Renascida como Patrícia, Lúcia jamais esperava encontrar no príncipe o reflexo de um amor perdido em outra vida. Agora, dividida entre o desejo e o destino, ela precisa lutar para conquistar um coração que já foi prometido a outra, e também evitar um destino amargo.
Leer másDois dias haviam se passado desde a partida do príncipe. Patrícia em sua casa ansiava pelo reencontro, naquela manhã o movimento de malas e preparativos trouxe nova agitação. No quarto, Patrícia ajeitava com cuidado uma bolsa de roupas simples, dobrando cada peça com precisão. — Não acha pouco? — questionou Elisa, encostada no batente da porta, os braços cruzados. — Eu levaria muito mais coisas se fosse para um lugar distante. Patrícia suspirou, sem desviar o olhar da bolsa. — É melhor levar pouco, só o que é prático para usar. — respondeu, fechando a bolsa com firmeza. Elisa caminhou até a cama e passou os dedos pelo tecido do vestido que a irmã separara. — Mesmo assim… vai ser difícil essa viagem junto a uma caravana. — Vai ser o que tiver que ser. — disse Patrícia, decidida, erguendo-se. — Vamos, Carlos já está nos esperando lá embaixo. Na sala, o clima era bem diferente. Catarina estava sentada no sofá, uma xícara de café entre as mãos, tentando conter a irritação
Na manhã seguinte à apresentação, a cozinha da casa estava tomada pelo aroma de pão fresco e café recém-passado. A luz entrava pelas janelas, dourando a mesa de madeira já marcada pelo tempo. Vera, ainda abatida, enxugava lentamente as vasilhas, o olhar perdido, como se estivesse muito longe dali. — Eu não sei mais se quero competir com Rebeca. — disse, soltando um suspiro profundo que fez suas mãos tremerem ligeiramente sobre o pano de prato. — Já vi que há uma distância enorme entre nós. Anahí, sentada em um banco ao lado, ergueu os olhos da xícara que segurava, tentando transmitir calma à irmã. — Não precisa ficar tão desanimada. Você ganhou o segundo lugar, foi muito bem. — disse com doçura, estendendo a mão para tocar levemente o braço de Vera. Vera, porém, apenas abanou a cabeça. — Sim… mas acho que vou focar em outra coisa. Procurar um emprego de verdade, como o Carlos sugeriu. — murmurou, apertando o pano contra as mãos, como se aquilo a firmasse. Foi nesse instante que
A noite caía serena, e a casa ainda guardava o silêncio do jantar. Depois de seu encontro com Carlos, Catarina ouviu Patrícia bater suavemente à porta. — Entendo. — murmurou, com o olhar baixo. — “Ele não gosta de me ver com outros, e eu também não gosto de vê-lo tão próximo de você.” — pensou, engolindo o nó que se formava em sua garganta, mas sem deixar escapar nada além de um leve suspiro. — Bom, vamos nos aprontar agora para ir à apresentação da irmã dele. — disse Patrícia, com um sorriso sereno, saindo do quarto. Mas, por dentro, seu coração acelerava. — “Ai não… Catarina me olhou incomodada quando me viu chegar com Carlos. Que situação difícil.” No andar de baixo, Eleonor estava sentada no sofá, aquecendo as mãos na xícara de leite quente com chocolate. O aroma doce pairava no ar, trazendo uma sensação de aconchego que contrastava com o clima de tensão que cada uma das meninas carregava consigo. — Mãe, podemos ir, estamos prontas. — anunciou Elisa, descendo a escada com o
O sol entrava em feixes mornos pela janela entreaberta do ateliê, filtrado pelas cortinas floridas de linho. O cheiro suave de lavanda pairava no ar, vindo dos sabonetes recém-produzidos sobre a mesa de madeira clara. Patrícia estava concentrada, com as mangas arregaçadas e os dedos ágeis envolvendo uma das peças em papel de seda azul-claro, quando ouviu os passos leves de Elisa se aproximando. Elisa entrou preguiçosamente no ateliê, os cabelos ainda um pouco desgrenhados da noite mal dormida. Sentou-se numa cadeira ao lado da irmã e pegou um pedaço de papel com certa hesitação. — Irei ajudar a embrulhar. — anunciou com um tom entediado, apoiando os cotovelos na mesa. — Estou um pouco sem ter o que fazer... Patrícia ergueu os olhos, surpresa, e deu um leve sorriso. — Obrigada! — disse com leve ironia na voz. — É um milagre! — pensou, mas não disse em voz alta. O papel farfalhava nas mãos de Elisa, que tentava alinhar as dobras como via a irmã fazer, embora com menos cuidad
Carlos se aproximou de Catarina e Dimas. — “Mantenha a calma, Carlos, não extrapole.” — pensou, desfazendo o punho cerrado e pousando a mão sobre o ombro de Dimas com aparente gentileza. — Olá. Deixa que eu conduzo a minha namorada agora — disse com firmeza, forçando um sorriso. — Ah!... Sim — respondeu Dimas, soltando a mão de Catarina com certa hesitação. — “Então ela já tem alguém... Que pena. Mas olhando bem para ele... já o vi em algum lugar.” — pensou enquanto se afastava e caminhava na direção de Ivan. Carlos entrelaçou os dedos aos de Catarina, conduzindo-a com passos decididos para longe. O salão era envolvido por uma melodia delicada: Elisa ao piano dedilhava notas suaves, enquanto dois violinistas acompanhavam em perfeita harmonia. O som preenchia o ambiente com uma elegância envolvente, como se cada nota envolvesse os convidados num encantamento quase etéreo. — Não precisava ter chegado tão abruptamente — reclamou Catarina em voz baixa, ainda corada. — “Fiquei com
Chegada a noite, a casa estava suavemente iluminada com luzes âmbar penduradas entre as paredes e arranjos florais discretos, mas elegantes, distribuídos pelos cantos. O cheiro de flores frescas e dos quitutes recém-preparados vinha da cozinha, criando um clima acolhedor e festivo. Patrícia vestiu-se com cuidado, optando por um vestido rosa com mangas brancas de tecido leve que balançava a cada passo. Ao se ver no espelho, sorriu com ternura. — Sempre gostei da princesa Aurora… Estou parecida com ela hoje — pensou, tocada por uma lembrança doce da infância como Lúcia. Lembrou-se de quando ganhou uma boneca da mãe: a Bela Adormecida, sua favorita. Na sala principal, Elisa já recepcionava os convidados ao piano, vestindo um vestido azul escuro que realçava seus olhos e a postura elegante. As notas musicais fluíam como uma brisa leve, preenchendo o ambiente com harmonia. Ela tocava com leveza, a ponta dos dedos deslizando pelas teclas, como se fosse parte do instrumento, acompanh
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