Mundo ficciónIniciar sesiónTRILOGIA IRMÃOS MANCINI MATTEO LIVRO 1 A vida de Alexia é virada de cabeça para baixo por um trágico acidente. Grávida e a caminho de encontrar seu amado Matteo, ela perde o bebê e suas memórias dos últimos anos, incluindo o rosto do homem que amava. Sua mãe, Celina, aproveita a amnésia da filha para reescrever o passado, pintando Matteo como um vilão perigoso e manipulando Alexia para se afastar dele. Oito anos depois, Alexia se torna uma modelo de sucesso e retorna à Itália para uma campanha publicitária. Lá, ela reencontra Matteo Mancini, agora o CEO da empresa, que a observa com uma intensidade familiar e dolorosa. Ele a reconhece imediatamente, mas acredita que ela está fingindo não se lembrar dele. Um encontro explosivo entre os dois, onde Alexia, confusa e assustada, discute com Matteo e chega a dar um tapa nele, é flagrado por paparazzi. As fotos vazam, e é o departamento de relações públicas da empresa de Matteo que sugere um namoro de fachada para controlar a narrativa, forçando-os a dividir o mesmo teto e reacendendo uma faísca que ela não consegue entender. A convivência diária é marcada por brigas intensas e mal-entendidos, alimentados pelas falsas memórias que Alexia possui. No entanto, o destino começa a desvendar a trama de Celina quando uma antiga amiga de Alexia reaparece e decide revelar a verdade. Matteo descobre que seria pai do filho que Alexia perdeu, e Alexia se depara com a chocante realidade de que o "marginal" que sua mãe tanto demonizava era, na verdade, o grande amor de sua vida.
Leer másSETEMBRO DE 2017
O romance de Alexia e Matteo era um segredo precioso, uma flor delicada escondida das garras venenosas de Celina, a mãe dela. Para Celina, a ideia de Alexia amar o filho da empregada era uma afronta imperdoável. Alexia tinha quinze anos e Matteo dezesseis quando se apaixonaram. Três anos depois, seu amor era forte, doce e inabalável. Mas a presença de Matteo era um tormento para Celina, que o humilhava com desprezo. A ameaça de demitir Suzana, a mãe de Matteo, pairava sobre eles, forçando o casal a viver seu amor na sombra. Alexia, uma brasileira que se mudou para a Itália aos sete anos, encontrou em seu padrasto, Robert, um raio de luz. Gentil, Robert a tratava como filha e gostava de Matteo. Desafiando a fúria silenciosa de Celina, ele custeava os estudos de Matteo na mesma universidade de Alexia. Na faculdade, a notícia de uma expedição de campo de quatro semanas para a turma de Matteo caiu como uma nuvem escura sobre os dias de Alexia. Giovanna, sua amiga leal, compartilhava do seu descontentamento. — Quatro semanas sem seu grude? O paraíso existe! — ela brincou, tentando animar a amiga. — Você só tem inveja — Alexia retrucou com um sorriso. — Mudando de assunto, como está seu avô? — Cada dia pior. O Alzheimer está evoluindo e vovó não está dando conta sozinha. Talvez eu precise viajar para cuidar dele — Giovanna desabafou, triste. A despedida de Matteo foi um tormento. Seriam quatro longas semanas, a maior provação que já enfrentaram. — Meu solzinho, meu amor eterno, nunca duvide do que sinto por você — ele sussurrou, apertando-a em seus braços. — Um dia ainda serei um grande empresário e te darei uma vida de rainha. — Eu te amo mais que tudo, meu Matteo. A saudade já aperta o peito. Três dias se arrastaram desde a partida de Matteo. O sinal de celular no acampamento era inexistente, e as conversas, raras e breves, só aumentavam a saudade que a consumia. Um mal-estar persistente a acompanhava. Alexia hesitou em contar a Matteo para não o preocupar. Giovanna, com sua intuição aguçada, insistia em uma suspeita: gravidez. Em casa, sob o olhar ansioso da amiga, Alexia cedeu e fez o teste. O resultado positivo se cravou em sua mente, desencadeando um turbilhão de medo e incerteza. — Positivo, Gio — sua voz embargada, as lágrimas escorrendo. — Eu estou grávida do Matteo. — O QUÊ? — A voz cortante de sua mãe ecoou pelo quarto. — Mãe, eu... — Alexia tentou, mas as palavras morreram em sua garganta, sufocadas