Uma excelente babá

Ponto de vista de Maximus Trevisani.

A babá da minha sobrinha mal tinha chegado na minha casa e já estava causando problemas.

Vitória, esse era o nome da babá que minha falecida irmã tratava como hóspede na casa dela e pagava mais do que devia. Só que na minha casa, as coisas eram bem diferentes. Ela era uma funcionária como qualquer outra e eu não aceitava insubordinação.

Apesar de tudo, tinha que admitir que ela era uma excelente babá. Vitória sempre cantava algumas daquelas infantis sobre estrelas e sonhos. Vitória era uma garota que tinha um jeito delicado de embalar a Allegra e dançar devagar enquanto a colocava para dormir.

Não a conhecia direito, mas desde que chegou com a minha sobrinha, eu a observava do meu escritório através das câmeras, pois gostava de saber o que acontecia em minha casa.

Allegra só sorria e comia com a babá, que foi notada por minha noiva pouco depois de uma discussão acalorada que tivemos.

Foi naquele dia que eu a vi pessoalmente. Vitória se recusava a fazer o que Bianca pediu, mas eu precisava manter a autoridade. Reforcei a ordem da minha noiva e saí apressado.

No escritório, olhei para os documentos empilhados sobre a minha mesa. Inesperadamente, Bianca entrou.

— Já disse que não gosto que entre sem bater.

— Não sou uma de suas funcionárias, Max?

— O que você quer? — Ainda sem olhar para ela, perguntei.

— Eu decidi continuar na novela... — Minha noiva voltou a tocar no assunto que fez meu sangue esquentar.

— Se fizer aquela cena de sexo, então, considere o noivado terminado.

— Ótimo! Queria cumprir o acordo que o meu pai fez com sua avó, mas não vou permitir que você acabe com minha carreira profissional. — Dando as costas, Bianca se foi sem qualquer hesitação, deixando-me ainda mais revoltado. — Adeus, Maximus. — Ela disse antes de sair, batendo a porta como se estivesse numa cena de novela.

Soquei a mesa com força, fazendo com que porta-retratos caísse. Imediatamente, eu o levantei e toquei na foto de minha irmã, que segurava minha sobrinha no último aniversário de Allegra, alguns meses antes do acidente que ceifou sua vida.

Novamente, fui interrompido. Só que dessa vez, a pessoa do outro lado bateu.

— Entre! — grunhi, irritado.

— Com licença, senhor Trevisani.

O choro de minha sobrinha ecoou quando a governanta adentrou seguida pela babá.

— Por que Allegra ainda está chorando? — Num sobressalto, fiquei em pé.

— A babá da sua sobrinha está bêbada.

— Não estou não… — replicou Vitória, franzindo as sobrancelhas.

— Ela está com cheiro de uísque, senhor Trevisani.

Dando a volta na mesa, peguei minha sobrinha dos braços da governanta. Não precisei chegar muito perto para sentir o cheiro do uísque Macallan 1926 que Bianca e eu bebíamos na sala de estar.

— Quebrei um copo e mandei a babá limpar, deve ser por isso que está com esse cheiro.

Allegra se acalmava aos poucos. Minha sobrinha se aconchegou em meus braços e encostou a cabeça em meu ombro.

— Livre-se desse cheiro e volte logo. — Ordenei sem deixar espaço pra contestação. — Eu tenho muito trabalho agora e não tenho como cuidar da minha sobrinha.

— Sim, senhor! — Vitória respondeu. — Já volto, anjinho… — falou com Allegra antes de sair.

— Quer que eu fique com ela? — A governanta fez menção de pegá-la, mas Allegra se encolheu em meu colo.

— Vou cuidar da minha sobrinha até a babá retornar.

— Tem certeza, senhor?

— Volte ao trabalho…

— Sim, senhor! — A governanta me deixou em paz.

Acomodando-me a cadeira atrás da minha mesa, olhei para a tela do computador e abri o e-mail com a mensagem do detetive que investigava o acidente que matou a minha irmã mais nova.

“Caro senhor Trevisani,

Venho por meio deste e-mail avisar que a culpada pela morte de sua irmã pode estar dentro da sua casa.

Helena dirigia dopada na noite do acidente e pelas imagens cedidas da casa de sua irmã, foi a babá quem deu os comprimidos para Helena pouco antes dela sair.

A polícia continua investigando o caso. Em breve, a babá será chamada para depor.

Em breve, entrarei em contato para enviar mais informações.

Atenciosamente, detetive Rivera”.

Afoito, abri o vídeo anexado que o detetive enviou. Na imagem, vi a minha irmã bebendo na sala de estar quando de repente, a Vitória trouxe uma pequena bandeja com copo de água e três comprimidos.

— Mamãe… — Allegra apontou para o vídeo, onde minha irmã aparecia. — Tio, quero a mamãe. — O pedido da minha sobrinha partiu meu coração.

— Ela está viajando, querida… — menti, não sabia como explicar.

Abracei Allegra e beijei o topo de sua cabeça. Aquela babá tinha que pagar pelo que fez com Helena.

Ponto de vista de Vitória

Estava feliz por vencer mais um dia de trabalho. A menina era um doce e quase não dava trabalho. Mais cedo, eu tinha pego ela no escritório. Quando entrei, o belo rosto do senhor Trevisani tinha assumido uma carranca sombria que nunca vi nas fotos que encontrei na internet. Foi por isso que pedi licença e sai antes que ele me demitisse.

À noite, coloquei Allegra na cama, puxei o cobertor devagar e cantei uma música de ninar. Não demorou muito até que ela adormeceu.

Queria ir direto pra cama pra descansar um pouco, mas estava com muita sede. Tentei ignorar, mas não suportei aquela secura na boca. Calcei as pantufas e saí do quarto de Allegra.

Desci as escadas com bastante cautela até que cheguei ao primeiro andar.

A cozinha estava silenciosa e o resto da equipe já havia se recolhido. Estava me achando invisível como sempre, quando ouvi passos atrás de mim. Assustada, eu virei. E lá estava o poderoso Magnata Maximus Trevisani. Ele ainda usava terno, mas a gravata estava solta e o seu olhar continuava mais escuro do que o normal.

— Ainda acordada? — perguntou ele, arranhando o silêncio da madrugada.

Assenti, sem conseguir falar de imediato, pois o meu coração batia forte.

Ele colocou uma garrafa de vinho sobre o balcão da ilha branca. Pegou o saca rolha e abriu.

— Não devia andar desse jeito pela minha casa, senhorita Clarke. — Os olhos dele analisavam a camisola que eu vestia.

"Não está tão indecente", pensando, fitei o tecido que batia nos meus joelhos. "Melhor eu pedir licença e cair fora antes que ele me mande fazer um lanche".

— Desculpe, senhor Trevisani, vim pegar uma garrafa de água, mas já vou me recolher.

— Fica! — O pedido dele soou mais como uma ordem.

Contra toda lógica, fiquei. O meu rosto começou a enrubescer diante do constrangimento. Estava em frente a um dos homens mais poderosos da cidade de Turim e só queria abrir um buraco no chão só para enterrar a minha cabeça feito um avestruz.

Continue lendo este livro gratuitamente
Digitalize o código para baixar o App
Explore e leia boas novelas gratuitamente
Acesso gratuito a um vasto número de boas novelas no aplicativo BueNovela. Baixe os livros que você gosta e leia em qualquer lugar e a qualquer hora.
Leia livros gratuitamente no aplicativo
Digitalize o código para ler no App