As primeiras horas da manhã foram de movimento intenso no Tribunal Federal de Justiça. Jornalistas, seguranças e curiosos formavam uma barreira viva nas calçadas, enquanto viaturas discretas estacionavam nas imediações. Dentro do prédio, o clima era tenso e silencioso, como se as paredes pressentissem a chegada do caos.
O auditório reservado para o julgamento estava lotado. O processo corria em regime semiaberto, com trechos transmitidos ao vivo e outros mantidos sob sigilo — uma tentativa do juiz de preservar a ordem sem fechar os olhos ao clamor popular.
Na primeira fileira, Júlia sentou-se com as costas eretas, o olhar fixo no banco dos réus. Usava um vestido sóbrio, azul-marinho, e nenhum acessório chamativo. Seu rosto carregava marcas de noites mal dormidas, mas também o brilho incandescente de quem chegou longe demais para recuar.
Otávio Simões, ao lado de dois advogados, trajava um terno italiano e mantinha uma expressão plácida. Tão plácida que beirava a provocação. Ele sabia