Era de madrugada quando Helena ligou. Sua voz soava tensa, mas controlada, como alguém que já atravessou muitos campos minados — e aprendeu a andar sobre os estilhaços.
— Precisamos conversar. Pessoalmente.
Júlia, ainda acordada no escritório, respondeu sem hesitar:
— Onde?
— Enviarei as coordenadas. E venha sozinha.
Caio, ao lado dela, franziu o cenho ao ouvir a conversa.
— O que ela quer?
— Não sei. Mas está com medo. Pela primeira vez, parece frágil.
— Cuidado. Helena é como veneno em um frasco de perfume.
Júlia assentiu. Mas já sabia que iria.
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O local indicado era um restaurante fechado na orla de Niterói, abandonado há meses. Júlia chegou com o carro desligado, estacionando na rua de trás do quarteirão. Caminhou em silêncio, ouvindo apenas o som do mar e o leve estalar dos cascalhos sob seus passos.
Helena estava na parte de trás do restaurante, sentada em uma cadeira de plástico, envolta por sombras. Quando Júlia se aproximou, e