— Se nós dois estivéssemos em perigo, quem você acha que Jared salvaria primeiro? — Ela perguntou de repente. — O quê? Não tive oportunidade de processar suas palavras, pois, no instante seguinte, senti um empurrão nas costas e perdi o equilíbrio, escorregando pelos degraus até parar na base da escada. ***************** Arielle tinha tudo. Uma carreira de sucesso como chef talentosa e um casamento próspero com um bilionário. Embora seu marido fosse naturalmente reservado, ela acreditava que ele se importava profundamente com ela. Ela estava contente com o relacionamento e valorizava o que compartilhavam. Um dia antes do terceiro aniversário de casamento, ela descobriu que estava grávida, e isso a encheu de entusiasmo e esperança. Arielle ansiava por compartilhar essa notícia com o marido, certa de que isso traria mudanças positivas para a família e, talvez, até suavizasse o jeito reservado dele. No entanto, o destino tinha outros planos. Antes que pudesse revelar sua gravidez, uma figura inesperada do passado do marido surgiu, sua “velha amiga”. Enquanto essa recém-chegada se inseria em suas vidas, sem que Arielle soubesse, essa presença inesperada colocaria à prova tudo o que ela achava que sabia sobre seu casamento, seu marido e a si mesma.
Leer más(PONTO DE VISTA DE JARED)Era tudo o que eu conseguia pensar durante grande parte do dia. E eu temia que isso a incomodasse um pouco também. Não ajudava nem um pouco que ela tivesse construído um muro entre nós, me afastando sempre que tentava tocar no assunto. Claro, eu sabia que isso tinha a ver com o que acontecera na noite anterior – nossa aventura selvagem. Eu poderia até ter imaginado que ela estava chateada por causa das coisas que eu fiz no passado. Mas eu não me arrependia. Não mesmo.Mesmo no presente, enquanto eu dirigia o carro em direção ao laboratório, não conseguia apagar da memória os detalhes da noite anterior.Se ao menos ela tivesse deixado a gente conversar sobre isso, pensei frustrado, enquanto desligava o motor no estacionamento. Eu saí do prédio mais cedo, relutante, a pedido de Arielle. Por que ela não me deixou falar sobre isso desde o começo?Soltei um suspiro e levantei os olhos para a entrada. Por um breve momento, considerei a possibilidade de que ela não q
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)O procedimento começou com alguns testes preliminares – exames de sangue, raiosX e demais avaliações. Do outro lado da divisória de vidro, eu via o contorno de Jared andando de um lado para o outro, visivelmente ansioso. Uma pontada de culpa me atingiu ao lembrar da forma como o tratei mais cedo.— Precisamos colocar seu corpo em completo repouso para a parte principal deste procedimento, Srta. Meyers. Está pronta? — Perguntou Dra. Ellen com um sorriso acolhedor.Assenti, e ao voltar o olhar para o vidro, encontrei Jared me observando, os olhos cheios de preocupação genuína.— Pode me fazer um favor? — Pedi, sem pensar.— Qualquer coisa. — Respondeu Dr. Julian com gentileza.— Quero que todos que não sejam essenciais a este procedimento sejam dispensados imediatamente. Por favor. — Solicitei firme.Eles trocaram um breve olhar antes de concordar.— Claro. — Disse Ellen, dirigindose à porta.Pelo vidro, via cochichar algo no ouvido de Jared, cujo semblante se
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Despertei do sono. Senti o calor do corpo nu de Jared contra o meu e soube, sem margem de dúvida, que tudo o que acontecera na noite anterior era real, não fruto de um sonho. Em algum momento, Jared e eu fomos até a piscina de borda infinita e, mais tarde, fizemos amor à beira d’água. Devíamos ter deixado a porta entreaberta, pois a cortina transparente dançava ao sabor da brisa e o céu ainda se mantinha escuro, embora o amanhecer já se insinuasse no horizonte.Lentamente, A verdade sobre as minhas escolhas caiu sobre mim como um martelo no peito. Em meio a um turbilhão de emoções conflitantes, o arrependimento e a confusão sobressaíram. Ali estava eu, sem roupas na cama de Jared Smith, depois de todo o tempo que passara tentando me proteger. Senti raiva de mim mesma por permitir aquilo. Vireime devagar para o encarar. Ele ainda dormia, com o rosto relaxado num sorriso suave. A mão dele deslizou pelo meu braço e puxoume para mais perto. Fechei os olhos rapi
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)Algumas doses depois, o ambiente ao nosso redor se tornara mais leve. Ríamos de uma piada boba que ele fizera e, embora eu mal recordasse as palavras exatas, ri tanto que minhas entranhas latejavam de dor.— Acho que meus intestinos acabaram de explodir por dentro. — Brinquei. E nós caímos em outra rodada de risadas.Olhei ao redor com um fio de lucidez, a fim de confirmar que não incomodávamos os demais clientes.— Será que estamos muito barulhentos? — Sussurrei para Jared.— Hein? Você acha? — Ele replicou em voz alta, como se conversasse com quem estivesse na porta do bar.Então compreendi a situação.— Você está bêbado e muito engraçado. — Balanceei a cabeça, sorrindo.— Mas você também está bêbada. — Jared apontou, e nós gargalhamos de novo.Enquanto nossas risadas ecoavam, ele recuperou um resquício de sobriedade e se preparou para mais uma piada.— Sabe… quando estávamos lá na cúpula, né? Eu disse algo… Mas o que foi mesmo? Poxa, não consigo me lembra
