Marina Salles, uma brasileira que viajou para Roma com um único objetivo: esquecer o ex e recomeçar. Com duas amigas e zero expectativas, ela queria apenas curtir a cidade eterna, afogar mágoas em vinho barato e fingir que seu coração não estava em frangalhos. E para isso ela tinha apenas dois meses, o tempo que ficariam curtindo a viagem antes de voltar para o Brasil. Mas tudo muda quando elas invadem uma festa luxuosa, onde ninguém além delas parece ser normal. É lá que Marina cruza o olhar com Dante Bianchi, um mafioso tão enigmático quanto perigoso, dono de um charme que parece carregado de segredos. E de sangue. Ele se interessa por ela no primeiro instante. Ela o repele no primeiro impulso. Mas o destino, teimoso e insano, insiste em cruzar seus caminhos pelas ruas de Roma. O que começa como uma atração mal explicada vira algo muito maior. E quando Marina percebe, já está envolvida demais com um mundo que ela nem sabia que existia. Um mundo onde confiança é luxo, amor é fraqueza, e uma decisão errada pode custar tudo. Ela foi a Roma para se reencontrar. Mas pode acabar se perdendo exatamente onde mais se sente viva
Ler maisMarina Salles O som pulsava em meus ouvidos, vibrando por cada célula do meu corpo, e eu me deixava levar sem reservas. Meus quadris se moviam em sincronia com a batida, ora lentos, ora marcados, como se fossem parte da música em si. O calor da pista, o brilho das luzes cortando o espaço e as risadas das meninas me envolviam num transe quase hipnótico. Esquecida de qualquer preocupação, eu dançava como se o mundo tivesse encolhido até caber naquele momento. Apesar de ter hesitado em vir, agora eu sabia que essa era a escolha certa. Estávamos em Roma, vivendo uma noite que prometia se gravar na memória para sempre. Quando a batida de "Downtown", da Anitta, invadiu a boate, eu e as meninas trocamos um olhar cúmplice e explodimos em risadas. Ninguém ali parecia entender a energia que aquela música trazia pra nós. Era como se nossas raízes falassem mais alto. Como boas latinas, deixamos nossos corpos contarem a história. Minhas mãos deslizaram pela lateral do meu corpo enquanto e
Dante BianchiO vapor ainda escapava do banheiro quando saí, passando a toalha pelo cabelo molhado. A noite prometia, e eu não pretendia fazer feio. Principalmente hoje. A inauguração da Lustro era um evento importante — não só para Enrico, meu amigo de longa data, mas também para mim. Em lugares como esse, alianças eram forjadas, negócios eram sussurrados, e oportunidades surgiam para quem sabia jogar.Caminhei até o closet, os passos ecoando no piso de madeira, e deixei os olhos percorrerem as opções meticulosamente organizadas. Escolhi uma camisa social preta, tecido leve e corte impecável, que vestia meu corpo como se tivesse sido feita sob medida. Deixei dois botões superiores abertos, expondo parte do peitoral e a corrente de prata que pendia casualmente, brilhando sob a luz indireta. Combinei com uma calça social igualmente preta, ajustada na medida certa, e finalizei com um cinto de couro trabalhado, os detalhes prateados alinhando com o metal da corrente.No pulso, prendi meu
Marina SallesAcordei com a luz invadindo o quarto como um tapa na cara. A cabeça ainda girava um pouco, culpa do vinho barato da noite anterior, mas a empolgação gritava mais alto do que qualquer resquício de ressaca.— Levanta, morta-viva! — Alicia gritou da varanda, sacudindo uma caneca de café como se fosse um troféu.Resmunguei alguma coisa ininteligível e me arrastei até o banheiro, prometendo a mim mesma que hoje seria diferente. Hoje, eu viveria. Sem lamentações. Sem Felipe. Sem passado.Quando saímos do apartamento, Roma parecia uma pintura viva. As ruas de paralelepípedo, os prédios antigos cobertos de hera, o som das vespas zunindo pelas vielas... Tudo era tão bonito que chegava a ser irritante.Passeamos pela Fontana di Trevi, jogando moedas e fazendo desejos idiotas. Subimos os degraus da Piazza di Spagna, tiramos fotos cafonas com sorvetes na mão e nos perdemos mais vezes do que seria aceitável para três advogadas adultas.Mas ninguém reclamou.Nem eu.No início da tarde
Mariana Salles Normalmente, quando levam um pé na bunda, muitas mulheres se trancam no quarto, afogam-se em sorvete e lágrimas, e se afundam naquele looping de perguntas torturantes: O que eu fiz de errado? Será que não fui o suficiente? Onde foi que me perdi? Comigo? Bom... não foi bem assim. Alicia e Fernanda, minhas melhores amigas e parceiras de caos, não deixaram nem o luto amoroso bater direito na porta. Em menos de vinte e quatro horas, já tinham decidido meu destino — e comprado três passagens para Roma. Sim, Roma. Com R maiúsculo, sotaque carregado e uma promessa de vinho barato e vistas de tirar o fôlego. Dois dias após o fim do meu relacionamento com Felipe, lá estava eu: empurrada emocionalmente (e quase fisicamente) a arrumar minhas malas para embarcar rumo à Itália em poucas horas. Sempre sonhei em conhecer aquele país. Meus bisavós eram italianos, mas as raízes europeias foram se diluindo nas gerações seguintes — e isso, sinceramente, só tornou minha família mai