Um Marquês Impossível

Um Marquês ImpossívelPT

Romance
Última atualização: 2025-07-30
Evilyn Sá   Atualizado agora
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Índice

Londres, 1811. A senhorita Beatrice Fairweather tem três certezas na vida: O chá é a solução para quase tudo. Ela nunca vai se casar. O Marquês de Hensley é um cretino encantador - na pior ordem possível. Beatrice é espirituosa, adora ler romances escandalosos escondida dentro de tratados de botânica, e já recusou quatro propostas de casamento - uma delas no meio de um baile, em frente a toda a sociedade. Seu maior sonho? Tornar-se dona de uma pequena livraria (o que, para uma dama, é evidentemente um escândalo). Mas seu mundo vira de cabeça para baixo quando o Marquês de Hensley, um libertino notório e absolutamente insuportável, decide que precisa de uma esposa... para salvar sua reputação (e herança). E escolhe ninguém menos que Beatrice - não por amor, claro, mas porque ela é a única mulher que parece imune ao seu charme ridículo. Beatrice, escandalizada, recusa de imediato. Mas o marquês não é homem de desistir tão fácil - e decide que vai conquistar Beatrice com todas as armas que um cavalheiro do século XIX possui: poesia ruim, serenatas desafinadas, bilhetes dramáticos, jantares desastrosos, e uma avó intrometida que está do lado dele. Em meio a situações absurdas, visitas escandalosas, falas mordazes e uma guerra de provocações digna de um tratado, Beatrice começa a se perguntar se o tal marido impossível... talvez não seja assim tão impossível de amar.

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Capítulo 1

Capítulo I – A quinta recusa de Beatrice

Em que a senhorita Fairweather recusa sua quinta proposta de casamento — e acidentalmente destrói uma samambaia.

Londres, abril de 1811

Beatrice Fairweather estava entediada.

Era a terceira terça-feira do mês, o que significava que Lady Penelope organizava sua infame "Tarde das Senhoritas Dignas" — uma reunião absurdamente enfadonha, onde damas da sociedade competiam para ver quem bordava mais flores por polegada quadrada de tecido. A única coisa que Beatrice bordava, porém, era paciência.

— Senhorita Fairweather, diga-nos... — Lady Penelope interrompeu o silêncio com sua voz aguda. — O que pensa sobre as vantagens do casamento precoce?

Beatrice ergueu os olhos de seu bordado desastroso — que, com um pouco de boa vontade, poderia ser confundido com um pato deformado — e sorriu com toda a elegância de que era capaz.

— Acho que o casamento precoce deve ser evitado com a mesma prudência com que evitamos leite talhado. Ambos causam náusea, minha senhora.

Um silêncio escandalizado caiu sobre a sala, seguido de um pequeno engasgo vindo da senhorita Margareth, que tentou disfarçar com um gole de chá.

— Senhorita Fairweather...! — Lady Penelope ficou lívida.

— Perdão, minha língua escapuliu. Acontece com frequência — respondeu Beatrice, dando um gole em sua xícara. — Especialmente quando me perguntam tolices.

Era verdade que Beatrice possuía língua afiada e pouco talento para contenção verbal. Também era verdade que recusara quatro propostas de casamento — duas delas muito vantajosas, segundo sua mãe — e que sua reputação como "difícil" já circulava em mais salões do que ela mesma.

Mas a quinta proposta... ah, essa seria inesquecível.

Naquela mesma tarde, ao retornar à propriedade de sua tia-avó, onde estava hospedada durante a temporada social, Beatrice deu de cara com um buquê de rosas absurdamente vermelhas e um bilhete preso com um laço dourado.

"Senhorita Fairweather,

Sua beleza eclipsa até mesmo as tulipas do jardim de minha mãe. Aceitaria a honra de se tornar minha esposa?

Atenciosamente,

Algernon Dobbins, Barão de Westgate."

Beatrice piscou. Depois leu novamente. Depois ergueu o olhar para a criada que aguardava sua resposta.

— Ele me comparou a uma tulipa?

— Sim, senhorita — disse a criada, tentando não rir.