pelo choque. — Grávida daquele verme? — Os olhos de Celina faiscavam com ódio. — Não fale assim dele. Eu o amo! — Alexia defendeu, a lealdade falando mais alto que o medo. — Isso não pode estar acontecendo. Minha filha, carregando no ventre a semente de um qualquer! — Eles se amam, Celina. Vão ser pais maravilhosos — Giovanna ousou intervir. — Cale essa boca, gorda insolente. Isso tudo é má influência sua! — Celina explodiu. As lágrimas de Alexia jorravam incontrolavelmente. No fundo, ela sabia que sua mãe jamais aceitaria Matteo. — Eu amo o Matteo, e nada, absolutamente nada, vai me impedir de ficar com ele! — A decisão nasceu forte e inabalável. Alexia correu para fora do quarto, com pressa. Ela iria até Matteo, naquele acampamento distante, e lhe contaria sobre o filho deles. Ele a apoiaria, ela tinha certeza. As chaves da moto de Robert brilhavam sobre a mesa. Ela as agarrou. — Volta aqui, Alexia! — O grito de sua mãe ecoou, mas ela já estava na rua, montando na moto que Robert a ensinou a pilotar às escondidas. Alexia acelerou, a velocidade um reflexo de sua pressa. A chuva começou a desabar, grossa e impiedosa. Ela acelerou ainda mais. Um farol surgiu na escuridão, ofuscante. Uma pancada brutal a atingiu, e a moto derrapou no asfalto molhado. O mundo girou em escuridão. A notícia da gravidez de Alexia com o filho daquele "subalterno" encheu Celina de uma fúria fria. Ela jamais permitiria aquela união e cuidaria para que a criança nunca tivesse um pai. Ela mandaria Alexia de volta ao Brasil, para longe daquele verme, que para ela, jamais saberia do filho. — Estou preocupada com a Alexia — Giovanna disse, apreensiva. — Essa tempestade caiu de repente e ela saiu de moto. — A culpa é sua, e sua má influência — Celina explodiu. — Grávida de um marginal! — Você é louca, preconceituosa e cruel. Espero que Alexia encontre Matteo e fuja para bem longe de você! — Saia da minha casa agora! — Celina ordenou. O toque do telefone cortou o silêncio, trazendo a notícia que ela temia: Alexia sofreu um acidente. Celina correu para o hospital. O médico, com um semblante sombrio, a informou sobre o estado grave de Alexia. Sem capacete, o impacto na cabeça foi violento, deixando-a inconsciente. — E o feto? — Celina perguntou. — Infelizmente, não resistiu — o médico respondeu. — Devido às circunstâncias do acidente e do aborto, sinto dizer, mas a Alexia não poderá mais ter filhos. As lágrimas vieram, amargas e dolorosas. Apesar de ser filho daquele indigente, era seu neto. E agora, Alexia não poderia mais ser mãe. Oito dias se passaram e Alexia permaneceu na escuridão. Ela estava melhor fisicamente, mas um vazio sombrio pairava sobre ela: a amnésia. Ela não se lembrava de nada, da gravidez, de Matteo, de sua mãe. Toda a sua vida foi apagada. Lentamente, com paciência e manipulação, ela começou a aceitar que Celina era sua mãe. — Mas por que não me lembro de nada? — ela perguntou. — Você perdeu a memória, querida. É normal depois de um trauma desses. — Dona Celina — Alexia a chamou pelo nome e não de mãe. — Uma enfermeira me disse que eu estava grávida, é verdade? — Sim, filha. — Então eu namorava? — NÃO! — A resposta de Celina foi áspera. — Mas como engravidei se não namorava? Não me diga que eu era uma vadia? — Não, meu amor. Você se envolveu com um marginal. Ele te iludiu e te abandonou assim que soube da gravidez. — Não acredito. Não quero saber desse homem. Por culpa dele perdi meu filho e não posso mais engravidar. Celina havia mentido, mas para ela, era o melhor para a filha. Ela a convenceu a ir morar com o pai no Brasil, inventando ameaças do "marginal". — Mas eu não me lembro do meu pai, assim como não me lembro de você — a confusão nos olhos de Alexia era palpável. — Você logo se acostuma, querida. Será melhor. Seu ex pode te fazer mal. É mais seguro ir embora da Itália. — Você tem razão — a aceitação em sua voz cortou o coração de Celina, mas ela se manteve firme. Celina faria qualquer coisa para manter a filha longe daquele bastardo. Ela não revelou a ninguém