Desde pequena, Valentina foi prometida em casamento a Matteo Romano, herdeiro da máfia. Seu destino parecia traçado: um casamento de conveniência, planejado por seu pai, e anos de colégio interno para que nada interferisse no acordo. Mas Valentina não queria seguir ordens. Ela fugiu, com amigos leais, atrás da própria liberdade e acabou se envolvendo em um jogo perigoso de poder, perseguição e escolhas. Matteo não é homem de aceitar perdas. Frio e obstinado, ele fará de tudo para que a noiva prometida volte a seu lado… Mesmo que isso signifique cruzar limites e enfrentar o próprio coração no processo. Entre perseguições, segredos e olhares que falam mais que palavras, Valentina e Matteo se veem cada vez mais próximos, presos a um destino que mistura paixão, perigo e promessa de poder.
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— Valentina! - gritei assim que saí do banheiro.
Ela estava caída na cama, encolhida, tremendo, com expressão de dor. O rosto pálido, os olhos semicerrados, a respiração curta. Um gemido saiu dela.
— O que aconteceu?! - corri até o lado da cama, segurando seus ombros.
— D-dói… Matteo… Não consigo… Esticar o corpo - arqueou o corpo, apertando a barriga.
Não pensei duas vezes. Peguei-a nos braços, sentindo cada estremecer, cada suspiro, cada tremor. Corri pelo corredor sem olhar para nada, tropeçando nos móveis, indo até a escada.
— Fica firme! - gritei, segurando-a em meus braços contra o peito — Você não vai me deixar agora! Já chega de tentar fugir.
No meio da escada, Mira surgiu, imóvel, sorriso frio, os braços cruzados. Ao lado dela, minha mãe, como se estivesse surpresa
— O que está acontecendo? - perguntou, com aquela voz venenosa que eu já odiava.
— Afaste-se! - rosnei, atravessando-a com o corpo de Valentina — Não quero você perto dela!
— Eu só queria ajudar… - disse ela, tranquila demais.
— Não! - minha raiva misturada ao receio do que pode ter sido. — Não toque nela!
Joguei Valentina no carro, segurando sua cabeça para que não batesse. Dei a volta depressa, liguei o motor e acelerei, cada curva queimando meus nervos, cada segundo queimando o peito. Ela tremia no banco ao lado, suava frio, cada gemido me atravessava.
— Aguenta, gattina - sussurrei — Apenas aguenta até chegarmos!
No hospital, corri pelos corredores. Enfermeiros vieram correndo, pegando-a da minha frente, mas eu não soltei sua mão.
— O que aconteceu?! - perguntei, voz alta, cortante. — Diga agora! – queria urgência como se fosse possível saber.
— Precisamos estabilizá-la - disse uma enfermeira, afastando-me.
— Não posso esperar! – olhei feio para a mulher — Ela está fraca demais!
A médica entrou, expressão séria.
— Não temos como dar uma resposta sem antes examinar a paciente, senhor. Terá que aguardar.
Passei a mão pelo cabelo e esfreguei o rosto, enquanto ela era levada para dentro da ala. Meu celular tocou, era minha mãe. Não era o momento de atender, passei o dedo e desliguei a chamada.
Andei de um lado para outro, suspirando pesado por algumas vezes, até que finalmente vi a médica se aproximando.
— E então?
— Ela está bem agora, já está medicada, mas o exame mostrou níveis extremamente altos de anticoncepcional - disse, direta. — Quantidades perigosas. – inclinou a cabeça de leve.
Meu corpo travou.
— O quê?
— O senhor pode entrar para falar com ela – fez um gesto indicando o quarto.
Assim que entrei ela me olhou arregalando os olhos e apertando as mãos.
— Você fez isso por conta própria?
Ela desviou o olhar, respirando com dificuldade, testa franzida.
— Eu… Não queria problemas… - murmurou.
— Problemas?! – me aproximei e ela se encolheu — Você estava sentindo fortes dores, quase sem cor – gesticulei forte — Isso não é problema, é burrice! - segurei seu rosto — Por que tomou tantos?
— Eu… Não sei… - ela respondeu, tremendo.
— Não existe “não sei”! – elevei a voz novamente. — Fala comigo!
Ela fechou os olhos, respirando fundo, gemendo de dor. Meu coração batia acelerado, a adrenalina queimando minhas veias. Eu não sabia se estava mais com medo ou mais bravo.
— Matteo… Me desculpa… - sussurrou, quase inaudível.
— Desculpar? - rosnei. — Você está bem agora. É isso que importa! Só isso! - segurei suas mãos com força.
