Ela tem um sonho... se tornar escritora, viver sua vida como sempre sonhou. Depois de sair de São Paulo e morar com suas amigas em uma cidade pequena, a vida de Miranda... muda totalmente. Ali ela quer recomeçar, ser uma escritora de sucesso, mas algo assustador fica gravada em sua mente... um assassinato na cidade onde morava... aquilo fica gravado em sua mente. Em meio a isso, tenta focar em sua nova vida. Até que seu mundo se choca com... Ruan... um homem mais velho que ela, 28 anos. Se apresenta como escritor. Algo acontece. Ela acha ele estranho, misterioso e ao mesmo tempo, sexy. Fica curiosa em conhecê-lo, mas não descarta uma possibilidade... que ele... a deixa nervosa. O mundo dela virará do avesso, Miranda estará em um mundo novo, onde o perigo andará ao seu lado. Ao caminhar ela irá sentir que alguém está a seguindo, e ela se questiona se está louca ou não. Ela terá que descobrir se o perigo está a cercando. E se o homem que a cada dia está mais apaixonada pode ser seu grande amor... ou sua ruína.
Leer másMiranda Araújo.
O cheiro do ônibus ainda estava sob as minhas roupas, mesmo depois de descer do automóvel. A rodoviária estava um pouco barulhenta, não tinha tanta gente em comparação com a grande São Paulo, confesso que era novo para mim, estar ali, entre pessoas diferentes. Desde o modo de se vestir, o clima era diferente em comparação a São Paulo, não estava mais na cidade grande e tumultuosa e sim na cidade do interior do brasil: Serra da saudade MG, com apenas 833 habitantes, agora mais uma. Cada pessoa caminhava apressada para o seu destino, enquanto eu apenas me equilibrava com a mala pesada na mão e o coração batendo acelerado no peito. Eu tinha esperado tanto por esse momento… deixar a cidade grande, correr atrás do meu sonho de escrever. Eu queria um pouco de liberdade… um pouco de silêncio em comparação a agitação de São paulo. Mas agora que eu estava aqui, vendo essas pessoas desconhecidas, tudo parecia tão diferente, claro… era uma cidade pequena, com apenas dois bairros, mas era o que eu queria… relaxar um pouco. Respirei fundo, continuei a caminhar. Não iria ficar aqui sozinha. Alexa e Mariana me esperavam, como haviam prometido. Iríamos nos encontrar na cafeteria da rodoviária, tomar algo quente e, depois, iríamos até o apartamento em que as duas moravam. Comecei a andar igual uma barata tonta, procurando pelo lugar, mas aquela sensação de deslocamento não desaparecia. Não sei se era devido a estar um pouco cheio na rodoviária, parecia que muita gente iria viajar hoje. Mas eu podia jurar que sentia aquela coisa…aquela sensação de estar sendo observada de longe. Estava ficando maluca? Senti um arrepio pelo corpo… mesmo assim, apertei meus dedos e respirei fundo, continuei caminhando. Me forcei a sorrir quando vi minhas duas amigas acenando de dentro do café, perto da porta de vidro. Assim que entrei, o barulho da rodoviária pareceu diminuir, sendo substituído pelo som suave de xícaras batendo e conversas abafadas. — Miranda! — Alexa quase gritou meu nome, correndo para me abraçar. Ela me apertou tão forte que quase me esmagou, ela era o tipo de garota que conseguia fazer qualquer um esquecer qualquer insegurança com sua animação. Logo em seguida, Mariana me puxou para perto, reclamando que também tinha direito a apertar minhas costelas. Rimos como adolescentes, como se o tempo nunca tivesse passado, como se os anos longe umas das outras nunca tivesse existido. — Finalmente você decidiu sair daquela cidade grande e barulhenta! — Mariana disse, pegando uma das minhas malas. — Agora que estamos todas juntas, as coisas vão melhorar, voltar a ser como era antes. Deixamos as malas ao lado da mesa no canto da cafeteria e pedimos algo quente para beber, acompanhado de roscas, doce de leite e pães de queijo. O clima era alegre, familiar, estava com tanta saudade delas que não parava de sorrir. Conversávamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo, os planos de Alexa para o curso novo, ela quer ser maquiadora profissional. As histórias engraçadas que Mariana sempre tinha na ponta da língua, e a minha empolgação por finalmente tentar a vida como escritora. Suspirei aliviada, por finalmente estar tudo dando certo, ou pelo menos foi isso que pensei antes da minha atenção ser fisgada pela TV ligada no canto da cafeteria. O volume não estava muita alto, mas era o suficiente para que a voz séria da repórter se misturasse ao ambiente. Na tela, a foto de três garotas