sobre o acidente, a amnésia, a gravidez ou o aborto. Planejou a partida de Alexia em segredo. Dias depois, Alexia recebeu alta. As malas já estavam no carro. Celina não permitiu despedidas, já que a filha nem sequer se lembrava de suas amigas. Chegou a hora. Celina abraçou sua filha, as lágrimas frias escorrendo pelo seu rosto. Matteo sentia uma saudade imensa de Alexia. Quatro semanas naquele fim de mundo, sem sinal, sem sua voz, sem o som de sua risada, foram uma tortura. Ele mal podia esperar para matá-la de abraços e beijos. Quando chegou em casa, abraçou sua mãe, Suzana, com carinho. Os irmãos mais novos, Artturo e Vittorio, vieram correndo ao seu encontro. — Saudades de todos vocês pirralhos. Trouxe presentes! — ele exclamou. — Meu filho, que saudades — Suzana disse, com os olhos marejados, mas com um tom de preocupação. — Aconteceu algo, mãe? Você parece abatida — ele perguntou, pressentindo algo ruim. — A minha menina Alexia, ela foi embora e nem se despediu — Suzana respondeu, a voz embargada. — Alexia foi embora? — A incredulidade o atingiu como um soco. — Ora, ora, o pentelho voltou — resmungou a voz gélida de Celina, parada na porta da cozinha. — Senhorita Alexia para você, moleque. E respondendo à sua pergunta, ela foi morar com o pai no Brasil. Ela não quis mais saber de você — Celina disse com um sorriso cruel e sádico. O mundo desabou. Alexia o abandonou? Sem um adeus, sem uma mensagem, sem uma explicação. A dor da perda era cortante. Ele ligou para o número dela inúmeras vezes. O telefone estava desligado. O silêncio frio confirmava que ela não queria ser encontrada. Ele também não teve notícias de Giovanna, que teve que viajar por um problema familiar. Até que um dia, onde já havia perdido as esperanças, uma mensagem chegou do número de Alexia. Seu coração acelerou e a esperança retornou. Mas o choque do que estava escrito o paralisou e cortou seu coração em mil pedaços. *Matteo, eu peço para não me ligar mais, acabou. Estou vivendo minha vida e espero que viva a sua. Eu descobri que não te amo, então apenas me esqueça.*MATTEO MANCINI O ar na sala ficou pesado, quase irrespirável. Os olhos de todos estavam fixos em Giovanna, aguardando a próxima revelação, a respiração suspensa. Ela olhou para Alexia, um misto de tristeza e raiva no olhar, e então para mim, uma compreensão silenciosa passando entre nós. O momento da verdade. — O marginal era você, Matteo — Giovanna revelou, a voz grave, carregada de uma dor profunda em suas palavras, mas também de uma convicção inabalável, como se estivesse desabafando um segredo pesado. — A Celina nunca gostou do Matteo por ele ser filho da empregada. Sempre fez de tudo para separá-los. Ela te via como uma ameaça à sua imagem, ao seu status social, ao futuro que ela planejava para você. Ela fez um inferno na vida de vocês, Alexia, desde o começo, desde o dia em que o Matteo pisou naquela casa. Um silêncio pesado caiu sobre a sala, tão denso que se podia ouvir o próprio coração batendo, ou talvez fosse apenas o meu. A verdade se revelava com uma crueldade assusta
MATTEO MANCINI Giovanna estava ao seu lado, o rosto marcado pela apreensão, a raiva inicial completamente substituída por uma preocupação genuína por sua amiga, acariciando suavemente seu cabelo, um gesto de carinho que falava mais do que qualquer palavra. — Amiga, você está bem? — Giovanna perguntou, a voz suave, um contraste gritante com a fúria de minutos antes. Alexia olhou ao redor, o olhar perdido, buscando um ponto de ancoragem na realidade, seus olhos parando em mim por um instante, antes de desviar para Giovanna. Havia um lampejo de algo em seu olhar, uma centelha de reconhecimento ou talvez apenas o reflexo do meu próprio desespero. — Isso não foi um sonho, você realmente me conheceu antes? — Sua voz era fraca, embargada pela confusão e pelo resquício do desmaio. — Claro, somos amigas desde que você veio do Brasil, antes mesmo de você conhecer o Matteo. A gente fazia tudo juntas, a gente dividia segredos, sonhos. Eu te conheço melhor que a palma da minha mão, mas você
