Eles vieram de mundos completamente diferentes: ela, uma jovem bolsista, humilde e determinada; ele, o herdeiro de um império bilionário, predestinado a liderar a fortuna da família. Um amor proibido nasce entre os corredores de um colégio sofisticado da Grande São Paulo, onde luxo e tradição se encontram, escondido dos olhos que não querem aceitá-los. Mas o destino os testa de forma cruel. Quando uma doença rara ameaça a vida dela, ele precisará quebrar todas as barreiras, desafiar padrões e lutar contra o tempo para salvá-la. Entre segredos, paixão e desafios que parecem maiores que eles mesmos, o amor será suficiente para enfrentar a dor? Inspirado em fatos reais, esta história de superação e romance intenso vai emocionar você do início ao fim.
Ler maisEra uma manhã de domingo, fria e chuvosa — daquele tipo típico da Terra da Garoa. Faz alguns anos desde que meu pai decidiu que nos mudaríamos para São Paulo, em busca de novas oportunidades. Eu deixei para trás minha infância simples e amigos queridos, e agora me via cercada por concreto, buzinas e o ritmo apressado da metrópole.
A vida aqui nem sempre foi fácil. O sonho de uma vida melhor se frustrou logo nos primeiros meses. Ainda assim, sobrevivemos. Meu pai trabalha como motorista particular do dono de uma grande empresa próxima a Alphaville, enquanto minha mãe trabalha como empregada doméstica em uma casa elegante da região. Vejo o cansaço nos olhos deles todos os dias, mas também uma determinação silenciosa que me inspira a seguir. Nos últimos meses, me dediquei como nunca. Participei de um processo seletivo para uma bolsa integral na prestigiada Averly Academy, uma escola conceituada e exclusiva em Alphaville. Moramos em uma região periférica próxima, e essa bolsa era minha chance de ouro — a porta para um futuro diferente. Os últimos dias foram uma mistura de ansiedade e esperança. Hoje, finalmente, o resultado seria divulgado. Atualizo o site da escola a cada minuto, o coração acelerado, os dedos tremendo. São 16h… 16h30… cada segundo parece uma eternidade. Meu estômago dói, a respiração pesa. “Será que consegui os 100%? Será que vou conseguir estudar lá sem sobrecarregar meus pais?” A porta se abre. Minha mãe chega do trabalho, o guarda-chuva ainda molhado nas mãos, e me observa antes de dizer qualquer coisa. — Isabela… o que aconteceu? — pergunta, preocupada. — Mãe… o resultado… — começo, mas a voz falha. — Você não conseguiu 100%, não é? — completa, lendo meu olhar. O resultado no site brilha diante de mim: 80%. Era excelente. Mas não o suficiente. A mensalidade da Averly Academy custava entre oito e doze mil reais. Mesmo com o desconto, os custos extras com transporte e material didático ainda seriam altos. E com as aulas em tempo integral, eu não teria como trabalhar. O sonho parecia escorregar pelos meus dedos. — Filha, 80% já é incrível. Você se dedicou tanto… — diz minha mãe, tentando me consolar. — Mas não é suficiente, mãe. Eu queria tanto 100%… — sussurro, engolindo as lágrimas. Meu pai entra na sala, tirando o paletó e deixando o celular sobre a mesa. — Isa, você batalhou como ninguém. Isso já é uma vitória. — Mas pai, os custos são altos… não dá. — respondo, frustrada. — Isa, minha filha, daremos um jeito. Farei horas extras e seu pai pode conversar com o Sr. Valente para dobrar, não é, Roberto? — insiste minha mãe. Fico em silêncio. O aperto no peito cresce. Eu não queria vê-los se sacrificando por mim. Subo para o quarto, me jogo na cama e deixo o som da chuva misturar-se ao som abafado do meu choro. Pouco tempo depois, ouço o telefone tocar. Meu pai atende — é o Sr. Henrique Valente, seu chefe. Ele sempre demonstrou carinho por nossa família e sabia do meu sonho. Escuto trechos da conversa através da porta entreaberta. — Sr. Valente, obrigado