O ambiente no escritório principal da Trindade estava carregado de tensão contida. As janelas estavam fechadas, as luzes baixas. Dom Leonardo se encontrava em sua cadeira de sempre, com Fellipo de pé ao seu lado, os braços cruzados e o cenho franzido.
Fernando entrou e fechou a porta com cuidado.
— Pode sentar, Executor — disse Dom Leonardo com voz firme, mas curiosa.
Fernando o fez, mas não antes de respirar fundo, como quem sabe que cada palavra dali moldaria o futuro.
— Quero que iniciemos a ligação com Dom Paolo Ortega — disse ele, sem rodeios.
Leonardo e Fellipo trocaram um olhar silencioso, e foi Fellipo quem pegou o telefone criptografado, discando direto para a linha privada da Espanha.
A chamada atendeu no terceiro toque.
— Ortega falando.
A voz do Dom espanhol preencheu a sala, grave, carregada de autoridade — mas também de uma dor surda que nunca o deixava desde o desaparecimento da irmã.
Fernando olhou para Leonardo, que apenas assentiu.
— Dom Paolo, aqui é Fernando Colombo