O som das ondas se misturava ao canto dos pássaros marinhos, numa harmonia que só o tempo é capaz de compor. A antiga mansão abandonada a beira mar havia sido comprada por Caio e Júlia e totalmente reformada. Onde antes reinava o mármore frio e o excesso de ostentação, agora havia claridade, simplicidade e vida. Grandes janelas abertas deixavam o ar do mar entrar, e o jardim, antes negligenciado, florescia em tons vibrantes.
Era uma manhã clara de primavera.
Júlia caminhava descalça pelo deque de madeira que levava até a praia. O vestido branco de linho ondulava com a brisa suave, e os cabelos, soltos, pareciam brincar com o sol.
Parou na beira da areia, onde Caio a esperava, agachado ao lado de uma menina que ria ao enterrar os pés na areia fina.
— Mais forte, papai! — gritava ela, empolgada, segurando um baldinho vermelho.
Caio riu, com a paciência de quem havia aprendido a viver no presente.
— Se eu enterrar você até os joelhos, como vai correr da mamãe depois?
— Eu não vou correr