A médica verificou os sinais vitais, mas eu não tirei os olhos dela. Cada tremor, cada gemido, cada suspiro curto.
— Se houver complicações… - falei sério para a médica — Eu quero saber agora.
— Há risco - disse a médica. — Mas por enquanto, está estável. É só não repetir isso.
Ouvi a recomendação dela e depois que saiu, controlei minha irritação para não explodir.
Segurei seu ombro, cada estremecer, cada suspiro me irritando. Não gostei desse susto de vê-la assim. Lá fora, o mundo podia desmoronar, mas aqui só existia ela.
— Escute - falei firme, controlando minha reação por causa dela e do local — Ninguém vai te machucar enquanto eu estiver por perto. Entendeu? Tem que me contar as coisas.
Ela fechou os olhos, cansada. Eu continuei segurando sua mão. Cada batimento cardíaco dela na máquina ao lado era uma cobrança e um alerta. Aquela situação podia escapar do meu controle a qualquer momento.
— Vou descobrir o que aconteceu - prometi baixinho, mas sem suavidade — E se você se machucou por sua própria decisão ou não, ninguém mais vai repetir isso.
— Se eu já estou melhor, não tem que se preocupar mais, Matteo – ela falou sem olhar pra mim — Você já tem tanta coisa para fazer.
— Não importa. Eu disse que você tem que me contar tudo, até o que minha família fizer.
— Matteo... Eu tô cansada – ela apertou as unhas na mão — A gente pode falar depois?
— Não pense que vou deixar isso ser esquecido, Valentina – segurei seu pulso e ela ergueu o olhar pra mim — Você vai me deixar de cabelo branco, gattina.
— É que... – molhou os lábios com a ponta da língua — É complicado e...
— Eu descomplico – me inclinei sobre ela e respirei fundo — Toda vez que um mal entendido acontece, a gente perde tempo.
— Eu sei, mas não foi...
— Foi você quem tomou essa dose alta sozinha? – ergui as sobrancelhas.
— Não – respondeu baixinho.
— Então me diz a verdade. Quem foi? – ela virou a cabeça — Olha pra mim, gattina – ela voltou a olhar, mas fugindo sempre, olhando para os lados — Você sabe que eu não vou deixar isso assim – suspirei e esfreguei a testa — Eu tinha coisas a fazer e larguei tudo quando você me deu esse susto.
— Desculpe.
— Não se desculpe se a culpa não foi sua.
— Não pode deixar pra lá? – deitou a cabeça — Só dessa vez?
— Não – levantei e andei até a janela — Se eu fizer isso agora, a tendência é piorar – enfiei as mãos nos bolsos.
Fiquei calado um momento, pensando. Isso tinha muito a assinatura de minha mãe. Só pode ter sido ela. Talvez Mira também. Me virei para ela. Valentina abaixou os olhos. Não tem jeito, ela está me escondendo e é por causa de minha mãe. Não sou tonto. Infelizmente, terei que entrar em outra disputa com a senhora Nádia.
— Vou falar com a médica. Se ela liberar você, vamos para casa e vai ficar descansando.
— E você? – mordeu o lábio.
— Eu vou ter mais uma batalha a ganhar.
