Mundo ficciónIniciar sesiónDepois de ser injustamente acusada pela morte de um bebê no hospital onde trabalhava, Luna Santiago perde tudo: a carreira, a reputação e a paz. Desesperada para recomeçar, ela aceita um emprego como babá na mansão da poderosa família Valmont. O herdeiro, Adrian Valmont, é um bilionário frio e controlador que vive atormentado pela morte misteriosa da esposa. Seu filho, Elias, parou de falar desde a tragédia — até o dia em que toca a mão de Luna pela primeira vez. A inexplicável conexão entre os dois desperta a desconfiança… e o interesse de Adrian. Mas conforme Luna se aproxima da criança, segredos sombrios da mansão começam a emergir. Quando seu passado é exposto à mídia, Luna se torna o alvo perfeito das manipulações de uma mulher que faria qualquer coisa para ocupar o lugar que Luna nunca pediu. Só Elias sabe a verdade. E quando finalmente encontrar sua voz, sua revelação poderá salvar Luna… ou destruir todos eles.
Leer másO choro da mãe parecia crescer, reverberando nos corredores estreitos do hospital como se estivesse preso nas paredes. Era um som que prendia a respiração, que arrancava o ar de qualquer pessoa ao redor. Luna Santiago permanecia parada, imóvel, as mãos trêmulas ainda segurando o prontuário que entregara minutos antes. Tudo nela parecia frágil: o uniforme amarrotado após horas seguidas de plantão, o cheiro de álcool impregnado nas mãos, os olhos vermelhos pelo esforço. Mas era a expressão da mãe que realmente a destruía.
— Você disse que ele estava melhorando! — a mulher gritou, descontrolada, lágrimas escorrendo pelo rosto. — Você disse que meu filho ia sobreviver! Você mentiu! Você matou ele!
Aquelas palavras foram certeiras, afiadas, atravessando Luna como lâminas. Ela tentou falar, tentou explicar, mas a voz simplesmente não saiu. Era impossível se defender diante de uma mãe que tinha acabado de perder tudo.
Um segurança se aproximou, segurando a mulher pelos ombros, tentando afastá-la. Não fazia diferença. As palavras já tinham sido ditas, e Luna sabia que ecoariam por semanas, talvez meses, talvez para sempre.
O monitor cardíaco ainda pulsava em sua mente — o traço que ficou reto, o apito contínuo que marcou o fim. Ela tinha feito tudo. TUDO. Reanimado. Chamado o médico plantonista. Tentado estabilizar. Lutado até os dedos formigarem. Mas, às vezes, a morte simplesmente vence.
E ninguém quer ouvir isso.
Horas depois, ela estava sentada na sala administrativa, a pequena sala fria onde destinos eram decididos. Os olhos ardiam. O diretor do hospital, um homem sempre polido, agora evitava encará-la.
— Enfermeira Luna… — ele começou, respirando fundo.
O advogado do hospital interrompeu, empurrando um documento na direção dela:
— É apenas um acordo de desligamento. Para proteger você… e o hospital.
Proteger? Luna deixou escapar uma risada curta. Soou quase como um soluço.
— O hospital não pode ficar envolvido em escândalos — completou o diretor, finalmente falando. — A família já ameaçou entrar com processo. Você sabe como funciona.
Sim, ela sabia. Sabia que, em casos assim, alguém precisava ser responsabilizado. Sabia que o hospital jamais deixaria seu nome ser arrastado pela mídia. Sabia que ela era a escolha mais fácil.
O documento diante dela tremulava um pouco. Ou talvez fossem suas mãos. Ela passou os olhos pelas linhas — legalidades, termos, renúncia. Em nenhum momento dizia que ela era culpada. Mas também não dizia que era inocente.
Ela sentia o peito apertar como se alguém estivesse pressionando o esterno com força.
— Eu fiz tudo certo — murmurou, mais para si mesma do que para eles.
— Luna… — o diretor suspirou. — A família é influente. Isso vai ganhar repercussão. Talvez seja melhor você… desaparecer por um tempo.
Sumir. Se esconder. Talvez fosse isso que todo mundo queria.
Ela pegou a caneta. A assinatura saiu firme, apesar da dor.
