Mundo ficciónIniciar sesiónA mulher que eu acusei de roubo era a babá da minha sobrinha e culpada pelos meus piores dias. Quando a reencontrei, abatida e grávida, percebi o que tinha feito. Ela não era só a ladra que, segundo as investigações, dopou a minha irmã para roubar e a deixou sair para morrer num acidente de carro. Vitória Clarke era a mulher que carregava meu filho no ventre. Agora, o destino exige que eu lute pelo amor da mulher que destruí. E talvez... não seja suficiente.
Leer másMax.— Imbecíl! — A Allegra repetiu, pulando na cama. — Não… você não pode dizer isso e nem pular na cama dos outros… — repreendi a minha sobrinha, já pegando a menina e colocando-a no chão. — Leve a Allegra para o carro. — Dei a ordem ao segurança. — Não — Allegra foi correndo para Vitória. — Quero morar aqui. “Só me faltava essa.” Cocei minha têmpora com as pontas dos dedos. — Allegra, faça o que mandei… — Não! — Minha sobrinha era tão teimosa quanto minha falecida irmã. — Vamos tomar sorvete… — eu tentei ludibriar a Allegra. — Posso levar a tia Vitória, tio? Dei de ombros. — Se ela quiser… — Dei de ombros. — Espere no carro. — Agachei-me na altura da minha sobrinha. — Vamos todos tomar sorvete — menos a Vitória, pois sabia que ela não iria. Saltitante, Allegra acompanhou o guarda-costas. Assim que ficamos sozinhos dentro daquele cubículo, endireitei os ombros após levantar. — Olha, está ficando tarde e eu agradeço pelo ursinho, mas preciso descansar — falei na esperança
Max.Mordi o interior do meu lábio inferior, controlando o ímpeto de proferir um comentário mordaz sobre a espelunca que o namorado dela considerava aceitável para abrigar Victória e o bebê. Por um instante fugaz, os meus olhos varreram o espaço exíguo. O studio era pouco mais que um buraco decorado com um mobiliário espartano e a inconfundível marca de uma vida precária. A cama de solteiro estava encostada à parede e, ao lado, tinha uma mesa minúscula com uma única cadeira. Vitória estava com o corpo delgado envolto num casaco de malha gasto que não fazia nada para dissimular a sua fragilidade. O seu rosto, habitualmente pálido, ruborizou-se.— O que o senhor quer? — A sua voz saiu num sussurro carregado de uma raiva contida, mas mal disfarçada. O seu corpo tenso inclinava-se ligeiramente para trás, uma tentativa instintiva de criar distância entre nós.— Trouxe um brinquedo novo para o bebê. O meu olhar deslocou-se brevemente para o bebê envolto em mantas que estava na cama. El
MaximusO motorista abriu a porta do carro com um clique no controle e se jogou atrás do volante, deu uma última olhada para o cubículo onde Vitória estava. Olhei para minha sobrinha que ainda chorava.— Quero ficar com a tia Vitória! — O rosto vermelho estava banhado por lágrimas.Pior de tudo, é que eu tinha encontrado aquela ingrata na sarjeta e ainda dei uma carona. Ao invés de ter desperdiçado o meu tempo com Vitória, eu deveria ter voltado pra Itália pra tentar fazer as pazes com a minha noiva. O amante de Vitória tinha que cuidar dela. Só tinha que esquecer e deixar tudo pra trás; mas as coisas não estavam indo da maneira como eu esperava. Enquanto a Allegra chorava, eu comecei a xingar mentalmente. Tinha prometido à minha irmã que cuidaria bem da minha sobrinha e que nunca permitiria que minha nonna Elisabetta ficasse com a guarda de Allegra.— Por favor, pare de chorar… vamos comprar um presente para o filho da Vitória… Embora o choro infantil tivesse cessado, a minha sobr
Maximus.Fixei os meus olhos no espelho do retrovisor enquanto avaliava minha sobrinha, delicada e protegida na cadeirinha de bebê no banco traseiro, e Vitória segurando o filho.Aquela mulher sempre foi uma ladra, um pesadelo para minha família, mas jamais deixei de reconhecer sua competência como babá. Era impossível ignorar o modo como ela embalava o filho, aninhando-o contra o peito com um carinho. Theo se mexia no colo dela, choramingando com um ruído persistente e irritante.— O ursinho do meu filho! — Ela falou, apertando o bebê contra si. — Acho que caiu na rua quando entrei no automóvel. Por favor, volte para pegar.Arqueei uma sobrancelha, deixando o meu cepticismo evidente.— Aquela pelúcia já estava encardida e já deve estar toda encharcada por causa da chuva. — Repliquei asperamente.Ver Vitória tentando acalentar o filho provocava uma pontada amarga.— Qual é o endereço da casa do seu namorado? — indaguei, sem rodeios.Ela hesitou e as suas mãos tremiam levemente enquant
Maximus.Os negócios em Lyon haviam seguido como o planejado. Contratos assinados. Lucros assegurados. Era só mais uma operação bem-sucedida sob meu comando. Eu deveria estar satisfeito e sentir a velha euforia de quem vence sempre e de quem transforma tudo o que toca em ouro. Todavia, a satisfação foi uma ilusão rasa naquele dia.Vitória continuava no meio-fio sem dizer nada… lutando contra o peso do carrinho. O urso de pelúcia sujo e encharcado rolava para a rua. Era uma cena desastrosa.— Dio Mio! — A exclamação escapou dos meus lábios.Avancei dois passos, o olhar preso naquela roupa molhada e tingida de lama até as costas. A barra da calça grudada nas pernas e cabelos desalinhados, presos num coque mal feito.— Sai logo da frente, sua doida! — O grito veio do motorista impaciente. Girei sobre os calcanhares, cravando os olhos no homem atrás do volante.— Hei… — A minha voz saiu com o tom rude para fazê-lo me encarar. — Fique dentro do carro e deixe que cuido disso.Retornei para
VitóriaPoucas horas antes de quase ser atropelada por um táxi, eu arrumar a bolsa. Dobrei as roupas que tinha e tentei enfiar tudo numa mochila. O zíper teimava em emperrar. Forcei, prendi o tecido no fecho, soltei um suspiro baixo e segurei o velho ursinho de pelúcia. Pensei em deixá-lo. Sério, pensei mesmo. Mas o meu bebê adorava aquele ursinho. Parte de mim também não seria capaz de largar o último brinquedo que meu pai me deu antes de me abandonar para construir outra família. Beijei de leve o focinho puído do brinquedo antes de deixá-lo junto ao Théo.Esperei o momento exato. Quando Dona Mathilde saísse para a consulta médica, eu sairia sem ter que lidar com olhares inquisitivos, sem aquela compaixão que só me fazia sentir ainda menor do que já me sentia.A maçaneta girou com um estalo seco, a porta se abriu antes de Paul aparecer.O suor ainda escorria pela lateral de seu rosto, a camiseta cinza escura colada ao peito largo, o moletom pendendo displicente na cintura. Os cabelos





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