Beatrice suspirou e, com um gesto delicado, enfiou o bilhete dentro da samambaia do hall de entrada, onde ele ficou preso com perfeita ironia.

— Diga ao barão que... embora honrada, preciso recusar. Diga também que prefiro ser comparada a algo mais resistente. Como uma pedra. Ou uma mula.

Naquela noite, a história da quinta recusa de Beatrice já corria entre os salões, bailes e becos. Alguns a chamavam de insuportável. Outros, de imprestável. Um cavalheiro comentou que ela devia ter sido criada por lobos. Mas o que ninguém imaginava é que havia um certo homem — de reputação duvidosa, riso fácil e intenções questionáveis — que acabara de escutar sobre Beatrice Fairweather pela primeira vez... e ficara muito interessado.

E é claro que esse homem teria de ser justamente o mais impossível de todos.

Em que a senhorita Fairweather recusa sua quinta proposta de casamento — e acidentalmente destrói uma samambaia.

— Se continuar recusando cavalheiros desse jeito, logo dirão que é feita de pedra — murmurou sua prima Charlotte, observando o bilhete meio amassado enfiado entre as folhas da samambaia.

— Pois que digam — disse Beatrice, girando no calcanhar e se dirigindo à sala de leitura. — Pedras não se casam por obrigação.

Charlotte correu atrás, segurando as saias do vestido.

— Mas Algernon é gentil! E tem o queixo avantajado de um nobre!

— O queixo dele chega no salão antes do próprio corpo. Além disso, ele escreveu "tulipas" com dois "L's". Charlotte, eu seria infeliz e envergonhada. Não há chá que cure isso.

Charlotte, que não era conhecida por ser rápida com argumentos (nem com agulhas de costura), suspirou com pesar e desistiu. Beatrice, por sua vez, afundou-se em sua poltrona preferida, pegou um livro e, como de costume, abriu-o no meio — porque o começo raramente era interessante.

Foi nesse exato momento que o destino, entediado como ela, decidiu se entreter às custas da senhorita Fairweather.

— Lady Houghton! — anunciou o mordomo na porta. — Um mensageiro chegou. Diz estar a serviço do... Marquês de Hensley.

A senhora Houghton, tia-avó de Beatrice, largou seu bordado (uma almofada em formato de pato, por coincidência) e levantou-se com a mesma graça de uma jarra de cerâmica.

— O marquês? Ora, ora... isso é raro. Ele nunca aparece nesta parte respeitável de Londres.

— Quem é o Marquês de Hensley? — perguntou Beatrice, franzindo o cenho.

Charlotte respondeu com um brilho nos olhos.

— Apenas o mais charmoso libertino da temporada. Dizem que já foi expulso de três clubes por rir alto demais e seduzir noivas alheias. E também por usar calças muito apertadas.

Beatrice ergueu uma sobrancelha.

— Sedutor, barulhento e com gosto duvidoso em vestuário? Perfeito. Já posso detestá-lo sem conhecê-lo.

O tal mensageiro entrou, entregando um envelope com um brasão dourado. A senhorita Fairweather o pegou, relutante, e rompeu o lacre com cuidado.

Dentro, um bilhete escrito com letra inclinada e uma caligrafia absurdamente confiante:

"Senhorita Fairweather,

Informaram-me que a senhorita é uma especialista em recusar homens de bom nome e posição.

Estou curioso para saber o que fará com um homem como eu.

Aguardando sua recusa com grande expectativa,

Hensley."

Beatrice leu três vezes. Depois levantou-se da poltrona com um olhar fulminante.

— Quem, em nome de todas as samambaias que destruí, é esse homem?

Charlotte, sorrindo, respondeu:

— O próximo problema da sua vida.

E, embora Beatrice não soubesse, Charlotte estava absolutamente certa.

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Capítulo I – A quinta recusa de Beatrice
Capítulo II – Chá, bordados e boatos
Capítulo III – O libertino reaparece
Capítulo IV – Uma proposta indecente (e ridícula)
Capítulo V – Conversas inconvenientes no jardim
Capítulo VI - Um leque como arma
Capítulo VII - A reputação do Marquês
Capítulo VIII - A primeira tentativa de conquista
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