Luna Santiago.
E naquele momento, sentiu como se estivesse assinando não uma rescisão — mas o fim de quem ela era.
O apartamento estava silencioso quando ela entrou, segurando a sacola onde guardara um uniforme que provavelmente nunca usaria de novo. A luz da tarde entrava pelas cortinas rasgadas, tocando a mesa onde se acumulavam contas que ela evitava abrir.
O silêncio era sufocante.
Ela se jogou no sofá, exausta, abraçando os joelhos. Respirou fundo, tentando acalmar a mente, mas o rosto do bebê voltava cada vez que fechava os olhos. A mãe gritando. O diretor desviando o olhar. A assinatura.
O celular vibrou.
Um número desconhecido. Ela quase ignorou. Achava que fosse mais uma manchete, mais uma morte anunciada da sua carreira.
Mas a mensagem era curta. Objetiva. Desconcertante.
“Recebi sua indicação. Preciso de alguém com experiência em crianças. Trabalho interno. Mansão Valmont. Remuneração alta. Entrevista amanhã, 18h.”
Ela piscou, confusa.
Mansão Valmont.
Todo mundo conhecia aquele nome. Valmont era riqueza. Poder. Negócios. Mistérios. E tragédia — a morte da esposa do herdeiro meses antes ainda circulava nas redes.
Quem indicaria ela?
E por quê?
Outra mensagem chegou.
“Traga apenas documentos básicos. O resto eu descubro observando.”
Observando?
Um arrepio subiu pelos braços dela.
Parte dela queria bloquear aquele número. A outra parte… a parte que sabia que estava a um atraso de luz de perder tudo… sabia que precisava aceitar.
Digitou devagar:
“Eu vou.”
E enviou antes que pudesse se arrepender.
Quando finalmente adormeceu, muito tempo depois, ainda com o celular na mão, o rosto do bebê se misturava à imagem de um portão negro gigantesco.
E à sombra de um homem que ela ainda não conhecia, mas que, de algum modo, já parecia perigoso.
A sala de monitoramento parecia se fechar sobre eles. Cada câmera, cada tela, cada pequeno quadrado mostrando ângulos diferentes da mansão parecia pulsar com uma energia própria — como se o lugar estivesse vivo e respirando, como se tivesse olhos demais e segredos demais. Luna sentiu a garganta apertar enquanto absorvia o que via. Elias, silencioso ao seu lado, mantinha a mão firme na barra da blusa dela, como se aquilo fosse a única âncora no meio da tempestade.Adrian desligou a tela principal, mas o silêncio que se seguiu não diminuiu o impacto da revelação. Luna virou-se para ele, tentando encontrar palavras que fizessem sentido, mas tudo o que encontrou foi um homem que tentava, desesperadamente, manter o controle sobre algo impossível.— Você deveria ter me mostrado isso antes — murmurou Luna. — Elias está vivendo com medo. Um medo que não consegue explicar.Adrian passou a mão pelo cabelo, exausto.— Houve outras babás antes de você — disse. — Nenhuma conseguiu ficar tempo sufi
A manhã trouxe uma luz pálida que tentava entrar pelas cortinas pesadas da mansão, mas parecia não conseguir atravessar completamente a atmosfera carregada do lugar. Luna já estava acordada quando o sol tocou a moldura da janela.Não porque tinha dormido bem — mas porque praticamente não dormiu.A cena da noite passada não saía de sua cabeça. As batidas na parede. O corredor escuro. As câmeras viradas para o quarto vazio. O quarto impecável demais. Adrian revelando que o filho tinha visto a mãe morrer. Era informação demais para processar em um único dia, mas Luna não teve tempo para absorver. Ela ouviu um pequeno movimento ao seu lado.Elias despertava.Ele abriu os olhos devagar, confuso no início, mas quando viu Luna, relaxou. Esticou a mão até tocar o lençol dela — só para ter certeza de que ela ainda estava ali.Luna sorriu com suavidade.— Bom dia, Elias.Ele piscou, sem responder, mas seu corpo perdeu a tensão. Ele se levantou devagar e caminhou até o banheiro, um sinal de que
