SINOPSE Fernando Colombo, 40 anos, é um dos pilares da temida Máfia da Trindade Italiana. Bem resolvido, leal e implacável nos negócios, ele vive por um código inquebrantável: proteger a sua família acima de tudo. Para Fernando, família é escolha — não apenas laço de sangue — e isso inclui seus irmãos Leonardo, o Don, e Fellipo, o Subchefe, suas cunhadas Samara e Cecília, e o jovem Lorenzo, seu sobrinho já mergulhado no mundo cruel da máfia. Acostumado à liberdade da vida de solteiro e aos relacionamentos passageiros, Fernando domina o jogo da sedução com maestria. Na cama, é um dominador nato, e as mulheres que se entregam a ele experimentam um prazer que jamais esquecem. Mas ele nunca imaginou que poderia encontrar seu porto seguro... até que o destino cruza seu caminho com o de Isadora Ortega. Isadora, 20 anos, é uma jovem espanhola de beleza estonteante e alma vibrante. Criada nos bastidores da máfia, ela sempre soube que liberdade era um luxo. Treinada para ser uma esposa troféu — obediente e desejada — nunca deixou de sonhar, dançar e buscar conhecimento. Seu mundo desmorona quando é sequestrada e abusada por Arturo, um monstro do submundo que a toma como vingança após seu irmão mafioso recusar um "acordo". Agora, em solo italiano, Isadora tenta enterrar o passado e reconstruir sua vida. Mas em meio à escuridão, ela pode encontrar uma nova luz — e talvez, nos braços do homem mais improvável, a força e o amor que nunca imaginou merecer. Uma história de redenção, amor e lealdade, onde a máfia dita as regras... mas o coração pode reescrevê-las.
Ler maisFernando fechou os olhos por um instante, sentindo o mundo inteiro se acalmar com aquelas palavras. Não precisava de mais nada. O que ele mais queria, ela havia acabado de lhe dar: uma chance.Ele segurou o rosto de Isadora com as duas mãos, com a delicadeza de quem segura algo sagrado.— Obrigada. — ele disse, com a voz rouca pela emoção. — Você não tem ideia do quanto isso significa pra mim.Ela sorriu, pequeno, tímido. Um sorriso real. Que não vinha da obrigação, nem da educação — mas da alma. Era o primeiro em muito tempo que realmente nascia dela.Fernando se aproximou devagar e a abraçou de novo, agora com calma, com o tipo de abraço que diz "estou aqui", "fica", "descansa em mim". E Isadora… ficou. Encostou o rosto no peito dele e escutou o coração dele bater. Firme. Constante. Forte como ela precisava.Ficaram assim por longos minutos. Sem pressa.Quando finalmente se afastaram, Fernando limpou uma lágrima que ainda escorria pela bochecha dela e disse:— Vamos construir essa v
A casa já estava silenciosa. Os risos e as conversas haviam se recolhido, assim como os bebês adormecidos em seus berços. Apenas a lua filtrava uma luz prateada pelas janelas. Fernando esperou que todos subissem antes de estender a mão para Isadora, com um sorriso contido e respeitoso.— Vem comigo?Isadora assentiu, ainda sentindo o calor do abraço de Samara e Cecília no peito. Não perguntou para onde iam. Apenas confiou.Ele a conduziu pela trilha iluminada suavemente até a casa anexa. Quando entraram, Fernando não foi para a sala ou cozinha. Em silêncio, subiu com ela até o estúdio de dança — aquele espaço onde ela tentava se reencontrar consigo mesma.A luz suave do ambiente criava sombras delicadas. Fernando foi até um canto, mexeu no celular e, sem uma palavra, procurou por uma música. O silêncio entre eles era confortável, íntimo. Quando a melodia começou, suave e poderosa, Isadora reconheceu na primeira nota.“Maria, Maria é um dom, uma certa magia…”Elis Regina. A canção que
A mesa estava posta com cuidado quase cerimonial.Louças delicadas, velas suaves no centro, o aroma acolhedor de comida feita com amor preenchia o ambiente — um tempero que só Samara e Cecília conseguiam colocar. A cozinha ainda vibrava com o som das panelas, risos abafados e os pequenos passos de Lorenzo engatinhando pelo corredor com seu brinquedinho favorito nas mãos.Samara ria enquanto corria atrás do bebê, completamente encantada com cada avanço do filho. Ele dava gritinhos, batia palmas e seguia tentando se firmar em pé, escorando-se em tudo o que via. Ela se abaixou, pegou-o no colo, e ele aninhou a cabeça em seu pescoço, exausto de brincar tanto.Do outro lado, Cecília observava seus quatro tesouros recém-nascidos, alinhadas nos bercinhos ao lado da sala, os rostinhos serenos como pequenos anjos adormecidos. Cada uma com um laço de cor diferente no cabelo. Ela acariciava as barriguinhas delicadas, com aquele sorriso de plenitude que só uma mãe conhece.Na sala, Leonardo, Fell
O ambiente no escritório principal da Trindade estava carregado de tensão contida. As janelas estavam fechadas, as luzes baixas. Dom Leonardo se encontrava em sua cadeira de sempre, com Fellipo de pé ao seu lado, os braços cruzados e o cenho franzido.Fernando entrou e fechou a porta com cuidado.— Pode sentar, Executor — disse Dom Leonardo com voz firme, mas curiosa.Fernando o fez, mas não antes de respirar fundo, como quem sabe que cada palavra dali moldaria o futuro.— Quero que iniciemos a ligação com Dom Paolo Ortega — disse ele, sem rodeios.Leonardo e Fellipo trocaram um olhar silencioso, e foi Fellipo quem pegou o telefone criptografado, discando direto para a linha privada da Espanha.A chamada atendeu no terceiro toque.— Ortega falando.A voz do Dom espanhol preencheu a sala, grave, carregada de autoridade — mas também de uma dor surda que nunca o deixava desde o desaparecimento da irmã.Fernando olhou para Leonardo, que apenas assentiu.— Dom Paolo, aqui é Fernando Colomb
