MATTEO MANCINI Era ela. Oito anos haviam se passado, mas a imagem de seu rosto permanecia gravada a ferro e fogo em minha memória, intocada pelo tempo. Ela estava ainda mais deslumbrante do que na última vez que a vi, uma década atrás, com uma beleza que desafiava a própria realidade. Os traços mais maduros, o cabelo esvoaçante como uma cascata de fogo, e os olhos, os mesmos olhos que me assombravam em sonhos e pesadelos, os mesmos olhos que um dia eu jurei nunca mais ver. Ela sorriu, um cumprimento formal, tão distante e profissional que parecia que éramos completos estranhos, como se nunca tivéssemos compartilhado um passado, um fio invisível de conexão que só eu conseguia sentir. A imagem dela, deitada na grama do jardim da casa grande, sob o sol da tarde, com os cabelos cor de cobre espalhados, invadiu minha mente. Eu, um garoto de dezesseis anos, filho da empregada, estava ali para ajudá-la com o dever de casa de matemática, algo que ela, a princesa da casa, parecia ter di
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