Mariana Salles

Dançávamos em um trio bagunçado, rindo de qualquer coisa e nos esquecendo por alguns minutos do mundo lá fora. A batida da música fazia o chão vibrar sob os nossos saltos, as luzes piscavam em tons de azul e lilás, e a atmosfera parecia segura, envolvente, quase acolhedora. Eu já estava levemente tonta — culpa da mistura de drinks coloridos com nomes estranhos — mas não a ponto de ignorar um alerta quando ele surge.

Foi a voz da Alícia que me trouxe de volta, cortando a música como um estalo de realidade:

— Some daqui, seu nojento!

Me virei no mesmo instante. O que vi fez meu estômago afundar. Dois homens, visivelmente bêbados, estavam perto demais. Um deles — alto, cabelos escuros grudados de suor na testa, o colarinho da camisa aberto e o olhar carregado de arrogância e álcool — já tinha invadido o espaço da Alícia. Estava próximo demais, quase encostando. A expressão dele era nojenta, como se estivesse convencido de que ela devia se sentir honrada por sua atenção.

Al