por se lembrar da Isabela. Ela conseguiu 80%, e eu queria conversar com o senhor… talvez dobrar meu turno por dois anos, só até ela terminar o ensino médio. — diz meu pai, com aquela voz que mistura esperança e humildade. “Dois anos…” penso. Era o tempo exato que faltava para eu concluir o ensino médio. Tempo suficiente para conquistar o vestibular da USP, onde eu sonhava estudar Direito. Sempre que passava pela frente da universidade, sentia um arrepio. Parecia um chamado. A voz do Sr. Valente ecoa alta o bastante para eu ouvir do quarto: — O quê? 80%? Isso é maravilhoso! Roberto, sua filha é brilhante. Ela merece essa oportunidade. E você não vai trabalhar dobrado. A Valente & Cia vai arcar com todos os custos complementares — mensalidade, material e transporte. Considere isso um investimento no futuro dela. Meu coração dispara. Desço as escadas correndo, e vejo meu pai ainda segurando o telefone, emocionado. — Não acredito… sério, pai? — pergunto, quase sem fôlego. Ele sorri, com lágrimas nos olhos. — Sim, filha. Você conseguiu. Seu sonho vai se tornar realidade. Abraço meus pais e choro. Não de tristeza, mas de alívio, de gratidão. Aquele domingo cinzento, que começou com incerteza, termina como o primeiro capítulo de uma nova vida. Enquanto a garoa cai lá fora, penso que a Averly Academy não será apenas uma escola. Será o palco onde o destino começará a trilhar um novo caminho. E eu ainda não sabia, mas era lá que eu conheceria ele — o garoto que mudaria tudo. Respiro fundo. Pela primeira vez, sinto que minha história está apenas começando.~Narrado por Roberto Duarte~Acordei antes do sol nascer, com o coração inquieto e o pensamento em Isa.Não lembro da última vez que dormi uma noite inteira desde que ela foi internada. Mesmo quando o corpo cedia ao cansaço, a cabeça insistia em repassar tudo — a dor dela, os exames, o medo de não ter respostas.Saí de casa ainda com o céu acinzentado. O ar frio de São Paulo batia no rosto e parecia lembrar o quanto a vida andava dura. O hospital ficava a alguns quilômetros de casa, mas a cada rua, cada semáforo fechado, pesava como se eu estivesse atravessando o país inteiro.Quando cheguei, o prédio estava silencioso. As portas automáticas se abriram e o cheiro característico de desinfetante misturado a café recém-passado me atingiu em cheio — aquele tipo de aroma que só quem passa dias seguidos num hospital reconhece.Subi até o quarto da ala particular. Ainda não me acostumei com aquele conforto todo: cortinas claras, lençóis brancos, o ar-condicionado silencioso e o banheiro priv
Acordei cedo, antes mesmo de o sol entrar totalmente pela janela. O quarto ainda estava silencioso, com o soro pingando ritmado ao meu lado.Levantei devagar, sentindo o corpo pesado da medicação. Uma enfermeira entrou com passos leves, sorrindo.— Bom dia, Isa. Preparada para o exame? — perguntou, verificando a pulseira do meu braço. — Vamos te levar para a sala de endoscopia. Não se preocupe, tudo será rápido e seguro.Assenti, tentando disfarçar a ansiedade. Caminhar até a cadeira de rodas foi tranquilo. O corredor parecia mais longo do que realmente era, e eu sentia cada passo ecoando na minha cabeça. O coração batia mais rápido, mas, estranhamente, não de medo — mais de expectativa.Chegamos à sala de preparo. As luzes eram brancas, fortes, e havia aquele cheiro característico de antisséptico. A enfermeira explicou cada passo: eu precisaria usar uma touca, roupas descartáveis, e, antes de tudo, limpar a boca com um antisséptico. Ela me deu um pequeno copo com líquido amargo que e
