Mundo de ficçãoIniciar sessãoApós ser abandonada pelo namorado no dia do aniversário, Chloe encontra consolo nos braços da última pessoa que deveria: Ruan, o noivo rejeitado de sua meia-irmã, Megan. Uma noite impulsiva muda o destino de todos. Quando Megan foge e a família rejeita Chloe, ela é empurrada para o papel de noiva substituta — com uma madrasta cruel, um pai implacável e um casamento construído sobre os escombros de uma escolha impensada. Dois anos depois, com a morte do pai e o retorno inesperado de Megan, o passado volta a bater à porta. Ruan, confuso e ainda preso ao amor antigo, pede o divórcio… mas descobre que o tempo ao lado de Chloe plantou raízes mais profundas do que imaginava. Agora, ele precisa enfrentar uma verdade desconcertante: e se o amor que ele procurava sempre esteve com a mulher que ele nunca quis amar?
Ler maisO sol da manhã filtrava-se pelas cortinas brancas, tingindo o quarto com tons dourados e pálidos. Ainda assim, o calor de Phoenix em pleno outubro era sufocante, ondas secas que grudavam na pele antes mesmo do meio-dia. Chloe se levantara cedo, como sempre, para preparar o café da manhã de três pessoas. Mas, naquele dia, o peso da rotina parecia mais leve.
Era como se todos os anos anteriores tivessem sido ensaio. Naquele dia, ela sentia que estava pronta para viver o papel principal da sua própria vida.
Chloe era apaixonada pelo seu namorado, desde que o conheceu no colegial, há cinco anos. Um ano depois, eles já estavam namorando e fazendo planos próximos. Leônidas sempre dizia que, quando Chloe completasse vinte anos, ele a pediria em casamento.
E ali estava ela, seus vinte anos haviam chegado.
Esse pensamento a fez sorrir. Ela girou os pés, deslizando pelo chão frio enquanto sorria e dançava na cozinha vazia.
— Está tão feliz hoje – Josephine entrou na cozinha, encarando-a com estranheza –, algum evento importante?
— Eu me sinto… mais madura hoje – ela disse, mas Josephine arqueou as sobrancelhas, indiferente –, por que a Megan ainda não se levantou?
— A Megan não está em casa – Chloe parou o que estava fazendo e olhou para a madrasta –, está envolvida com os preparativos do casamento.
— Ah, claro – Chloe havia até esquecido que Megan se casaria no dia seguinte.
Ninguém parecia se lembrar de que era o aniversário dela. Todos envolvidos nos seus próprios problemas. Chloe não esperava nada da madrasta, mas sua meia-irmã deveria estar presente para parabenizá-la.
A mãe de Chloe morreu há quase uma década. Dois anos depois, seu pai se casara com Josephine. Desde então, ela e Megan, sua nova meia-irmã, cresceram como amigas, confidentes e irmãs de verdade, apesar da ausência de laços de sangue.
— Por que está demorando tanto para servir o meu café? – A impaciência de Josephine estourou em seus ouvidos.
Tentando disfarçar a frustração, Chloe arrumou a mesa, serviu a madrasta e saiu da cozinha. O coração acelerou quando pegou o celular, nenhuma notificação.
Nenhuma mensagem parabenizando-a pelo seu dia. Então, o aparelho vibrou. Uma mensagem de Leônidas:
— Vamos jantar hoje à noite? Me encontre em minha casa.
Chloe sorriu. Talvez aquele fosse o momento. Talvez ele realmente fosse pedi-la em casamento.
O dia se arrastou lentamente quando a noite finalmente chegou. Chloe nunca imaginou que passaria seu aniversário tão solitária, trancada em casa e completamente sozinha, sem que ninguém sequer se lembrasse dela.
Subiu as escadas em silêncio, pegou sua bolsa e saiu de casa. Ela mal podia esperar para receber seu presente de aniversário. Vinte minutos depois, ela estava na casa dele.
Querendo surpreendê-lo, ela abriu a porta com a chave extra que ele mesmo havia dado a ela, mas seu sorriso desapareceu assim que ela entrou na casa. Não havia velas. Nem flores. Nem música.
Leônidas estava sentado no sofá e não havia nenhuma mesa posta para um suposto jantar romântico. Quando ele a viu entrar, se colocou de pé e a encarou. Sua expressão ilegível.
— Acho que devemos terminar – ele disse isso tão rápido que ela mal conseguiu respirar.
— O que você disse? – Ela piscou, sua voz saindo como um sussurro. – Isso é uma brincadeira?
