A família Moreau era uma das mais poderosas e influentes de Nova York. Com um império que abrangia desde imóveis de luxo até uma rede de investimentos bilionária, eles eram conhecidos não apenas pela riqueza, mas também pela postura imponente e respeitável que mantinham em todos os círculos sociais. A mansão da família, localizada no alto de uma colina em um dos bairros mais exclusivos da cidade, refletia sua posição. O enorme jardim, as colunas de mármore e os grandes candelabros dourados eram apenas uma pequena parte do que tornava os Moreau uma dinastia.
Cristal conheceu Raphael Moreau durante um evento de caridade, um jantar requintado onde os rostos mais conhecidos da cidade se reuniam para discutir grandes causas. Ela, vindo de uma família humilde, estava ali apenas por influência de um amigo em comum, um executivo de uma das empresas que apoiava a fundação. Seus olhos se cruzaram na sala lotada, e naquele momento, algo inusitado aconteceu. Raphael, com sua presença de tirar o fôlego, se aproximou e fez uma pergunta simples: “Você está se divertindo?” Cristal, um pouco desconcertada pela intensidade de seu olhar, sorriu timidamente e respondeu. O diálogo foi breve, mas logo ele estava ao seu lado, levando-a por um tour improvisado pela gala. À medida que conversavam, Cristal percebeu que Raphael não era apenas um homem rico e poderoso, mas alguém genuinamente interessado nela, uma mulher que, para ele, parecia ser uma ilha no meio de um oceano de interesse e falsidade. Eles começaram a se encontrar com frequência, e em pouco tempo, ela foi fisicamente atraída por sua confiança e charme, mas também pelas camadas de vulnerabilidade que ele escondia sob sua fachada de empresário bem-sucedido. O romance floresceu rapidamente e, em menos de um ano, Cristal estava casada com Raphael. Christopher Moreau, o irmão mais novo de Raphael, era um homem diferente. Embora também muito rico, ele tinha um estilo mais reservado e solitário. Cristal o conheceu quando Raphael a levou para um jantar na casa de campo da família. Christopher estava lá, mas se manteve à margem, observando as interações com um olhar atento, quase crítico. Ao longo da noite, ele se aproximou de Cristal, e o que começou como uma conversa educada se transformou em algo mais profundo. Eles compartilhavam uma apreciação pela arte, pela literatura e, embora nunca explicitamente dito, Cristal sentiu que havia uma certa admiração silenciosa vindo de Christopher. Foi durante esses encontros que Cristal percebeu o quão distante Raphael estava de sua vida pessoal, sempre priorizando o trabalho e sua lealdade à sua melhor amiga de infância, Emilly. Emilly era a figura constante na vida de Raphael, uma presença que Cristal sentia como uma sombra. Ela, uma mulher bonita, e cheia de energia, sempre aparecia nas reuniões familiares e eventos sociais, com um sorriso encantador e um olhar que parecia quase possessivo em relação a Raphael. O primeiro encontro entre Cristal e Emilly foi em um almoço na casa da família Moreau. Emilly chegou com uma leveza que contrastava com a tensão do ambiente. Ela e Raphael estavam tão à vontade entre si, como se compartilhassem uma história que Cristal ainda não conhecia. Cristal não conseguia esconder o desconforto. Emilly, com sua risada fácil e jeito descontraído, parecia ser a amiga que nunca tinha saído do círculo íntimo de Raphael, a pessoa que ele sempre priorizava, e isso a fazia sentir-se deslocada. “Você é a esposa do Raphael, não é?” Emilly perguntou com um sorriso curioso. “Eu sou Emilly, amiga de infância dele. Já ouvi tanto sobre você.” A voz de Emilly era doce, mas havia algo de desafiador na maneira como seus olhos se fixaram em Cristal. A troca de olhares entre as duas mulheres durou mais do que o esperado, um sinal claro de que, embora as palavras fossem gentis, havia algo mais ali. Cristal, tentando manter a compostura, respondeu com a mesma cortesia. “Sim, sou eu. Raphael sempre fala muito de você também.” A conversa foi superficial, mas Cristal sentiu a dinâmica entre elas. Emilly estava ali não apenas como amiga, mas como a sombra de um passado que nunca se afastava. E, enquanto Cristal tentava se adaptar à vida ao lado de Raphael, ela não conseguia deixar de notar o olhar atento de Christopher, como se ele estivesse esperando o momento certo para se aproximar mais dela. Naquela noite, enquanto Cristal deitava ao lado de Raphael, ela não podia ignorar os sentimentos conflitantes que começavam a surgir. Seu marido parecia cada vez mais distante, imerso em seu mundo, enquanto o irmão dele, Christopher, com seu olhar intrigante e presença silenciosa, parecia ser alguém mais atento às suas necessidades e sentimentos. E Emilly... Emilly era uma presença constante que, sem que ninguém dissesse uma palavra, fazia Cristal sentir-se como uma intrusa. O que Cristal não sabia era que o jogo estava apenas começando.