Anos atrás, Caio Montenegro era um jovem sonhador, apaixonado por Júlia Ferrer, uma herdeira de família tradicional. Eles planejavam um futuro juntos, mas tudo mudou quando Caio foi injustamente acusado de um desfalque milionário na empresa do pai dela. Traído, humilhado publicamente e preso, Caio passou sete anos amargando o inferno, sem entender por que Júlia havia desaparecido de sua vida no momento em que ele mais precisava dela. Agora, ele está de volta. Mais rico, mais poderoso, mais frio. Como CEO de um império bilionário, Caio só tem um objetivo: vingança. Ele quer fazê-la sofrer como ele sofreu. Quer vê-la de joelhos. Quer destruir cada pedaço da vida dela. Mas o que Caio não esperava era reencontrar uma Júlia muito diferente... mais forte, com seus próprios fantasmas... e ainda mais irresistível. Enquanto o passado volta à tona e verdades enterradas começam a vir à superfície, Caio vai perceber que a linha entre o ódio e o amor é mais tênue do que ele imaginava. Afinal... o segundo amor pode ser ainda mais intenso, mais perigoso... e melhor que o primeiro.
Ler maisO som das ondas se misturava ao canto dos pássaros marinhos, numa harmonia que só o tempo é capaz de compor. A antiga mansão abandonada a beira mar havia sido comprada por Caio e Júlia e totalmente reformada. Onde antes reinava o mármore frio e o excesso de ostentação, agora havia claridade, simplicidade e vida. Grandes janelas abertas deixavam o ar do mar entrar, e o jardim, antes negligenciado, florescia em tons vibrantes.Era uma manhã clara de primavera.Júlia caminhava descalça pelo deque de madeira que levava até a praia. O vestido branco de linho ondulava com a brisa suave, e os cabelos, soltos, pareciam brincar com o sol. Parou na beira da areia, onde Caio a esperava, agachado ao lado de uma menina que ria ao enterrar os pés na areia fina.— Mais forte, papai! — gritava ela, empolgada, segurando um baldinho vermelho.Caio riu, com a paciência de quem havia aprendido a viver no presente.— Se eu enterrar você até os joelhos, como vai correr da mamãe depois?— Eu não vou correr
O silêncio no tribunal era quase sagrado. Júlia sentia o peso de cada olhar, cada respiração contida, cada palavra que estava prestes a sair. Ao seu lado, Caio mantinha-se sereno, mas havia algo de diferente em seu semblante — não era apenas alívio por ter sido solto, era algo mais profundo, como se finalmente pudesse respirar sem o peso da vingança a sufocar seu peito.Otávio estava sentado a metros de distância, seu rosto impassível. Mesmo acuado, mesmo prestes a ruir, ele ainda carregava aquela arrogância fria que o tornava tão perigoso.— A defesa gostaria de chamar sua última testemunha — disse Júlia, erguendo-se com firmeza. — Helena Duarte.Um murmúrio atravessou o plenário. Helena surgiu na porta, impecável, vestindo um conjunto sóbrio, sem os exageros que antes marcavam sua presença. Caminhou lentamente até o banco das testemunhas, parando por um breve instante para lançar um olhar fugaz a Otávio — um olhar que dizia tudo: traição, mágoa, escolhas erradas.Sob juramento, ela
As primeiras horas da manhã foram de movimento intenso no Tribunal Federal de Justiça. Jornalistas, seguranças e curiosos formavam uma barreira viva nas calçadas, enquanto viaturas discretas estacionavam nas imediações. Dentro do prédio, o clima era tenso e silencioso, como se as paredes pressentissem a chegada do caos.O auditório reservado para o julgamento estava lotado. O processo corria em regime semiaberto, com trechos transmitidos ao vivo e outros mantidos sob sigilo — uma tentativa do juiz de preservar a ordem sem fechar os olhos ao clamor popular.Na primeira fileira, Júlia sentou-se com as costas eretas, o olhar fixo no banco dos réus. Usava um vestido sóbrio, azul-marinho, e nenhum acessório chamativo. Seu rosto carregava marcas de noites mal dormidas, mas também o brilho incandescente de quem chegou longe demais para recuar.Otávio Simões, ao lado de dois advogados, trajava um terno italiano e mantinha uma expressão plácida. Tão plácida que beirava a provocação. Ele sabia
Na manhã seguinte ao desaparecimento de Leandro, o Brasil acordou com uma bomba midiática.“Caio Montenegro é investigado por lavagem de dinheiro e obstrução de justiça. Ministério Público recebe denúncia anônima com provas sigilosas.”As manchetes estavam em todos os sites, emissoras e redes sociais. Imagens antigas de Caio entrando em reuniões corporativas com membros da antiga diretoria da Ferrer Incorporadora foram resgatadas e espalhadas como se fossem provas cabais.Júlia observava a tela da TV na sala de reuniões do Montenegro Group, o coração acelerado, a mente fervendo em desconfiança e indignação. Caio, de pé ao lado da janela, mantinha o semblante sereno, embora o maxilar travado revelasse a tensão contida.— Eles usaram nossos próprios arquivos. — disse ele, finalmente. — Os documentos que o Leandro ajudou a catalogar. Editaram, distorceram, conectaram coisas sem relação direta… e agora me colocaram no banco dos réus.— Isso é um absurdo. — Júlia murmurou. — Você foi a vít
Era de madrugada quando Helena ligou. Sua voz soava tensa, mas controlada, como alguém que já atravessou muitos campos minados — e aprendeu a andar sobre os estilhaços.— Precisamos conversar. Pessoalmente.Júlia, ainda acordada no escritório, respondeu sem hesitar:— Onde?— Enviarei as coordenadas. E venha sozinha.Caio, ao lado dela, franziu o cenho ao ouvir a conversa.— O que ela quer?— Não sei. Mas está com medo. Pela primeira vez, parece frágil.— Cuidado. Helena é como veneno em um frasco de perfume.Júlia assentiu. Mas já sabia que iria.__________________________________________________O local indicado era um restaurante fechado na orla de Niterói, abandonado há meses. Júlia chegou com o carro desligado, estacionando na rua de trás do quarteirão. Caminhou em silêncio, ouvindo apenas o som do mar e o leve estalar dos cascalhos sob seus passos.Helena estava na parte de trás do restaurante, sentada em uma cadeira de plástico, envolta por sombras. Quando Júlia se aproximou, e
O avião particular decolou ainda sob o manto escuro da madrugada, cruzando os céus em direção a Montevidéu. Do lado de dentro, a cabine estava silenciosa, iluminada apenas por uma luz tênue. Caio lia atentamente o dossiê enviado por Helena, enquanto Júlia mantinha os olhos fixos na janela, observando as nuvens se dissolverem como fumaça sob a luz da aurora.— Ele se chama Adalberto Galvão. — disse Leandro, por chamada de vídeo. — Foi contador do Grupo Simões durante dez anos. Depois que descobriu irregularidades nas contas de uma subsidiária em Bogotá, tentou denunciar internamente. Foi silenciado. Pediram demissão em seu nome, congelaram seus bens e, dias depois, tentaram matá-lo em um acidente forjado.— E ele sobreviveu? — perguntou Júlia.— Sim. Fugiu do Brasil com documentos que provam a existência de contas offshore, evasão de divisas e suborno de agentes públicos. Está escondido há três anos.— E por que resolveu falar agora? — perguntou Caio.Leandro hesitou.— Porque viu a en
Último capítulo