(PONTO DE VISTA DE ARIELLE)O salão permaneceu em silêncio sepulcral, e cada olhar se fixava no casal cuja expressão irradiava gratidão solene. Senti-me tomada por um silêncio que me impedia de articular palavras, e as lágrimas escorriam quentes pelas minhas bochechas, carregadas de emoção e da esperança de que aquele procedimento deles me garantisse a cura que tanto ansiava.Talvez por ter concebido salvar o garoto apenas como um pensamento intrusivo, um gesto que pratiquei sem refletir profundamente ou cogitar qualquer benefício pessoal, tudo o que se apresentava diante de mim me envolvia numa sensação de profunda humildade.— Eu… não sei o que dizer. — Finalmente encontrei coragens para falar.Ellen sorriu com a expressão de quem conhecia a angústia de quase perder um filho. — Você não precisa dizer nada, Arielle. Só precisamos, é claro, do seu consentimento. Basta pronunciar as palavras. — A voz dela encerrou-se num sussurro de incerteza, como se ponderasse a hipótese de eu recusa
(ARIELLE POV)O resto do dia passou como um borrão indistinto de emoções. Jared voltou da ligação e passamos um tempo conversando, colocando o papo em dia sobre tudo, menos a cúpula que se aproximava. Liguei para minha mãe e para Maverick quando fui para o meu quarto, e o som da voz alegre do meu filho me encheu de tanto calor e amor.A felicidade dele era contagiante, e eu desejei mais do que tudo que a cúpula fosse um sucesso para que eu pudesse me recuperar e voltar a ser a mãe que eu queria ser para ele.Depois que Maverick foi dispensado, minha mãe tentou me dissuadir, sua voz cheia de preocupação.— Arielle, você tem certeza disso? Ainda não é tarde demais para mudar de ideia — implorou ela.— Mãe, minha decisão está tomada — insisti, com a voz firme, mas gentil. — Isso é algo que eu preciso fazer.— Mas os riscos… — ela começou, a voz sumindo.— Eu conheço os riscos — interrompi —, mas também conheço os possíveis resultados. Por favor, só confia em mim nisso. — E quando ela come
(ARIELLE POV)Acordei horas depois, sentindo-me muito melhor. O jet lag tinha passado e eu me sentia renovada. Sentei na cama, espreguicei os braços acima da cabeça e olhei para o relógio no criado-mudo. Era quase meio-dia, e lembrei que Jared havia mencionado o brunch.Balancei as pernas para fora da cama e fui até minha bolsa. Tirei um vestido confortável, fluido, num tom bege suave, e o vesti. Era perfeito para o clima quente da Alemanha. Peguei o celular e a bolsa, e saí do quarto.Assim que pisei no corredor, a porta do quarto de Jared se abriu. Ele estava lá, sorrindo, com a expressão leve e descansada também.— Oi — disse ele, animado. — Eu estava indo te chamar. Hora do brunch.— Que timing perfeito, hein? — respondi, sorrindo de volta. — Eu também ia te chamar agora.— Então vamos? — disse ele, fazendo um gesto com a mão.— Claro.Fomos conversando enquanto nos dirigíamos ao elevador.— Como você está se sentindo? — ele perguntou, observando meu rosto. — Conseguiu descansar be
ARIELLE POVSenti Jared congelar por um momento, e então relaxar, aceitando o abraço. Ficamos assim por alguns segundos, sem dizer uma palavra, apenas em uma comunicação silenciosa. Pouco depois, me afastei devagar, me sentindo muito melhor. Foi como um bálsamo que eu nem sabia que precisava.Sem dizer nada, peguei minha bolsa e caminhei à frente, com Jared logo atrás de mim. Assim que saímos do jato, o ar frio da manhã alemã me atingiu em cheio, fazendo um arrepio percorrer meu corpo. Estávamos aqui, e não havia mais volta.Olhei ao redor, absorvendo aquele ambiente estranho, e meus olhos se estreitaram quando o avistei. Ele era a última pessoa que eu esperava ver logo na chegada. Micheal.Ele estava ao lado do jato, obviamente nos esperando, os olhos fixos na entrada com expectativa.Franzi a testa e me virei brevemente para Jared.— O que ele está fazendo aqui? — perguntei, sem me preocupar em abaixar o tom de voz.Jared explicou rapidamente que Micheal tinha insistido em vir assim
Passei por cada poste, troquei um breve olhar com pessoas que trabalhavam secretamente para mim. Eram psicólogos treinados, os melhores em sua profissão, todos na minha folha de pagamento. O objetivo era criar a simulação de uma vida normal para Arielle, até os menores detalhes, para que ela não percebesse. Eu os havia contratado para serem meus olhos e monitorar secretamente as interações de Arielle com as pessoas, rastreando seu progresso mental e emocional. Havia facilmente mais de cem deles, misturados com o restante das pessoas comuns nesta pequena cidade, todos fazendo o que lhes fora instruído nas descrições de trabalho. Para manter o anonimato, eu os havia contratado individualmente para que nenhum psicólogo soubesse do outro, garantindo que seus resultados fossem imparciais e originais. Eles foram informados apenas de que poderiam não estar sozinhos no trabalho para evitar mal-entendidos em caso de encontro.Isso ia além da necessidade de espionar Arielle — que utilidade teria