Meu marido, Bill, e sua bela assistente, Doris, riram e jantaram como se estivessem em um primeiro encontro. Mas a piada era eu... Eu estava lá, como esposa de Bill, observando-os do outro lado da sala, enquanto acariciava minha barriga ainda lisa, onde uma pequena vida agora habitava. É claro que Bill ainda não sabia sobre o bebê. A notícia ainda estava fresca na minha mente, mal tinha algumas horas. Era para ser um jantar de família, mas eu nunca fui bem-vinda, sempre uma estranha. Observando Bill pegar o pedaço de bife que Doris, sua jovem melhor amiga e confidente, cortou e entregou, eu me perguntava se estragaria a diversão deles ao contar agora que estava grávida. Três anos de casamento, e suas frequentes ausências da família me deixavam sobrecarregada e sozinha. Eu já tinha até esquecido o motivo pelo qual nos tínhamos casado. Talvez tivesse sido um erro desde o início. Finalmente, tomei uma decisão: divórcio. Mas um homem surgiu e mudou tudo de forma dramática. E eu não imaginava que esse homem ainda estivesse profundamente ligado à família de Bill. Ele era tio de Bill.
Ler maisPOV do CalvinA ligação chegou justo quando eu estava revisando um relatório financeiro no meu escritório. Era a Serena, e percebi imediatamente pelo tom seco da voz dela que havia algo errado.— Calvin, temos uma situação. — Ela nem se deu ao trabalho de cumprimentar.Recostei-me na cadeira e deixei o relatório de lado.— Que tipo de situação?— Uma situação séria. O vazamento do lançamento global… Parece que pode ter vindo do apartamento da Stevie.As palavras me atingiram como um soco no estômago, mas mantive a voz firme.— Isso não faz sentido. A Stevie nunca faria isso.— Eu sei. — Ela suspirou. — Pelo menos, eu acho que sei. Mas as evidências apontam para o endereço de IP dela. Discutimos por causa disso e... não terminou bem.Passei a mão pelos cabelos e já fui me levantando.— Vou falar com ela. Mas estou te dizendo, Serena: não há a menor chance de a Stevie colocar sua empresa em risco assim. Deve haver outra explicação.— Quero acreditar nisso. — Ela respondeu baixinho. — Mas
POV da SerenaEu batia a caneta contra a borda da mesa de conferência, olhando para o dossiê aberto à minha frente. Minha cabeça estava latejando. Não devido à cafeína, já que nem tinha tomado o suficiente naquele dia. Mas pelas palavras em preto e branco que me encaravam.— Tem certeza disso? — Perguntei à Grace, minha diretora de relações públicas, que estava sentada do outro lado da mesa.Ela assentiu, com uma expressão sombria.— O endereço de IP usado para o vazamento leva ao apartamento da Stevie Malone. Não é definitivo, mas é uma pista forte.Meu estômago se revirou. Stevie? Não. Isso não fazia sentido. Ela não faria isso. Pelo menos, não de propósito.Grace pigarreou, com a voz hesitante.— Pode ter sido um acidente. Uma conexão compartilhada, talvez. Mas o timing bate, Serena.Apertei os dedos contra as têmporas, massageando a tensão que se acumulava. Eu e a Stevie passamos por muita coisa juntas. Anos de amizade, noites sem dormir, construindo a Étoile de Collin do zero. Ela
POV do CalvinFazia dez minutos que eu estava encarando o endereço dela no celular, tentando reunir coragem para sair do carro. Era ridículo. Já enfrentei aquisições corporativas e emboscadas em salas de reunião sem pestanejar. Mas isso? Isso parecia mais difícil.O prédio da Stevie se erguia diante de mim, bem diferente do mundo elegante e polido ao qual estou acostumado. Não era chamativo, mas era a cara dela. Honesto. Real. Como tudo o que ela faz, era autenticamente genuíno, sem pedir desculpas por isso.Eu não tinha um grande plano, nem um discurso ensaiado. Tudo o que eu sabia era que não podia continuar assistindo de longe, esperando que as coisas se resolvessem sozinhas. Eu precisava dizer algo.Não. Eu precisava dizer tudo.O corredor cheirava levemente a carpete velho e comida para viagem. Um lembrete de que o mundo da Stevie não era isolado pelo luxo como o meu. A porta dela era pintada de um bege sem graça, com um número de latão ligeiramente torto acima da abertura do olho
POV do BillO som das ondas quebrando na praia era bem diferente da agitação habitual das nossas vidas. Nada de teleconferências, reuniões ou birras devido ao cereal derramado. Somente o oceano, o vento e as risadas de Collin enquanto corria pela areia, segurando firmemente a linha da pipa com suas mãozinhas.— Olha, pai! Está voando super alto! — Gritou Collin, a voz aguda de empolgação.— Estou vendo, campeão! — Respondi, sorrindo. — Você é um profissional!Serena estava sentada ao meu lado sobre a toalha. O chapéu protegia seu rosto do sol. Ela se apoiava nas mãos, com os pés enterrados na areia, e havia uma suavidade rara em sua expressão. Ela parecia em paz, algo que eu não via fazia tempo.— Foi uma boa ideia. — Disse ela, olhando para mim.Dei de ombros, tentando parecer casual. — Às vezes eu acerto.Ela sorriu. Mas não chegou aos olhos. Sei que ela está cansada, mesmo que tente esconder. Ela sempre foi assim. Seguindo em frente, não importa o quanto esteja sobrecarregada. Mas v
POV do CalvinA sala de espera no consultório da Stevie não era nada do que eu esperava. Era clara e alegre, com paredes em tons pastéis e revistas antigas de maternidade espalhadas pelas mesas de centro. Uma criança pequena passou mancando perto de mim, segurando um girafa de pelúcia. A mãe dele vinha atrás com um sorriso cansado.Olhei para o relógio. A Stevie já estava com o médico há dez minutos. Foi ideia dela eu vir. Quando mencionou isso casualmente na semana passada, eu aceitei na hora. Talvez com um pouco de entusiasmo demais. Considerando o quanto ela ainda estava reservada comigo.Não dava para culpá-la. Eu passara meses dando sinais confusos. Preso na minha cabeça tentando equilibrar minha vida, minhas responsabilidades e meus sentimentos por ela. Mas se tem uma coisa que eu sei agora, é que não posso continuar errando desse jeito.Ela precisava que eu aparecesse. Então, aqui estou eu.Quando ela finalmente saiu da sala de exame, parecia surpresa ao me ver ainda sentado ali
POV da SerenaO apartamento da Stevie cheirava a tinta fresca e café. — Uma combinação estranhamente reconfortante que combinava com ela. O espaço era pequeno, cheio de equipamentos fotográficos e pilhas de coisas de bebê ainda embaladas, mas tinha a cara dela. Era bagunçado, vivido. — Nada parecido com a cobertura estéril do Calvin.Bati na porta uma vez antes de entrar, equilibrando uma sacola de presente ridiculamente enorme em uma mão e uma bandeja com lattes gelados na outra.— Stevie? Está em casa?A cabeça dela surgiu por trás de um berço meio montado no canto.— Jesus, Serena. Você quase me matou de susto.— Linguagem. — Respondi com um sorrisinho. — Seu bebê já pode te ouvir, sabia?Ela revirou os olhos, afastando uma mecha de cabelo do rosto.— Com esse ritmo, tenho certeza de que a primeira palavra do meu filho vai ser “porra”.— Que fofo. — Retruquei, colocando a sacola e as bebidas na mesinha minúscula da cozinha. — Trouxe reforços.Stevie olhou para a sacola, levantando u
Último capítulo