MATTEO MANCINI Minha cabeça doía com a tentativa de encaixar as peças de um quebra-cabeça com várias peças faltando. Onde estava essa criança? Por que ela nunca mencionou? Por que, em todos os dias que passamos juntos na mesma casa, essa informação crucial nunca veio à tona? A verdade era um abismo se abrindo sob meus pés. — Como você sabe do meu filho? — A voz de Alexia vacilou, um sussurro quase inaudível, a confusão dando lugar a um pálido terror que tomou conta de seu rosto. Seus olhos, antes confusos, agora refletiam um desespero indisfarçável, uma nova camada de mistério se formando em torno dela, uma camada que parecia se aprofundar a cada segundo. O terror em seus olhos era algo que eu nunca tinha visto, uma vulnerabilidade que me partiu o coração. — Alexia, você está bem? Esqueceu que eu estava com você quando descobriu a gravidez? Fui a primeira a saber, fui eu quem te deu o teste! — Giovanna insistiu, a indignação em sua voz agora misturada com uma crescente preocupação
MATTEO MANCINI A figura correu em minha direção, envolvendo-me em um abraço apertado que me pegou completamente desprevenido. — Ah Matteo. Que saudades! — Giovanna exclamou, sua voz carregada de uma familiaridade que me transportou para outra época. Giovanna, uma velha amiga, daquelas que a escola une para sempre, cuja lealdade era inquestionável. — Gio, quando chegou? Vai ficar até quando? — As perguntas jorraram de meus lábios, uma torrente incontrolável, a surpresa tingida de uma alegria hesitante que tentava se sobrepor à confusão. Eu a segurei pelos ombros, afastando-a um pouco para poder fitá-la, meus olhos percorrendo o rosto dela em busca de respostas, de familiaridade, de um elo com o passado que parecia cada vez mais distante e embaçado. A última vez que a vi, oito anos atrás, ela era uma jovem de dezoito anos, com o cabelo colorido e um sorriso rebelde. Agora, ali estava ela, mais madura, porém com o mesmo brilho nos olhos. — Cheguei ontem Matteo, voltei para ficar.
MATTEO MANCINI Em casa, a dinâmica era diferente. Embora Alexia mantivesse uma certa distância de mim, ela tinha se integrado bem com meus irmãos e com Bento e Dudu. À noite, depois do jantar, muitas vezes nos encontrávamos na sala de estar. Vittorio e Artturo, apesar de suas personalidades opostas, sempre encontrava algo para discutir, geralmente filmes, músicas. Alexia, para minha surpresa, participava ativamente, expressando opiniões fortes e até mesmo provocando-os com seu senso de humor sagaz. Dudu, o centro das atenções, com sua energia contagiante, criava um ambiente leve e divertido. Ele contava piadas, fazia imitações, e Alexia ria com uma facilidade que eu raramente via. Bento, como sempre, era a voz da razão, o mediador silencioso, observando tudo com um olhar divertido e por vezes, um tanto analítico. Eu, por outro lado, sentia-me um estranho em meu próprio lar. Sentava-me na minha poltrona preferida, fingindo ler um relatório da empresa, mas na verdade, meus ouvidos esta
MATTEO MANCINI O sol de Milão, antes um brilho convidativo, agora parecia um holofote implacável sobre a farsa que eu vivia. Cada amanhecer trazia a mesma rotina dolorosa. Acordar ao lado de Alexia na minha cama era uma tortura silenciosa. A proximidade era uma ilusão cruel, pois embora estivéssemos a centímetros de distância, um oceano de silêncio e mentiras nos separava. Eu sentia o calor sutil que emanava de seu corpo adormecido, o cheiro de seu shampoo recém-lavado que se aninhou no travesseiro ao lado do meu, e a cada respiração dela, uma pontada de desejo reprimido me atravessava. Era uma prisão fria de uma luxúria que não podia ser saciada, uma frustração que me corroía por dentro. Nossas mãos, por vezes, se roçavam acidentalmente ao pegar um copo na cozinha ou ao passar um pelo outro no corredor estreito. Cada toque, por mais inocente que fosse, era um lembrete doloroso do abismo que se abria entre nós, um abismo cavado pelas próprias mãos que ajudaram a erguer aquela mentir





Último capítulo