Mais tarde naquela noite, quando o último convidado desapareceu pelos corredores com taças nas mãos e sorrisos falsos, Cristal se permitiu respirar sozinha. A casa ainda murmurava ecos do jantar — louças sendo recolhidas, passos abafados, vozes distantes — mas o calor do ambiente havia se dissipado, deixando para trás apenas o peso do que não foi dito.
Ela andava pelos corredores vagarosamente, o vestido acariciando o chão polido, as mãos pousadas sobre o ventre, como se buscassem amparo.
Foi quando o viu.
Christopher estava encostado em uma das colunas que davam para a varanda interna, as mãos nos bolsos e a gravata já solta, o colarinho desabotoado. O ar fresco da noite entrava pelas janelas abertas, bagunçando seus cabelos escuros de forma propositalmente perfeita. A luz do corredor deixava sua silhueta recortada em sombras.
— Achei que você fosse do tipo que dorme cedo — ele disse sem se virar, percebendo a presença dela atrás.
— Achei que você fosse do tipo que some depois d