Capítulo 46 - Admiração.
Dante Bianchi
A raiva era uma presença física dentro de mim. Densa. Quente. Pulsante.
Eu ainda sentia o gosto metálico dela na boca quando o portão da minha casa se abriu e o carro atravessou o caminho de pedras. Marina estava ao meu lado, em silêncio, o olhar distante. A luz suave do entardecer cortava seu rosto, deixando-a com um ar sereno que contrastava com o caos que fervia dentro de mim.
Kertin. Aquele maldito nome ecoava na minha cabeça como um veneno.
A ousadia dele de tocar na mulher que eu amava — mesmo que fosse só com palavras — era algo que eu não ia esquecer. Nem perdoar.
O motor desligou. Antes mesmo de sair do carro, vi Donatello, Enrico e mais alguns dos meus homens de confiança esperando na entrada. Todos estavam sérios, atentos. O tipo de olhar que só quem já viu a morte de perto tem.
Saí do carro, e Marina me acompanhou. O vento frio da noite levantou uma mecha do cabelo dela, e por um instante, entre a raiva e a adrenalina, eu me peguei pensando que aquela mulher