aparece. Jovens, bonitas, quase parecidas entre si. “Mais um corpo foi encontrado nesta manhã em São paulo, em circunstâncias que a polícia considera perturbadoras. Segundo as autoridades, há indícios de ligação com o caso de Jennifer Alves. A jovem assassinada em sua própria casa a 2 anos atrás, com sinais de requintes de crueldade. O caso, que havia sido encerrado por falta de provas, será reaberto. A polícia não descarta a possibilidade de que esteja lidando com um assassino em série, já que este é o terceiro corpo encontrado com características semelhantes.” Minha xícara parou no ar, esquecida. E de novo… aquele arrepio estranho percorreu minha nuca, como se alguém tivesse passado os dedos gelados pela minha pele. Travei sem nem perceber. Meus olhos arregalados, coração batendo forte. Ninguém riu. Nem Alexa, nem Ana. Ficamos em silêncio, absorvendo aquelas palavras pesadas que pareciam intensas demais para aquele momento. Foi Mariana quem quebrou a tensão, rindo de nervoso. — Deve ter sido algum namorado doido. Aposto que vão descobrir isso logo. Alexa tentou entrar na onda, mas sua voz falhou um pouco. — É, não fica assim, Miranda. Isso acontece bastante, principalmente em cidades grandes. Os policiais vão pegar esse maluco, você vai ver. Desviei o olhar, tentando não levar nada daquilo a sério. Mariana, sempre irônica, não resistiu. — Olha só, se bobear até confundem você com as meninas da foto... — Ela sorriu torto, como se fosse uma piada inofensiva enquanto passava a mão em meu cabelo, que por coincidência ou não tinha o mesmo tom daquelas garotas. Eram todas ruivas… assim como eu, olhos claros, pele clara. Meus olhos saltaram. — Vira essa boca pra lá — respondi rápido, batendo na mesa. — Eu vim aqui pra escrever, não pra virar notícia policial. — resmunguei. Rimos, mas não com a mesma leveza de antes. O que a repórter falou na notícia, ficou no ar, me sentia… desconfortável. Elas até comentaram para amenizar o clima de que eu não estava mais em são Paulo, então, poderia ficar sossegada. Eu tentei voltar à conversa, mas meu olhar insistia em se perder na tela da TV, onde agora mostravam a casa cercada por fitas amarelas, policiais entrando e saindo. A legenda rodava em letras vermelhas: “Assassino pode estar agindo em série. Polícia alerta mulheres a tomarem precauções.” Não sei explicar, mas algo dentro de mim dizia que aquilo não era um simples caso isolado. Não era apenas um namorado doido. Um assassino em série... seria verdade? Será que realmente havia alguém solto pela cidade, escolhendo suas vítimas? Mas… porque estava fazendo isso? Todas essas mulheres… quase idênticas… se pareciam comigo. Levei a xícara à boca e provei um pouco de chocolate quente… mas a minha mente, não parava. Eu não fazia ideia do porquê disso. Só sabia de uma coisa. Eu definitivamente não queria chamar atenção dele. Não queria ser… a próxima. Mesmo estando longe de São Paulo, estava com medo disso... Por que eu sou... bem parecidas com aquelas mulheres.POV Miranda Araújo Corri até a esquina do hotel, sentindo meu coração agitado demais... quase saindo do peito. Entrei pelas portas de vidro como se alguém estivesse logo atrás de mim. Virei o rosto, apavorada.Olhei para os lados, a procura de quem estava me seguindo. Mas advinha? Não vi nada. A rua estava vazia, apenas a luz amarelada dos postes e o pessoas bem longe conversando umas com as outras. Será que eu estava delirando? Estava imaginando sons agora? Foi tão real. Respirei fundo, tentando me convencer de que era apenas o medo, a paranoia que o noticiário sobre o serial killer tinha enraizado em mim.Era isso. Precisava relaxar agora. Me aproximei do balcão e forcei um sorriso para a recepcionista. — Boa noite… minhas amigas fizeram uma reserva. Quarto 312.Disse o nome delas e mostrei minha identidade. Ela digitou algumas coisas no computador e logo me entregou o cartão de acesso. — Terceiro andar, senhorita. O elevador é logo ali. — Obrigada. Peguei o cartã
Miranda Araújo. Talvez fosse só o susto. Eu repetia isso mentalmente, tentando fazer meu coração desacelerar. Tudo que tinha acontecido nos últimos dias… a briga com minha avó, a mudança apressada, aquele noticiário sobre o tal serial killer, tudo parecia ter deixado minha cabeça mais frágil do que eu queria admitir. Respirei fundo, desviando o olhar, tentando me convencer de que eu estava apenas paranoica. Mas o problema era… aquele homem estava vindo em minha direção. Aquele cara estranho, me observando sem piscar. “ Que estranho… “ Pensei novamente. “Mas ele é bonito… de um jeito misterioso” ergui uma das sobrancelhas. Minhas amigas chegaram ofegantes, depois de quase correm para me alcançar. — Miranda! — uma delas disse, segurando meu braço. — Tá tudo bem? Por que você parou do nada? Forçei um sorriso, tentando soar convincente — Tá sim… eu só me distraí um pouco. Antes que eu pudesse retomar o passo, dei meia-volta… e quase bati de cara nele. Ele já esta