Ele a olhou do outro lado da sala, exalando bruscamente. Chloe pensou que Leônidas estava dizendo aquilo apenas para assustá-la. Ninguém jogava três anos de namoro fora sem qualquer motivo.
— Eu não estou brincando – seu tom era afiado. – Eu deveria ter feito isso antes. Eu lamento, Chloe.
— Você lembra que dia é hoje? – Ela olhou em volta, sua voz subindo de tom ligeiramente. – Lembra o que disse que faria quando eu completasse vinte anos?
Leônidas não lembrava, como ninguém havia se lembrado do seu aniversário. Ele a encarou confuso e silencioso, puxando na memória as palavras dela. Ficou em silêncio por alguns segundos e, quando ela percebeu que ele não lembraria de nada, continuou.
— Eu achei que me pediria em casamento hoje – desorientada, ela continuou dizendo enquanto suas lágrimas embaçavam sua visão –, mas eu não quero que se sinta pressionado.
— Eu nunca quis pedi-la em casamento – suas palavras foram como t***s em seu rosto. – Se eu a amasse de verdade, não acha que eu me casaria com você antes?
Chloe parou de respirar. Ouvi-lo dizer essas coisas fez seu mundo desmoronar. Havia dedicado três anos da sua vida ao único homem que amou para vê-lo ir embora sem qualquer explicação.
— Ainda podemos fazer isso funcionar – ela se antecipou na esperança de reverter a situação.
— Não podemos, porque eu não quero mudar nada – ele respondeu friamente, dando um passo para longe dela. – Deixe a chave sobre a mesa quando partir.
Leônidas virou as costas e entrou no quarto, fechando a porta. Chloe ficou olhando para a cena paralisada. Abriu a boca para dizer qualquer coisa, mas falhou em todas as suas tentativas. Deveria exigir uma explicação, mas depois de não conseguir mais pensar, ela se arrastou para fora, deixando as chaves sobre a mesa, suas mãos trêmulas abrindo a maçaneta antes de finalmente sair.
Nada daquilo fazia sentido, mas ela não quis encontrar razões por nenhum motivo. O ar seco de Phoenix queimava seus olhos e sua garganta, nem mesmo as lágrimas ajudavam a amenizar os efeitos. Ela andou por horas sem rumo e pensou em voltar para casa, até que seu telefone finalmente mostrou uma notificação nova. Ao olhar para a tela do celular na esperança de que fosse Leônidas, arrependido, ficou surpresa com a mensagem recebida:
— Por favor, Chloe, preciso da sua ajuda. Estou no bar em que conheci a Megan.
Ela suspirou decepcionada antes de bloquear o aparelho e enfiá-lo na bolsa. Caminhou mais alguns metros até finalmente entrar no bar tão badalado. Rompendo a multidão entre rostos desconhecidos, ela encontrou um que conhecia bem.
No balcão em frente ao bar, ela encontrou Ruan, seu cunhado.
Dirigindo no entardecer de Phoenix, os pensamentos de Chloe fervilhavam com a missão que havia aceitado. Ela não temia Megan, nem mesmo sentia aversão por se envolver na podridão daquela família; queria somente pôr um fim nisso e se livrar de Josephine para sempre. Ruan ainda era o pai de seu filho, e a ameaça de um agressor misterioso pairando sobre ele era, indiretamente, uma ameaça ao mundo de Christopher.Em menos de vinte minutos, ela parou o automóvel em frente a uma residência dolorosamente familiar: sua antiga casa, o lar onde Josephine agora vivia.Era uma construção vitoriana imponente, com uma varanda envolta em hera e janelas grandes que costumavam inundar a sala de estar com a luz da tarde. Ao desligar o motor, as memórias a atingiram como a primeira onda de um maremoto.Naquele lugar, ela havia sido, por um tempo, verdadeiramente feliz. As lembranças da infância, dos risos com sua mãe no jardim florido, eram doces e puras. Mas tudo havia desmoronado após a morte repentin
O silêncio no quarto era perturbador. Não havia mais Megan esmurrando a porta, ou gritando histérica para que Chloe a deixasse entrar. Ruan estava exausto e machucado, mas nenhuma ferida parecia mais dolorosa do que aquela que ele sentia em seu coração.Chloe permanecia de pé, a uma distância segura da cama, as mãos cruzadas sobre o peito. Ela havia contido as lágrimas, mas a dor que viu no rosto dele era algo incomum em anos de casamento, reabrindo velhas feridas. Ela forçou a voz a sair fria, prática.— O que a Megan tem a ver com os seus machucados? — Ela não conseguiu evitar a pontada de amargura. Inclinou-se para olhá-lo melhor, mantendo uma distância segura do seu velho e atual amor. — Se desistiu de me contar, eu realmente preciso ir.Ruan tentou se mover na cama, e a dor o fez gemer levemente. A culpa o atingiu, uma onda fria e repentina. Olhando para Chloe — a mulher forte que ele havia dispensado de forma tão covarde após o retorno de Megan —, ele percebeu o quão injusto hav