A madrugada na mansão Valmont era sempre silenciosa, mas naquela noite havia algo diferente, um tipo de quietude que lembrava a superfície de um lago antes de uma tempestade. Luna demorou a adormecer, mesmo com o cansaço esmagando seu corpo. Cada sombra no quarto parecia maior do que deveria, cada ruído parecia carregado de significado. No colchão improvisado ao lado da cama, Elias finalmente dormia, depois de quase duas horas lutando contra pesadelos silenciosos que o faziam tremer como se estivesse sendo tocado por mãos invisíveis.Luna continuava acordada, sentada com as costas apoiadas na cabeceira, observando o menino dormir. Havia algo quase sagrado na vulnerabilidade daquele instante. Elias, em sua pequena fragilidade, respirava de forma irregular, agarrado ao carrinho que ela havia consertado mais cedo. O brinquedo estava pressionado entre seus dedos, como se fosse seu único escudo contra um mundo que ele não conseguia compreender.Quando ela finalmente fechou os olhos, quase
A casa inteira parecia respirar de maneira diferente naquela madrugada, como se tivesse sido despertada por um ruído que apenas ela conseguia ouvir. Depois que Elias finalmente adormeceu pela segunda vez, desta vez encolhido no colchão improvisado ao lado da cama de Luna e segurando sua mão como se temesse que ela desaparecesse, a mansão mergulhou em um silêncio pesado. Adrian permaneceu parado na porta do quarto dela por longos segundos, observando o filho dormir. Ele tinha o olhar de um homem que não sabia se estava testemunhando um milagre ou o prelúdio de um desastre, como se estivesse diante de algo delicado demais para se tocar, mas impossível de ignorar. A forma como observava Elias revelava mais do que ele jamais admitiria: medo, culpa, exaustão, e uma vulnerabilidade crua que não combinava com a imagem calculada que carregava diante do mundo.Luna percebeu o cansaço no rosto dele, a tensão nos ombros, a respiração pesada de quem vinha lutando sozinho por meses. “Ele só dormiu
A mansão parecia outra depois da visita de Isabella. O silêncio que antes era apenas frio agora tinha camadas — tensão, lembranças, ecos de algo não dito.Depois do jantar, Luna levou Elias até o quarto dele. A claridade suave da luminária azul deixava o ambiente tranquilo. O menino caminhou até a cama, mas não se deitou. Ficou parado, segurando o carrinho quebrado entre os dedos.Luna se aproximou devagar.— Posso consertar isso para você — murmurou.Ele hesitou. Depois entregou o carrinho.Aquele gesto, pequeno e silencioso, foi mais um voto de confiança.Ela se sentou no tapete e começou a encaixar as peças. O menino observava cada movimento.Ele era atento.Muito atento.Um observador silencioso do mundo que o machucara.— Sabe… — ela disse, sem esperar resposta. — Às vezes, quando eu era criança e ficava com medo, eu tentava respirar bem devagar. Como se o ar fosse uma onda me abraçando.Elias piscou.— Quer tentar comigo?Nenhum movimento.Mas ele se sentou no chão.Luna respiro
Os dedos de Elias apertavam o tecido da cadeira ao lado dele. O garoto parecia menor, encolhido, o corpo tenso como uma corda prestes a arrebentar. Luna manteve a mão sobre a dele, sem apertar, apenas oferecendo calor.O som de vozes distantes crescia no hall. Não era um visitante qualquer.A energia da casa mudou.Elias virou a cabeça lentamente, como se estivesse ouvindo algo que os outros não ouviam — um eco do passado.— Ei… — Luna murmurou. — Você está seguro. Eu prometo.Ele piscou, mas seus ombros não relaxaram.A porta do refeitório se abriu de repente.Isabella Turner entrou como uma tempestade cuidadosamente ensaiada.Alta, passos perfeitos, salto fino, vestido caro, perfume intenso. Cabelos loiros presos em um rabo elegante. O sorriso era grande demais para ser sincero — especialmente ao olhar para Luna.Mas quando os olhos dela pousaram em Elias, algo se quebrou.Não era bondade.Era posse.— Querido — disse ela, com voz doce demais. — Por que está tão tenso?Luna percebeu
Último capítulo