Ruan Torres. Voltar do trabalho havia se tornado uma tortura.A rotina era como ácido, corroendo minha alma aos poucos, e cada passo na calçada me lembrava disso.Eu havia acabado de deixar flores no túmulo dela … Jenny… a minha Jenny. O cemitério ainda era o mesmo, sempre parecia rir da minha insistência em acreditar que o concreto frio poderia, de alguma forma, responder às minhas orações silenciosas.Fiquei olhando para sua foto na lápide, tão bonita... ela era tão cheia de vida. Ela sempre brilhava para mim. E agora... ela se foi... nunca me acostumei com sua ida. Quando me virei, estava decidido a ir embora... até que... escutei uma voz... a alguns metros de distância... Quando olhei na direção da voz... achei que tinha ficado maluco, era a única razão. Comecei a caminhar e sai do cemitério... e então vi claramente. Era um fantasma? Minha imaginação é bem fértil? Não, não um fantasma… algo mais que isso. Um reflexo maldito do passado. Porque ela estava ali, viva, respir
Miranda Araújo. Aproximei devagar até o balcão, com coragem… continuei encarando o cartaz... Aquilo parecia ter sido colocado ali de propósito, como se estivesse me esperando. Sorri, pensando ser um presente divino.Um senhor de cabelos grisalhos e olhar calmo se aproximou, ajeitando o avental manchado de vinho.— Boa noite, senhorita. O que vai querer? — perguntou, simpático, mas sem disfarçar o cansaço nos ombros.Engoli em seco. — Na verdade… eu não vim comer. — Hesitei, depois apontei para o cartaz. — Eu vi que estão contratando.Ele arqueou as sobrancelhas, me analisando de cima a baixo. E então sorriu de leve, quase desconfiado.— Você não é daqui, né? — disse, captando o sotaque no mesmo instante.Balancei a cabeça. — Me mudei há pouco tempo. — ele assentiu. — Experiência com restaurante? Com pratos, bebidas, atendimento?Quase travei, mas respondi.— Não, senhor. Não em restaurante. Mas já trabalhei em cafeterias… Eu era atendente, ficava no caixa, fazia a limpeza, estoq
Miranda Araújo. O apartamento das minhas amigas não era grande, mas logo que entrei senti algo que não sentia a muito tempo… conforto. Era diferente do caos da rodoviária, do barulho da cidade grande. Ali havia algo que me fazia sentir em casa. As paredes com retratos delas em alguns cantos, móveis que não combinavam entre si, mas davam a sensação de lar, parecia que eu finalmente estava em um lugar que pertencia.— É pequeno, mas é todo seu — disse Alexa, puxando as cortinas e deixando a luz fraca do fim da tarde entrar.— Ehh… Aconchegante — respondi, sorrindo. Caminhamos até o quarto que seria meu. Havia uma cama de solteiro, uma escrivaninha simples e uma prateleira com alguns livros antigos, um guarda roupa pequeno também.Talvez não fosse um quarto de visita, mas para mim, era mais que o suficiente.Eu me joguei na cama, sentindo a madeira velha reclamar embaixo do colchão. Pela primeira vez desde que acordei naquele dia, relaxei.— Vocês realmente moram aqui e trabalham na
Miranda Araújo. O cheiro do ônibus ainda estava sob as minhas roupas, mesmo depois de descer do automóvel. A rodoviária estava um pouco barulhenta, não tinha tanta gente em comparação com a grande São Paulo, confesso que era novo para mim, estar ali, entre pessoas diferentes. Desde o modo de se vestir, o clima era diferente em comparação a São Paulo, não estava mais na cidade grande e tumultuosa e sim na cidade do interior do brasil: Serra da saudade MG, com apenas 833 habitantes, agora mais uma. Cada pessoa caminhava apressada para o seu destino, enquanto eu apenas me equilibrava com a mala pesada na mão e o coração batendo acelerado no peito. Eu tinha esperado tanto por esse momento… deixar a cidade grande, correr atrás do meu sonho de escrever. Eu queria um pouco de liberdade… um pouco de silêncio em comparação a agitação de São paulo. Mas agora que eu estava aqui, vendo essas pessoas desconhecidas, tudo parecia tão diferente, claro… era uma cidade pequena, com apenas dois
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