Ainda era cedo quando acordei. Dormir tranquilamente no hospital era impossível.O pronto atendimento tinha aquele silêncio estranho de madrugada virando manhã — o som distante de passos, o arrastar de macas, a luz branca demais pra quem não dormiu.Eu estava ali, numa cadeira reclinável, o braço com soro, enrolada num cobertor quentinho que minha mãe mandou por meio do meu pai. Aguardava uma vaga para internação, sem saber quando sairia.O corpo pesado de remédio, mas a cabeça acordada.Meus pais conseguiram entrar bem cedinho pra me ver.— Como você está, minha filha? — perguntou minha mãe, encostando os lábios na minha testa.— Estou melhor — respondi.— Dormiu bem? Conseguiu descansar? — perguntou meu pai.— Não consegui dormir cem por cento, mas descansei um pouco.Nesse instante, ouvi vozes baixas se aproximando da porta. Quando levantei o olhar, vi um homem alto entrando no quarto.O jaleco branco impecável, o crachá reluzindo sob a luz fria.Ele sorria de um jeito discreto, ma
Acordei no meio da madrugada com uma dor estranha, aguda, que começava no estômago e se espalhava pelo corpo. Era uma queimação que subia até a garganta e fazia minha cabeça latejar. Senti um enjoo forte, e o quarto girava.Tentei me levantar, mas minhas pernas tremiam.— Pai… — chamei, com a voz fraca.Ouvi passos apressados e, segundos depois, meu pai apareceu na porta. O rosto ainda sonolento se transformou em puro desespero ao me ver encolhida na cama, suando frio.Minha mãe, Mariana, veio logo atrás, ajeitando o robe às pressas.— Isa, o que aconteceu, filha? — ajoelhou-se ao meu lado. — Onde dói?— Meu estômago, mãe… queima… — consegui dizer, a voz embargada.Ela tocou minha testa e arregalou os olhos.— Roberto, está queimando! Pega o termômetro, rápido.Meu pai obedeceu, nervoso, tropeçando nos próprios pés. Quando o termômetro apitou, o número brilhou como um alerta: 39,8°C.— Quase quarenta graus, meu Deus… — murmurou minha mãe, tentando manter a calma. — Vamos, Isa. Levanta
~Narrado por Arthur~Fazia menos de doze horas desde que a deixei em casa, e parecia uma eternidade.O carro cortava as ruas ainda silenciosas da manhã, e a chuva fina batia no para-brisa, formando pequenos rios preguiçosos. Eu dirigia em silêncio, mas minha mente estava longe do volante.Cada curva me levava de volta à noite passada — o veludo preto do vestido da Isa, o sorriso tímido, o cheiro leve do perfume que ficou no banco do carro. Ainda podia sentir o gosto do beijo, a respiração acelerada dela, o calor do momento que quase passou dos limites — e a doçura com que ela se afastou antes disso.O trânsito da manhã me obrigava a desacelerar, mas nada conseguia reduzir a velocidade das lembranças. Boliche, risadas, milk-shake… cada gesto dela estava gravado na minha mente com cores mais vivas do que qualquer coisa naquela manhã cinzenta.Sorri sozinho ao lembrar de como ela desviava o olhar quando eu a elogiava. A simplicidade dela me desarmava de um jeito que ninguém mais consegui
O sábado amanheceu preguiçoso, e o sol atravessava as frestas da cortina do meu quarto. Eu já estava acordada há algum tempo, mas ainda deitada na cama, os olhos perdidos no teto, e o convite da Lara para o boliche não saía da minha cabeça. Mais do que o passeio em si, eu não conseguia parar de pensar que o Arthur também estaria lá.Na cozinha, o cheiro de café fresco se misturava ao som do rádio antigo. Minha mãe, Mariana, vestia o avental florido de sempre e mexia distraída na panela de leite.— Bom dia, filha, nem vi quando você acordou — disse, sem tirar os olhos da chama do fogão.— Está tensa por causa do passeio?Engoli em seco e respirei fundo.— É... um pouco — murmurei.— Mãe, o Arthur vai. Aquele menino que te falei… o da Averly.Ela parou por um instante, desligou o fogo e se virou para mim, apoiando as mãos na bancada. O olhar dela era de quem já sabia onde aquela conversa ia dar. — O mesmo que é herdeiro de uma grande empresa e mora num condomínio de luxo? Que acabou de
Último capítulo