ALEXIA DINIZ
A maquiagem estava impecável, meus olhos realçados por um delineado preciso, e meus cabelos cor de cobre, um verdadeiro espetáculo à parte, brilhavam em perfeita harmonia com o tom da minha pele. Aqui na Itália, minhas curvas brasileiras e a tonalidade vibrante dos meus cabelos atraíam olhares curiosos, e o mais importante, incontáveis propostas de trabalho. Eu era uma novidade, uma explosão de cor e vida no cenário europeu. Sou imensamente grata pela abundância de oportunidades que a vida me oferecia agora, um bálsamo para o vazio de minha memória. Cada trabalho era uma chance de me reafirmar, de construir a Lexie que eu era hoje. Terminamos a sessão de fotos. As luzes ofuscantes dos flashes haviam cessado, e a adrenalina começava a dar lugar ao cansaço. Fui chamada à sala do CEO, curiosamente, eu ainda não o conhecia pessoalmente. Suas viagens constantes o mantinham distante, e meu contrato, cada detalhe minucioso, havia sido tratado por seu advogado, e o gerente de relações públicas, meus principais contatos na empresa até então. Mas hoje, o grande chefe finalmente havia retornado e desejava um encontro pessoal. Uma pontada de curiosidade e um leve nervosismo me invadiram. Era a primeira vez que me sentaria frente a frente com o homem que comandava aquele império. No corredor, cruzei com Vittorio, o fotógrafo oficial da empresa, um homem de beleza estonteante e sorriso cativante. — Você estava deslumbrante hoje nas fotos, Lexie — elogiou Vittorio, enquanto passávamos um pelo outro no corredor. Seus olhos castanhos brilhavam com um misto de admiração e algo mais. — Obrigada, Vittorio. Tente não exagerar no Photoshop, por favor — brinquei, revirando os olhos com um leve sorriso. — Photoshop, para quê? Sua beleza natural é radiante. Seria um crime adulterá-la — ele respondeu, com aquele seu sorriso de canto de boca que me desarmava um pouco. — Está flertando comigo de novo, Vittorio? — perguntei, levantando uma sobrancelha, um leve toque de diversão em minha voz. — E se eu estivesse, teria alguma chance desta vez? — ele insistiu, com um charme inegável em seu olhar. — Não, Vittorio. Sinto muito — respondi, de forma direta, mas gentil, mantendo minha postura profissional e minhas convicções. A regra era clara: sem envolvimentos com colegas de trabalho. — Que pena Lexie, você é cruel — ele disse, com um suspiro dramático, um toque de desilusão em sua voz. — Prefiro evitar envolvimentos com colegas de trabalho. — justifiquei, sem entrar em detalhes. — Uma pena, para mim, claro — ele resmungou, com um leve toque de desilusão genuína em sua voz. Vittorio era inegavelmente charmoso, um dos três irmãos Mancini. Além dele, havia o elegante advogado Artturo e o próprio CEO, Matteo. Três homens incrivelmente atraentes, cada um com sua própria aura de poder e mistério. Mas a regra de não me envolver com colegas era inegociável para mim. Era uma barreira que eu não podia e não queria cruzar, uma forma de proteger meu coração e minha carreira. Afastando-me de Vittorio, encontrei Dudu não muito longe, seus olhos fixos no fotógrafo com uma admiração divertida e um pouco de cobiça. — Amiga, juro que não sei como você resiste aquele deus grego. Ele é um pecado ambulante! — Dudu exclamou, com um brilho nos olhos que eu conhecia bem. Ele era meu porto seguro, mas também meu melhor amigo para fofocas e observações. — Confesso que é uma tortura. Mas você sabe o que passei. Aquilo me deixou marcada — murmurei, a cautela falando mais alto que qualquer atração. Há alguns anos, me envolvi com o diretor de marketing de uma empresa que trabalhei, e isso me custou minha paz. Lúcio Cavalcanti era completamente louco e ciumento, e quando dei um basta na relação, ele simplesmente sujou meu nome na empresa, fui difamada e perdi diversos trabalhos. Foi difícil fazer ele largar do meu pé. — Nem todos são iguais, Lexie. Existem homens bons por aí — ponderou Eduardo, com um tom mais sério. Ele sempre tentava me encorajar a me abrir mais para a vida, para o amor. — Eu sei, querido. Mas por enquanto, prefiro a segurança da distância. É mais fácil assim — respondi, um pouco melancólica, a cautela falando mais alto que qualquer atração. — Mas que Vittorio é uma tentação, isso é inegável — ele brincou, voltando ao seu bom humor, dissipando a nuvem de melancolia que pairava sobre nós. — Sem dúvidas. Mas agora preciso ir ver o chefe. Ele chegou de viagem e marcou uma reunião comigo. Daqui a pouco te conto tudo — disse, despedindo-me e seguindo em direção ao escritório do CEO, meu coração batendo um pouco mais forte. A curiosidade e a ansiedade eram palpáveis. Ao entrar no escritório do CEO, encontrei Bento, o relações públicas da empresa, e Artturo, o advogado, já sentados, aguardando. O ambiente era de profissionalismo e expectativa. — Boa tarde, Lexie. Como tem passado? — cumprimentou Artturo com um sorriso caloroso e genuíno, sua voz transmitindo uma familiaridade confortável que me acalmou um pouco. Ele era sempre tão gentil. — Estou bem, Artturo. É um prazer reencontrá-lo — respondi, educadamente. — Oi, Lexie. Tudo bem com a adaptação? Espero que esteja gostando da empresa — perguntou Bento, com seu jeito sempre acolhedor e simpático, um contraste bem-vindo com a tensão que a espera pelo CEO gerava. — Sim, estou adorando a empresa e o país. Tem sido tudo maravilhoso — afirmei, com sinceridade, grata pelas novas oportunidades que surgiam em minha vida. Cada dia era uma descoberta. — Seu trabalho é um sucesso absoluto. Matteo está ansioso para parabenizá-la pessoalmente — completou Bento, com um entusiasmo que só ele tinha, aumentando minha expectativa pelo encontro. Matteo Mancini. O nome ecoava na minha mente, dono de todo aquele império, um rosto visto apenas em fotos de revistas de negócios e sites de celebridades. Minha curiosidade aumentava a cada segundo, misturada a uma pontada de nervosismo. Eu me perguntava como seria a aura de um homem tão poderoso.