Clara é uma jovem freira, cercada pela autoridade e expectativas de uma família poderosa e religiosa. Enviada para um evento beneficente na Basílica da família, ela conhece o misterioso Padre Andrei Iliescu, um homem de presença enigmática que desperta nela uma atração inesperada. Enquanto o evento se desenrola, Clara se vê envolvida em uma teia de segredos e dilemas pessoais, entre o peso da fé e as sombras de seu próprio passado. Mas quando Clara testemunha algo que não deveria, sua vida vira de cabeça para baixo, e ela se vê forçada a confrontar verdades desconfortáveis sobre aqueles que mais ama. Agora, entre confiança e traição, ela terá que decidir até onde está disposta a ir para descobrir quem realmente está no controle de seu destino.
Leer másA caminhada pela propriedade foi longa, silenciosa. A floresta parecia prender o fôlego, como se soubesse o que estava escondido sob suas raízes. Quando cheguei à entrada do bunker, o som dos meus passos sobre a terra congelada foi engolido pelo concreto.Desci. Cada degrau afundava mais meu peito no inferno que eu mesmo criei. A porta de aço gemeu ao abrir.A luz fraca do teto tremulava, lançando sombras pelas paredes úmidas. E no centro… ali estava ele.Luiz Antônio Barreto de MendonçaAcorrentado pelo pescoço, como um cão. O rosto mal cicatrizado mostrava muitas cicatrizes, ele era quase irreconhecível.Sentado no chão de pedra, o rosto coberto de hematomas, os olhos fundos. Magro. Roupas rasgadas. Fedia a urina, fezes e suor seco. A pele marcada por cordas, sangue seco nas bordas da corrente. A barba desgrenhada. Mas mesmo ali, mesmo naquela condição deplorável, ele me olhou com uma mistura de desprezo e fanatismo que me deu nojo.— Demônio… — ele sussurrou, cuspindo no chão
— Isso é bonito, Laura — ela disse, com a voz suave.— E é libertador — completei, sorrindo, acariciando a barriga. — Eu achei o meu lugar. Finalmente. E é aqui. Com ele. Com meu filho. Com vocês por perto.Natasha segurou minha mão. E ali, por um instante, o mundo pareceu certo. Mas é claro que nada é perfeito. Às vezes… a dor volta. Como um eco.— Você já pensou… no que aconteceu com o seu pai? — ela perguntou baixinho, quase como se não quisesse estragar o momento. Olhei pra frente. Para o nada. Um ponto distante que só eu enxergava.— Alexey disse que entregou ele às autoridades no Brasil. E que… depois disso, as pessoas fizeram justiça com as próprias mãos.Meus olhos marejaram, mas eu não chorei.— Ele morreu lá. No Brasil. Como um homem comum. Sozinho. — Pauso, engolindo as lágrimas teimosa. — Ele merecia isso. Mas, ainda assim… é estranho. Ele era meu pai.Natasha não disse nada. Apenas apertou minha mão com mais força.— Minha mãe acha que eu morri — acrescentei. —
Ele me puxou com força. Como se fosse possível me colar nele e me proteger de tudo ao mesmo tempo. E então ele me beijou.Meu Deus, ele me beijou. Sem delicadeza, sem ensaio, sem medo. Um beijo desesperado, bruto, salgado por lágrimas e gosto de sangue. Como se ele precisasse provar que eu ainda estava ali, que eu era real, que ele não tinha perdido tudo.Eu chorei contra os lábios dele. Senti o rosto dele molhado também.— Eu te amo. — Ele sussurrou, colado à minha boca, a voz rouca, quebrada. — Porra, Sfântă mea, eu te amo. Eu procurei você, eu jurei que se te encontrasse de novo, nunca mais deixaria você ir.— Me perdoa. — As palavras saíram emboladas nos soluços. — Me perdoa por ter fugido. Eu tava com medo… Eu… Eu também te amo, Alexey. Eu te amo tanto que dói.Ele encostou a testa na minha, os olhos fechados, respirando como se o ar do meu corpo fosse o único que ele precisava.As mãos dele desceram pelo meu corpo, como se quisessem verificar se eu estava inteira, viva. Q
O som foi ensurdecedor. Mas Alexey se moveu de forma tão rápida que o disparo passou por ele como se ele fosse uma sombra. Ele já estava desarmando o homem, uma arma preta e enorme aparecendo na sua mão, algo que eu não fazia ideia de onde ele havia tirado. Ele atirou, e o capanga que tentava matá-lo caiu no chão com um estalo abafado.A briga começou então, uma luta feroz. O outro capanga tentou também, mas Alexey foi mais rápido, mais implacável. Socos, chutes, gritos, os dois rolando pelo chão, sangue espirrando por todos os lados.Foi tudo um borrão. A confusão tomou conta de mim. Eu sabia que precisava me mover, mas a visão da luta estava me paralisando, o caos me engolindo. E era agora ou nunca.Foi quando eu vi uma brecha.Eu me agachei, tentando fugir do alcance, enquanto os homens se batiam. Meus pulsos ainda estavam atados, mas com a atenção do pai voltada para a luta, eu consegui deslizar para o lado, quase sem fôlego. Mas então o meu pai me viu. Ele me viu e, em um m
Meus dedos tocaram a marca na bochecha. Ele não parecia arrependido. Nem por um segundo.— O que você vai fazer comigo?Ele se abaixou ao meu lado. O hálito quente, ácido, perto demais.— O que eu fiz com a Isabel. — disse, com um sorrisinho de canto. — Aliás… o que eu fiz com ela foi fichinha comparado ao que vou fazer com você.Minhas mãos voaram para a barriga, como se pudessem proteger algo. Como se fossem capazes de esconder o que ele já sabia. A vontade de vomitar era quase física. Mas não havia nada dentro de mim. Nem comida. Nem esperança.Fiquei ali imóvel, sem tocar na comida. Meu pai saiu da sala como se nada tivesse acontecido. E quando voltou, trazia uma fita preta e Rígida.Prendeu meus pulsos com força.— Levanta. Eles chegaram.As palavras dele cortaram o ar como uma lâmina. Lágrimas de raiva e medo arderam nos meus olhos, mesmo que eu tentasse contê-las. Minha voz saiu trêmula, sufocada, mas carregada de desespero:— Não, pai… por favor… não faz isso comigo
Me levantei, tomado por raiva, mas ele levantou a mão.— Escuta até o fim. Você vai com eles, Alexey. Ninguém sabe quem você é. Você vai se infiltrar, fingir ser um deles. Essa é a chance perfeita pra pegar o pai dela. E… resgatá-la.Apertei o maxilar com tanta força que senti estalar.— E se ela estiver ferida? E se…?— Eu sei. Mas você vai encontrá-la. Vai trazê-la de volta. Só que tem um detalhe…— Fala. — Esfrego as mãos no rosto, soltando um gemido de frustração. — Você não vai conseguir tirá-la do Brasil como ela está agora. Ela é alvo da imprensa, da igreja, do governo. E você… você é o homem que matou o arcebispo. Todo mundo quer sua cabeça.— Então o que a gente vai fazer?Luka me olhou nos olhos. Firme.— Ela vai ter que morrer. — um sorriso diabólico surgem em seus lábios.Meu coração parou por um segundo.— O quê?— Não de verdade, porra. Fingir. É o único jeito. Ela vai precisar desaparecer. Tecnicamente, Laura vai ter que morrer.Fiquei em silêncio por u
Último capítulo