me parece ser madura para a sua idade. Então, pense nas minhas palavras. Tem portas que se abrem apenas uma vez e você tem que agarrar as oportunidades que vem com elas. Pois não há tempo, nem nada que as faça abrir como antes e mesmo que se abram depois, elas vêm com uma bagagem de perdas. Eu assinto para ele. —Posso ir? Vincent assenti para mim com um gesto de cabeça. Eu me levanto e saio da biblioteca. Parece um sonho, um lindo sonho. Aquela impressão horrível que eu tinha foi-se. Claro que Daniel não me colocaria em risco! Deus! A verdade estava no meu nariz, mas eu não enxerguei. Quando entro na sala, Daniel está lá, sozinho, andando de um lado para o outro, parece nervoso. E eu sei por quê. Ele sabe que estamos num ponto crucial da nossa relação. É sim ou não e ele espera a minha resposta a respeito
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