O estúdio era silencioso, limpo, com as paredes espelhadas e o chão de madeira clara que refletia a luz suave do final da tarde. Era o mesmo local onde Antonella marcara aulas individuais para Isadora, com uma professora de sua confiança, mas hoje a professora não viria. Hoje era só dela.
Isadora entrou devagar, quase pisando em memórias. Vestia um collant preto simples, uma saia fluida de tule e a velha sapatilha rosa que Antonella resgatara do armário com ela. O cabelo preso num coque improvisado. O coração disparado como se fosse uma estreia.
Ela caminhou até o centro da sala e olhou seu reflexo no espelho. Por um instante, sentiu a antiga Isadora surgir — a que dançava sem medo por amor . Mas logo a lembrança da dor atravessou como uma sombra. Ela fechou os olhos e respirou fundo, tentando reencontrar seu eixo.
Levantou os braços, como quem ensaia o primeiro movimento. A música suave ecoava das caixas de som. Um piano delicado, quase sussurrado. Ela deslizou o pé pelo chão, girand