— Se nós dois estivéssemos em perigo, quem você acha que Jared salvaria primeiro? — Ela perguntou de repente. — O quê? Não tive oportunidade de processar suas palavras, pois, no instante seguinte, senti um empurrão nas costas e perdi o equilíbrio, escorregando pelos degraus até parar na base da escada. ***************** Arielle tinha tudo. Uma carreira de sucesso como chef talentosa e um casamento próspero com um bilionário. Embora seu marido fosse naturalmente reservado, ela acreditava que ele se importava profundamente com ela. Ela estava contente com o relacionamento e valorizava o que compartilhavam. Um dia antes do terceiro aniversário de casamento, ela descobriu que estava grávida, e isso a encheu de entusiasmo e esperança. Arielle ansiava por compartilhar essa notícia com o marido, certa de que isso traria mudanças positivas para a família e, talvez, até suavizasse o jeito reservado dele. No entanto, o destino tinha outros planos. Antes que pudesse revelar sua gravidez, uma figura inesperada do passado do marido surgiu, sua “velha amiga”. Enquanto essa recém-chegada se inseria em suas vidas, sem que Arielle soubesse, essa presença inesperada colocaria à prova tudo o que ela achava que sabia sobre seu casamento, seu marido e a si mesma.
Ler mais(Ponto de Vista de Arielle)Quando voltamos para o restaurante, pedi licença para visitar Jared. Ele havia sido colocado sob supervisão rigorosa, diante das crescentes preocupações do médico com sua segurança. A recomendação se deu após um episódio alarmante: Jared colocou sabão líquido no sanduíche, achando que era geleia. Se eu não tivesse passado em casa para vê-lo, o acidente poderia ter sido fatal. Além disso, ele vinha demonstrando resistência em tomar os remédios.Ao chegar, encontrei a enfermeira em seu quarto.— Olá. — Ela sorriu ao se levantar da cadeira.— Não, você não precisa…— Eu precisava preparar o almoço dele de qualquer forma. Além disso, acho que um rosto familiar pode ajudar na memória dele. — Ela sorriu e saiu do quarto.Jared estava sentado em frente à cômoda, encarando atentamente um aquário dentro do qual um pequeno peixe dourado dançava pela água.— Que peixinho fofo. — Comentei ao me aproximar mais do quarto.No entanto, ele não se virou para me olhar. Quase
(Ponto de Vista de Arielle)Nas primeiras semanas da minha campanha de expansão, mergulhei em um turbilhão de compromissos. Entre visitas a bancos, pedidos de empréstimo e a espera por retornos, também fechei parcerias com grandes nomes do setor. Curiosamente, todos se mostravam receptivos assim que meu nome era mencionado, o que me levava a questionar se a mão de Dwayne não estava por trás daquela boa vontade.Em menos de quatro meses, a A&M já havia se expandido para dois novos estados, escolhendo não áreas quaisquer, mas precisamente as regiões mais movimentadas e caras.Com o fervor de uma devota, dediquei-me intensamente à coordenação dos projetos, às entrevistas de contratação e ao preparo da equipe por meio de treinamentos. E entreguei-me por completo ao trabalho, evitando qualquer intervalo, já que o repouso apenas me lançava de volta aos pensamentos que eu tentava evitar.Diante da nova propriedade adquirida para a construção de outra filial do restaurante, agendei uma visita
— Arielle, espere. — Implorei.Ela se virou por fim, o olhar desconfiado, quase temeroso. Era evidente que não sabia mais como me encarar e queria fugir daquela interação a todo custo. No entanto, mantive minha posição e não lhe dei chance de se afastar.O olhar que ela me lançou carregava uma dor tão profunda que senti meu coração se contrair em agonia. Por mais que eu tentasse, não conseguia encontrar alívio para a dor nem para a culpa que me consumia, atormentado pela certeza de que aquela expressão era o reflexo direto da minha traição, ainda que não tivesse sido premeditada.Logo, as palavras da vovó Jean ecoaram na minha mente, um lembrete assombroso do homem em que eu inadvertidamente me tornava: "Você é mais parecido com seu pai do que qualquer outra pessoa." Desde então, aquelas palavras me assombravam, aprisionado em profunda autorreflexão e conflito interno.Naquele momento, eu estava diante de Arielle, observando a mulher que eu amava permanecer silenciosa e composta, ainda
— Vamos. — Respondi, enquanto minha mente já se projetava à frente.Assim que o jato decolou, peguei o aparelho e comecei a rolar os e-mails, respondendo às mensagens urgentes e fazendo anotações mentais das tarefas que exigiriam atenção, conforme a prioridade. O império empresarial da família Smith era vasto e, certamente, não se administraria sozinho.Mas, apesar das demandas do meu papel, meus pensamentos se voltaram para Arielle e Maverick. Perguntei-me como estava o funeral e como eles estavam lidando com tudo aquilo. Sim, Jared estava lá, mas sua presença significava pouco ou nada, considerando seu estado, o que era ainda mais motivo para que eu estivesse presente, assumindo meu papel como figura masculina.Pensar em Arielle provocou uma dor aguda no peito, uma sensação constante que me acompanhava sempre que ela surgia em meus pensamentos. Desde o incidente, nosso vínculo havia sido profundamente abalado, reduzido a uma comunicação mínima, restrita aos preparativos do funeral da
(Ponto de Vista de Dwayne)Deixei a sala de conferências às pressas, enquanto meus passos firmes e apressados reverberavam pelo chão. A coletiva de imprensa havia se prolongado além do previsto, o que me deixara consideravelmente atrasado. Resmunguei alguns palavrões, irritado por ter sido retido mais do que o necessário pelos jornalistas. Naquele momento, tudo o que eu queria era não chegar tarde demais ao funeral da vovó Jean, na Inglaterra.Se a coletiva não fosse crucial, eu a teria ignorado como costumava fazer com outras questões triviais. Mas a situação era grave. Com a partida da vovó Jean, os ramos mais distantes da família Smith começaram a rondar a herança e as ações da empresa como abutres. A doença de Jared só alimentava ainda mais o clima de instabilidade, e os negócios da família estavam à beira do colapso.O último problema que precisávamos era uma disputa pública por poder. Com a pressão aumentando e a necessidade de alguém assumir o controle, eu não tive escolha senão
(Ponto de Vista de Arielle)Dias haviam se passado desde a partida da vovó Jean, e, embora a dor ainda persistisse, eu já havia superado o choque inicial e aceitado que ela realmente se fora para sempre. O mais doloroso, porém, foi perceber que não houve nenhum sinal, nenhuma doença que nos alertasse ou nos preparasse para sua partida. Simplesmente parecia que ela havia sido levada de nós de forma abrupta, sem qualquer aviso.Diante do estado em que Jared se encontrava, foi Dwayne quem assumiu o papel de nos manter informados. Atuou como nossos olhos e ouvidos, compartilhando cada detalhe, inclusive a causa da morte da vovó Jean, que, segundo ele, faleceu em paz, após ter a chance de ver o neto com a vida finalmente 'encaminhada'.Embora eu não soubesse ao certo se aquilo era verdade, considerando que meu casamento com Jared fora um desastre completo, não havia muito que eu pudesse fazer. Aquele não era o momento apropriado para questionamentos ou conflitos, afinal, a notícia já era pú
Último capítulo