Chloe mal teve tempo de deslizar o trinco da porta do quarto de hospital antes que a tempestade se iniciasse. O clique metálico da fechadura foi engolido instantaneamente pela explosão de fúria do lado de fora.— Abra essa porta, Chloe! Agora! — O grito de Megan, cru e carregado de fúria, parecia querer rasgar a madeira.Um baque alto, seguido por outro e mais outro, ecoou pelo quarto. Megan esmurrava a porta de madeira sem se importar se estava em um hospital, a cada golpe reafirmando sua presença destrutiva e cruel. A violência súbita fez Ruan se mover na cama, um gemido rouco escapando de seus lábios rachados. Ele despertou de um sono agitado e medicado, piscando sob a luz difusa do quarto.Chloe manteve-se de costas para ele por um momento, a mão ainda apoiada no trinco frio. A porta estava trancada, mas ela sentia que Megan a derrubaria a qualquer momento. Ela respirou fundo, tentando esmagar a onda de pânico que subia pela garganta.Era o mesmo som, a mesma sensação ruim que hav
Chloe observava Christopher fazer a atividade da escola sem interrompê-lo, pensando em como seria ruim tirá-lo do colégio agora que ele já estava se adaptando e conquistando novos amigos. Ela esfregou o rosto, impaciente. A ansiedade dominava seu coração. Chloe sentia o ar fugindo dos seus pulmões quando os problemas atuais ressurgiam.Como ela manteria Christopher em segurança com Megan e Josephine tão próximas?Ouviu quando a porta da frente abriu e Grace entrou, interrompendo a concentração de Christopher. Ela o abraçou como se não o visse há muito tempo e encheu o garoto de perguntas. Chris contava com empolgação o que fazia na escola, dando a Chloe a sensação de que ela não podia interromper esse momento na vida dele.Chloe precisava arrumar outra maneira de manter Chris em segurança.Quando Grace se aproximou dela, Chloe estava mais agitada do que antes. Forçou um sorriso para cumprimentá-la, mas Grace continuou observando Chloe, sabendo que tinha algo de errado.— O que acontec
Megan entrou no quarto, o coração batendo forte contra as costelas. A pergunta de Ruan havia sido incomum, revelando seus medos rapidamente e não lhe dando tempo suficiente para se defender.As notícias em Phoenix corriam rápido, mas ela não esperava que Ruan soubesse que Samantha estava de volta. E podia até desconfiar de quem havia contado a ele sobre a suposta amizade.Desde o dia em que ajudara sua mãe a sair da prisão, Ruan vinha agindo de forma estranha — sempre desconfiado —, mas ela não podia contar a verdade. Megan queria enterrar o passado para que ninguém descobrisse o que realmente aconteceu.Com as mãos trêmulas, ligou para Josephine. Ela não atendeu na primeira vez, fazendo sua ansiedade aumentar desproporcionalmente. Megan esfregou o rosto, o grito preso na garganta, sem saber ao certo o que fazer.Quando voltou a Phoenix, ela queria recomeçar a vida. Aproveitou a morte de Felix como o motivo perfeito para fugir de sua antiga existência. Não estava disposta a deixar nad
Ruan viu o exato momento em que Elijah chegou à casa de Chloe trazendo Christopher e depois entrou na casa, ficando na residência por vários minutos.Seu sangue ferveu dentro de suas veias. Ele havia saído de casa naquele fim de manhã na intenção de buscar Christopher e levá-lo para casa quando viu Elijah levando o menino. Ele seguiu o veículo, desceu e ficou escondido atrás de uma árvore, por horas.O calor em Phoenix era insuportável, mas nem as gotas de suor que caíam do seu rosto eram suficientes para fazê-lo desistir.Ele ignorou o cansaço e a ideia de estar vigiando sua ex-mulher quando podia estar no trabalho se preparando para o futuro ao lado de Megan, que era a mulher que ele realmente amava.Mas seus olhos continuavam vidrados na entrada da casa enquanto milhões de coisas passavam em sua mente. O que Chloe estaria fazendo com Elijah?O celular vibrou no bolso da jaqueta, ele ignorou qualquer chamado, pois estava decidido a caminhar até lá, bater na porta e pegar Chloe comet










Último capítulo