Renascida como Patrícia, Lúcia jamais esperava encontrar no príncipe o reflexo de um amor perdido em outra vida. Agora, dividida entre o desejo e o destino, ela precisa lutar para conquistar um coração que já foi prometido a outra, e também evitar um destino amargo.
Leer másO sol entrava em feixes mornos pela janela entreaberta do ateliê, filtrado pelas cortinas floridas de linho. O cheiro suave de lavanda pairava no ar, vindo dos sabonetes recém-produzidos sobre a mesa de madeira clara. Patrícia estava concentrada, com as mangas arregaçadas e os dedos ágeis envolvendo uma das peças em papel de seda azul-claro, quando ouviu os passos leves de Elisa se aproximando. Elisa entrou preguiçosamente no ateliê, os cabelos ainda um pouco desgrenhados da noite mal dormida. Sentou-se numa cadeira ao lado da irmã e pegou um pedaço de papel com certa hesitação. — Irei ajudar a embrulhar. — anunciou com um tom entediado, apoiando os cotovelos na mesa. — Estou um pouco sem ter o que fazer... Patrícia ergueu os olhos, surpresa, e deu um leve sorriso. — Obrigada! — disse com leve ironia na voz. — É um milagre! — pensou, mas não disse em voz alta. O papel farfalhava nas mãos de Elisa, que tentava alinhar as dobras como via a irmã fazer, embora com menos cuidad
Carlos se aproximou de Catarina e Dimas. — “Mantenha a calma, Carlos, não extrapole.” — pensou, desfazendo o punho cerrado e pousando a mão sobre o ombro de Dimas com aparente gentileza. — Olá. Deixa que eu conduzo a minha namorada agora — disse com firmeza, forçando um sorriso. — Ah!... Sim — respondeu Dimas, soltando a mão de Catarina com certa hesitação. — “Então ela já tem alguém... Que pena. Mas olhando bem para ele... já o vi em algum lugar.” — pensou enquanto se afastava e caminhava na direção de Ivan. Carlos entrelaçou os dedos aos de Catarina, conduzindo-a com passos decididos para longe. O salão era envolvido por uma melodia delicada: Elisa ao piano dedilhava notas suaves, enquanto dois violinistas acompanhavam em perfeita harmonia. O som preenchia o ambiente com uma elegância envolvente, como se cada nota envolvesse os convidados num encantamento quase etéreo. — Não precisava ter chegado tão abruptamente — reclamou Catarina em voz baixa, ainda corada. — “Fiquei com
Chegada a noite, a casa estava suavemente iluminada com luzes âmbar penduradas entre as paredes e arranjos florais discretos, mas elegantes, distribuídos pelos cantos. O cheiro de flores frescas e dos quitutes recém-preparados vinha da cozinha, criando um clima acolhedor e festivo. Patrícia vestiu-se com cuidado, optando por um vestido rosa com mangas brancas de tecido leve que balançava a cada passo. Ao se ver no espelho, sorriu com ternura. — Sempre gostei da princesa Aurora… Estou parecida com ela hoje — pensou, tocada por uma lembrança doce da infância como Lúcia. Lembrou-se de quando ganhou uma boneca da mãe: a Bela Adormecida, sua favorita. Na sala principal, Elisa já recepcionava os convidados ao piano, vestindo um vestido azul escuro que realçava seus olhos e a postura elegante. As notas musicais fluíam como uma brisa leve, preenchendo o ambiente com harmonia. Ela tocava com leveza, a ponta dos dedos deslizando pelas teclas, como se fosse parte do instrumento, acompanh
Na manhã seguinte, a casa de Patrícia se enchia de movimento e expectativas. Os raios dourados do sol invadiam a sala principal, refletindo nos espelhos limpos e realçando as cores das flores recém-colhidas. Patrícia organizava os últimos detalhes para sua festa de aniversário, com o olhar atento de quem queria tudo no lugar. — Este vaso de flores aqui? — perguntou Elisa, segurando um arranjo de lírios brancos e rosas cor-de-chá. — Sim, ótimo. — respondeu Patrícia, sorrindo. As pétalas perfumadas davam um toque delicado à decoração. O ambiente da sala havia sido transformado: os sofás foram temporariamente transferidos para outro cômodo, enquanto as cadeiras da sala de jantar estavam dispostas ao longo das paredes, criando espaço para os convidados circularem livremente. No canto esquerdo, uma grande mesa fora arrumada com toalhas rendadas, pronta para receber petiscos e refrescos variados. — Até que ficou ótima a sua arrumação, minha filha! — elogiou Eleonor, observando o res
Na manhã seguinte, Patrícia levantou com o primeiro raio de sol filtrando pelas frestas da janela. O ateliê ainda estava fresco, e o ar carregava um leve perfume das colônias que ela havia produzido na noite anterior. Seus dedos se moviam com agilidade e cuidado enquanto embrulhava os sabonetes em papéis decorados com rendas simples e fitas delicadas. Sobre a pequena mesa de madeira, os frascos de colônia refletiam a luz suave, exalando aromas de lavanda, rosas e notas cítricas. Ela ajeitou tudo dentro de uma caixa forrada com tecido branco e partiu para a cidade. O céu estava límpido, e a brisa da manhã trazia o cheiro de terra úmida e pão recém-assado vindo das padarias do centro. Patrícia seguiu por uma rua menos movimentada, calçada com pedras gastas pelo tempo, afastada do burburinho do mercado principal. Ali, sob a sombra de uma figueira frondosa, encontrou a senhora Edite — uma mulher de meia-idade de expressão elegante, vestida com um manto verde-musgo e cabelos presos em u
Henry levou Patrícia a um restaurante simples, escondido numa rua de paralelepípedos ladeada por árvores floridas. O lugar tinha mesas de madeira rústica, toalhas de tecido xadrez e o cheiro acolhedor de comida caseira pairando no ar. — Que lugar aconchegante! — exclamou Patrícia, sorrindo ao observar as famílias reunidas e o som suave de risos infantis ao fundo. — Meus amigos me trouxeram aqui uma vez… gostei tanto que quis te trazer também — disse Henry, puxando a cadeira para ela antes de se sentar. O prato do dia era arroz soltinho, feijão temperado com alho dourado, macarrão ao molho de tomate, frango assado, farofa crocante e uma salada colorida de folhas frescas. Henry pediu uma cerveja artesanal da região, e Patrícia optou por um suco de maracujá, servido com gelo e hortelã. Ela observou a bebida âmbar dele e perguntou, curiosa: — Tem um gosto bom? Henry sorriu com um brilho no olhar. — Tem sim. Aliás, vou viajar em breve para tratar da exportação dessa cerveja ao rei
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