Parte 12...ValentinaEu sentia meu coração bater tão rápido que parecia que cada passo que dava, ecoava no corredor vazio, mas na verdade era dentro de mim mesma, pelo nervosismo. Quando a gente passava pelas árvores, cada sombra projetada na parede pela luz dos raios que encontravam uma brecha entre as folhas, quase me fazia pular.E a adrenalina está presente, eu sinto meu corpo até quente. É quase viciante.— Você está indo tão rápido que vai me matar se eu tropeçar agora – falei baixo, tentando não olhar para a escadaria à frente.— Só se você gritar – ela respondeu tranquila. Kira sempre foi a mais calma entre nós — Então não grite. Quero sair antes que apareça alguém.— Mas nós temos a liberação da dir
Parte 11Valentina— E o dinheiro? Eu não vou conseguir me manter sozinha sem dinheiro.— Isso eu posso ajudar a resolver – Jay levantou levando o laptop — Tenho contatos que podem te dar trabalho temporário. Pode ser qualquer coisa discreta no início – sentou no sofá com o laptop no colo — Servir em café, babá...— Você pode vender algumas coisas online –Bianca indicou — No colégio a gente tem restrição, mas estando livre, você pode fazer o que quiser.— E você vai poder viver sem depender de seu pai – Kira alisou meu braço — Só vai ser complicado no começo.— Isso é verdade. Precisa ter noção do que vai enfrentar. Não vai ser fácil – Jay mexeu a cabeça, apertando os lá
Parte 10ValentinaKira se jogou no sofá, os joelhos dobrados.— A gente vai tirar o dia todo de folga e não vamos ter alguém monitorando. Como Madame Collier está se sentindo culpada por nunca ter contado a verdade, vai facilitar e é aí que a gente tem que aproveitar. – Kira estava determinada.— Também acho. É agora ou nunca – Silas deu apoio — Se você escapar logo cedo, quando a gente sair do colégio, vai ter um dia inteiro de folga.— Isso é – Bianca prendia o cabelo enquanto falava — Temos que lembrar que aquele colégio vai ficar uma zona quando voltarmos sem você.— Eu acho melhor vocês se separarem – Jay deu a dica — Não precisam retornar ao mesmo tempo, isso vai gastar mais do tempo e a diretora só vai perceber que você fugiu, bem depois.— Como vamos fazer isso? – eu não entendia.— Tipo assim... Vocês quatro vão sair ao mesmo tempo, certo? – eu assenti — Mas na hora de voltar, vai chegando um por vez, como se vocês tivessem se separado no final do passeio – agitou as mãos —
Parte 9MatteoEu estava fechando a porta do escritório quando ouvi passos apressados atrás de mim.— Matteo! - a voz dela cortou o ar como um chicote e me incomodou.Virei devagar. Diana. Vestido justo, salto alto, olhar que misturava raiva e saudade. Não posso negar que ela é intensa.— Matteo, quero falar com você.— Não tenho tempo pra isso agora.— Pois vai ter que ter - ela rebateu, parando na minha frente. — Três meses, Matteo. Três meses sem um telefonema, sem uma mensagem, nada. – ela gesticulava agitada.— E? - enfiei as mãos nos bolsos, tentando passar por ela.— E? É só isso que tem a dizer? - ela deu um passo pra frente, quase me encostando. — Você me usou e sumiu. Como se eu fosse qualquer uma.— Porque era isso que você era. - olhei com pouco interesse. — Eu nunca prometi nada, Diana. Não te vendi romance, não falei sobre futuro. Foi só um caso de passar o tempo. Foi bom pra você, bom pra mim, mas acabou.Vi o rosto dela endurecer. A respiração ficou pesada. Algumas pes
Parte 8...ValentinaMadame Collier mandou me chamar de novo em sua sala, logo depois que eu saí do refeitório. Fui até lá com os pés pesados, imaginando se iria ver o senhor Carlo Mancini, mas graças a Deus ele não estava com ela.— Sente-se, querida. Eu quero falar com você – ela apontou para o sofá pequeno perto da janela.Eu me sentei, mas logo senti um arrepio ruim subir por minhas pernas. Acho que meu corpo ficou pesado, sei lá. Me senti cansada de repente.— Valentina, você sempre foi uma excelente aluna e temos muito carinho por você – ela andou devagar em minha frente.— Eu sei disso, Madame Collier – soltei um suspiro cansado.— Espero que não esteja com raiva de mim, por nunca ter contado a você sobre sua... Condição.— Não... – alisei os braços quando um arrepio frio passou por mim — Talvez magoada, sim. Mas eu nunca teria raiva da senhora.— Fico mais tranquila com isso, querida. Você é muito inteligente e sempre soube seguir as regras da casa.Ah, se ela soubesse. Quanta
Parte 7...Valentina— Oi? Como é que é? – Silas levantou.— Espera, eu vou contar. Senta aí – ela o fez sentar de novo.— Fala logo mesmo, antes que eu surte total.— Se você surtar mais, a gente vai ter que te internar agora é no hospício – Bianca cruzou os braços. O sinal de chamada do almoço tocou — E vai ter que ser rápido. A gente tem que ir para o refeitório.— Agora não vai dar pra contar com detalhes, mas hoje à noite, a gente vai sair de fininho depois que o pessoal for se recolher para os quartos e vamos até a casa do Jay.Silas bateu palminhas, animado.— O que você está aprontando, Kira? – apertei os dedos.— Algo que vai te livrar dessa sacanagem que seu pai fez com você, amiga. Ele casou uma criança.— Ela não casou ainda – Silas disse.— Cala a boca! – as duas falaram ao mesmo tempo.Eu respirei fundo. Continuo com vontade de chorar e agora mais perdida.— Kira, isso é mais uma loucura sua. Esse seu ficante aí vai ajudar a Valentina como?— Não interessa que ele é meu
Último capítulo