ALEXIA DINIZ
A tela do meu celular se tornou uma janela para um inferno particular. A cada atualização, uma nova onda de julgamentos e acusações desabava sobre mim, impulsionada pela narrativa cuidadosamente construída por Daniela e pela voracidade da multidão virtual por um bode expiatório. O linchamento nas redes sociais era brutal, impiedoso, e a cada dia eu me sentia mais isolada e incompreendida.
Daniela, a rainha da autopromoção, surfava na onda da simpatia, alimentando a imagem da mãe forte e resiliente. Suas postagens eram iscas perfeitas, atraindo comentários de apoio e validação, enquanto eu era sistematicamente desconstruída, transformada na namorada amargurada e egoísta que não conseguia "superar" e "apoiar".
Meus seguidores pareciam ter virado a casaca, seduzidos pela simplicidade da narrativa de Daniela. Eles destilavam ódio e julgamento com uma convicção assustadora, sem conhecer a profundidade da minha dor, o trauma da minha perda, a complexidade da nossa relação.