OS OUTROS - NÃO ESTAMOS SOZINHOSPT

Estados Unidos da América, Centro Espacial John F. Kennedy, Cabo Canaveral, Flórida, 03h45min, terça-feira, um silêncio total, homens sonolentos operam um computador em um projeto que esta com os dias contados, estudiosos, gênios em física e computação, fascinados por terem entrado na maior agência mundial em pesquisas espaciais, jovens e cheios de sonhos, aborrecidos por serem relegados a apertarem botões em computadores ultrapassados em um projeto fadado ao fracasso, o silêncio cortado apenas pelos suspiros dos jovens, uma visão sombria de um futuro vitorioso que almejaram, um abatedouro de sonhos tal qual um cemitério, carcaças vazias desesperançosas como se estivessem em uma UTI aguardando noticias, já sem esperanças das noticias serem positivas, o tipo de situação que as vezes mesmo sem admitir as pessoas torcem para que o internado encerre logo seu ciclo de vida para esgotar o sofrimento..

A maioria de seus amigos ou familiares não entendem o que fazem esses jovens (eles também nunca fazem questão de explicar), sua função é complexa e muitas vezes são confundidos com ufólogos o que frustra a maioria deles (chegando até a soar ofensivo para esses senhores), alguns por outro lado cultivam um desejo de serem os primeiros a realizar alguma descoberta que os faria entrar para história, até aquele momento só conseguiram descobrir quantos segundo eram necessários para que o micro-ondas derretesse o queijo de modo satisfatório, um deles até desenvolveu um método de fazer o queijo fricar crocante dentro do aparato, algo que pode até parecer comum ou monótono, mas, que naquele ambiente onde nada acontece foi visto até como uma grande descoberta, foi assunto por semanas...

O ambiente é lúgubre, um potente ar condicionado mantém a temperatura que se pudesse ser descrita com uma cor era nítidamente cinza, além do silêncio cortate e gélido, os unicos sons que se ouvem com maior prevalência são os toques no teclado que seguem a todo vapor para a criação de linhas de código, alguns ali pensavam ser hackers hollywoodianos invadindo bases militares secretas e roubando milhares de informações governamentais para que grupos de cirminosos descolados entrem e roubem cassinos, bases navais entre outros, mas, como toda boa fantasia é algo somente cultivado no imaginário, no fim são comandos de código que para eles é talgo simples e trivial que nem pode ser tida como desafiadora.

Um grande monitor central controla a entrada de objetos na atmosfera terrestre, um controle de luzes que piscam, geralmente um pedaço que se desprendeu de algum asteroide, lixo espacial de outros projetos mal sucedidos pelo governo (e vocês ficariam surpresos com a quantidade de fracassos e principalmete de lixo que fomos capazes de produzir na área externa de nosso planeta, poluit a Terra não era mais uma tarefa interessante o suficiente, era necessário poluir também o espaço e além), mas não aquela noite, aquela noite a divisão mais relegada da NASA (sim a agencia espacial mais famosa de todas) seria responsável pela maior descoberta humana, (pós penicilina, bolo de cenoura ou internet), seria se tivessem prestado atenção no monitor.

A tela piscou diversas vezes, o objeto adentrou a atmosfera e os controladores que deveriam estar atentos ao evento estavam indo buscar seu café afinal o ambiente exigia cafeína para que eles pudessem continuar existindo acordados ali, a tela piscou por mais um tempo e um rapaz adentrou o salão, ele poderia ter notado a tela, porém, sua gravata mergulhou no copo de café e tirou-lhe a atenção do evento, quando olhou para o enorme monitor, viu a tela piscar pela ultima vez “outra pedrinha cósmica” pensou em conferir, mas o pensamento mais forte que teve foi o que o guiou novamente ao refeitório a procura de rosquinhas, talvez tivesse sobrado alguma.