O quarto do hospital estava silencioso, exceto pelos bips do monitor cardíaco e o som baixo da televisão que ninguém realmente assistia. Isadora estava acordada, sentada na cama, envolta por um cobertor branco e macio. A noite lá fora pintava as janelas de sombras azuladas, e o cheiro de lavanda do difusor tornava o ar um pouco mais suportável.
Fernando tinha saído por alguns minutos para resolver uma questão com os médicos, e ela se viu sozinha pela primeira vez em dias. E foi nesse silêncio que o celular vibrando ao lado da cama quebrou o momento de paz.
“Número restrito.”
Seu coração disparou.
Atendeu com mãos trêmulas.
— Alô...?
A resposta não veio de imediato. O som abafado de uma respiração pesada preencheu a linha. Então...
— Mi niña... — a voz de Paolo Ortega soou trêmula, como se cada sílaba lhe machucasse a garganta. — Mi vida...
Isadora sentiu as lágrimas virem sem controle.
— Paolo...? — sua voz quebrou como vidro. — É você?
Do outro lado, ele chorava.
— Me perdoa... Me