Os dias seguintes à conversa com Antonella foram silenciosos demais. Isadora evitava os encontros, mesmo com Samara e Cecília. Não estava pronta para dizer que estava se escondendo dentro de si mesma — de novo. Dormia demais, ou quase nada. Começou a recusar as refeições que antes lhe traziam conforto. Andava de um lado para o outro pela casa anexa, olhando pela janela como se esperasse algo que nunca chegava.Estava afundando, e não dizia uma só palavra sobre isso.Até que numa noite, após mais um banho longo demais, Isadora se deitou no sofá da pequena sala com uma manta fina sobre os ombros, o cabelo molhado colando no rosto. A TV estava ligada em algo aleatório. Seus olhos estavam fixos, mas sem ver.A lembrança veio como uma onda violenta.As risadas de Arturo ecoando no corredor escuro. A dor. O sangue. A vergonha.Ela se encolheu, levou as mãos ao peito tentando respirar, mas o ar não vinha. Tentou se levantar, mas as pernas falharam. Desabou no chão do pequeno tapete. E ali, s
O estúdio era silencioso, limpo, com as paredes espelhadas e o chão de madeira clara que refletia a luz suave do final da tarde. Era o mesmo local onde Antonella marcara aulas individuais para Isadora, com uma professora de sua confiança, mas hoje a professora não viria. Hoje era só dela.Isadora entrou devagar, quase pisando em memórias. Vestia um collant preto simples, uma saia fluida de tule e a velha sapatilha rosa que Antonella resgatara do armário com ela. O cabelo preso num coque improvisado. O coração disparado como se fosse uma estreia.Ela caminhou até o centro da sala e olhou seu reflexo no espelho. Por um instante, sentiu a antiga Isadora surgir — a que dançava sem medo por amor . Mas logo a lembrança da dor atravessou como uma sombra. Ela fechou os olhos e respirou fundo, tentando reencontrar seu eixo.Levantou os braços, como quem ensaia o primeiro movimento. A música suave ecoava das caixas de som. Um piano delicado, quase sussurrado. Ela deslizou o pé pelo chão, girand
O tempo, aquele velho e silencioso aliado dos corações feridos, começava a trabalhar com delicadeza na alma de Isadora. Já não era mais a sombra apagada que chegou à casa de Cecília. A dor ainda estava ali, aninhada nas memórias, mas já não a sufocava como antes. Agora, havia frestas de luz.As ligações de Paolo tornaram-se parte do seu novo cotidiano. Irmão e irmã falavam todos os dias — e em cada chamada, a cumplicidade deles se reafirmava. Ele, do outro lado do mundo, continuava sendo o porto seguro que ela conhecia. E ela, mesmo ainda insegura, passava a ser a esperança viva que ele precisava manter.— Hoje almocei com a Cecília e a Samara... disse ela certa tarde, ao telefone. Do outro lado da linha, Paolo a ouvia com atenção. — A Samara se atrapalhou toda com a colher de Lorenzo, e o purê foi parar no vestido da Cecília. Você precisava ver a cara dela!Ela riu. Foi um riso pequeno, mas genuíno. E naquele momento, Paolo soube que algo precioso estava retornando à sua irmã: a leve
A casa era linda. A reforma havia transformado o lugar num lar acolhedor, com tons suaves, almofadas macias, cheiros que não assustavam. Cecília e Samara tinham criado uma varanda com vista para o jardim e um ateliê pequeno com espaço para dança ou qualquer arte que ela quisesse retomar um dia.Mas a primeira noite foi dura.Ela não dormiu. Sentou-se no sofá e ficou olhando o vazio. As mãos sobre o colo, frias. O som do relógio marcando os segundos, o silêncio pesando nos ombros. Não conseguia falar. Não conseguia comer.Cecília, sensível, pediu ajuda.Na manhã seguinte, uma mulher elegante e serena chegou. Roupas simples, olhar gentil e uma pasta discreta nas mãos.— Sou Antonella. Psicóloga da Trindade. Não vim pra te forçar a nada. Só queria que você soubesse que... quando quiser falar, ou só estar em silêncio com alguém, eu estarei por perto.Isadora não respondeu. Mas olhou para ela com olhos marejados. Naquele dia, ficaram as duas sentadas no chão do ateliê. Antonella lendo
O quarto do hospital estava silencioso, exceto pelos bips do monitor cardíaco e o som baixo da televisão que ninguém realmente assistia. Isadora estava acordada, sentada na cama, envolta por um cobertor branco e macio. A noite lá fora pintava as janelas de sombras azuladas, e o cheiro de lavanda do difusor tornava o ar um pouco mais suportável.Fernando tinha saído por alguns minutos para resolver uma questão com os médicos, e ela se viu sozinha pela primeira vez em dias. E foi nesse silêncio que o celular vibrando ao lado da cama quebrou o momento de paz.“Número restrito.”Seu coração disparou. Atendeu com mãos trêmulas.— Alô...?A resposta não veio de imediato. O som abafado de uma respiração pesada preencheu a linha. Então...— Mi niña... — a voz de Paolo Ortega soou trêmula, como se cada sílaba lhe machucasse a garganta. — Mi vida...Isadora sentiu as lágrimas virem sem controle.— Paolo...? — sua voz quebrou como vidro. — É você?Do outro lado, ele chorava. — Me perdoa... Me